- Ai, levanta daí. Vamos fazer algo. – Milla bufou pela milésima vez. – Você não pode ficar assim até o Peter voltar. Anime-se! – ela pulou na cama.

     - Eu não estou depressiva, se é isso que você está querendo dizer. Só não tenho vontade de fazer... Alguma coisa. – ela bufou outra vez. Ficamos em silêncio por alguns minutos, eu no sofá ao lado da janela e Milla na café brincando com uma almofada.

    - Já sei! – ela deu um pulo. – Vamos ao shopping e depois a uma pub. – revirei os olhos e foi a minha vez de bufar. – Por favor, por mim. – ela agachou do meu lado e pediu como uma criança desesperada.

   - Tudo bem. – sorri com esforço. E um segundo depois, Milla começou a pular pelo quarto de alegria.

   - Rosalie. – Ouvi chamar-me e logo em seguida, duas batidas na porta. Exprimi um “Entra!” e logo a porta se abriu. – Rose, querida. O carteiro acabou de colocar isto na caixa de correio. – ela entregou-me algo que eu esperara o mês inteiro. Ao receber, um choque de felicidade percorreu meu corpo. Finalmente um sorriso verdadeiro eclodiu na minha face. Minhas mãos trêmulas abriram o envelope e retirei um papel de dentro.

“                                                                                                  Nova York, 01 de março de 2013

          Afável Rosalie,

    Não estou agüentando de saudades. Meu coração se despedaça cada vez que penso que estás longe mim. Espero que não tenhas encontrado alguém para ocupar o meu espaço. Saiba que meu coração estará sempre contigo. Está bem? Espero que esteja assim fico despreocupado.

    Tenho uma ótima notícia. Se eu conseguir demonstrar facilidade em entender a prática, posso concorrer uma vaga para assistente de internos aqui em Nova York. Poderei entender o que eles fazem no dia a dia e ainda aprofundar meus conhecimentos. Não é tanto, mas já é um bom começo.

    Mande notícias minha querida Rosalie. Mande fotos, muitas fotos. Principalmente de você. Quero ver-te e sentir-te, mesmo que estejas longe. Dizem que almas gêmeas se sentem, não importa a distancia. Será que você é a minha? Espero que seja, pois eu sinto que tu és. Eu amo-te. Nunca se esqueça, por favor.

                                                                         Amarei-te para sempre, Rosalie Wilson. Sempre e sempre.”

   Dobrei a carta no meio e a segurei com força. Pude sentir o perfume de Peter enquanto lia. É tão, tão... Inexplicável. A saudade sufoca, ela não perdoa. Mas com ela podemos valorizar as pequenas coisas que não percebemos o quão importante eles são. Momentos pequenos, detalhes insignificantes, não são? Mas com um valor único.

   Senti algo líquido cair em minhas pernas, passei a mão em minha face, mas ela estava... Seca. Olhei para o lado e vi um rosto molhado de líquido transparente. Milla chorando?

- Que... Lindo. – ela passou a mão no rosto para secá-lo. Eu ri. – Do que você está rindo?

- É engraçado. – ri – Nunca a vi chorar. – ela deu ombros.

- Pronto, já viu o necessário para dar um up! na sua vida. Agora vamos para o shopping?

- Já acabou com o momento doce. – revirei os olhos

- Pois é. Vamos?

- Só vou me arrumar.

- Ok. Eu vou a minha casa me arrumar e passo aqui para irmos. – ela pestanejou. Eu ri.

    Sabe de uma coisa? Eu não estou com pique para sair e se divertir. Queria sentar de frente para a escrivaninha e pensar na carta que iria escrever a Peter. Queria tirar milhares de fotos de tudo e de todos, só para mandar pra ele. Mas antes que Milla reclamasse que eu não estava pronta, fui arrumar-me. No closet, olhei cabide por cabide até que chegasse numa roupa que me agrade. Banhei-me e vesti-me. Passei maquiagem e borrifei perfume. Coloquei o que precisava na bolsa e esperei Milla chegar.

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- Decida-se Rosalie! – Milla e eu estávamos na frente da vitrine de uma loja. Estávamos à procura de um vestido apropriado para uma festa de hoje. Na verdade, eu. Milla encontrou o dela em menos de cinco minutos.

- Eu acho que vou ficar com este da direita. – ela levantou os braços para o alto e eu revirei os olhos. Pedi o número certo e paguei pelo vestido. Saímos do shopping e fomos direto para a minha casa. Milla estacionou o carro de seu pai em frente da casa de Melanie.

- Já sabe em que pub nós vamos? – Perguntei-a. Ela deixou suas sacolas no closet e eu coloquei as minhas em cima da cama.

- Fica perto... Hm... – disse pensativa. – Não sei explicar. – balancei a cabeça negativamente rindo. – Que horas são?

- Hum... 19:30. – eu disse após olhar no relógio de pulso.

- Vou tomar banho. – ela pegou uma toalha branca e um dos meus cremes hidratantes e foi ao banheiro. Enquanto eu esperava ela se banhar, fui fazer a carta para mandar a Peter.

“                                                                                                    Londres, 09 de março de 2013.

             Olá meu querido Peter,

      Estou afadigada de bisar que estou com saudades, pois você já sabe disso. Hoje, 09 de março, irei sair com Milla pela primeira vez depois de sua partida. Queria tê-lo aqui. Queria sair contigo. Lembro-me das nossas saídas de noite e quando ficávamos vagando pela cidade. Uma lágrima cai ao lembrar estes momentos.

      Estou feliz por você e ufana também. Faça o que tem que fazer e mostre o incrível e devotado garoto que você é. Você vai conseguir, confie em si mesmo, pois eu confio.

      Mandarei muitas fotos, vou aproveitar e comprar uma câmera para registrar todos os momentos. Nunca ouvi, mas amei saber disto por você. Com certeza tu és minha alma gêmea, meu amado Peter. Nunca esquecerei, prometo.

                                                                    Amarei-te eternamente, Peter Belinazzo. Eternamente.”

    A carta foi finalizada, só restava enviá-la. Coloquei-a no envelope, em meio de lágrimas e suspiros. Coloquei suas devidas informações e feche-i com um selo. Abracei o mais forte possível, mesmo sabendo que quando Peter recebê-la, não irá recepcionar o abraço.