- SAÍ DO MEU QUARTO MARY!

            - VOCÊ NUNCA VAI SER ALGUÉM NA VIDA, ESQUECIDINHA! – Mary gostava de me provocar

            - CALA A BOCA! – bati a porta do meu quarto com força e meu corpo escorregou pela porta, lágrimas rolavam sob a minha face.

            Boa hora para apresentações, não? Meu nome é Rosalie Wilson, tenho dezessete anos e prestes a fazer dezoito. Eu espero que chegue logo, não agüento mais conviver com essas pessoas. Convivo com meu pai, Richard Wilson, a estúpida da minha madrasta, Helen Peterson Wilson, e suas filhas patéticas Cindy Peterson e Mary Peterson. Moro nos EUA e amo aqui. Não tenho amigos e não faço questão de ter. Tenho aquela vida de “gata borralheira”. Sou maltratada por minhas queridas irmãs. Mas se você acha que eu me rebaixo por causa delas, está totalmente errado. Vou parar de falar da minha vida medíocre e vou deixar vocês acompanharem ela. Dois beijos.

            Saturday, January 15th, 2010.

            Livre da prisão. Sim ou claro? Hoje à noite será meu baile de formatura e uma semana depois, o tão esperado dezoito anos. Acordei e fui direto para o banho. Vesti-me e amarrei meu cabelo em um coque frouxo e deitei-me na cama. Faltava dez minutos para as nove da manhã. O horário que normalmente tomamos café. Peguei o meu Ipod e coloquei uma das minhas canções favoritas Last First Kiss.

            Como iria me formar e uma semana depois ser maior de idade, já esta na hora de ter a minha “própria vida”. Irei me mudar e bem longe desse pessoal. Eu amo o meu pai, mas ele só liga para o trabalho e a idiota de sua esposa. Ele me dá tudo o que eu quero, não briga comigo e me deixa fazer o que quiser. Eu não sou metida só por que meu pai é assim ok? Mas estava na hora disso mudar.

            - Rosalie, venha tomar café! – uma das governantas de meu pai chamava-me do outro lado da porta

            - Já estou indo, Bridget! – disse a ela enquanto tirava meus fones de ouvidos e guardando meu Ipod em uma das gavetas do criado-mudo

            Desci as escadas e fui à cozinha. Bridget estava colocando alguns alimentos na bandeja. Ela é uma das minhas governantas preferidas. Ela é uma mãe que eu nunca tive. Quer dizer, tive, mas ela deixou o meu pai e esta casa quando eu tinha seis meses. Eu não sei o motivo, meu pai o esconde e quando eu pergunto, ele diz que não sabe. Eu evito perguntar, por que ele muda de humor quando eu toco no assunto da minha mãe.

            - Bom dia Bridget. – ela virou-se rapidamente e deu um largo sorriso

            - Bom dia pequena flor! - sorri de volta – Por que não foi sentar-se com a sua família na mesa de jantar?

            - Não estou afim de vê-los hoje. – dei ombros

            - Sabe como sua madrasta é. – disse ela fazendo careta. Helen é muito detalhista e sempre quer que todos estejam no horário certo na mesa ou qualquer outro lugar. Isso é outra coisa que me faz a odiar mais ainda.

            - MÁdrasta. – dei ênfase no MÁ. – Bom, vou indo. Não quero confusão comigo, pelo menos hoje.

            Fui até a sala de jantar e todos já estavam sentados à mesa. Quando cheguei os olhares voltaram a mim e eu ignorei. Sentei-me e comecei a comer.

            - Por que não estava aqui no horário certo? – Helen perguntou com aquela sua voz de mulher rica e metida.

            - Simplesmente não lhe interessa. – dei um sorriso irônico

            - Amores da minha vida. Vamos parar de brigar, pelo menos hoje? – meu pai perguntou receoso

            - Não, simplesmente não dá. – eu respondi fria

            - Por que não? – ele perguntou

            - Porque a fresca da sua mulher e essas metidas da suas enteadas não fazem questão de manter um acordo de paz.

            - Rosalie, chega! – meu pai fechou os olhos e suspirou

            - Ótimo, acabaram com o meu dia! – proferi ao sair da mesa

            Subi as escadas batendo o pé. Entrei no meu quarto e bati a porta com força. Sentei no sofá branco perto da janela e observei atentamente a paisagem. O céu estava azul com algumas nuvens, abri o vidro e pude sentir o vento batendo em minha face. O céu se mostrava tranqüilo, mas o vento mostrava ao contrario, parecia conturbado. Eu me sentia assim. Pude observar uma mulher e uma criança, aparentemente sua filha, andando na rua. A menina parecia estar feliz ao lado da mãe, e abraçou-a. Seu semblante aparentava felicidade e tranqüilidade ao estar ao lado da mulher. Sorri, mas era tarde demais quando percebi que as lágrimas molhavam meu rosto. Alguém batera na porta e rapidamente sequei as lágrimas.

            - Entra! – proferi. A porta abriu e a pessoa entrara.

            - O que quer? – perguntei fria

            - Por que está assim comigo? – perguntou meu pai.

            - Você só defende a sua esposa e suas enteadas. E nunca a sua filha. – abaixei a cabeça e fitei o chão

            - Prometo que isso irá mudar. – fiquei calada. Pensei em responder, mas isso só iria causar mais confusão. – Hoje é o dia em que você e Cindy vão se formar. Eu sei que você não tem um vestido apropriado para a ocasião. Então, depositei US$ 1000, no seu cartão. Aproveite a compra filha. – Ele deu um beijo no topo da minha cabeça e saiu.

            Liguei o notebook e postei algumas coisas no twitter, nada demais, só para desabafar mesmo. Era quase onze horas da manhã. Fui me arrumar para as “compras”. Iria sozinha, melhor do que ir com a Cindy. Vesti uma regata, jeans, casaco, botas, maquiagem leve e outros acessórios. Penteei meu cabelo castanho e ondulado. Peguei a bolsa e coloquei meu Iphone dentro. Desci as escadas e fui até a porta de entrada. Quando estava prestes a sair, ouço uma voz irritante me chamando.

            - Rosalie! – ela se aproximou – Aonde vai?

            - Não lhe interessa. Ah, e a propósito, avise sua mãe que hoje não irei almoçar aqui. Graças a Deus. – abri a porta e saí. Nem liguei para Mary. Eu sei que o que ela quer é me irritar e ela não irá conseguir tão fácil.