Dimitry abriu a porta com um sorriso travesso nos lábios, segurou meu pulso com delicadeza e me conduziu ao quarto, fechando vagarosamente a porta. Seus braços prendendo-me contra ela e seu corpo aproximando-se cada vez mais perto do meu. Quando estava perto o bastante de mim, ele abaixou seu rosto em direção ao meu e seus lábios seguiram a linha de meu pescoço até chegarem a meu ouvido. Estremeci com tal aproximação ele sorriu.

— Não é a mim que deve temer minha pequena. — sussurrou. Apertei meus olhos, tamanho o arrepio que senti.

—N-não tenho medo de você. — eu disse enlaçando seu pescoço. Era divertida a maneira a qual nossa aproximação nos completava. Eu não media as conseqüências de meus atos sob sua influencia. Eu a menos tinha controle de mim mesma. Por um momento entendi o que ele quis dizer com “Eu amava a pessoa que ela era quando estava comigo.” Sentia-me atraída por ele, algo alem da gratidão. Algo além da razão. O jeito elegantemente assustador e a beleza convidativa, o cheiro de suas roupas e o perfume único que sua pele gélida exalava. Tudo isso alterava meus sentidos, transformando-me em outra garota. Uma garota que pertencia a ele. Uma garota de certa forma criada por ele.

—Nunca disse que deveria. — ele disse aproximando os lábios de meu pescoço, o senti tocando minha pele e tão logo ele se afastou de mim. — Eu não posso fazer isso. — o ouvi sussurrar a si mesmo. Ele tomou distancia e ao olhar-me parou. Eu estava confusa, e fui até ele. Logo ele tirou seu casaco e caminhou rumo a uma cortina vermelha. Olhei ao redor e reparei a beleza de seu quarto. A cama provençal com cortinas de texturas leves e tom pastel, uma poltrona refinada e um criado de madeira nobre. Tudo lembrava o quarto de Lysandre, exceto o fato de que ali não tinha uma escrivaninha com computador, uma televisão de parede e um frigobar. Dimitry voltou a me olhar, seus olhos ainda estavam vermelhos e isso era estranho, como se ele estivesse tentando controlar algo. Ele puxou a tal cortina lançando-a no chão, revelando um enorme espelho que ocupava grande extensão da parede e topava o teto. Novamente delicado ele pegou-me pelo braço, como se me tirasse para uma valsa, e alocou-me ali em frente.

—É isso que eu devo temer? Um espelho?— perguntei irônica. Ele deu um suspiro seguido de um sorriso. Voltei a olhar para o espelho que agora não refletia nada, como se as luzes estivessem apagadas. Parecia um tipo de televisão gigante, igual as do cinema. Os olhos avermelhados de Dimitry ocuparam a tela e foram se expandindo por ela até o momento em que ele voltou a refletir o quarto exatamente como antes. Olhei para o vampiro que estava distante de mim.

—Não o que é, e o sim que faz... — ele disse vago. — O que verá agora aconteceu a 500 anos atrás. Também verá como seriam os dias de hoje se eu tivesse alterado o destino de Mary. — ele disse por fim sentando-se na cama.

Ao olhar novamente para o espelho espantei-me com o que vi, assim como ele havia previsto.