Lá estava eu jogada no chão, impedida de me levantar pois a luz que ofuscou minhas vistas tratou de travar todos os meus sentidos. Fechei os olhos esperando pelo que viria a seguir. Morte. Esperei por ela, mas ouvi um barulho estrondoso de pneu queimando no asfalto o que alertou-me da paralisia muscular fazendo meus olhos se abrirem. Vi que o carro que antes vinha em minha direção fizera uma curva perigosa para o lado, arrancado pequena parte do meio-fio. Uma moça alta de cabelos medianos saiu do veiculo e veio em minha direção. Ela era muito bonita. Parecia assustada, mas isso não alterava a brandura em sua face. Ela esticou a mão em minha direção e eu a peguei ainda em choque. Levantei-me. As pernas ainda tremulas. Minha imobilidade foi dissipada por um choro que era delicioso de se ouvir. Corri até a pequena que estava do outro lado da calçada. Sua mãe atravessava a rua desesperada em nossa direção. Ela abraçou a menina que limpou o rosto com as costas das mãos.
Você é um anjo? perguntou com olhos curiosos. Não pude deixar de sorrir. Minha expressão era boba. Eu a sentia assim. Terrivelmente boba, mas isso não me incomodava em nada.
Não... respondi vagamente, minha face ainda era de tola.
Sim ela é uma anjo minha linda. disse a moça de cabelos castanhos. Olha me desculpe pelo incidente. Que bom que estão bem. ela disse olhando para mim e para a mãe da menina. Sou Angel. Se meus pais souberem disso fico um ano sem minha carteira. Ela disse mais para si do pra nós.
Eu sou Hinnary. disse a ela que sorriu.
Nunca esquecerei o que fez por minha filha. É uma moça muito corajosa. disse a mãe da garotinha que agora dormia em seus braços. Ela me entregou um cartão com um endereço e o nome Jamille. Venha nos visitar qualquer dia. Jasmine iria adorar. Acenei positivamente com a cabeça e ela sorriu voltando a loja de brinquedos.
A moça do carro também foi embora. E ela não me era estranha. Enquanto a luz do farol se dissipava vi uma silhueta sumir em meio a floresta.