Estava em meio a uma discussão infantil com castiel quando a porta se abriu. Paramos no mesmo instante com os insultos, Castiel ajeitava o sinto no lugar e eu estava amarrando meu tênis. Levantei me recompondo e olhando para o belo rapaz que se materializou por completo pouco a frente da porta. Ele era alto, seus olhos eram castanhos quase mel e seus lábios finos e desenhados eram quase imperceptíveis em sua pele morena bronze. Os cabelos eram intensamente pretos estavam modelados com finas tranças que realçavam sua beleza afro-decendente,. Tinha algumas ligas coloridas prendendo as pontas de uma mexa que se revelava próxima ao seu rosto e se estendia ate a altura de seu queixo. O restante das madeixas estava preso em uma liga grossa num tom vermelho semelhante ao de sua camisa, que tinha as costuras laterais e um numero 10 estampando o centro na cor branca. Seus braços musculosos estavam a mostra devido ao uniforme que logo assemelhei ao que os rapazes usaram no jogo de basquete ontem, assim como suas pernas torneadas indicando sua paixão pelo atletismo.

— O que é isso aqui? Acho que não preciso lembrar que estará suspenso dos jogos se obtiver mais uma advertência certo senhor Codescato? — disse encarando o ruivo num tom ameaçador. Eu o fitei descrente do que estava vendo. Sua voz áspera não contrastava com sua face que mesmo contrariada era branda. Ele me olhou e olhou para Castiel. — Espero que tenham uma boa explicação pra isso. — disse observando que o box do chuveiro estava embaçado e o chão do mesmo molhado.

— E temos. — eu disse depois de perceber que Castiel não argumentaria.

— Estou ouvindo. — o moreno disse sentando-se no banco que há horas atrás servira de cama ao ruivo. Comecei a explicar-lhe o ocorrido acompanhado de Castiel, que logo lhe passara detalhes que eu havia ocultado. Os dois pareciam íntimos, e o moreno logo disse que não falaria nada a diretora. Pediu que nos apressássemos para sairmos juntos pois alegaria que nos pediu ajuda com os materiais solicitados a ele pelo professor Deam. Chegamos ao corredor principal com olhos nos observando por todos os lados, vi uma garota de vestido verde e um sinto marrom no mesmo tom de suas meias nos olhando um tanto curiosa. Nas mãos ela tinha algo que lembrava um microfone mas eu já estava longe demais pra enxergar algo com mais clareza.

Sem muita demora ouvi o sinal tocar e o tumulto tomou conta dos corredores enquanto todos procuravam suas respectivas salas. Nem prestei atenção em qual seria a matéria a estudar no primeiro horário, me atentei apenas ao numero da sala que era a 12. ficava bem no fim do corredor, a poucos metros da escadaria. Entrou professores saiu professores e eu perdida nas confissões desesperadas de Rosalya que ao que parece estava tendo problemas com o namorado. Tentei reconforta-la com palavras animadoras mas não tive muito sucesso. Logo o segundo sinal bateu indicando o intervalo do ensino médio. Saímos Rosa, Mag e eu para o pátio. Castiel estava sentando em um dos bancos de madeira perto das arvores escrevendo em algo que parecia um caderno, ou um bloco de notas assim como o de Lysandre. Ele se levantou ao ver que o observava e seguiu para o corredor principal. Dei uma desculpa para as meninas alegando que precisava ir ver a diretora e fui atrás de Castiel. Fui surpreendida por Ricardo que saiu da sala de aula e estendeu um longo sorriso ao me ver.

— Oi gracinha. Era com você mesmo que eu queria falar. — ele disse num tom esperançoso e debochado.

— Precisa de ajuda em alguma matéria? — disse fazendo cara de desentendida.

— Sabe do que estou falando.— ele disse encarando-me friamente. Lembrei-me dele me convidando pra sair sexta a noite. Ou melhor amanhã. Ele ainda insistia mesmo depois de eu ter negado diversas vezes ontem no almoço com as meninas. — E então, as 19:00 ta bom pra você? — perguntou cinco.

— Sem chance. Já disse que não quero sair com você Rick. — respondi recuando lentamente. Senti meu braço sendo brutalmente puxado e vi suas mãos ali. Ele me encostou nos armários colocando o braço lado a lado de minha cabeça impedindo-me de sair dali.

— Não estou dando escolhas.

— Não pode me forçar. — respondi secamente.

— Quer ver como posso? — ele ameaçou-me com um sorriso educado.

— Para. Que tipo de garoto é você? Não pode sair por ai forçando as pessoas a gostarem de você. Sinceramente se não fosse tão força-barra teria mais amigos. — esgoelei empurrando-o e saindo da barreira feita por seus braços. Ele segurou-me novamente sacudindo meu braço e consequentemente meu corpo magrelo. Castiel surgiu sei lá de onde e encostou na parede encarando Ricardo amargamente. Rick me soltou e sussurrou “vai se arrepender princesa.” Enquanto se afastava. Fui em direção a Castiel que me olhou com desdém.

— Obrigada. — o agradeci e ele deu de ombros se virando. — Espera, eu... — comecei a falar mas ele me interrompeu.

— Olha aqui, não é por que passamos uma noite juntos que você deve achar que pode vir falar comigo ou queeuqueira falar com você. — disse achavascado e virou-me as costas. Permaneci inerte digerindo suas palavras. Acompanhei seus passos rústicos e logo o sinal tocou. Fui para a sala não reparando em nada ao meu redor. Durante as ultimas aulas eu organizava os pensamentos e as informações de tudo que ocorrera desde que cheguei aqui. Fui embora no horário do almoço pois precisava ficar sozinha. Quando cheguei em casa tia Alex não estava lá e Harryson me serviu o almoço. No meu quarto eu assistia naruto e comia jujubas e chocolates. Se estava pensando em Castiel? Não. Nunca me preocupei com garotos e ele não seria o primeiro.

>>Em algum lugar não muito longe dali...

— Faça o que eu quero e terás o que desejas.

— Não quero fazer isso.— protestou a moça

— Mas fará. Sabe do que sou capaz quando me contrariam não é mesmo? — ele perguntou gentilmente ainda que a ameaçando.

— Sim. E o que quer que eu faça?— disse temerosa.

— Ganhe a confiança deles e eu as terei também. — propôs de forma amigável, mas ela sabia que aquilo era uma ordem que não devia ser descumprida.

— E o que pretende com isso?— ela perguntou desconfiada.

— Saberá na hora certa. — o moço respondeu se aproximando. Ele deslizou as mãos sobre seus cabelos como um namorado apaixonado, mas ela sabia que ele não possuía nenhum sentimento. Ele não possuía um coração. Apesar de tudo ele era muito bonito, e ela tentava se apegar a isso enquanto ele a usava pois seu coração pertencia a outro.

Continua...