Monster High - First Horror Dreams escrita por MichieOliveira


Capítulo 9
De Volta Para A Floresta




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A noite desceu sobre as terras do Castelo de Bran como uma pop star gótica em um palco de névoa no lugar de gelo seco. Pios de coruja e ventos uivantes faziam o som dos instrumentos sendo afinados para a chegada da escuridão. Mas a voz que se ouviu obviamente não era da noite. Era um miado que se misturava a voz de uma garota:

-Valentine? miau...miau...Valentine?

Era sempre assim. Quando não conseguia se acalmar, ela miava entre uma palavra ou outra até perceber que estava ronronando para aplacar a própria ansiedade. Seu melhor amigo estava fora dos seus cuidados. Durante todo o dia chuvoso, ela molhara o seu pelo laranja enquanto vagava sem rumo pela floresta. Cheirava a gato molhado, o que só é metade pior do que um cachorro molhado. Valentine era um vampiro e não deveria andar sob o sol desprevenido, ele poderia ser só mais um cadáver tostado sobre um monte de galhos secos agora. Um cadáver que só tinha a ela e que ela não deixaria nenhuma besta do bosque devorar.

O garoto passou ligeiro pelas árvores mais ao longe e a garota alaranjada conseguiu encontrá-lo com seus olhos de visão noturna. Um suspiro profundo misturado com o ronronar da sua voz a mergulharam em uma onda quente e acolhedora de alívio. Era como ter um cobertor de lã para ficar embaixo nos dias de chuva.

-Toralei...

-Onde você esteve? prr prr! – Toralei  levantou suas garras para cima e tentou parecer furiosa, embora estivesse feliz por reencontrá-lo vivo...ou morto-vivo.

-Fui ao Castelo de Bran. Eu disse que precisava disso. Reencontrar a filha do Lorde Tepes iria nos ajudar a descobrir como reverter nossa situação.

-Nossa? A sua situação...seu maldito egoísta!- Toralei olhou Valentine nos olhos e mostrou seus dentes felinos e pontiagudos. – Vlad Tepes nunca me fez nada nas suas masmorras.

-Eu estive pensando, Tori...e se eu conseguisse levar a filha de Tepes? Se ela tivesse aceitado ir comigo...eu poderia trocá-la pela minha cura...-Valentine olhou para o céu sem estrelas e totalmente negro. – Ou então eu só diria que iria trocá-la...- um sorriso triste surgiu em seu rosto ao lembrar de como Draculaura o dispensou.

-Cala a boca, Valentine.

-Não tenho nada a perder, Tori. Posso tentar qualquer coisa antes que meu corpo apodreça de vez.

-Ah, qual é? prr...miu...prr..Você é um vampiro!

-Quantos vampiros você já viu antes, Toralei? – Valentine ficou sério e segurou sua amiga com força pelo braço. – Eu não sei nada sobre mim.

Toralei ficou calada, já tinha ouvido esta ladainha cinco meses atrás quando conheceu Valentine, mas ela não havia passado pelo que ele passou e simplesmente não conseguia compreender. De alguma forma, ele havia morrido e voltado para este mundo.

- Eu sou um viciado em sangue que se descontrola facilmente porque minha droga está em todos os lugares.

-Você não é assim...Lurch é assim...viciado.

-Quem disse isso? – Valentine estava se aproximando cada vez mais de Toralei. Ele podia sentir o sangue dela explodindo dentro dos vasos e a pulsação acelerando.

-Eu disse...sua melhor amiga...

 -Eu estou viciado e você tem a droga que eu quero, Tori.

Valentine puxou Toralei pela cintura contra o seu corpo pálido e fincou seus lábios sobre a pele dela. Um fio de sangue desceu do pescoço de Toralei enquanto o vampiro se alimentava. Uma dor aguda a fez grunhir como uma gata ferida, mas estar abraçando Valentine era inebriante e Toralei se entregou às mordidas e aos arrepios de sentir seu próprio sangue descendo pelo seu braço e colo. Valentine se alimentava como um animal, como uma das bestas que sua melhor amiga temia que o devorassem. Ela agora era a presa e Valentine o caçador.

A noite ficou mais densa.

Valentine logo estava saciado. Por alguns instantes, ele observou Toralei lamber seus próprios braços como um gato faria com suas patas.

-E se meu corpo não estiver deteriorando porque eu tiro a vida das pessoas através do sangue delas?

Toralei parou de se lamber, parecendo um pouco incrédula. De novo ele estava com aquelas perguntas que ela não sabia o que dizer.

-E daí?

Toralei deu um empurrão no peito de Valentine para que ele abrisse caminho e passou. A garota saltou elegantemente para uma árvore que estava atrás do seu amigo.

-Você está vivo, Valentine. É isso que importa. Vamos só tentar sobreviver. – ela completou enquanto sua cauda se enroscava no galho que escolheu para deitar.

-Vivo? Eu tenho um túmulo no cemitério da cidade.

Toralei riu da cara de desespero que Valentine fez ao dizer isso. Era irônico ver um vampiro assustado com a morte. Valentine riu logo em seguida ao perceber que estava sendo dramático demais. Levou a mão para cobrir o próprio rosto em uma gargalhada.

- Ok. Agora pare de ser dramático e me conte algo divertido, Valentine.

-Não sou muito bom contando piadas, você sabe. – disse o garoto enquanto seus braços fortes escalavam uma árvore ao lado da árvore da amiga.

-Não é bem piada...conte uma situação engraçada.

-Certo, então aí vai...

-Fala logo! Sem mistérios!

-Eu matei Lurch hoje à tarde.

Toralei caiu da árvore emitindo um grande Raaaawr! como os gatos fazem ao terem seu rabo pisado.

- Raw!grr!raw!raw!grr!raw!

-Por que não caiu em pé, Toralei? – preocupou-se Valentine descendo rápido da árvore. – Toralei?

A garota-gato estava estatelada no chão, mais emburrada do que realmente ferida.

-Acho que esse sangue todo está afetando o seu cérebro! Você matou outro vampiro!

Valentine suspirou e deu a mão para que Toralei pudesse se recompor. Ele não parecia ter remorso pelo que fez, estava protegendo alguém que amava, embora soubesse que seria difícil para sua amiga compreender este tipo de sentimento. Tori era fria como uma pedra em se tratando de outras pessoas, ela era a companhia ideal para estimular um vampiro a ser pouco sentimental.

-Estava protegendo a filha de Vlad Tepes. Ela estava no lugar errado e na hora errada.

-Ela não era problema seu! – enciumou-se Toralei. – Sabe o que vão fazer quando descobrirem que foi você?

- Vamos continuar fugindo deles. Depois do que fizeram comigo eles já estão me procurando mesmo para ver no que deu o “pequeno experimento deles”...- ele fez as aspas no ar. - Isso não importa!

-Ainda não consigo acreditar...-Toralei andou de um lado para o outro, as pernas esguias perfeitas e elegantes mesmo depois da queda. - Só me responda uma coisa. Quem foi a pessoa que deixou você entrar naquele castelo?

Valentine se surpreendeu. Ele já havia percebido algo estranho quanto a isso, ele nunca conseguia entrar em casas humanas sem ser convidado antes. Toralei provavelmente havia notado também.

-Foi Draculaura?

-Não. – Valentine engoliu em seco. Estava visivelmente incomodado e surpreso.

-Quem deixou uma criatura do inferno como você entrar?


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