O Que É Amor Na Verdade? escrita por Naslir


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

Meu povinho! Sou fã desse casal e já estava ha um tempinho querendo postar uma one shoot dedicada a eles. Vamos parar de perder tempo lendo o q a autora deixa aqui e vamos à leitura!



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                Já se perguntou por que às vezes você sente uma pontada no coração? Como se tivesse sido apunhalado bem ali, naquele lugar? Nem sempre é pelo mesmo motivo, pode ser por raiva, tristeza entre outros. Mas o mais difícil é aquele que o faz definhar, chorar sempre que lembrar do motivo, se isolar do resto do mundo.

                Aquela agonia que lhe leva a loucura pensando: “Como a tiro daqui?”. Mas por mais que você faça, insista e tente, é quase impossível fazer com que ela mude.

                O nome disso é paixão.

                Ela nem sempre é algo ruim, pode ser ótimo, te levar às alturas, faze-lo dançar nas nuvens e suspirar a cada vez que pensar naquela pessoa amada, imaginando-a em seus braços em um beijo cheio de amor e ternura.

                Porém em outros casos pode se tornar uma maldição. Você fica melancólico, e cada vez mais, se torna vulnerável a qualquer coisa que possa a vir ser uma ameaça. Não consegue se levantar, fica deitado boa parte do dia pensando no assunto, virando-se de um lado para o outro.

                Não havia dúvidas: era o que estava sentindo.

                Sempre quando pensava naquela pessoa, meu coração disparava, meu rosto ruborizava e meu estômago dava voltas e mais voltas. Era difícil nos imaginar juntos, eu era completamente o oposto dela e muito cabeça dura para admitir o contrário.

                Aquela minha teimosia não fazia nada além de me machucar, de um jeito tão intenso que poderia dizer que algo estava perfurando-me o coração.

                Toda vez que a encontrava, ria, ou fazia qualquer piada em relação a ela. O pior é que com aquilo, mesmo parecendo que não, feria, e muito, tanto a ela quanto a mim mesmo. Pergunto-me: “Como posso ser tão tolo?”.

                Não havia respostas para essa pergunta. Simplesmente era assim.

                Além do mais, como ela iria querer algo comigo? Um cara que tem má fama, exibido, mala sem alça, grosso e que sempre a tratava mal. Eu não queria ser assim, mas infelizmente eu não sabia ser outra pessoa além daquela.

                Uma chance. Era o que eu tinha naquele dia. Minhas notas eram extremamente baixas, e o conselheiro de nossa escola a indicou para me ajudar com as provas que estavam por vir.

                Ela aceitou, não pude deixar de ficar surpreso por isso e realmente muito feliz, embora não demonstrasse nenhum sinal de meus sentimentos. Combinamos de nos encontrar já na biblioteca, assim ficaria muito mais fácil de acharmos um ao outro e daria tempo o suficiente para que eu pensasse em algo para falar.

                Lá estava ela, esperando na frente do edifício que sempre me enojou, mas que se tornara muito mais agradável agora com aquele anjo parado em sua frente.

                Sorri, fiz questão para que ninguém notasse apesar de ser inútil já que não havia motivos para disfarçar o sorriso. Com as mãos no bolso, andei em sua direção tentando não ser hipnotizado por aqueles olhos cheios de vida.

                - Estou aqui. – falei já à frente dela. Ela me olhou e afirmou com a cabeça.

                - Certo, vamos. – ela estava linda. Não era uma roupa que valorizasse seu corpo, mas mesmo assim a deixava encantadora como sempre. – Você não vem? – se virou para trás.

                - Sim. – disse balançando a cabeça para voltar ao normal e seguindo-a. Até seu andar parecia perfeito. Suspiro.

                - Disse alguma coisa? – ela parou e virou-se para trás novamente.

                - Ah, não é nada. – disse com um semblante indiferente.

                Continuamos a andar por aquele lugar monótono, cheio de livros velhos. Não importava para onde você olhava, sempre tinha livros e mais livros. Aquilo me dava calafrios. Mas aquele era sem dúvida o local favorito dela, então se fosse para ir lá por ela, eu não me importaria, isso se ela estivesse comigo.

                - Aqui já está bom. – ela falou puxando a cadeira para se sentar. – Qual a matéria que você estava com dificuldades mesmo? – ela me olhou. Era incrível, se fosse outra garota qualquer, já teria ficado corada ou sem jeito. Mas ela não, para ela não fazia diferença se eu estava ou não ali.

                - Matéria né. – falei puxando a cadeira ao lado dela, virando-a e sentando colocando minha mão no rosto em um gesto pensativo. – Ah... Eu não me lembro. – falei ainda pensando.

                - Uhm. – ela olhou para a pilha de livros à sua frente. – Podemos começar com literatura, o que acha? – disse me fitando. Seus olhos sempre calmos me fizeram dar um leve suspiro, mas ela não o notou.

                - Tanto faz. – disse virando o rosto para o outro lado.

                - “As juras mais fortes consomem-se no fogo da paixão como a mais simples palha.” – ela leu calma sem tirar os olhos do livro. No final ela virou o rosto e me encarou. – O que William Shakespeare quis dizer com essa frase?

                - Eu não faço ideia. – bufei. Ela me repreendeu com o olhar, suspirei. – Que a palha é fácil de queimar? – novamente me repreendeu com o olhar. – Ah eu sei lá!

                - Siegh, assim você não vai a lugar nenhum. – ela balançou a cabeça negativamente. Deu um longo suspiro e ajeitou seus óculos. Levantou o olhar para meu rosto, mas logo o desvia para o livro que havia em sua frente. – Então, Shakespeare quis dizer que... – ela começou a explicar. Por mais que eu tentasse entender o que ela estava falando, parecia outra língua, e tinha outras coisas que me tiravam a atenção daquele assunto, isso tirando o fato do tal assunto ser tão chato a ponto de fazer qualquer um sair correndo do local.  Seus olhos. Escondidos por um par de óculos, mas que nunca perderam seu brilho. – Entendeu?

                - Ahm? – falei saindo do meu transe. Olhei para o lado coçando minha cabeça enquanto a vasculhava procurando algo que pudesse me tirar daquela situação. – Er... Desculpe Mari, pode repetir? – tentei dizer o mais simpático possível.

                Sua paciência era incrível. Ela não resmungou e nem bufou, não deu sinal nenhum de impaciência. Qualquer um que ficasse tanto tempo assim comigo não teria hesitado em sair com rapidez pela porta. Mas não, Mari era diferente. Dava-me uma sensação de segurança e de esperança.

                Aquele ser que mais parecia um anjo explicou novamente a frase. Incrivelmente, eu havia entendido.

                - Você veio de que planeta? – falei com um sorriso no rosto. – Conseguiu com que eu entendesse a matéria. Me diz uma coisa, você não é daqui, né? – perguntei com a sobrancelha arqueada. Ela deu uma risada, uma doce e bela risada, assim como ela.

                - Essa é a minha meta. Fazer com que você entenda literatura. – ela concluiu. – Agora, geometria. – Mari pegou outro livro. Eu juro, não sei como ela aguentou pegar aquela coisa, parecia ter uma tonelada.

                - Quer que eu aprenda tudo isso em duas horas? – disse arregalando os olhos. – Não consigo ler um livro de cem páginas em um ano! Isso vai durar milénios! – falei em um tom um tanto quanto alto enquanto jogava a cabeça para trás. Algumas pessoas à nossa volta fizeram o conhecido sinal para ficarmos quietos. Apenas coloquei a minha língua para fora, zombando dos infelizes que fizeram aquele sinal. Mari ri novamente, isso é um bom sinal, não? Fazer a pessoa amada dar um sorriso? Ainda mais pela segunda vez.

                Ela abriu aquela coisa em uma página a qual estava cheia de desenhinhos, ela diz “desenho geométrico”, mas minha teimosia continua dizendo que são desenhinhos. Perto deles estavam várias coisas escritas, que você lia e falava: “Que coisa é essa?” E nunca entenderia o que se passava naquela página, não importe seu esforço.

                - Isso. – ela apontou para um dos triângulos da página. – É o Teorema de Pitágoras. Já ouviu falar? – ela ajeitou seus óculos enquanto me encarava, eu apenas neguei com a cabeça e virei o rosto sem me importar com o que viria a seguir. Mari continuou a explicar palavra por palavra, com uma paciência que, se tratando de mim, se esgotaria extremamente rápido, mas para ela, poderia durar horas a fio. – Então, se tivermos a medida de um dos catetos igual a seis e o outro medindo oito, qual seria a medida da hipotenusa?

                - Vejamos... – puxei uma folha em branco ao meu lado e uma caneta do lado do mesmo. – Seis ao quadrado é trinta e seis... – comecei a rabiscar. - Oito ao quadrado é sessenta e quatro... A soma dá cem, ai... A hipotenusa é igual a dez. – sorri vitorioso. Nunca em tantos anos de escola alguém havia conseguido fazer com que eu entendesse uma matéria, digamos, tão avançada para o meu cérebro. Ela retribuiu meu sorriso e suspirou satisfeita, parece que até ela estava admirada com esse avanço que dei em apenas meia hora.

                Esperava que aquilo fosse a ultima coisa, mas infelizmente, estava completamente enganado. Mais um dos livros surgiu, dessa vez maior do que o anterior. Soltei um urro de impaciência e ela permaneceu imóvel. A falta de um sorriso em seus lábios fez com que eu ficasse quieto novamente, e um pouco triste. Queria ver aquele sorriso de novo.

                Não sei quantas horas se passaram, mas sabia que quando olhei pela janela, o céu já estava escuro.

                - Bem. – ela falou fechando o ultimo livro. – Você deve estar preparado para os exames finais agora. – levantou-se e pegou a montanha de livros. Por um instante, eu fiquei ali parado, claro, um idiota como eu ficaria apenas observando. Mas não queria ser isso, não para ela. Levantei-me e fui para sua frente. Peguei metade da pilha, fazendo seu rosto, antes escondidos pelos livros, aparecer.

                - Garotas não são fortes o bastante para carregarem um peso desses, eu cuido disso. – peguei o resto da pilha. O que acabara de falar foi algo extremamente rude, mas o que se podia esperar de um babaca? Nada melhor que isso e sem dúvida não merecia um agradecimento, que acabou por vir, fazendo com que eu me repreendesse mentalmente por ter sido tão mal educado com um ser tão doce.

                Deixei os livros que usamos com a bibliotecária para que pudessem ser guardados. Saímos do local e andávamos pela rua, com o provável destino de nossas casas, que eram na mesma direção.

                - Ahm, Mari. – chamei parando de andar. Ela fez o mesmo e virou-se para mim com um semblante de dúvida. – Queria que soubesse que eu consegui entender o que você me explicou hoje.

                - Esse é seu jeito de agradecer, não é? – fui pego de surpresa. Bem, nem eu mesmo havia percebido isso, mas agora que ela falou, pude ver que sim, aquele era o meu jeito de agradecer.

                - Você me acha um ridículo, não é? – perguntei enquanto me entregava a algumas risadas. Sentei-me no banco que estava bem atrás de nós para que a conversa pudesse ter continuidade.

                Ela apenas me encarou. Minhas risadas sessaram de imediato. Uma atmosfera pesada se formou ao nosso redor, fazendo com que meu rosto adquirisse uma forma envergonhada e um tanto tristonha. Isso a atraiu para meu lado, sentando-se e continuando a me encarar.

                - Tá certo, não precisa me responder, sei que sou um idiota. – levei minha mão até o rosto, tentando sem sucesso cobrir a vergonha que se tornava cada vez maior. – Você deve estar pensando que sou um canalha, burro e um monte de outras coisas ai que eu sem dúvida não vou entender nada. Isso porque eu sou um imbecil que se apaixonou por uma garota meiga e inteligente. – nem mesmo Mari esperava essas palavras. Foram diretas e impactantes, não pude deixar de notar seu rosto ruborizar de leve com a confissão, mas continuou com a mesma expressão de antes. – É, é isso, eu gosto de você Mari, de verdade. – não conseguia me segurar mais.

                Com um movimento rápido, levei uma das minhas mãos à sua cintura e a puxei para perto de meu corpo. A mão livre passou a segurar sua cabeça, aproximando-se de meu rosto, fazendo com que nossos lábios se tocassem. Dava para notar que ela estava assustada, pois não retribuira o beijo de imediato. E isso simplesmente, não aconteceu.

                Separei nossos corpos e olhei seu rosto que, de novo, estava levemente ruborizado. Não tinha certeza daquilo, mas acho que esse foi seu primeiro beijo. Uma raiva incontrolável tomou conta de meu corpo. Sentia-me péssimo em fazer algo tão maldoso a uma criatura tão amável. E, pela primeira vez, eu, Sieghart, deixei uma lágrima escapar do canto de meus olhos prateados. E seguida dessa lágrima, veio outra e depois mais incontáveis lágrimas de pura raiva e vergonha de mim mesmo.

                - Você não é ridículo. – ela falou chamando minha atenção. – Apenas acho que você é incompreendido. – abaixou sua cabeça, fazendo sua franja recair por sobre seu rosto em uma tentativa falha de esconder seu rosto vermelho. – Você não é um canalha, um idiota ou mesmo um imbecil. Tem medo de falar ou fazer algo errado e acaba fazendo algo pior. – ela deu uma pausa e logo continuou: - Siegh, eu posso te amar. Mas não vou aceitar ser beijada à força.

                Fiquei em silêncio. A minha única reação foram mais algumas lágrimas que escorreram antes que eu pudesse perceber. Fui surpreendido por um beijo na testa.

                - Por quê? – perguntei olhando profundamente em seus olhos.

                - Porque quero te ajudar. Afinal, não sou sua professora? – dizendo isso, ela soltou um sorriso e novamente, me surpreendeu, mas dessa vez, não foi um simples beijo na testa, foi um beijo que expressava uma coisa que nunca senti antes.

                Isso, o amor.


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Notas finais do capítulo

E ai? Gostaram? Nha, tentei fazer o melhor possível, já que eu adoro romance, e me desculpe quem gosta do Siegh, mas vamos admitir, quando se está apaixonado, qualquer um diria essas coisas né? Bem, reviews! Jaa ne!



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