Again escrita por Crystal


Capítulo 5
Como cúmplices


Notas iniciais do capítulo

Aqui está o capítulo 5, espero que gostem, ele tá bem romântico na minha opinião... Boa leitura! :)



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Após tomar um banho demorado, procurei algo para me vestir, o relógio do meu celular indicava que ainda era 19:32, o que me dava tempo de sobra para me arrumar. Haviam também duas chamadas perdidas e um novo SMS, tudo da Isa, na mensagem dizia:

Oi Ana, parece que a viagem está sendo animada, hein. Você nem me atendeu, pra quem não desgruda do celular isso é um milagre, rs. Me liga quando der... Beijo, Isa.

Eu ri da mensagem, a Isa tinha razão, eu não me separava muito do meu celular, mas com o Pedro nos meus pensamentos, eu não tinha cabeça para pensar em redes sociais, as quais eu costumava acessar pelo celular. Respondi o SMS da Isa e joguei o celular na cama e fui terminar de escolher a roupa que eu ia usar hoje à noite, não que eu me importasse muito com esse lance de roupa, mas eu queria estar ‘arrumada’ para quando eu visse o Pedro.

O tempo ainda estava quente, mesmo sendo noite, então novamente optei por um vestido, desta vez preto e sem alças, os meus vestidos eram sempre mais ou menos do mesmo tamanho - até a metade das minhas coxas – e esse não era diferente, e desta vez, resolvi prender o cabelo num ‘rabo-de-cavalo’. Olhei no relógio, e já estava quase na hora, meu nervosismo excedia os limites e a minha ansiedade também. Aonde ele iria me levar? Eu me perguntava, mas eu precisava ir até lá para descobrir.

[...]

Quando cheguei à recepção do hotel já eram nove horas da noite, e você sabe aquela sensação de borboletas no estômago e uma ansiedade que mal cabe em seu peito? Bem, era assim que eu estava me sentindo. Caminhei por entre as pessoas e logo o avistei ali parado, um sorriso apareceu em meu rosto ao vê-lo. Seus olhos rapidamente acharam os meus, fazendo meus batimentos acelerarem e um sorriso aparecer em seu rosto. Logo, aquela insegurança já tinha desaparecido.

Ambos caminhavam um ao encontro do outro, mas quando fiquei frente a frente com ele, parecia que a minha voz havia sumido ou eu travei, sei lá, só sei que eu não consegui dizer nada.

― Oi Ana, você está linda. – falou ele sorridente. E eu limpei a garganta antes de falar.

― Oi Pedro. Obrigada... – sorri pro chão.

― Pensei que você não viesse. – disse ele.

― Por que não?

― Só pensei. – ele disse simples como se aquilo esclarecesse tudo. Ele pôs as mãos no bolso de frente da calça e começou a me olhar de cima a baixo como se me analisasse, eu comecei a ficar constrangida, então disse:

― E então, aonde vamos?

― Calma, é surpresa! Primeiro vamos pegar um sorvete, tá muito calor hoje. – ele disse sorrindo.

Assim fizemos, compramos dois sorvetes. O meu era de maçã verde, já o dele de chocolate. E enquanto caminhávamos de volta para o hotel ele resolveu implicar com o sabor do meu.

― Maçã verde? – perguntou ele de sobrancelhas arqueadas.

― Fique você sabendo que é muito bom, tá! – fingi estar brava. – É bem melhor que o de chocolate. – provoquei, olhando pro sorvete que ele tinha em mãos.

― Ah é? Então me deixa provar... – ele me encarava com desafio no olhar.

― Pode provar, ué. – dei de ombros, ainda mordendo um pedacinho no meu sorvete. Ele não esperou eu tirar o sorvete de perto da minha boca e aproximou seu rosto do meu e devagar sugou um pouco do meu sorvete, com os olhos fixos nos meus, a única coisa que separava o contato das nossas bocas, era o sorvete.

― É azedo. – disse ele passando a língua pelos lábios, risonho.

― Eu gosto. – respondi engolindo seco, me recuperando do susto que tomara ainda pouco.

[...]

― Bem, chega de mistério, vamos logo! – Pedro disse assim que entramos no hotel novamente.

― Mas pra onde vamos? Você ainda não me disse, Pedro. – falei olhando pra ele.

― Eu já disse que é surpresa, agora vamos. – ele me puxou pela mão.

Subimos até o último andar pelo elevador, quando chegamos no mesmo, Pedro me puxou até uma porta onde se encontrava a escada. Ele abriu a porta e me puxou pra dentro.

― Pedro, tem certeza de que podemos subir? – perguntei receosa.

 ― Não se preocupe, você está comigo, podemos fazer o que quisermos. – disse ele convencido, sorrindo de lado.

― Convencido. – eu disse rindo.

― Ana, agora antes de subirmos, feche os olhos.

― Pra quê? – perguntei arqueando a sobrancelha.

― Confia em mim. – sussurrou. Assenti fechando os olhos e logo percebi uma de suas mãos tapando os meus olhos e a outra me segurando pela cintura. Devagar ele foi me guiando pelos degraus da escada até chegarmos lá em cima, me segurando para eu não cair. Era ótimo senti-lo ali tão próximo de mim, o cheiro do seu perfume, o seu calor, o seu braço a minha volta me transmitindo segurança. Não, eu nunca tinha sentido nada assim por ninguém, nem pelo Daniel.

― Pode abrir. – ele sussurrou em meu ouvido assim que chegamos no fim da escada. Eu me arrepiei com sua voz tão próxima ao meu pescoço e ele sorriu vendo isto.

― É aqui? – perguntei confusa, pois não havia nada, só uma porta.

― Não gostou?

― Bem, é que eu não tô vendo nada além de uma porta, Pedro. – eu disse e ele riu.

― Então vem comigo. – ele pegou novamente em minha mão, abriu a porta e chegamos ao terraço do prédio, onde havia um muro baixo e luzes no chão formando uma trilha, dando iluminação ao local. Nos aproximamos do parapeito e assim podemos ver a cidade do alto. Bem, boa parte era a praia, mas mesmo assim era lindo de se ver.

― Uau! – disse eu boquiaberta, certamente com os olhos brilhando. – Que lindo, Pedro! – olhei pra ele fascinada pela beleza daquela vista.

― Não é o topo do mundo, mas é bonito sim. – ele falou, sorrindo de lado.

― Nossa! Eu amei, obrigada por me trazer aqui. – falei sorrindo pra ele, olhando em seus olhos.

― De nada. Eu gosto de olhar as coisas por cima, sabe? Eu sempre achei a melhor maneira de conhecer as cidades, assim. Vendo as construções do alto e... – o seu olhar nesse momento era distante, ele parecia recordar de alguma coisa, eu não soube definir muito bem.

― Algum problema? – perguntei o fazendo despertar do seu provável devaneio.

― Hum... Não.  – disse ele, voltando a olhar pra mim. – Por quê?

― Você pareceu distante, sei lá. Como se tivesse viajado ou se lembrado de alguma coisa. – ele suspirou e passou a mão pelos cabelos antes de responder.

― É, mas eu não quero falar sobre isso...

― Por que não? Pode confiar em mim, Pedro. - falei pegando em sua mão, e olhando em seus olhos tentando transmitir segurança.

― Se eu não te disser você vai continuar perguntando, né?! – assenti sorrindo. – Mulheres! – ele disse rindo, mas rapidamente mudou sua expressão para uma mais sisuda. – Bem, é que antigamente, antes da minha irmã nascer. Meu pai, minha mãe e eu, costumávamos viajar, e era mais ou menos assim que a minha mãe me apresentava às cidades que íamos, do alto. É por isso que fiquei pensativo, me lembrei dela... Da minha mãe.

― Mas qual é o problema nisso? – perguntei confusa. Ele virou de costas para o muro e suspirou.

― O problema é que ela não viaja mais com a gente, não mora mais com a gente, não põe meu almoço quando eu chego da escola, ou me ajuda a fazer a droga do dever de casa. Mas acredite, ela não está morta! – ele falou com a voz tremula, quase de choro.

― Mas... O que aconteceu então?

― Ela simplesmente nos deixou. Agora por favor, vamos mudar de assunto. – disse ele passando a mão sobre os olhos, reprimindo as lágrimas, e eu assenti começando a falar sobre outra coisa.

O Pedro era muito engraçado, ele ficou me contando piadas e coisas que aconteceram com ele no passado, claro, sem tocar no assunto mãe, a qual ele parecia ter pavor em se lembrar. Mas eu confesso que fiquei um pouco intrigada sobre o assunto. Por que ela teria deixado a sua família? Bom, eu conseguiria mais detalhes sobre isso com o Pedro depois, por enquanto eu só iria curtir aquele momento em que estávamos agora. Sentados no chão de costas para o muro baixo, ouvindo piadas sem graça um do outro.

― Não teve graça nenhuma. – eu disse gargalhando. Ele acabara de contar uma piada totalmente sem graça.

― Então porque você tá rindo tanto, Ana?

― É porque foi muito idiota, uai. – eu disse ainda rindo.

― As suas também não são boas... – ele disse fazendo um biquinho.

― Tem razão. – assenti e nós rimos. – pulseira legal. – falei apontando para o seu pulso.

― Valeu. Ganhei ela junto com a minha primeira guitarra. – ele falou alisando a pulseira de couro.

― É? E você tem quantas guitarras?

― Três.

― Você podia tocar pra mim um dia com uma delas, o que você acha? – perguntei sorrindo, vendo um sorriso aparecer em seu rosto também.

― Claro. E qual música você gostaria que eu tocasse? – ele se levantou e me ajudou a levantar também.

― Uma do Bruno Mars. Qualquer uma dele.

― A que mais combina com você com certeza é ”Just The Way You Are”. É exatamente assim que eu te vejo. – eu tava tremendo e minhas mãos suavam frio, seus olhos estavam nos meus e ao ouvi-lo dizer que queria cantar essa musica pra mim eu quase desmaiei. Brincadeira! Mas o meu coração estava num ritmo sobre-humano.

― Pedro... – eu falei sorrindo boba, olhando pra baixo.

― É verdade, Ana. – ele falou num sussurro, ergueu meu queixo e acariciou meu rosto devagar, me abraçou pela cintura e colou sua testa na minha. Ele me olhou sorrindo e eu sorri de volta, eu já sentia a sua respiração. Mas quando estava prestes a fechar os olhos ouvimos um barulho vindo da escada. Olhei para o Pedro assustada, ele me soltou e segurou a minha mão e disse “Vem!”.

Nos escondemos atrás de uma grande caixa de água. Um homem entrou e observou o local de longe, mas uma fala dele fez nos desesperar: “Já que não tem ninguém aqui, eu vou fechar a porta e só abrirei semana que vem.”.

― NÂO! – gritamos em uníssono, e corremos na direção do homem.

― Sabia! – disse um homem de meia idade, que provavelmente trabalhava no hotel.

― Foi um truque? – perguntou Pedro arqueando as sobrancelhas.

― Moço, perdão. – comecei a dizer.

― Meninos, vocês não podem ficar aqui. Vocês são hóspedes? – perguntou ele nos encarando.

― Sim. – respondemos juntos.

― Pois é. Vocês não podem ficar aqui de jeito nenhum. Se não eu posso até perder o meu emprego, ou dar uma confusão que só... – o homem falava rápido, mas não estava zangado.

― Me desculpa, a gente não sabia... – comecei a dizer.

― É sério, não sabíamos que era proibido entrar aqui. Deixa passar essa vai... – disse Pedro.

― Tudo bem. Mas não voltem mais aqui, hein. – ele disse, por fim nós assentimos e saímos dali.

[...]

― Foi engraçado! – eu disse rindo, assim que entramos no elevador.

― Você convenceu ele rapidinho com essa sua cara de anjo.

― Como assim “cara de anjo”?

― Cara de boa garota. Que não apronta, sabe?

― É, talvez eu seja assim mesmo. – falei e suspirei.

― Então vou te levar pro mau caminho, baby. – ele piscou pra mim.

Quando chegamos no meu andar tivemos que nos despedir, já era tarde e se eu ficasse mais tempo ali, provavelmente mataria a minha mãe de preocupação.

― Então, boa noite Ana. Foi divertido. – disse ele.

 ― É foi sim... Você poderia me dar o número do seu celular... Se você quiser... É que fica mais fácil... – falei cheia de pausas.

― Claro! - ele falou sorrindo, tirando o celular do bolso e o me entregando rapidamente. – Põe seu número, daí eu te ligo. – salvei o meu numero e o entreguei. – Obrigado!

― De nada. Boa noite, Pedro. – Falei sorrindo e me virando, mas senti sua mão em meu braço o segurando. Ele me virou de volta e se aproximou, meu coração comprimiu dentro do peito. O obsevei levar a boca até a minha bochecha e lá deixar um beijinho.

― Sonhe com os anjos. – ele sorriu e se afastou me deixando ali paralisada o vendo sumir quando o elevador se abriu.

Entrei no meu quarto sorrindo feito boba e suspirando, o Pedro definitivamente era um sonho, o qual eu jamais queria despertar. Fechei a porta de vidro da minha varanda, estava começando a chover, me lembrei que provavelmente nos molharíamos se tivéssemos ficado lá em cima, o que fez me lembrar do que nos fez descer, a chegada do homem, e o pior, ele ter interrompido bem na hora que nos beijaríamos. Droga! Deitei na cama com um pouco de raiva daquele homem. É bom ele torcer para que tenhamos outra oportunidade. Assim adormeci.

[...]

Não sei se Pedro é um anjo, só sei que sonhei com ele a noite toda. Era tão estranha essa situação, nós nos conhecíamos há tão pouco tempo e parecia que eu já o conhecia a vida toda. Eu precisava dele perto de mim. Como se fossemos cúmplices.

Depois de tomar um banho, desci para tomar o meu café. Quando cheguei no bar/restaurante do hotel, me deparei com Raquel lá, sentada próxima ao balcão. As mesas já estavam ocupadas, então me sentei ao lado dela.

― Bom dia. – falei sorrindo, pegando um cardápio que jazia em cima do balcão de mármore.

― Ah, oi Ana. – ela sorriu.

― E então, o que tem feito de bom? – perguntei.

― Nada... Aqui, novidade pra você, meu irmão chegou de viajem ontem, e vai ficar hospedado aqui no hotel. Acho que você vai gostar dele, ele é bem gato. – era inimaginável pra mim naquele momento, que existisse alguém nesse mundo mais atraente que o Pedro.

― Você tem irmão? – perguntei confusa.

― Uhum. Ali vem ele. – ela fez um meneio com a cabeça na direção da porta.

Um arrepio subiu pelo meu corpo ao vê-lo, não um arrepio bom, e sim um daqueles quando você pressente algo estranho ou ruim. Ele era realmente muito bonito. Cabelos castanhos, olhos verdes e pele clara, e tinha um belo corpo, mas Pedro ainda sim era melhor pra mim.

― Olá meninas. – ele falou sorrindo de lado, assim que se aproximou de nós.


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam?
A musica referida pelo Pedro "Just The Way You Are" do Bruno Mars, é linda e vale apena conferir para vocês entenderem o que ele quis dizer pra Ana, é só olhar a tradução.
Deixe seu comentário sobre o que você achou, pra eu saber se devo continuar, ah! e me digam se vocês ficaram intrigadas com a aparição do irmão da Raquel no final... Beijo e até o próximo! :)



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