“Deve estar se perguntando por que enviei esta carta. Quando nos conhecemos naquele dia, no jardim de infância, você se importava comigo.

Vejo você treinando duro, com o Nikaido-kantoku orientando. Lembro-me vagamente daquelas horas e horas em que ficávamos treinando futebol, até nossos pais brigarem com nós porque não queríamos parar... Sempre penso em falar com você, mas as palavras entalam em minha garganta.

Desde que entrei na sua escola, você não fala mais comigo, não se aproxima, me evita. Não gosta mais de mim? Não se lembra do que passamos na nossa infância?

Lembro-me da semana passada,quando saí da escola, estava indo visitar meu primo que estava internado devido a uma cirurgia. Lembro-me da péssima sensação de ser seguida.

Fui empurrada para um beco,me assaltaram,levaram todo o dinheiro que eu tinha, levaram minha bolsa com todos os pertences de meu primo... Quase levaram minha vida.

Espancaram-me por alguns minutos e fui jogada para fora do beco, esperando a morte me levar, a rua dava para o hospital, e para nossas casas. Eu estava dando gemidos dolorosos, enquanto os ladrões fugiam com todos os pertences, e eu, não podendo fazer nada, fiquei só observando, dolorosamente. Até que vi uma bola muito rápida, indo na direção dos insolentes, eu reconheci, era você que havia chutado.

Você me colocou em seus braços, me senti no paraíso, pois já não aguentava esperar por esse dia. Mas eu apaguei. Não sei o que ocorreu depois, só me disseram que fiquei em coma. Quase morri. Toda hora lembro-me daquele dia. Disse-me também que você ia me visitar todo santo dia. Trazia-me presentes, fazia carinho em meu rosto... Eu sentia... Sua mão em meu rosto... Eu... Ouvia sua voz...Você realmente se importa comigo?

Suspiro toda vez que acordo, me troco, faço as coisas que sempre faço antes da escola... Mas hoje... Justo hoje... Você estava em frente da minha casa... Por quê? E você só respondeu:

– Agora ficarei na sua cola. Não quero que aconteça o que ocorreu antes.

Fiquei confusa, agora você se importa? Realmente, só agora?

Lembro-me da conversa que tivemos antes de chegarmos à escola e antes de sentarmos nas nossas carteiras...:

– Por que você me evitou esse tempo todo?

–... Por que... Eu... Não queria... Me...

– POR QUÊ?- minha pergunta saiu com lágrimas amargas em meu rosto.

–Não queria... Apaixonar-me de novo por você...

–Você...

–Desculpa... Eu... Realmente... Te amo, Hikaru...

–Go... enji...

–Pode me responder uma coisa?...

–S-sim...

–Você... gosta de mim...? Você me ama...?

–S-sim, Goenji... Esse sentimento... Me tomou por muitos anos... eu... também te amo...Shuya-kun...

Não sei mais o que estava fazendo... Só disse o que sentia de olhos fechados, com a cabeça baixa... Ate que senti uma de suas mãos tocarem em meu rosto, o pegando... Aproximando os nossos rostos... e você... Selou os seus lábios nos meus... Mas... Como aquela conversa havia demorado demais, ficamos encima da hora,pois o sinal da escola soou, avisando que devíamos estar na sala...

Ficamos a aula inteira nos estranhando, não conseguíamos pensar... Mas depois de um tempo, finalmente a aula havia acabado. Bem, naquele dia, tentaria entrar para o clube de futebol. Mas disseram que eu nunca iria conseguir, pois eu era uma garota. Não dei importância, fui mesmo assim, tentei convencer o técnico, mas, acho que ele não deu tanta segurança quando foi me responder: NÃO.

E como você viu, fui persistente e pedi um desafio. Como eu jogava em todas as posições, ele me deu três etapas...

Bem... Como você viu, defendi seu Fire Tornado, tirei a bola de todos que tentavam passar, fiz um gol... Nada mal para uma garota, né?

Sabe... Acho que... Agora que eu consegui entrar para o time, conseguiu fazer amigos, tenho você para te amar... Sou a pessoa mais feliz nesse mundo... E tudo graças a você...

Ah... E antes que eu me esqueça... Precisa ir a minha casa, precisamos conversar sobre o que faremos de agora em diante, já que agora as “almas gêmeas” se uniram... hihihih

Bem... mais uma coisa...

“Obrigada, Shuya-kun”