Sorted escrita por Anne


Capítulo 1
Capítulo Único




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O Chapéu Seletor cantava uma música estranha de apresentação. Nada de novidade. Talvez pra um garoto do primeiro ano, mas não para Escórpio Malfoy. Seu pai havia lhe falado sobre o Chapéu Seletor.

Havia uma fila. Uma fila desalinhada (mas será possível?) e desorganizada, mas uma fila. Nela havia uma grande quantidade de crianças de onze anos que, neste momento, estavam eufóricas. Queriam estar em uma daquelas mesas com pessoas usando um uniforme composto por peças bicolores, e não usando um daqueles roupões pretos e sem graça. Todas as crianças da fila estavam com o mesmo pensamento. “Sonserina? Não, só posso ser Corvinal!” “Tenho certeza que sou da Grifinória!” “Ah... Será que sou Lufa Lufa?”. Todas menos uma.

Escórpio sabia, é claro, que sua casa era com certeza Sonserina. Não que não considerasse as outras casas, não... Mas todos de sua família estiveram na Sonserina. É uma honra! E um fardo que se deve carregar. Malfoy é um nome importante na casa, e não é por pouco! Muito se diz sobre a fama da Sonserina, mas a verdade é que são todos astutos. E é isso que Escórpio é. Astuto.

Mil pensamentos passavam pela cabeça coberta por fios loiros. Pensamentos diferentes dos das outras crianças do salão, mas com a mesma intensidade. Neste momento, o Chapéu Seletor conversava com num garoto que o usava. Escórpio estava tentando prestar atenção, e quando quase conseguiu, sentiu um cutucão em seu ombro esquerdo:

“Olá!”

Ele se virou e observou quem havia o cutucado.

Era uma menina. Um pouco mais baixa que ele, ela possuía olhos claros e cabelos intensos. Ah, mas ele já sabia quem era, é claro!

“Oi. Sou Escórpio.”

“Malfoy?” A garota perguntou em um tom duvidoso.

“Sim. Por que?”

“Ah, você parece amigável. E astuto. Meu pai disse que eu devo ser mais esperta que você. Muito prazer, sou... –“

“Weasley”

“Desculpe?”

“Você é uma Weasley, certo?” Malfoy perguntou com a astuteza que a menina comentara.

“Como você sabe?”

“Ah, meu pai me falou de você também. Me falou de vocês. Cabelos cor de fogo e...”

A garota olhou para o chão. Malfoy não soube como ela se sentia. Dentro de si, estava uma confusão. Estaria ela aflita? Estaria ela triste? Chateara-se com algo? Mas... O que teria dito ele?

Mesmo assim, ele continuou sua frase. Tentou ser mais simples e parecer ter sua idade.

“...Simpatia espontânea. Ele me disse ‘Tome cuidado com a menina Weasley. Não deixe ela ser mais esperta que você!’. É claro que ele estava brincando.”

“Não acha que sou mais esperta?” A garota não estava mais olhando para o chão. Voltara a olhar para o loiro e perguntou o que perguntou em um tom desafiador.

“Duvido muito, mas acho que ele brincou sobre eu tomar cuidado com você...”.

Isso fizera a garota sorrir. Ufa! Não que Malfoy tivesse mentido, mas nunca é bom decepcionar a sua possível primeira amizade em Hogwarts.

“Pra que casa você espera ir?” A garota perguntou com um sorriso amigável.

“Não sei... Não pensei muito nisso. Dormi no expresso, sabe?”

“Seus pais não conversaram sobre as casas de Hogwarts com você?”

“Um pouco. Tudo o que sei é que minha família sempre cai na Sonserina. Devo ir pra lá também. E você?”

“Que casa devo ir? Não sei ao certo... Meu pai quer que eu vá pra Grifinória, mas minha mãe duvida muito. Ela disse que se eu tiver metade dela, vou pra Corvinal.”

“Ela foi Corvina?”

“Na verdade não...” Ela deu uma risadinha. “Não, ela foi da Grifinória. Mas me disse que o Chapéu considerou a colocar na Corvinal. Só em seu último ano ela entendeu a escolha do Chapéu.”

“Ah. Bem, eu acho que você deve ir pra Sonserina.”

“Credo! Por que?”

“Ah, eu gostaria de uma companhia...” Ele respondeu calmo e envergonhado. “Por que ‘credo’?” Malfoy percebera a primeira palavra de Weasley, então. Mas que audácia! “Credo”. Ela mal sabe a honra que é estar na Sonserina!

“Ah, me desculpe... É o costume. Meu pai fica falando mal da Sonserina e dizendo que eu não devo ir pra lá. A parte de eu não ir pra lá é brincadeira, ela não se importa muito. Mas acho que ele realmente não gosta da casa...”

“Bem, eu digo que a casa é muito boa. Meus pais me contaram as coisas boas que fizeram aqui.”

“Por que você tem tanta certeza de que vai pra Sonserina?” A garota tomou coragem e perguntou rapidamente, antes que Malfoy percebesse.

“Ah...” Ele se envergonhou, e a garota Weasley pode até ver seu rosto corar. “É só que... Meus pais sempre falaram muito mais da Sonserina, e eu sou um Malfoy. Só vamos para a Sonserina. Acho que eles querem exatamente isso mesmo...”

“Eu acho que você não vai para a Sonserina, se você quer saber.”

Malfoy riu. A garota era atrevida, mas ele riu de qualquer maneira.

“Por quê? Pra que casa acha que vou?”

“Ah, não sei... Lufa Lufa, talvez.”

“O QUE? Por que?” Tudo bem, isso foi um pouco ofensivo para Malfoy, mas é melhor escutar a garota antes.

“Não te achei tão astuto assim, e... Você é bem amigável.”

“Bom, eu acho que você vai pra Lufa Lufa também. E antes de mim”.

“Mas por quê?” Ela perguntou com a mesma reação que Malfoy.

“Você é bem mais amigável! Foi você que me chamou pra conversar!”

Rose sorriu corada.

“Na verdade você devia ir pra Grifinória... E eu quero ir pra lá, poderíamos ser amigos!”

“Eu não me importo muito com a casa... Quero saber o que o Chapéu Seletor vai dizer porque estou curioso, mas não me importa pra onde eu vou...”

“Vamos para a Grifinória?”

“O que?”

“Ah, você me entendeu! Juntos! Vamos?”

“Mas como podemos combinar assim?”

“Bem, eu ouvi dizer que o Chapéu Seletor atende seu pedido. É só a gente pedir ao Chapéu pra irmos pra Grifinória!” Ela respondeu eufórica. Não podia acreditar no gênio que ela mesma era.

Malfoy ficou encarando seus pés e pensando... Será que era mesmo uma boa ideia? A garota era até que legal, mas ele queria mesmo ir para a casa que o Chapéu disser que é a que ele pertence.

“Acho melhor esperarmos o que o Chapéu vai dizer sobre nós...”

“Você não quer ir pra mesma casa que eu?” Ela perguntou com um tom de tristeza.

“Bem...”

“Malfoy, Escorpio” Uma voz chamou o garoto pálido e loiro que estava envergonhado no meio daquela fila.

Ele olhou para frente e viu o Chapéu em uma cadeira, a sua espera.

“É a minha vez...”

“É...”

Os dois ficaram parados constrangidos, mas por pouco tempo. Já era a vez de Malfoy e ele precisava se sentar no banco!

“Desculpe, mas eu não sei seu nome...”

“Claro que sabe. Você mesmo que adivinhou, Escórpio!”

“Digo, seu primeiro nome.”

“Ah! É claro! Que lerdeza a minha!” A garota estendeu a mão em sinal de cumprimento. “Eu sou Rose.”

Ele deu uma risada e a cumprimentou.

“Muito prazer!”

Então ele atravessou o bolinho de crianças e se sentou no banco.

“Eu só quero ir para a mesma casa de Rose Weasley, por favor, por favor...” 


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