Não importa se é bruxo ou trouxa, brasileiro é brasileiro e o jeitinho nunca se perde. Mesmo as aulas começando dia 1º de Setembro, uma quinta-feira, a sexta não teria aula, assim os alunos teriam três dias para não fazer nada. De certa forma isso também era uma estratégia de Tobias, com os novatos se acostumando ao instituto durante três dias, ele não teria que lidar com o “problema de primeiro dia de aula”, com corredores lotados, clubes tentando conseguir novos membros, novatos querendo saber onde ficam suas salas, eles teriam três dias para se habituar por si só, e Tobias como um bom ex-harpia sabia fazer a coisa certa da maneira mais fácil possível.

  Todo o fim de semana se falou praticamente em apenas um assunto, a briga entre Nicolas e um garoto novo chamado Newton Lachowski.

  Basicamente para não entrar em detalhes ambos brigaram no salão comunal das Harpias, ambos acabaram na enfermaria, ambos perderam 50 pontos para a casa das harpias e ambos passaram o fim de semana “passando o rodo” no máximo de meninas que conseguissem.

  Prazer, meu nome é Gabriela Priscila Rabelo, eu sou só mais uma garota, a diferença é que sou chefe do jornal do instituto e tenho minha carreira encaminhada para ser repórter.

  Desci pelas escadas até chegar ao salão comunal das araras-azuis, era aconchegante, principalmente de manhã com suas belas paredes pintadas em azul e detalhes em dourado, esperei para descer junto com outros alunos da casa. Já é segunda-feira e não falam em outra coisa a não ser na briga desses dois, eu não estava me importando, naquele exato momento as harpias tinham “-150 pontos”, era a chance de ouro para as “Araras-azuis” ganharem a “Copa das casas”.

  Caminhei junto aos alunos até chegar à sala onde nos seria ensinado feitiços, me lembrei da figura no mínimo... Exótica do professor Heleno Casagrande, será que ele daria aula daquele jeito?

  Diferentemente de Hogwarts ou qualquer escola mais famosa, no Instituto Oliver Groon as aulas não são separadas por casas, pelo número absurdamente desigual das casas foi decidido que os alunos seriam separados, logo em uma sala tinham alunos de todas as casas.

  As portas se abriram e um “homem” de cabelos loiros, usando óculos escuros redondos com a armação roxa e um casaco gigantesco de plumas também roxo andou até a frente da sala, ao chegar à frente fechou a porta com mágica e encarou á todos, retirando os óculos.

-Bom dia, meus primeiros alunos aqui no Instituto Oliver Groon. – Ele falou de forma engraçada, alguns alunos penachos riam dele.

-Menos vinte pontos para casa dos gaviões de penacho por sua extrema homofobia.

-Mas isso é ridículo... – Rebateu o aluno.

-Menos cinquenta!

-Mas...

-Você quer que seja “menos cem”? – Heleno o encarou e o penacho se posicionou corretamente na cadeira, adquirindo um semblante derrotado.

-Eu vou ser o professor de feitiços de vocês. E podem ter certeza que vão perder muitos pontos comigo. – Ele disse rindo, já com os óculos retirados e com seus olhos verdes á mostra.

-Mas claro que... Vocês poderão recuperar e adquirir muitos pontos de uma forma bem diferente. – Ele disse e as portas se abriram e de lá entrou um cavalo que parecia ser feito de bronze, e que tinha dois buracos ao invés dos olhos.

-Esse é Carlos Magno, ele é um animal mágico muito raro, atualmente só existem cinco deles em todo o mundo! – Ele disse enquanto todos os alunos pareciam se interessar.

-Bem... Essa é uma raça muito resistente, diria impenetrável, por isso faço um desafio a vocês e á todos os alunos do instituto... Quem conseguir lançar um feitiço que consiga tirar pelo menos um pequeno pedaço de Carlos Magno, eu darei 1.000 pontos para a casa. – Todos os alunos ficaram perplexos, não era todo dia que um professor dizia que se tirasse um pedaço de um animal mágico com magia ele daria 1.000 pontos á casa.

-Quem quer tentar. – A maioria da sala levantou o braço nervosamente, mas ele apontou para um menino com um emblema dos penachos.

-Qual o seu nome? – Perguntou Heleno.

-Augusto Santos.

-Augusto! – Ele disse euforicamente o nome do penacho.

-Vamos, faça um feitiço, tente tirar um pedaço de Carlos Magno. – Heleno olhou para o moreno que não parecia dos mais confiantes.

  Mesmo assim ele pegou a varinha e apontou, e fixou seu olhar em um ponto.

-Reducto! – Augusto lança o feitiço que acerta em cheio Carlos Magno, nada acontece e todos da sala riem.

-Professor, esse nascido trouxa não vai conseguir nunca! – Gritou Nicolas rindo, Heleno olhou para ele com uma cara que pensei que tiraria de uma vez mil pontos das Harpias, mas ele fez uma cara de relaxado e começou:

-Então... Você acha que por nunca ter um trouxa na sua árvore genealógica você é melhor que ele.

-Não, mas...

-Vamos, venha aqui e tente! – Disse Heleno e Nicolas tomou a frente enquanto Augusto voltou para sua cadeira.

-Me diga Nicolas... Você sabe fazer alguma maldição imperdoável? – Heleno chegou mais perto com um sorriso sádico.

-Não...

-A verdade!

-Sim...

-Qual?

-Todas... Nós aprendemos em defesas contra as artes das trevas ano passado.

-Entendo... Você poderia usar o Avada Kedavra em Carlos Magno?

-Mas o cavalo morreria...

-Vamos!Tente! – Heleno disse e parado ao lado de Nicolas esperou ele endireitar a varinha de figueiro de 32 cm e apontar para o cavalo.

-Avada Kedavra! – Uma luz verde forte saiu de sua varinha e bateu no cavalo enchendo a sala de luz.

  Mas o cavalo continuava ali, parado, como se nada tivesse acontecido.

-Essa coisa não pode ter vida...

-É claro que pode, nem todas as criaturas precisam se assemelhar a nós, Carlos Magno é uma prova disso. – Disse Heleno fazendo um sinal para Nicolas se sentar.

-O cavalo irá ficar exposto no pátio o tempo todo e vocês poderão atacar o quanto quiser, à hora que bem entenderem dês de que, claro, esteja no horário do regulamento do instituto. – Heleno falou e deixou o cavalo de lado pelo resto da aula e foi explicar sobre feitiços.