Juntos Outra Vez. escrita por Jessy


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

História saída muito do nada, mas eu gostei do resultado. Minha primeira vez escrevendo sobre os Marotos, espero que gostem também.



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– James!

– Ah, Sirius!

Os dois amigos abraçaram-se.

– Ah, cara, quanto tempo! – exclamou James, saudoso. – Não achei que você fosse durar tanto. – brincou.

Sirius riu. Seu rosto iluminava-se.

– Eu tinha alguns assuntos a resolver antes de vir. Pena que não terminei todos. Me desculpe.

– Não peça desculpas, Padfoot. Vou achar que a viagem até aqui te amoleceu.

Sirius acertou-lhe um soco no ombro.

– James! Sirius! – uma terceira voz se fez ouvir. Os dois homens se viraram.

– Remus!

Os três amigos abraçaram-se entre risos.

– Caramba, não sabia que o tempo correria tanto. – falou James, surpreso. – Vocês saíram em dias diferentes, não é?

– Sim, de fato. – concordou Remus. – Talvez as coisas aconteçam de forma diferente por aqui.

– Ah, com certeza acontecem.

Sirius riu outra vez.

– Depois de tanto tempo sem nos vermos, vocês se preocupam com a passagem do tempo?

– Não precisa ser tão carente, garotinha! – caçoou James.

– Creio que teremos bastante tempo para pôr os assuntos em dia, Padfoot. – acrescentou Remus.

– Mas na verdade, ele tem razão. – tornou James. – Há outras coisas a serem ditas. – seus olhos se encheram de expectativa. – Como... Como ele está?

– Incrível, James. – disse Sirius, o peito cheio de orgulho. – Você tinha que ver.

– Eu vejo! Vez ou outra, quero dizer. E é meio confuso, mas vejo. Contem-me mais!

– Nem sei por onde começar. – falou Remus, sorrindo. Mas ficou sério no segundo seguinte. – Quer dizer, sei. Me desculpe, James. Eu vim cedo demais.

– Nos desculpe. – corrigiu Sirius.

James sorriu para os amigos, sentindo o coração esquentar.

– Não peçam desculpas. – repetiu. – Vocês fizeram tudo o que podiam, e muito mais do que eu sonharia em pedir. Eu e Lily seremos eternamente gratos.

Os três homens se encararam por longos minutos, ou talvez apenas segundos, não saberiam dizer. Mas não importava. Eles estavam juntos mais uma vez. O tempo não importava.

– Vocês não perdem a mania de roubar meu marido de mim, não é?

– Ah, Lily! – exclamaram Sirius e Remus, correndo a abraçar a mulher que se aproximava.

– Pois deveria nos agradecer, ruiva. – disse Sirius. – Estamos lhe fazendo um favor tirando o Prongs de perto de você.

James deu-lhe um soco nas costas.

– Você está linda, Lily. – sorriu Remus. Lily abriu um pequeno sorriso, as bochechas rosadas.

– Obrigada, Moony. – ela esticou o braço e lhe acariciou o rosto. – É bom ver que você está bem.

James pigarreou.

– Oi, eu estou aqui.

Os outros três riram.

– Ainda bem. – o sorriso de Lily tornou-se mais doce, seus olhos emanando amor enquanto fitava o marido, aproximando-se dele.

– Ora essa, Prongs, vai mesmo ter ciúmes? Agora? Aqui?

James fingiu permanecer emburrado por um segundo, depois sorriu. Ele, então, entrelaçou os dedos nos de Lily, buscando apoio, e abaixou os olhos.

– E Peter?

Silêncio.

– Não falamos mais com ele, James, por muito tempo. – respondeu Remus, em voz baixa. – Não sabemos se ele veio.

– Ele veio. – afirmou Lily, fazendo os três homens olharem-na. – Estive com Severus há pouco, ele me disse.

– Snape? Ele também? – exclamou Sirius. – Pelo menos uma boa notícia!

– Sirius! – repreendeu-o Remus. – Não diga isso. Você sabe a verdade, viu quando chegou.

Sirius fechou a cara e cruzou os braços como uma criança.

– Que seja.

– Vocês deviam encontrá-lo. – disse Lily. – Severus, quero dizer. Não faz mais sentido guardar rancor. Nunca fez, na verdade.

– Olha quem fala. – retrucou Sirius.

– Nós pelo menos já conversamos! Você devia seguir o meu exemplo, seu cachorrinho teimoso!

Sirius olhou para Remus.

– Ela me chamou de cachorrinho?

Remus riu.

– Ok, eu sei que vocês estavam morrendo de saudades um do outro, mas deixem pra brigar depois.

James, que ficara muito quieto desde que Lily falara sobre Peter, murmurou olhando para baixo:

– Eu quero vê-lo. Peter.

Novo silêncio. Lily apertou sua mão e afagou-lhe o braço, sorrindo suavemente.

– Depois. Agora temos que ir. Harry está indo para a Floresta e está nos chamando.

Um por um, eles desapareceram.

•••

Peter estava sentado no chão, as mãos caídas sobre o colo, a cabeça baixa. James estava parado em pé a pequena distância. Sirius, Remus e Lily encontravam-se mais atrás.

– Tem certeza que quer fazer isso, Prongs? – questionou Remus, parecendo desconfortável.

– Você não precisa, meu amor. – acrescentou Lily, aflita.

– Eu preciso sim. – disse James, mais para si do que para os outros. – Eu preciso sim.

Então, lenta, mas firmemente, ele caminhou até onde o traidor permanecia. Parou ao seu lado, mas Peter não se moveu. James sentia como se um peso pressionasse seu peito para baixo. Passado exatamente um minuto de silêncio, ele sentou no chão também.

– Eu não quero estar aqui. – a voz de Peter soou rouca, a cabeça ainda baixa. – Eu não quero estar perto de vocês.

– Não quer?

Pausa.

– Não mereço.

Nova pausa, mais longa.

– Estou ouvindo, Peter.

O homem ergueu o rosto e encarou James. Seu rosto não estava iluminado como o de Remus e Sirius, estava nebuloso, como se uma nuvem escura pairasse sobre sua cabeça. Seus olhos não tinham brilho, não tinham expressão.

– Eu fui o pior dos homens. Eu traí vocês. Eu pus seu filho em perigo, inúmeras vezes. Eu sou asqueroso, baixo e vil. Acima de tudo, sou medroso. Tive inveja de vocês no colégio – ele olhou para os outros três parados a distância por um instante –, depois do colégio e por toda a vida. Eu queria ser como vocês, ser feliz como vocês, mas não conseguia. Achava que não conseguiria. Quando cheguei aqui, porém, percebi que o único que me impedia era eu mesmo. Eu sentia tanta inveja de vocês que não me permitia tentar ser melhor. Sem pensar, eu me esforçava pra ser cada vez pior, pra ter um motivo para me chamar de vítima. Mas a verdade – ele virou o rosto e seus olhos perderam o foco – é que eu tinha medo. Eu tinha medo que vocês percebessem o quão sujo eu era e me abandonassem. Mas vocês nunca fizeram isso. Nunca me deixaram. Nunca me deixariam. Então, mais uma vez, eu os fiz parecerem os vilões. Eu os forcei a me deixarem. Eu os forcei a me deixarem. Eu me forcei a ser pior.

Longo silêncio.

– Sabe, Peter... – a voz de James estava um pouco abafada. – Eu não vou perdoar você. Nunca. – James viu o rosto do outro se contorcer, ainda sem encará-lo. – Mesmo que eu saiba que você se arrependeu, no último momento... Não. Mas... Eu vou deixar você andar com a gente de novo.

Peter o olhou, surpreso.

– É, a gente pode te ensinar a ser um cara legal. Quer dizer, nem tanto, não é, já que tenho certeza que Sirius continuará a pregar peças nos outros e Remus ainda será um chato. Você lembra, Peter? – James sorriu brandamente. – Você se lembra de quando estávamos vivos? De quando fazíamos tudo juntos?

As lágrimas trouxeram de volta o brilho aos olhos de Peter.

– Eu lembro.

– Ótimo, porque estamos juntos outra vez. Ainda somos os Marotos. Vamos fazer diferente dessa vez.

James se levantou e estendeu a mão para Peter. Ele hesitou, então estendeu sua mão trêmula e também levantou. Permaneceram assim, em um aperto de mãos, enquanto os outros se aproximavam.

– Isso não muda o passado, Peter. – falou Remus, rígido.

– Eu sei que não. – Peter assentiu.

Remus respirou fundo.

– Mas... O futuro ainda está em branco.

O rosto de Peter se iluminou um pouquinho enquanto encarava surpreso o outro, como se as nuvens estivessem se dissipando.

Lily foi até James, pegou sua mão e começou a conduzi-lo. Remus os acompanhou. Sirius foi mais atrás, com as mãos entrelaçadas na nuca. Ele parou e se virou para Peter, que ficara parado no mesmo lugar.

– Venha... Wormtail.

Quando Peter, o rosto iluminado, não tanto quanto os dos outros, mas notavelmente mais claro, se juntou aos quatro, James parou e os observou, a primeira lágrima a vencer sua resistência escorrendo pelo rosto.

– Eu não queria que fosse assim. Eu queria vê-los de novo, mas sabia que era muito egoísta da minha parte. É claro, porque vocês teriam que morrer também. Mas quando via vocês sorrindo lá, sem mim, eu ficava tão triste por ter vindo...

– Nós nunca mais sorrimos de verdade, James. – falou Remus, a respiração pesada. – Desde que você partiu.

– Nunca mais. – repetiu Sirius, a voz abafada.

– Nunca mais. – repetiu Peter, quase inaudível.

James assentiu, incapaz de falar por um instante. Ele olhou para Lily, que apertou-lhe os dedos, e novamente para os amigos.

– Obrigado por tudo que fizeram por mim, por nós e por Harry. Devo ser o homem mais sortudo do mundo por ter amigos como vocês. – ele sorriu. – O que estou querendo dizer é... Eu senti muito a sua falta.




Fim.


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