Corta! escrita por Dehcbf


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Desculpa a demora, mas pelo menos dessa vez não demorei literalmente uns dois anos pra atualizar xDD /piada sem graça

A fic já está na sua reta final o/



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- Você sabe se o nosso filador de bóia vai vir para o almoço? – indagou a garota com o coração aos saltos, sentada no sofá da sala.

 - Não sei. Já era difícil trazer ele pra cá, depois que vocês brigaram então... – respondeu Touya que estava na cozinha fazendo o almoço.

 - Nós não brigamos apenas tivemos um desentendimento.

 - Pra mim dá no mesmo.

 - Mas você sabe que tem diferença.

 - Isso não vem ao caso, o que interessa é que ele não vai aparecer por um bom tempo, acho.

 - Pelo jeito você está bravo comigo por causa disso.

 - Claro que não. Ele não virou a cara para mim, mas sei que ele vai se recusar a frequentar essa casa enquanto vocês não se acertarem.

 - Você acha é?

 - Tenho quase certeza. – assim que acabara de falar a campainha tocou. – Ou vai ver ele só vem aqui para filar bóia, como você diz.

Sakura correu para abrir e assim que constatou que era Syaoran, mandou-o entrar e correu para o quarto. Não podia passar o resto da vida especulando sem antes tentar alguma coisa! Enquanto isso o rapaz olhava para o irmão desta sem entender muita nada, para logo abaixar a cabeça, tirando suas próprias conclusões.

 - Ela é cabeça dura, mas não consegue ficar brigada com alguem por muito tempo. – comentou Touya arrumando a mesa.

 - Gomen por ter vindo sem avisar, entretanto decidi isso de última hora.

 - Daijoubu. Sabes que sempre será bem vindo nessa casa.

Depois de muito conversarem sobre banalidades e de esperarem tanto tempo a volta de Sakura, decidiram almoçar sem ela achando que não iria comer pela presença do chinês. Coisa que Touya estranhou, já que ela o encheu de perguntas. Se ela não quisesse realmente vê-lo, nem se preocuparia em saber se ele ia “filar bóia” naquele dia, como ela insistia em dizer. Só para espanto de todos, ela desceu, muito diferente do “normal”.

 - Pensei que vocês eram mais educados, mas já percebi que me enganei...

Os dois homens olharam pasmos para a garota que minutos atrás estava de tênis, bermuda e uma camiseta que parecia caber três dela, para que agora, do nada, aparecesse de sandália, saia, uma blusinha meio justa e maquiada!

 - Como você demorou hein, maninha? – gracejou Touya fingindo que não se surpreendera com a mudança.

 - Fazia tanto tempo que não me vestia assim que até perdi a prática. – brincou, achando graça da situação. – Sem contar que foi um verdadeiro suplício fazer essa maquiagem!

Syaoran observava a tudo de queixo caído. Sakura sentou-se frente a ele no lugar de sempre e lhe sorriu, como se nada tivesse acontecido. Das três uma: ou estava sonhando, ou eles tinham sérios problemas mentais, ou era ele próprio que não batia bem da cabeça. Os dois irmãos conversavam normalmente, talvez por vingança pelo o que ele havia feito, mas também, convenhamos, só o fizera porque não achava que era o certo. Clareando a garganta, resolveu fazer o que deveria ter feito melhor na noite anterior.

 - Sakura eu... Queria me desculpar pelo o que aconteceu ontem, é que...

 - Daijoubu. – interrompeu a garota. – Eu te entendo. Seria uma total falta de respeito, já que sou a irmã mais nova do seu amigo.

 - Não! Não é isso, é que...

 - Fique calmo! Já disse que te entendo. E digo mais: não tem porque se desculpar, você só foi educado.

 - Mas...

 - Assunto encerrado. – intrometeu-se Touya. – Estou louco para saber que sobremesa terá hoje.

O chinês permaneceu calado durante todo o almoço. Ela não o deixara se explicar, muito menos seu irmão. Ô família complicada! Queria tanto dizer que na verdade se sentia atraído por ela, que ela o enlouquecia apesar da pouca idade. Não com essas palavras, entretanto queria se expressar do mesmo modo que ela está fazendo. Poderia, às vezes, demorar a entender as coisas, no entanto sabia que o fato de Sakura ter se vestido de garota era uma provocação. Agora simplesmente não sabia se iria decidir se afastar daquela família tão estranha, ou se acataria o pedido de Touya, já que apresentara certa melhoria no comportamento da menina. Pra falar a verdade ela precisava mais de psicólogo, ou algo do gênero, do que de um namorado.

 - Por que anda tão calado, Syaoran? – indagou-lhe ela, fitando-o com certa intensidade.

 - Não estou prestando muita atenção na conversa. – admitiu.

 - Quando o almoço acabar, que já está no fim mesmo, podemos ensaiar?

 - Podemos sim.

 - Ótimo.

...

 - Não seria melhor vocês chegarem mais perto um do outro? – opinou Touya, vendo os dois a quase um metro de distância.

 - Acho que é porque o Syaoran tem receio de mim. – provocou ela sorrindo.

 - A ultima vez que os deixei sozinhos, acabaram discutindo, então...

 - Você está é com medo do que ele possa fazer comigo.

 - Na verdade tenho mais medo do que você possa fazer a ele.

 - Acho que devo concordar com ele. – pronunciou-se o centro da conversa que ficara calado até o momento, ostentando uma gota na cabeça.

 - O que você quer dizer com isso? – perguntou Sakura, falando bem divagar com os olhos semicerrados.

 - Suas mudanças de humor assustam. – respondeu Syaoran com mais uma gota além da última.

 - Relaxa. – Sakura sorriu, deixando o outro ainda ressabiado. – com o tempo você acostuma.

 - Bem, a prosa ta boa, mas acabei de me lembrar que a dispensa está quase vazia e já que não tenho nada para fazer, vou ao mercado. – disse Touya, levantando-se do sofá mostrando claramente que se continuasse ali acabaria caindo na gargalhada vendo aqueles dois.

 - Você é quem sabe... Mas pode ficar sossegado que eu cuido do seu amigo.

Touya riu e saiu pedindo aos dois para terem juízo. Sakura sorriu, deixando Syaoran ainda mais desconfiado. Aquela saia curta cor de rosa, blusinha lilás e a maquiagem que realçou seus olhos, deixavam o homem hipnotizado e ela sabia disso.

 - Agora você não tem motivo para ficar longe de mim.

Syaoran via sua perdição em forma de menina. Ela aproximava-se feito uma pantera pronta para dar o bote. Poderia até ser exagero, mas era assim que ele enxergava as coisas. Sakura dava passos leves e um olhar intenso, dando voltas em volta dele, os corpos se tocando ocasionalmente.

 - Acho... – a rouquidão era evidente na voz dele. Clareou a garganta. – Acho melhor ensaiarmos outro dia.

 - Nem pensar! – empurrou-o fazendo com que caísse no sofá igual na noite anterior, inclusive deitou-se por cima dele. – Daqui você não sai.

 - O que quer de mim?

 - Um beijo.

 Os dois estavam muito próximos, arfantes e desejosos. Queriam aquele beijo, não só um como vários! Sakura esbarrava seus lábios nos dele e Syaoran sentia certo estremecer vindo dela, percebia a hesitação e a ousadia misturando-se, confundindo-os, inebriando os sentidos e fazendo com que ele a agarrasse pela nuca, lhe tomando os lábios como se fosse a última coisa que faria em vida... Até o Touya aparecer e pegá-los em flagrante.

 - Mas o que está acontecendo aqui?! – indagou o recém chegado, indignado.

 - Touya! Nós, digo, eu... – começou o chinês todo atrapalhado, levantando-se às pressas do sofá, enquanto Sakura limpava os excessos em volta da boca com os dedos como se não tivesse acontecido nada.

 - Calma maninho! Ele não tem nada haver com isso, a culpa é minha. – falou ela com uma calma surpreendente.

 - Ele tem culpa sim senhora! – esbravejou Touya.

 - Não precisa gritar! – revidou Sakura. – Já disse que ele não tem culpa!

 - Vamos conversar civilizadamente, pode ser? – propôs Syaoran farto daquela discussão. Os dois ficaram calados. – Quer saber de uma coisa? Ninguém tem “culpa”, mas tem responsabilidade e eu sou responsável pelo o que aconteceu! Sakura só aproveitou o fato de estarmos a sós para ficar mais desinibida e me favoreci, ta certo?

 - Você sabe que não foi bem assim.

 - Mas eu sou mais velho que você, deveria ser mais responsável.

 - OK, já chega de discussão. – pediu Touya mais calmo. – Peço desculpas a vocês, não precisava desse escândalo todo por causa de um beijo, já que corre o risco de isso acontecer nas gravações. Gravações essas que começam amanhã e se fizerem lá o que fazem aqui, vai demorar um mês pra esse comercial ficar pronto...

Syaoran disse qualquer coisa e saiu, Sakura subiu as escadas correndo enquanto Touya suspirava. Como diabos fora perder o controle desse jeito! Fizera quase de um tudo para juntar os dois e quando tivera um avanço...! Subiu as escadas, resignado, pensando em como se explicar sem deixar na telha os seus objetivos. Entrou no quarto da irmã, esperando encontrá-la cuspindo marimbondo ou até mesmo chorando, no entanto para a sua surpresa a encontrou vestida de menino novamente, sentada na cama olhando para frente com os joelhos erguidos.

 - Não gostou do beijo? – jogou verde, escorado no batente.

 - Não é mais fácil você me perguntar o que estou pensando, ou se estou chateada?

 - Pode ser.

Ela deu um sorriso triste.

 - Eu gosto dele. Não queria admitir, mas gosto o que posso fazer?!

Touya sentou-se ao seu lado.

 - E agora está chateada com o fato dele viver correndo de você...

 - Não! Já disse que entendo o lado dele. O que me preocupa no momento é se vale à pena abandonar o sonho da mamãe para tentar ficar com ele.

O rapaz espantou-se um pouco. Nunca tocara no assunto mesmo sabendo o que a levara a agir desse jeito.

 - Sakura, querendo ou não, nossos pais estão mortos, e mesmo se estivessem vivos duvido que eles fossem concordar com essa idéia absurda, principalmente a nossa mãe que aprendeu a te amar do jeito que é.

Os olhos da menina lacrimejaram. De certa forma sabia que o que o irmão falara era verdade, mas só de saber que acabara decepcionando a mãe antes mesmo de nascer deixava-a arrasada.

 - Ela não queria que eu nascesse assim Touya!

 - Mas nasceu. Nem você e nem ela tem como mudar esse fato, ainda mais agora que ela está morta.

 - Você fala de um jeito como se não gostasse deles... – ele suspirou.

 - Claro que gosto. Sempre os amei, mas é melhor enfrentar a verdade de uma vez. Eles não vão voltar.

Sakura deixou as lágrimas correrem livremente. Reconhecia que estava sendo quase em vão realizar o sonho da sua falecida mãe. No entanto é só lembrar-se que ela a veria onde quer que esteja faz com que a garota se arrependesse em se quer pensar sobre mudar de idéia.

 - Olha Sakura, sei que as pessoas têm que gostar de nós como somos, entretanto se você quiser mudar saiba que eu vou te apoiar mesmo que o motivo seja conquistar um homem. E sei que a mamãe também vai apoiar.

Sakura pensou e então se decidiu. Poderia até não conseguir conquistar o maldito diretor filador de bóia, mas também não se prenderia ao sonho da mãe. Mesmo porque, adorara usar aquela saia, sandália e blusinha juntamente com a maquiagem. Sabia que não seria feliz se continuasse com aquela idéia absurda. Sorriu. No dia seguinte faria tudo diferente.


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