Argh! A minha cabeça 'tá doendo e... droga! Eu não queria acordar, mas fui obrigado pelo toque (quase) irritante do meu celular. Levantei a parte superior de meu corpo, procurando o aparelho nos bolsos. Logo que o achei, fiquei olhando a pequena tela que exibia um numero ja conhecido.

       - Ruki! - O moreno berrou do outro lado da linha.

       - Oquê?! - falei manhoso e mau humorado; odiava ser acordado por outra pessoa.

       Passei a mão pelo cabelo e coçei o olho, notando que uma mancha preta de maquiagem havia ficado em minha mão. Eu, provavelmente, estava todo borrado. Acabei lembrando que era segunda-feira e olhei um relógio digital - que eu não lembrado de ter comprado e, aliás... Acho que eu nunca o tinha visto - em cima da comoda. Eu estava atrasado. Não... "atrasado", não. Eu estava MUITO atrasado. Mas, na verdade... eu pouco me importava com isso. Com a dor de cabeça que eu estava sentindo não iria para a aula mesmo.

       - Onde você 'tá?!

       Olhei em volta e senti um desespero tomar conta de todo o meu ser. Eu não estava na casa de Aoi e muito menos naquela boate; e tinha uma coisa quente e macia ao meu lado e-... AH, NÃO! Não me diga que-... Eu não posso-... Eu não quero-... Não agora, mas-...

       - N-Não se preocupe. Eu estou bem. - deslliguei sem nem ao menos esperar alguma resposta. - REITA! REITA! ACORDA, SEU MANIACO-PERVERTIDO-ESTUPRADOR-DE-CRIANÇAS-INOCENTES! - berrei.

       Seus olhos abriram-se rapidamente e ele levantou-se de uma vez, batendo a cabeça contra uma pequena estante que havia em cima da cama. Fitei-o, temeroso.

       - Argh! - ele grunhia em reprovação, massageando o local avermelhado pela pancada.

       - Eu posso estar sendo um pouco direto, - comecei - mas... aconteceu alguma coisa ontem?

       - Na verdade, não. Você 'tava muito bêbado, ai dormiu. Eu te trouxe p'ra cá, porque achei que estava meio tarde p'ra acordar o Aoi. Quando chegamos eu te deitei na cama e ia dormir la na sala, no sofá, mas você disse: - parou, rindo baixo como se recordasse da cena, e imitou-me falando - "Não, Aki-chan... dorme aqui comigo". E foi isso. - ele parou - E além disso, hoje é o terceiro dia da nossa aposta. - piscou, levantado.

       Eu encarei-o e o acompanhei, com os olhos, até o banheiro. Eu sabia que estava corado - o corpo de Reita era esguio e simplesmente MA-RA-VI-LHO-SO - e ele apenas sorria satisfeito. Desgraçado!

~

       - Que filmes você quer, Ruki? - perguntou.

       Ja que eu e Reita não iriamos mais para a aula, após comermos alguma coisa, fomos alugar alguns filmes. Eu, claro, com meu mau humor matutino, ainda tinha que aguentar todas aquelas garotas frescas dando em cima do meu loi-... digo, dando em cima do Reita.

       Aproximei-me meio que bruscamente, empurrando as meninas que tentavam conversar com Akira, e agarrei sua cintura, afundando o rosto em seu pescoço.

       - O filme não importa, Reita-koi. - falei manhoso, ignorando as garotas que ainda tentavam manter um fio de conver que fosse, com ele. - Contanto que eu esteja com você.

       Ele afagou minha cabeça e abaixou um pouco, deixando os labios na altura da minha orelha.

       - Elas ja foram, ciumento. - riu.

~

       Pensei que demorarioa mais, para escolhermos um filme, mas até que foi bem rápido. E, no nosso terceiro dia da aposta, iriamos assistir filmes românticos e aquela besteira toda... Reita disse que não tem nada mais romântico do que ficar aconchegado a alguem, assistindo um filme de românce americano e comendo pipoca... no sofá.

       O que ele estava fazendo agora? A pipoca! Eu estava sentado no sofá da sala, ja havia escolhido o primeiro filme que iriamos assistir esperando que ele terminasse de fazer a "comida". Ele sentou-se ao meu lado, deixando o saco de pipocas - obviamente de microondas. Imaginei que nem isso ele soubesse fazer, sem transformar num monstro de três perna, roxo e laranja - sobre a mesinha de centro.

~

       No final do terceiro filme, - um do Harry Potter que nem sei porque a gente escolheu, ja que a intenção era "escolher filmes românticos" - Reita parou e levantou-se, dizendo que ia a cozinha pegar algo p'ra beber. Mas estava frio... E, como eu estava deitado sobre seu peito com seus braços passados em meu ombro, no instante em que ele se levantou, senti um choque termico passar por todo o meu corpo.

       - Não, Reita! - levantei-me junto dele e nós dois acabamos caindo quando eu tropecei no meu próprio pé. Acabei ficando ajoelhado jo meio de suas pernas; minhas mãos estavam apoiadas no chão, uma de cada lado de seu corpo, e eu tembem estava meio debruçado sobre ele.

       Reita riu levemente, e eu o acompanhei nervoso.

       - Porque não...? - perguntou, me encarando.

       - Porque 'tá frio... e se você sair vai esfriar mais!

       Ele riu novamente. Passamos algum tempo em silênci, apenas nos encarando, até que sua voz cortasse aquele clima tenso, de forma sensual e desafiadora.

       - Eu aposto... que você quer-... NÃO! Que você vai me beijar. - matinha um sorriso divertido, ao mesmo tempo que sádico, nos lábios.

       Só consegui rir. Tanto pelo nervosismo como pela aposta dessa vez.

       - Idiota! - falei num tom brincalhão.

       Mal terminei de falar e meus lábios foram de encontro com os seus, num beijo absurdamente inocente. Nesse momento eu soube que eu havia perdido. Estava apaixonado por Reita. Loucamente apaixonado por ele! Era eu... o perdedor.

        O beijo havia sido mais um selo, so que meio demorado - como o de algumas crianças em sua primeira experiencia -, mas não tanto. Nos separamos e pude notar um sorriso vitorioso em sua face.

       - Posso continuar, Ruki? - falou novamente, divertido.

       - P-Pode...

       - Eu aposto que nós... Eu e você... Reita e Ruki... Akira e Takanori... Suzuki e Matsumoto... vamos transar.

       Novamente o silêncio, só que agora desconfortavel - para mim, claro. Ele provavelmente estava se divertindo - Ele gargalhou e eu ri junto. Ele só poderia estar brincando! E eu achei que estava até que seus lábios tomaram os meus novamente, agora de forma mais violenta e exigente. Sim, era triste e sujo fazer aquilo tudo por causa de uma aposta e eu sabia que, no final, eu quem acabaria magoado. Mas eu não conseguia dizer "não" a ele.

       Não conseguia dizer "eu não quero". Parecia que algumas coisa ficavam presas na minha garganta, na hora de sairem. E eu era, nada mais, que um idiota apaixonado. Como ja sabia, o perdedor... E eu não fazia a minima idéia do que aconteceria quando essa aposta acabasse, mas definitivamente não seria algo bom.