O Perdedor escrita por Cafekkon


Capítulo 3
Morte.


Notas iniciais do capítulo

Quando pensarem no padrasto do Ruki,imaginem ele como aquele cara do PV Filth in the Beauty,Ok'ah? D:



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       Fazia exatamente um mês que Reita se mudára para a minha sala e eu, ele e Aoi eramos como amigos de infância. Sempre juntos. Claro que Aoi vez ou outra dava seus surtos por causa dos ciumes. Dizia que eu não me importava com ele, que eu só falava direito com o Reita, que só ligava pro Reita e blá blá blá. Mas eu não me importava, na verdade eu sempre ria quando ele fazia seu habitual bico, exibindo o piercing preto que tinha no lábio inferior. Eu sabia que ele gostava de fazer drama, por isso, nem ligava.

 

       Voltar para casa, com Akira, havia se tornado um habito desde aquele dia, ja que a minha casa era caminho para a dele.

 

~

 

       Era sexta, e nós tres estavamos saindo da escola. Estava até cedo, na verdade. Aoi tagarelava e eu nem me dava ao trabalho de prestar atenção no que ele dizia. As unicas coisas que entendi foram poucas palavras como "Miyavi" e "viagem". Eu, na verdade, estava alheio a tudo ao meu redor. Não aguentava mais aquele velho gordo do meu padrasto. Nem muito menos aquela inutil da minha mãe.

 

       Não queria mais voltar aquela casa que, por anos, chamei de "minha". Não mesmo! Aoi, por acaso, me acompanhou até em casa, juntamente com Reita. Acho que eles tinham falado algo sobre ir a casa de Kai ou sei la. Ah, quase esquecí-me de Kai.

 

       Pois bem... Uke Yutaka ou Kai, como eu costumava chamá-lo, é quase um irmão para mim. Nós praticamente crescemos juntos, brincando no templo do avô dele. Era dois anos mais velho que eu e Aoi, assim tambem o mais responsável. Sempre gostou muito de cozinhar, por isso agora mantem um pequeno, mas ótimo, restaurante no centro de Tokyo, junto com o namorado, Miyavi. A comida de Kai sempre foi muito boa mesmo.

 

~

 

       Cheguei em casa naquele dia e, por sorte, estava vazia. Teria pelo menos algumas horas de sossego sem ninguem me batendo, xingando ou tentando me aliciar. E eu tiraria essas poucas horas para dormir pelo menos um pouco.

 

~

 

       Acordei com o barulho da porta sendo quase arrancada fora. Eu, obviamente ja sabia de quem se tratava, pela tamanha brutalidade. Ele me xingava de coisas que eu nem imaginava que existiam e num minuto "desabou" em cima de mim. Eu estava cansado daquilo!

 

       Empurrei-o, fazendo com que saisse de cima de mim e sai do meu quarto, correndo para o seu. Eu o ouvi se levantar e vir atras de mim a passos firmes, esbravejando varias palavras não muito delicadas. Meu desespero ja estava a níveis astronômicos - queria dar um fim aquilo. Eu simplesmente não pensava, somente agia. Tateei o chão embaixo da cama a procura da arma que eu lembrava que estava ali e, no minuto que ele entrou no quarto, eu disparei contra ele. Um tiro certeiro no coração.

 

       Perdi a cor, sentia meu corpo desabar no chão. Soltei o revolver, ja sentindo as lagrimas escorrerem por meu rosto. Minhas mãos tremiam e minha pressão havia caido. Não me importei nem um pouco com que horas eram. Minha mãe não estava em casa e eu torcia pra que não voltasse tão cedo.

 

       Corri para meu quarto novamente, quase tropeçando no cadaver caido ao chão. Procurava o celular com certo desespero, e quando o achei, liguei para Aoi. Nunca poderia pensar em ligar para Reita, nem mesmo para Kai. Sim, eu confiava neles, mas estava com medo do que poderiam pensar. A unica pessoa que eu achava que não falaria nada era Aoi.

 

       O telefone chamou uma, duas, tres vezes e quando Aoi atendeu nem o deixei falar. Eu berrava no celular, contando o que havia acontecido. Até me esqueci de que tinha vizinhos. Ele disse que chegaria em cinco minutos e que eu o esperasse - sim, moravamos perto, apesar de as direções serem opostas.

 

       A chuva do lado de fora só piorava a minha situação e me preocupava ainda mais. Porque, normalmente, em filmes de 'suspense', quando chove nunca acontece algo de bom.

 

       Eu não chorava pela pessoa que eu tinha matado. Chorava por medo. Por não querer acreditar que eu havia matado alguem.

 

       O interfone tocou e eu avisei que Aoi podia subir. Fiquei parado na frente da porta e passado um minuto ele tocou a campainha. Ele estava completamente encharcado, mas não me importei com isso. Deixei que Aoi me abraçasse, terno, de modo que meus braços ficassem presos entre os dois corpos.

 

       - Não se preocupe, Ruki... Está tudo bem. Não foi a sua intenção, certo...? - ele falava baixo para que só eu ouvisse.

 

       - Não, Aoi, não está! - praticamente berrei. Ele apenas me apertou mais.

 

       - Shh...não fale.

 

       - Eu quero ir embora daqui, Aoi... Por favor.

 

       Ele pareceu pensar um pouco e logo me largou quase que lentamente.

 

       - Vá arrumar suas coisas, enquanto eu chamo um taxi.

 

       Obedeci-o, correndo para meu quarto e jogando minhas coisas de qualquer jeito dentro das malas.

 

~

 

       Não demorou para que chegassemos a sua casa. Aoi morava sozinho ja que era um filho "revoltado". Ali eu não teria com o que me preocupar. Eu ja havia tomado banho e tambem não chorava mais. Não tinha mais forças para isso.

 

       Yuu vinha da cozinha com uma xicara de chá nas mãos. Usava uma blusa preta de mangas bastante compridas que quase cobriam as mãos, deixando apenas os dedos de fora, e uma calça de moletom da mesma cor. Minhas roupas não eram muito diferentes, a exceção era somente a blusa - não cobria a mão.

 

       Na verdade, eu nunca havia visto Aoi com roupas que não fossem pretas e... Suas outras roupas eram bem parecidas com aquela, mudando somente as calças - ele nunca sairia com calças de moletom - que eram sempre de um jeans escuro. Os sapatos eram sempre coturnos ou algo parecido - apesar de agora ele estar descalço por estar em casa.

 

       Ele deixou sobre a mesa de centro a xicara e o cigarro que, mesmo apagado, estava anteriormente entre seus lábios, e sentou-se no sofá, ao meu lado. Eu continuava fitando um ponto qualquer da sala, melancólico.

 

       - Eu vou ligar para Kai e Reita e-...

 

       - NÃO! - cortei-o.

 

       Havia sido um quase berro. Minhas mãos estavam agora agarradas a sua blusa e eu pude ver sua expressão quase assustada. Ele, por fim, sorriu carinhoso e me puxou para um abraço em que, novamente, meus braços ficaram presos entre nossos corpos.

 

       - Porquê? - perguntou, em tom baixo.

 

       - Eu não quero que eles se afastem de mim por causa disso.

 

       - Não se preocupe. Eles não vão fazer nada disso com você, Ruki.

 

~

 

       Ainda estava inseguro sobre contar aquilo para Kai e Reita. Continuava sentado no sofá da sala, encolhido. Aoi e os outros dois estavam na cozinha, conversando. Eu me sentia uma criança que não podia ouvir o assunto dos pais.

 

       Reita apareceu no hall da porta do outro cômodos em que estava antes. Eu ergui meu rosto para olha-lo, mas desviei os olhos para um outro ponto qualquer, no instante seguinte.

 

       Ele estava sério de um jeito que, mesmo em um mês de convivencia, eu nunca havia visto. Reita veio em minha direção e sentou-se no sofá, ao meu lado, onde antes era o lugar de Yuu.

 

       - Porque não queria que Aoi me ligasse? Você não confia em mim, é isso?

 

       - Eu estava com medo, Reita. Eu... - abri a boca para continuar uma, duas vezes e nada saia. Sentia um nó em minha garganta.

 

       - Eu e Kai ficamos muito chateados.

 

       - Rei-kun... Me des-

 

       Fomos interrompidos pelo telefone. Olhei o numero no identificador de chamadas e... Não! Não pode ser!


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Notas finais do capítulo

WOOOOW, misteriozinho no final. *-* /adooooro.
Obrigada a todos que estão acompanhando, eu fico realmente grata por isso. Obrigada tambem pelos varios reviews que vocês mandaram. Vocês são lindos. São leitores maravilhosos, ok? *o*