All For The Sake Of Breaking The Curse escrita por Witch
Notas iniciais do capítulo
Eu não pude resistir. Sinceramente, não pude.
- Temos mesmo que ir para Storybrooke? – indagou Emma pela milésima vez nas últimas duas horas.
Regina não respondeu, mas pelo olhar, Emma soube a resposta e não estava feliz com isso.
- Por que eu tenho que ser a Salvadora? – era a pergunta que não a deixava em paz nos últimos dez anos. Por que ela? Será que não tinha como trocar com o destino de alguém?
O som do zíper da mala ecoou pelo apartamento que eles chamavam de casa por dez anos. Henry, que numa hora dessas estaria jogando vídeo-game, sentava abandonado, com o rosto chateado e imóvel no sofá enquanto ouvia as duas pessoas que ele mais amava no mundo discutindo. Novamente.
- Por que é o seu destino, Emma. – respondeu Regina se levantando. Ela estava ajoelhada terminando de ajeitar a mala de Henry, que assim como a mãe simplesmente jogara todas as roupas dentro da mala esperando que ela fechasse magicamente, mas alas, não fechou. – Não vamos discutir isso de novo. Amanhã iremos para Storybrooke e você cumprirá o seu destino.
- Eu não quero cumprir meu destino! – respondeu com raiva – eu quero paz. Por dez anos fomos felizes aqui, para que estragar tudo?
- “Vingança”. – era o que Regina adoraria responder, mas lambeu os lábios e olhou para Emma. –Os seus pais estão lá. Esperando por você.
Emma tremeu e olhou para o lado, para o sofá, onde Henry as olhava com aquela expressão triste e confusa. Ele queria ir, queria ajudar a quebrar a maldição, mas o rapaz sabia as implicações que resultaria de tudo isso.
- Eles me abandonaram. – respondeu voltando a olhar Regina. Todas aquelas malas, todas aquelas caixas, deuses, ela queria chutar tudo!
- Por minha culpa! – respondeu a mulher mais velha. – Por causa da minha maldição. Se você tem que odiar alguém, Emma, me odeie.
E como era possível odiar aquela mulher? Indagava Emma para si mesma. Ainda mais quando tal mulher sempre a olhava com olhos tão tristes, ainda mais quando aquela mulher cuidara de Henry, cuidara dela. Como odiar a pessoa que mais se ama?
- É impossível te odiar.
Regina abrira um sorriso triste.
- Veremos.
E sem esperar resposta, saíra da sala e os barulhos de salto foram ficando cada vez mais distantes.
Emma, que estava encostada na parede durante todo o argumento, olhou para o filho que com os lábios apertados segurava o choro.
- Oh, Henry. – e sem mais, andou até o filho e o abraçou com toda a gentiliza que conseguia demonstrar. – Vai dar tudo certo. – prometeu mesmo sabendo que não poderia cumprir.
Ele deixou escorrer só algumas lágrimas. Era um rapaz forte e ele confiava no destino, confiava no lado “bom”, ele precisava confiar que tudo daria certo quando Emma quebrasse a maldição. Era uma necessidade.
- Você promete? – ele pediu num sussurro.
- Eu não vou deixar nada acontecer com ela ou com você. – prometeu Emma e ela sabia que cumpriria aquela promessa nem que tivesse que morrer por isso.
- E nós não vamos deixar nada acontecer com você – ele afirmou. As lágrimas ainda caindo.
Emma abriu um grande sorriso e suas próprias lágrimas começaram a cair.
- Vai dar tudo certo, Henry. – Queria completar, queria dizer que Storybrooke seria maravilhoso e que ele, Regina e Emma seriam muito felizes lá como foram felizes em Boston durante esses últimos dez anos, mas a verdade era cruel, muito mais cruel.
Os barulhos de salto novamente ecoando no apartamento chamaram a atenção dos dois. Emma beijou o filho na testa e se separaram, cada um limpando as próprias lágrimas.
Regina parou na entrada da sala e estendeu o telefone para Emma.
- Ainda tenho algumas roupas para embalar. Peça algo para o jantar, sim?
Era uma cena patética, sinceramente. O rapaz tinha o rosto vermelho e as lágrimas ainda escorriam; a loira, assim como o filho, estava vermelha e a morena tentava disfarçar que também estivera chorando, mas aqueles olhos vermelhos não enganavam ninguém.
- Eu estava pensando em sairmos hoje. Podemos ir para um restaurante, sei lá, depois tomar um sorvete. – olhou para Henry que assentiu com um grande sorriso.
- Emma... – suspirou Regina..
- Eu sei! – tentou se defender. Colocou as mãos no bolso das jeans e olhou para Regina com quase medo. – Eu só queria passar o meu aniversário com a minha família... Antes de tudo desmoronar.
Regina suspirou fundo e retrocedeu o braço. Olhou para Emma e abriu um sorriso.
- Não demorem. Precisamos sair cedo amanhã.
Emma e Henry se entreolharam.
- Eu tenho certeza que você não vai nos deixar esquecer do horário. – respondeu Emma. Ela e o filho sorriam.
Regina não pôde deixar de compará-los. O mesmo sorriso, os mesmos olhos brilhantes, tão iguais e tão diferentes ao mesmo tempo.
- Você vai com essa roupa mesmo? Vamos numa pizzaria. – disse Emma.
Regina olhou para sua protegida confusa, como se não tivesse entendido bem as palavras de Emma.
A loira não pensou em elaborar. Virou-se para o filho e o mandou pegar uma jaqueta. O rapaz saiu correndo animado demais para sequer pensar em ir mais devagar.
- Mas você disse... - começou Regina ainda confusa.
Emma teve que sorrir. Era tão raro ver Regina confusa e sem saber o que falar.
- Eu disse que quero passar meu aniversário com a minha família e você e Henry são a minha família.
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- E então, todo mundo começou a rir. Foi muito engraçado! – disse Henry rindo. Emma e Regina o acompanharam na risada.
A pizzaria estava lotada, com muitas famílias ao redor conversando, rindo e comendo a melhor pizza que Emma já experimentara na vida.
Henry contava um caso que tinha acontecido no dia anterior na escola, ele contava tudo com vontade e com uma grande animação, virando o rosto mais rápido que podia falar, olhando para Emma e depois para Regina, enquanto tentava cortar a pizza. Toda a tensão do apartamento dissipou por um momento e Henry não queria que o silêncio e os problemas fizessem com que as duas mulheres voltassem a discutir.
Sinceramente, o rapaz gostava de certas discussões. Ambas eram temperamentais demais para não discutirem, mas quando o assunto era a maldição, storybrooke ou qualquer coisa relevante a isso, Henry detestava cada segundo da briga. No fim, Regina se isolava na pequena sala de estudo, enquanto Emma ou saía ou ficava furiosa o resto do dia. A situação ficava complicada por alguns dias, depois tudo voltava ao normal.
Até que o assunto da maldição voltava.
- Posso anotar mais algum pedido? – chegou a garçonete.
- Posso ter mais refrigerante? – perguntou Henry animadamente para Regina.
Ela assentiu. Emma pediu dois refrigerantes e uma cerveja. A garçonete olhou para eles de uma forma estranha e saiu. Os três riram. Era normal aquele olhar confuso e estranho. As pessoas costumavam achar que Regina e Emma eram mães do Henry. O rapaz e a loira não se importavam e na maioria das vezes, nem sequer corrigiam as pessoas que achavam isso, mas Regina fazia questão de enfatizar que ela era somente “prima” de Emma e talvez uma tia para Henry.
- Eu já te matriculei numa escola em Storybrooke. – disse Regina para o rapaz.
Emma fechou a expressão e Henry sorriu.
- Vamos morar numa casa? – indagou o rapaz olhando para as duas.
- Eu não sei. – respondeu Emma olhando para Regina. – Como ficou resolvido isso?
Regina respirou fundo. Estivera hesitante em contar para os dois sobre os arranjos.
- Ahn... Eu consegui apartamento... Ao lado da sua mãe. – olhou para Emma com quase medo de continuar. Tinha evitado esse assunto por meses.
- Mas isso é bom para você? – indagou Emma. Henry também parecia confuso. – Não seria bom para você morar longe dela, sei lá?
Henry engoliu o pedaço de pizza. Algo ruim estava para acontecer. Regina passou a língua pelos lábios.
- Bem, eu vou morar longe dela. – foi a resposta vaga.
- Mas, o apartamento não é ao lado da Snow? – indagou Henry. – Como você vai morar longe?
Regina sorriu para o garoto. Ela o criara desde bebê junto a Emma. Ele era quase o filho que ela nunca poderia ter.
- Diga para ele. – desafiou Emma. Seus olhos verdes estavam furiosos com as implicações das palavras de Regina.
A morena respirou fundo. A fúria de Emma já era esperada, mas não pretendia contar para Henry tão cedo. Ela não aguentaria ver alguma decepção naqueles olhos inocentes.
- Henry, eu não vou morar com você e Emma.
O barulho da pizzaria parecia não incomodar mais, era como se todo o resto do mundo morresse. O rapaz franziu as sobrancelhas tentando entender aquela frase. Durante toda a sua vida, lar significava qualquer lugar onde Regina e Emma estivessem, ele jamais questionara o porquê dos três morarem juntos nem sequer cogitara a ideia de morarem em lugares separados.
- Por quê? – ele indagou completamente confuso. A vida com ele e Emma não era boa? Ela não queria saber mais deles?
- É, Regina, por quê? – Emma repetiu. A loira ainda estava furiosa.
Regina a olhou com raiva. Era obvio o porquê! E ela sinceramente não queria passar aquele dia discutindo sobre o que aconteceria no dia seguinte. Era errado querer uma noite tranquila em que a maldição, seu maior erro, não a incomodasse, não a atormentasse?
- Eu tenho que ficar sozinha, assim eu posso me concentrar completamente em achar uma forma de quebrar a maldição. – mentiu, mas o que poderia falar? O rapaz ainda era muito novo para entender o que aconteceria uma vez que a maldição quebrasse.
- Mas podemos te ajudar. – argumentou o rapaz.
- Eu sei. – ela forçou um sorriso.
A garçonete retornou com os pedidos, os depositou rapidamente na mesa e se retirou. Emma pegou a cerveja e tomou um grande gole.
- Então por quê? – insistiu Henry.
Regina olhou para Emma, pedindo silenciosamente ajuda, mas loira somente balançou os ombros. Ela não sabia dessa história de separação e se soubesse, não teria concordado.
- Aqui não é o melhor lugar para discutirmos isso.
A resposta não agradou a nenhum dos dois.
- Eu sei que essa é a melhor forma. – sentenciou. – Não está aberto a discussão. O apartamento de vocês já está preparado e eu vou morar com um antigo... amigo.
- Você vai o que?! - exclamou Emma. A hesitação não tinha passado despercebido. – Claro que não!
Henry olhou entre suas duas mães e ele soube que as coisas iriam ficar piores. Emma nunca lidou muito bem com os segredos que Regina guardava. A loira dizia que ela só estava protegendo o filho, mas Henry achava que não era só isso.
- Emma. Aqui não é o lugar para discutimos isso. – olhou ao redor e percebeu alguns olhares curiosos. – Vamos terminar de comer e aproveitar o seu aniversário.
- Tanto faz, mas você não vai morar com um amigo. – com a expressão fechada, ela terminou a cerveja e pediu a conta.
Regina suspirou. O dia estava longo.
Henry pensava a mesma coisa. Era normal as duas discutirem, mas naquele dia, elas tinham discutido o dia inteiro e nem era por coisas tolas como de costume, e sim aquelas discussões pesadas e cansativas. Ele só queria que Storybrooke e tudo aquilo nunca existisse, assim ele poderia viver tranquilamente com sua pequena, mas feliz família.
Emma não falou mais nada. Pagou a conta silenciosamente e os três saíram do restaurante.
Henry andava no meio. Ele se lembrava que quando era menor e os três saíam para qualquer coisa, ele pegava na mão das duas e se sentia a pessoa mais protegida do mundo. Não importava alguns olhares curiosos e até invejosos, ele se sentia feliz.
Por que aqueles dias pareciam tão distantes?
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Thank youu!