Be Alright escrita por Carol Munaro


Capítulo 48
Você ia me contar?




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– Você se incomoda de eu vir visitar a Mel?

– E por qual motivo me incomodaria?

– Bem, você sabe...

– Olha, na boa, vocês são amigos e eu não vou interferir nisso. Seria escroto e ignorante da minha parte.

– A gente também podia voltar a ser amigos. - Isso é algum tipo de piada?

– Escuta, você beijou minha namorada, inventou histórias sobre mim, fez uma pá de coisa. Acha que confiança é que nem fênix que surge das cinzas?

– A gente podia tentar, pelo menos.

– Sinceramente, não dá. Valeu. - Ele levantou as mãos, se levantou e saiu de lá. Terminei meu lanche e peguei outro. Terminei e fui pro quarto da Mel. A dona Claudia disse que se eu quisesse passar a noite com ela, tudo bem. Então, ficarei. Cheguei no quarto e ela tava trocando de canal impaciente.

– Onde tu tava?

– Comendo ué.

– Demorou.

– To aqui princesa. E vou ficar a noite toda. - Ela sorriu e estendeu os braços pedindo abraço.

– Mathew foi falar comigo agora.

– O que ele queria.

– Perguntar se podia visitar você. Como se ele não tivesse vindo. - Ela riu.

– Só isso?

– Ele quer voltar a ser meu amigo.

– Estranho. - Assenti e ficamos em silencio. - Será que vai dar tudo certo dessa vez? - Suspirei. - Tipo, não entre a gente, to querendo falar: será que vamos ter uma vida tranquila agora?

–Dessa vez vamos. - Ela sorriu e deitou no meu ombro, adormecendo um pouco depois. Dei um beijo na testa dela e fui pra um sofá pequeno que tinha lá e deitei. Fiquei pensando se eu contava ou não pra Mel do beijo. Na época que o Victor fez aquela merda toda com o traficante, prometi que não esconderia nada dela e que também não mentiria. Quando ela sair do hospital eu conto, é melhor.

Amanhã eu iria visitar o Victor. Faz tempo que não falo com ele. E aproveito e pergunto se o John tá sofrendo muito lá dentro. O Victor não iria pegar cadeia mesmo, isso eu sabia, ele só tava lá esperando o julgamento ainda, assim como o John. Mas nem sei se o John vai ficar vivo até o julgamento. Enfim, foda-se ele.

Acordei e a Mel tava dormindo ainda. Olhei no celular e era 10h00. Dei um beijo na testa dela e a mãe dela chegou. Me despedi, passei em casa, tomei banho e fui visitar o Victor. Cheguei lá e entrei numa salinha, tipo a que a Mel ia quando me visitava.

– Poxa, pensei que tinha esquecido de mim. - Ela disse entrando e eu ri.

– Não. É que a Mel tava no hospital, ainda tá, mas ela tá bem melhor.

– Acharam o John.

– É, eu sei. Eu que achei ele. - Contei a história pra ele. Terminei e ele olhou assustado pra mim.

– E ela tá bem?

– Tá. Acordou ontem. E o John?

– Você sabe o que acontece com o povo que faz esse tipo de coisa. Ainda mais aqui dentro. E como assim "acordou"?

– Quando o pai do James tava fugindo com ela, ele bateu o carro. E foi feio o acidente. Ai, ela ficou em coma. E sei como é que tratam presos que nem ele. - Bom, pra quem não sabe e não sei se já falei, os outros presos quando descobrem o que o "cidadão" que nem o John fez, torturam, batem, essas coisas.

– Soube que tu tá trabalhando num orfanato.

– É a minha pena. Provavelmente a sua vai ser a mesma coisa.

– E como tá sendo lá?

– Divertido até.

– Tem certeza? Pela sua cara...

– Uma vez eu fui passar o fim de semana na casa do pai da Mel com ela. E uma assistente dele que tava lá, ficava dando em cima de mim, até me beijou e tals. Enfim, a Mel bateu nela. E agora, ela tá trabalhando no mesmo orfanato que eu.

– E rolou algo?

– Ela me beijou de novo.

– E você?

– Eu retribui. - Falei um pouco envergonhado.

– A Mel sabe disso?

– Não. Não sei se conto ou não pra ela.

– Bom, sabemos que se você contar ela vai dar um ataque.

– Ela vai querer bater em mim.

– Eu sei. Mas acho melhor você contar.

– Por que?

– Do jeito que eu te conheço, se você não contar vai ficar com peso na consciência. - É, ele tem razão.

– Vou contar quando ela sair do hospital. É melhor. - Ficamos conversando durante mais um tempo e eu fui embora. Cheguei em casa só comi e fui pro orfanato. Fui mais cedo porque quero sair mais cedo de lá hoje. Pra eu ficar mais tempo com a Mel no hospital.

Cheguei no orfanato e entrei. Fui direto pros quartos arrumar as camas. Quando entrei no primeiro, a Jenny tava lá.

– Que susto, garoto. - Ela disse colocando a mão no peito e eu ri fraco.

– Tava fazendo o que de errado pra tá assustada assim?

– HAHA que engraçado. Tá alegre. O que aconteceu?

– A Mel acordou.

– Contou pra ela?

– A gente prometeu não tocar mais nesse assunto.

– Eu sei, mas se você contou, ela vai querer vim até aqui quebrar minha cara.

– Relaxa. E eu ainda não contei.

– Vai contar então?

– Não vou conseguir esconder dela. - Ela murmurou um "hmm" e terminamos de arrumar os quartos em silencio. O resto do dia foi igual aos outros. A diferença é que sai mais cedo.

– Ela tá no hospital ainda?

– Tá. Acho que ela sai em menos de uma semana.

– Vai direto pra lá?

– Não. Vou passar em algum lugar pra comer um lanche. Quer ir? - Ela me olhou estranha. - É revoltante comer sozinho, eu diria. - Ela sorriu e assentiu. Entramos no carro e fomos numa lanchonete que ficava lá perto. Fizemos o pedido e nos sentamos.

– Por que você foi despedida pelo senhor Holden?

– Eu pedi demissão. To fazendo faculdade de pedagogia e seria melhor eu trabalhar já com crianças.

– Entendi.

– Já sabe o que fazer? - Como eu tava mastigando, fiz com a cabeça que não.

– Acho que administração, mas não tenho certeza. Envolve muita conta. - Ficamos conversando sobre coisas aleatórias e, depois que eu terminei de comer, fui pro hospital. Cheguei lá e já fui direto pro quarto.

– Achei que ia chegar mais cedo, mo.

– Eu fui comer antes. - Disse dando um selinho nela.

– E como foi lá no orfanato com as crianças?

– Foi normal, que nem nos outros dias.

– Você pode me levar lá um dia? - Ela perguntou animada.

– Ah... Mel, eu não trabalho lá sozinho.

– Isso eu já imaginava né. Mas qual o problema?

– É a Jenny que trabalha lá comigo. - Ela passou de animada pra um pouco irritada.

– E você ia me falar quando?

– Ontem não deu né, princesa. Mas te levo lá sim.

– Ela tentou alguma coisa? - Engoli em seco. - Dá pra me contar?

– É, ela tentou. Mas a gente já se resolveu. Esquecemos o assunto.

– Você ia me contar?

– Só tava esperando você sair do hospital. - Ela assentiu.

– Mas ela tentou o que exatamente?

– Ela me beijou de novo, Mel. Pronto. - Ela arqueou uma sobrancelha fazendo cara de brava. - Não vai acontecer de novo.

– Se ela tentar algo de novo você vai me contar né?

– Claro. - Ela sorriu.

– Eu te amo.

– Também te amo, princesa.


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