Depois de alguns minutos, pude ouvir o barulho de alguns galhos e uns monumentos existentes próximo ao lugar em que eu estava junto do meu amor Hinka. Como meu irmão havia saído daquela praça com um sorriso que eu simplesmente odeio, dizendo que revelaria aos meus pais e ao resto de minha família sobre o caso que eu mantinha com um anjo, eu logo deduzi que tais barulhos vinham da força demoníaca que meu pai possuía. Nunca vi sua real forma, e esperava nunca ver, mas como ele com certeza está alterado, acreditava eu que isso seria o óbvio do impossível. Em poucos segundos desde o começo das quebras de galhos e monumentos, pude ver que meu pai chegara no local onde eu permanecia junto de meu amado. Papai estava acompanhado da mamãe e, é claro, do meu irmão. De jeito maneira ele iria perder tal cena, né.. Papai e mamãe contra mim, a preciosa e tão prestigiada filhinha deles.

- Então era verdade ?! - apesar de nervoso, papai mostrava aos outros um semblante calmo.

- P-Por que fez isso? - mamãe estava apreensiva. Eu nada respondi

- Responda à pergunta da mamãe, Hoshi - meu irmão se meteu, com aquele sorriso odioso

- Fiquei quieto. Deixe que eu e sua mãe resolvamos isso. - papai chamou a atenção do desgraçado. Que bom, pelo menos aquele moleque sem modos baixa a crista.

- É que... É que... - eu queria, mas não estava pronta para responder-lhes. Pelo menos não ainda.

- Diga... Mamãe está aqui para ouvir sua versão - apesar de tentar esconder, tal feito não lhe foi concedido. Ela estava muito nervosa.

- (Glup) É que... É que... - eu ainda tentava hesitar em falar a verdade. Papai já estava com os nervos à flor da pele. Imagina só se eu conto a eles que eu estava apaixonada por um anjo. Mas, eu não poderia mais esconder isso do resto do mundo, não é verdade?Então, tratei de logo dar aos meus familiares mais velhos uma resposta. Coisa que eu já deveria ter feito há muito tempo, na verdade, desde que percebi estar apaixonada por um ser rival de minha raça. - Eu o amo. - eu segurava minhas lágrimas

- O que? 

- Isso deve ser brincadeira, só pode. E uma brincadeira de muito mau gosto - mamãe tentava desmentir a dura realidade que enfrentava.

- Não, mamãe... Eu não estou brincando. Na verdade, eu nunca falei tão sério em toda a minha vida.

- Minha filha, eu te darei duas escolhas: 1ª: você desmente tudo o que disse, mata o anjo como forma de lealdade à nossa família e volta pra casa conosco como se nada tivesse acontecido; ou 2ª: você não muda sua versão dos fatos, me vê exterminando esse ser inferior a nós demônios, e seja expulsa de nossa prestigiada família. E então, o que você escolhe para sua vida?

- Vamos, minha querida, escolha a opção um e viva feliz com todos nós.

- Eu escolho a opção dois. Mesmo que isso custe a minha vida, eu não vou voltar com a minha palavra. Você me deu a educação de nunca desmentir o que digo, quando estou certa. Portanto, não desmentirei minha versão dos fatos, mesmo que isso signifiquei perder o símbolo e o prestígio que recebi ao possuir o nome Yosura. - mesmo vendo minha mãe chorar, eu não podia dar pra trás. Disse que não desistiria de meu amado, e não desistirei. 

- Pois bem então... 

Rapidamente, papai mostrou sua forma demoníaca, perante todos nós presentes naquele local. Era uma forma incrivelmente assustadora. Nem me peçam para descrever sua forma, porque não direi. Apenas um demônio o máximo assustador possível pra vocês. Ele ficou de pé, perante Hinka e eu, esperando o tempo necessário para que seu ataque ficasse pronto. Sabe, como seu adversário seria um anjo, ele não pouparia esforços. Mesmo Hinka sendo apenas um adolescente, meu pai não hesitaria em usar toda sua força para acabar com a raça daquele anjo "imundo" (forma como ele se designa aos anjos). Hinka ficou de prontidão, mas infelizmente, de nada isso adiantou. Mas, mesmo assim, por sorte de Hinka, meu pai não usou sua total força. Então, houve tempo suficiente para que meu amado anjo pudesse mostrar sua verdadeira forma. Seria a segunda vez que eu presenciava aquela paisagem cheia de fluidos bons, que emanavam de seu interior. 

Ficaram lá, os dois lutando entre si. Até que, aquela região da praça começou a encher de gente, então, meu pai juntou suas energias e lançou para o Hinka, um poder que seria capaz de destruí-lo por completo. E foi exatamente isso que aconteceu. Não, não, o corpo dele não foi explodido, como você deve estar pensando, na verdade, tal ataque lançado por meu pai, apenas serviu para cortar o coração daquele a quem eu confiava minha vida. 

Eu estava desesperada, nunca na minha vida presenciei uma morte, muito menos de alguém que tivesse meu respeito, minha confiança e meu amor. Sem mais força para segurar tanta tristeza, derramei-me em lágrimas. Peguei uma adaga que carregava sempre para me defender, (não poderia usar minha verdadeira forma diante de meros humanos, não é verdade?) e fiz um sinal como se eu fosse perfurá-la em meu peito.

- N-Não faça isso, minha filha. - mamãe tentava desesperadamente que eu não me suicidasse. Pude olhar para meu irmão e vi que sua feição mudou para um rosto arrependido. Mas, era tarde, afinal, a morte de Hika foi ocasionada pelo desespero que meu irmão possuía em me ver abalada, já que seus insultos nunca me deixaram irritada. Meu pai também parecia descontente com o que eu pretendia fazer, mas aquilo não me abalou nem um pouco. Descobri naquele dia que ele era um homem sangue-frio.

- Desculpe, minha mãe, mas viver em um mundo onde o Hinka não habita mais, não me é possível. Desculpe-me e espero que entenda meus motivos.  - nesse momento, finquei a adaga em minha mão em meu peito esquerdo.

Antes de cair dura no chão, pude ouvir barulhos de pessoas chegando apressadamente. Ainda com os olhos meio abertos, pude ver que eram pessoas muito parecidas com o anjo que eu amara, logo, deduzi serem estes seus pais. Fechei meus olhos para aquele mundo, que vivi como se fosse uma humana durante 16 anos de minha vida.