Galhos Secos escrita por Stella Luna


Capítulo 10
Helena Megari


Notas iniciais do capítulo

Aqui eu interrompo a vida de Diana para apresentar a vcs Helena.
Narrei a interpretação das cartas e anotações lidas por Diana.
Pode parecer confuso, mas essas cartas instruem Diana de uma forma. Elas a fazem pensar e sonhar.
A vida de Helena a trás de volta para a vida.
Vcs vão ver...



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Helena Megari.

Helena Megari.

Helena Megari.

O nome de uma estranha. Um nome solto no universo.

Helena Megari. Uma estranha que guardou sua vida numa caixa.

Uma caixa que acabou sendo perdida e esquecida por pessoas que nunca tomaram consentimento de sua presença.

E que agora estava comigo.

Diana.

Uma menina estranha no mundo. Não só de nome, mas de ser, que também era solto no universo.

Sinto como se, depois de ter conhecido sua história e seus pensamentos, tivesse engolido parte de seu, não mais existente, ser.

Helena vive comigo agora. Em meu pensamento e em meu coração.

Entendo que mesmo nunca tendo a visto, nem ouvido, a conhecia mais que sua própria mãe.

Durante o tempo em que a li, fui me tornando mais consciente de mim e de minha história também. Agora vivo. Agora sei que vivo. Vivo na floresta.

Tento não fugir mais de meu passado. Tento lembrar-me do motivo de vir parar aqui, sozinha.

Não quero mais fugir.

Claro que não estou pensando em tentar voltar de onde vim, mas agora vou construir uma vida de verdade, ser como sou e tentar ser feliz.

A vida de Helena nada tem a ver com a minha, apenas em um ponto: somos duas pessoas perdidas num mundo cruel, sem ninguém em quem possamos confiar, mas mesmo assim desejamos ser felizes.

Eu ainda me considero mais sortuda do que ela, pois mesmo sendo uma mulher da nobreza, com alto nível intelectual e várias posses, ainda tenho maior autonomia sobre minha vida.

Excluí-me da sociedade quando tinha meus nove ou dez anos. Quando fugi.

E desde então, vivo sobre minhas próprias regras. Respeitando apenas as leis naturais da floresta, pois sou eu a intrusa nesse meio.

Helena Megari vivia submissa. Em um mundo de homens de terras, mulheres dotadas e criados, servos, pessoas que eram tidas como objetos.

Suas anotações pareciam ter começado desde sua mocidade, quando seu pai começou a caçar um marido para ela, sua filha mais nova.

Homens com uma diferença de 50 anos eram os principais proprietários de terras, com grande influência e aptos a receberem uma quantia estipulada por seu pai, por uma jovem e inexperiente noiva.

Helena se sentia podre ao pensar no resto de sua vida, passando como um objeto na mão de um homem selvagem e desconhecido, mas não havia outro caminho. Nunca pensara que se sentiria dessa forma no momento de escolher um marido, ninguém nada lhe dissera sobre isso, mas refletira sobre o assunto. Ninguém nunca lhe contara a parte sórdida de se casar. Apenas fora instruída sobre como se comportar, como costurar, como se vestir, o que falar, e quando falar.

Eles se esqueceram de lhe instruir sobre como conviver com alguém a quem mal conseguia distinguir do resto dos homens barbudos, bem vestidos e de posses.

Mas era isso. Sua vida como mulher era essa. E às vezes, a vida toma rumos diferentes do qual desejamos, mas cabe a nós nos adaptarmos às circunstâncias.

Diana e Helena.

Nós nos adaptamos. Mudamos para sobreviver. A vida não é feita apenas de felicidade e sim de lutas perdidas, sonhos mortos e promessas quebradas. Mas cabe a nós recolher cada pedaço que deixamos de lado durante a estrada e tentar seguir em frente. Porque o importante é sobreviver para ver o amanhã.



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Notas finais do capítulo

Comentem?
Por favor! Preciso saber o que passa na cabeça de meus leitores :)