(HIATUS) Helena. escrita por anajvargas


Capítulo 2
Helena e o asassino de limões.


Notas iniciais do capítulo

ALELUIA EU CONSEGUI POSTAR ISSO MANOOOOOOO.



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Depois de algumas horas e trânsito, - ou talvez tenham sido anos – chegamos. Os dois pestinhas saíram do carro mais rápido do que um foguete recém-testado da NASA e eu fui lentamente me arrastando para fora do forno que o carro tinha se tornado.

Não me leve a mal, mas passar as férias com a minha família não é lá a melhor coisa, ou até mesmo algo que eu escolheria pra fazer. Então eu continuava no meu animo “morto-vivo”.

Eu ainda estava a alguns metros da entrada quando minha mãe abriu a porta e eu senti aquele vento quente e fraco, e cheio de poeira, de casa de praia. Suspirei tentando não pensar no quanto eu gostaria de estar em algum lugar frio, com neve e uma garrafa de café só minha. Afinal, café no calor é tabu pra mim.

Dirigi-me até o banheiro que eu sempre dividia com a minha mãe e encarei o espelho. Estava meio empoeirado devido à falta de uso. Passei a mão dele para tirar o excesso de poeira e me olhei por alguns instantes.

Eu não era feia. Nem bonita. Eu era normal; meus cabelos estavam meio azulados, já que a tintura preta estava desbotando e eles batiam no meio das minhas costas, meus olhos castanho-esverdeados estavam meio inchados por causa da viagem, minha cara toda estava inchada.

Prendi a minha juba com um rabo de cavalo e lavei o rosto, encarei o espelho mais um pouco e vi que quando eu prendia os cabelos ficavam evidentes os alargadores e vários furos nas minhas orelhas, e no meu nariz, quase que imperceptível, existia uma argolinha de prata.

Eu estava vestindo uma camiseta vários números maiores que o meu e um short qualquer. Nunca fui muito de me importar com padrões de beleza, se eu gostava, eu usava.

– Helena! – Escutei minha mãe chamar de algum lugar da casa. – Vem aqui me ajudar filha.

Enquanto procurava minha mãe, me lembrei de um detalhe, ela tem algum problema com a letra H, ou pelo menos isso é o que eu acho. Helena, Hector e Heitor, ela tinha que por H em todos os filhos? Apesar disso minha mãe, Celeste, é sem dúvidas o ser mais adorável, gentil e acolhedor do planeta. Pra falar a verdade meu pai também. Talvez seja por isso que eles se dão tão bem.

– O que foi mãe? – Perguntei quando finalmente a encontrei, em cima do beliche que fica no quarto dos meninos.

– Ah, querida! Ajude-me a limpar o quarto dos meninos primeiro, assim eles ficam ocupados e não atrapalham enquanto arrumamos o resto da casa. – Minha mãe pediu com aquele sorriso que só ela sabe dar.

– Esta bem, eu ajudo. – Peguei uma vassoura que estava estrategicamente encostada na parede ao meu lado e varri o quarto dos pestinhas.

Como minha mãe tinha previsto, depois que os dois ficaram brincando no quarto, foi bem mais fácil. O Sol ainda nem tinha se posto. Decidi dar uma volta, quem sabe eu não achava um lugar legal?

– Mãããe! – Apareci na porta da cozinha, aonde ela terminava de preparar alguns sanduíches.

– Diz Helena. – Ela inclinou a cabeça para o lado, do mesmo jeito que um cachorrinho faz quando você o chama.

– Vou dar uma volta por ai, ok? – Falei já virando as costas e indo em direção à porta.

– Tudo bem, só não volte tarde. E PEGUE UM SANDUÍCHE. – Ela teve de gritar a ultima parte, pois eu já estava colocando o pé pra fora da casa. Dei meia volta e peguei um sanduiche rápida como uma ninja e sai rua afora.


Como até eu tenho um pouco de sorte na vida, a nossa casa ficava afastada do centro da cidade, apesar de ter algumas praias por perto, era perto de um vale tamanho PP, onde eu brincava quando era criança, fui andando calmamente até lá enquanto ouvia as musicas que eu queria nos fones, apesar de sempre deixar o player no aleatório.

Com o meu porte atlético de primeira, cheguei ao topo do morro quase tendo um mini ataque cardíaco, apoiei minhas mãos nos joelhos e fiquei um bom tempo respirando pesadamente, eu estava precisando fazer alguns exercícios.

Eu sabia que por ali tinha um limoeiro, ele era único, sempre dava bons limões, mas também era solitário, sem nenhuma arvore por perto. Acabei me afeiçoando a ele.

Encostei-me ao tronco da arvore que exalava um cheiro forte de limão que chegava a dar uma leve tontura, mas que era maravilhoso. Fechei os olhos e fiquei refletindo sobre o quanto era bem melhor ficar ali do que em uma praia, lotada de turistas com biquínis menores que a própria roupa intima bolas de vôlei sempre voando para algum lado, castelos de areia que eu sempre acabava pisando sem querer e aquele maldito cheiro de protetor solar misturado com peixe frito e uma porção de mandioca com camarão.

Me lembrei vagamente de uma certa vez quando estava no centro da cidade, devia ter 8 ou talvez 9 anos, eram 3 horas da tarde e decidimos ir á praia ali mesmo, praias do centro são 5 vezes piores, muito mais gente, o cheiro de mistura feita para matar – protetor, peixe, mandioca e camarão – impregnava mais facilmente e as praias eram sempre sujas. Dava certo nojo.

Naquela época eu ainda não abominava o mar e estava me divertindo pulando ondas. Os gêmeos estavam fazendo uma guerra com bolinhas de areia molhada, mas acabavam acertando mais da metade em mim, me pergunto hoje se aquilo na verdade não foi um acidente.

Lembro-me de olhar para baixo e ver um siri bem pequeno tentando escalar minha perna, peguei ele na mão, enquanto qualquer um teria saído dando gritinhos, exceto pelos pestinhas, eu brinquei com o siri, até que ele me deu uma mordidinha e eu o deixei cair, não tinha ficado brava com ele, até cachorros dão mordidinhas, mas na hora que mexi minha mão ele acabou caindo e o mar o levou.

Fiquei mais triste com o mar do que com o siri, talvez isso tenha ajudado na minha repulsa contra o mar.

Quando me dei conta, já havia adormecido e a lembrança do siri foi na verdade um sonho.

Acordei assustada, como de costume e, como se não bastasse, também bati a cabeça contra a arvore, o que quase me fez voltar a dormir. Percebi que o céu já não tinha mais aquela luz brilhante e amarelada do dia, mas ainda havia alguns riscos laranja de por do sol. Peguei o celular no meu bolso esquerdo e chequei. 07h45min, quase me esqueci de que estávamos no horário de verão.

Ouvi um barulho, um tipo de ruído, que não me era estranho. Levantei rapidamente com o pensamento de que eu deveria parar de dormir em baixo de arvores no meio do nada.

Olhei para a direção oposta e vi um vulto preto vindo um pouco rápido de mais até onde eu estava me preparei para correr, mas não o fiz. Fiquei bem confusa com o que a figura se revelou ser. Era um garoto, deveria ter a minha idade, lá na casa dos 1,80 de altura, ele tinha os cabelos ruivos e usava uma toca preta, pra falar a verdade ele era bem bonito, os olhos caramelados e o headphone no pescoço. Ele seria um cara normal, se ele não estivesse em cima de um skate.

Eu sei, skates são normais, mas em um vale onde tudo e mais um pouco é grama, você não vê isso sempre.

Tenho quase certeza de que eu devia estar fazendo o meu famoso “encarar as pessoas com cara de retardada” porque o garoto começou a rir, provavelmente da minha cara de demente.

– Te assustei? – Ele perguntou inclinando o tronco pra frente, sem sair de cima do skate, o que o deixava mais alto. Ele era realmente bonito olhando de perto. Senti minhas orelhas começarem a queimar.

– Não. – Respondi rapidamente, antes que toda a minha cara ficasse vermelha e eu começasse a falar coisas sem nexo nenhum. Sempre acabo fazendo isso.

– Ainda bem. – Ele voltou à posição original, o que fez e ficar mais calma. – Quer um limão? – Ele perguntou apontando para a arvore.

– Quero. – Respondi com firmeza.

– Tem certeza? Limões são azedos. – Ele disse tirando uma com a minha cara, como se falasse “Garotas não aguentam”.

– Tenho, pega isso logo. – Respondi fingindo estar irritada e virando a cara.

– Ta bom, ta bom. – Ele esticou a mão até as costas e tirou um taco de beisebol.

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Agora eu tenho certeza. Nunca mais durmo em lugares com arvores, um maníaco de skate e tacos de beisebol com certeza vai aparecer.

Ele habilmente balançou o taco e bateu em um dos galhos da arvore fazendo com que vários limões caíssem, mas pegando dois antes que eles atingissem o chão.

– Pega. – Ele me ofereceu um dos limões.

– Ta querendo matar todos os limões do mundo é? – Apontei para a pequena pilha que tinha se formado ao lado da arvore, só de frutas que ele derrubou.

– Me desculpe. Protetora dos limões. Vai comer ou não? – Ele perguntou e deu uma mordida bem pequena em um dos limões, afinal ele não devia ser tão estúpido como eu achei.

– Me da isso. – Estiquei o braço para pegar a fruta, mas ele a jogou pra cima, por sorte não caiu no chão. Caiu na minha cabeça, então a sorte acabou. Mas consegui finalmente comer o bendito do limão.

– Azedo? – O garoto perguntou.

– Doce de mais. – Fingi estar irritada de novo e virei às costas para ir embora, na verdade eu estava envergonhada. E o limão estava azedo.

Já deveria estar a uns 50 metros quando ouço um grito.

– LUCAS! É LUCAS! NÃO ESQUEÇE!

Não resisti à tentação de gritar de volta.

– HELENA! É HELENA, COM H! NÃO ESQUEÇE!

Cheguei em casa ofegante, de novo. Mas dessa vez porque tinha voltado correndo com medo de que algum velhinho tentasse me matar.

– Filha? É você? – Ouvi a voz do meu pai.

– EU!

– Onde você estava cabelo ruim? – Meu pai era o rei dos apelidos.

– Estava lá naquele limoeiro que a gente ia quando eu era pequena. – Respondi me jogando no sofá mais fofo da sala.

– Não sei o que você tem com limões. – Ele disse aparecendo na porta da cozinha.

– Não sei o que você tem contra limões. – Brinquei.

– Não tenho nada contra, limões são legais, muito amigáveis. – Ele disse isso incrivelmente sério, como se tivesse tido uma conversa profunda com os limões da fruteira da casa da vovó.

– PAIEEEEE! – Os pestinhas chamaram pelo herói.

– FILHOOOS! – Ele disse na brincadeira, como sempre.

– Vem cá brincar com a gente.

– Vai lá Sr. Leandro amigo dos limões. – Tirei uma com a cara dele e liguei a TV, quem sabe hoje não era um daqueles belos dias em que passa alguma coisa prestável.

Claro que isso já era pedir de mais, só tinha novela e tragédia. Perdi um pouco mais da minha fé na humanidade e fui comer, afinal, comer é a melhor coisa que se pode fazer.


*****

Não me lembro de ir pro meu quarto, me deitar e dormir. Às vezes tenho essa amnésia maluca. “““ “““ Só sei que a linda senhorita Celeste me acordou com vários “Bom dia flor do dia”“ Já esta tarde minha querida ““ Vem, vamos logo, se não vou chamar os gêmeos”, depois desse ultimo é claro que eu levantei, não podia dar essa oportunidade pros dois capetinhas.

É obvio que não estava tarde coisa nenhuma, ainda não eram nem nove da manhã e aquela coisa maluca tinha me acordado. Me acordar cedo é igual a mau humor multiplicado a raiz quadrada de 8879605. Mas a gente supera isso.

Nós íamos à praia, eu já sabia o carro já estava arrumado com guarda-sóis coloridos, boias em formatos de bichos e cadeiras com estampa de listras. Não em dei ao trabalho de pegar um biquíni, só lavei a cara e fui para a cozinha pegar alguma coisa para comer, nem troquei de roupa, estava usando uma camiseta azul escura bem solta e um short de malha, estava ótimo.

Peguei uma caixinha de suco de abacaxi de um litro, que estava bem gelada, e um alfajor que estava em cima da mesa. Entrei no carro sorrateiramente e tomei a minha caixa de suco na maior tranquilidade enquanto esperava a família da pesada.

– Helena você não tem capacidade de pegar um copo pra por o suco não? – Meu pai disse sentando no banco do motorista e olhando de esguelha para a minha caixa de suco, agora vazia.

– Não tenho não. - Dei uma ultima mordida no bolinho e cruzei os braços, como uma criança que não ganhou o que queria no Natal.

– Você não tem capacidade pra nada. – Hector entrou no carro se sentando à minha direita.

– E você tem? – Perguntei nem ligando pras provocações.

– Claro que sim, nós dois temos. – Heitor se sentou do lado do irmão e mostrou a língua pra mim.

– Espero que essa capacidade ajude quando eu jogar vocês dois do Monte Everest. – Sorri convincentemente e mostrei a língua de volta.


Como eu já disse, tinha algumas praias bem perto da onde era a nossa casa, dava no máximo 10 minutos de carro. Mas com as coisinhas no carro uma volta no quarteirão vira uma volta ao mundo. Então, passados os 10 minutos eu me sentia pronta para ser internada em um manicómio.

Graças a Deus aqueles dois acham o maldito mar mais interessante do que a irmã e saíram correndo para a água assim que estacionamos o carro. O pai e a mãe tiraram as coisas do carro e foram atrás de um lugar bom bastante sombra. E eu fiquei mais alguns minutos, ou séculos, no carro tentando reunir coragem para sair dele. Me inclinei pelo espaço entre os dois bancos da frente e abri o porta luvas, que mais parecia esconder uma passagem para Narnia de tanta tralha que tinha ali. Torci para que minha mãe não tivesse tirado o que eu queria dali. Joguei algumas coisas no banco do passageiro e finalmente achei.

Meu exemplar surrado e desgastado de Fora de Mim, por Martha Medeiros. Sabia que tinha jogado ele ali no porta luvas um dia desses.

Alcancei meu chinelo que, inexplicavelmente tinha ido parar em baixo do banco do meu pai e sai do carro.


– Decidiu sair da caverna? – Meu pai perguntou quando viu eu me sentando em uma das cadeiras que estava bem embaixo da sombra.

– Decidiu voltar pra Praça é Nossa? – Lancei lhe um olhar de calor do Superman e enfiei a cabeça no livro.

Cumpri direitinho o meu posto de guarda das coisas a manhã inteira enquanto aturava as crianças correndo pra lá e pra cá, algumas boladas e um idiota que veio me cantar, acho que o traumatizei com o tanto de besteiras que eu falei. A vida continua e a hora do almoço chega.

E eu fiquei bem feliz quando chegou primeiro porque eu ia comer, segundo porque ia sair daquele inferno de praia e terceiro porque eu ia comer.

Depois do meu lindo almoço eu fui tirar uma merecida soneca, já que me acordaram as 9 da madrugada das férias. Dormi até cansar.


PRÓXIMO CAP SAÍ SEXTA FEIRA QUE ERA O DIA QUE EU DEVERIA TER POSTADO ESSE CAP.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por lerem, deixem reviews dizendo o que acharam por favor...
Era pra tar melhor e mais bem feito só que graças a net linda e a preguiça minha não deu.
Bjs. @anajvargas_