(HIATUS) Helena. escrita por anajvargas


Capítulo 16
Um desaparecimento cansativo.


Notas iniciais do capítulo

Olá galera!!!!!!!!!!!!!!!
Espero que gostem do meu capitulo profundo e perdido.



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- Quanta pegação! – Pedro interrompeu nosso beijo.

-Eu acabei de te ver beijando uma garota, então cale essa sua merda de boca e saia daqui. – Respondi controlando minha vontade de dar um ótimo soco nele.

- Ui, ta irritadinha? – Ele perguntou fazendo um bico de pato, demonstrando que estava completamente bêbado.

-Vai dar pra alguém cara. – Lucas entrou na conversa enquanto tentava empurrar o amigo para longe.

- Ai brother, as palavras machucam, cadê seu amor pelo irmãozinho aqui? – Pedro continuava insistindo, mas agora ele estava debruçado em cima do ruivo.

- Ah meu amor ainda ta aqui, só prefiro não expressar ele agora, nem nunca. – Lucas se desvencilhou do abraço de urso do outro garoto.

- Eu vi o Feh passando por aqui agora pouco, vai lá com ele vai. – Cutuquei Pedro com os indicadores.

- Serio? Pra que lado? – Ele esperava uma resposta radiante.

- Hm, aquele lado. – Apontei pra uma direção qualquer e ele seguiu por ela.

- O Felipe não passou aqui agora pouco. – Lucas afirmou depois de um tempo.

- Ah! Que pena. – Fiz uma cara de falsa tristeza.

- Meu Deus como você é do gueto! – Fiz uns sinais com a mão depois que ele disse isso e então voltamos a dançar.

*****

- Eu não achei o Feh! – Pedro nos interrompeu novamente, no entanto, desta vez ele parecia bem mais sóbrio e... Molhado.

- Vejo que procurou na piscina. – Disse enquanto esquadrinhava as roupas encharcadas do loiro.

- Ah claro! Imaginei que ele estava lá no fundo nadando com os golfinhos. – Opa, sarcasmo é sinal de que ele consegue pensar direito, conseguimos alguma coisa!

- O que aconteceu? – Lucas e eu perguntamos juntos.

- Eu rodei isso aqui pelo menos umas três vezes, procurando ele em cada canto, até fui jogado na piscina no meio disso. E adivinhem? Nenhum sinal daquele idiota! – Ele respondeu parecendo preocupado.

- Você não acha que aconteceu alguma coisa, acha? – Perguntei começando a ficar aflita e sentindo as palmas das mãos um pouco mais suadas do que o normal. – Olhou nos quartos? Nos banheiros?

- Olhei em tudo. Tudinho. – Pedro tirou os cabelos que grudavam em seu rosto num movimento brusco e irritado. – Liguei pra ele mais de trinta vezes também.

- Temos duas opções. – Lucas disse me fazendo ficar com medo de descobrir as mesmas. – Ou alguém pegou ele ou ele não quer ser encontrado.

- Estou torcendo para que a segunda opção seja a verdadeira. – Pedro suspirou. – Não podemos perder tempo aqui, vamos procurar ele.

- Claro, vamos logo. – Já estávamos serpenteando pelo meio da multidão que estava naquela casa tentando encontrar a saída.

Acabamos saindo pela porta errada e nos encontrávamos no fundo da casa, junto a piscina.

- Não vai da pra chegar na porta da frente cara. Merda. – O loiro amaldiçoou enquanto se sacudia, fazendo com que vários respingos de agua atingissem meu rosto.

- Sem problemas. – Lucas nos puxou até uma cerca de madeira branca enfestada de flores e nos fez pular por cima dela. Assim nós passamos para a casa vizinha, que provavelmente não tinha ninguém, já que eu duvido que qualquer pessoa aguentaria a barulheira que estavam fazendo sem reclamar.

Não podíamos simplesmente pegar um ônibus para qualquer lugar, pois não tínhamos odeia de onde Felipe estava. Também não podíamos rodar a cidade de taxi; nem tínhamos dinheiro para isso. Só  nos restava pensar em onde o garoto poderia estar e sair a procura dele, a pé.

- Ele pode ter voltado pra casa. –Lucas ofereceu a ideia, que foi recebida com um aceno negativo de Pedro.

- No limoeiro? – Foi a primeira coisa que eu pensei, por isso sugeri.

- Ele não sabe chegar lá. – Lucas afirmou.

- Pelo o que eu conheço dele... – Pedro coçava a cabeça, talvez tentando fazer com que ela funcionasse direito. – Mas faz muito tempo que... – Ótimo, agora ele ia começar a falar coisas sem nexo. – Pode ser que ele este... Ou não... Definitivamente não... Mas tem uma possibili...

- Caralho Pedro! Aonde é que ele pode estar! – Gritei interrompendo as ideias viajadas do loiro.

- Calma! – Ele ergueu as mãos.

- A calma que vá pra puta que pariu, a gente precisa descobrir aonde ele esta, antes que descubram que ele sumiu e antes que deem ele como desaparecido e ai um inquérito vai ser aberto e anos vão se passar, o caso não vai ser resolvido e ele vai continuar sumido. E num belo dia dos seus 50 anos vão bater na sua porta falando que encontraram o corpo dele perdido em um rio qualquer e que você tinha que ir identificar ele ou alguma coisa assim! – Acabei me empolgando demais na história, mas a ideia continuava a mesma.

- Ok, sem exageros lena. - Lucas me abraçou de lado. – Onde é que ele pode estar?

- Naquela praia. – Pedro respondeu rapidamente, provavelmente porque tentava evitar mais uma trágica ideia de desaparecimento que meu cérebro produzia.

- Que praia? – Senti uma leve pontada de curiosidade.

- Você acha mesmo? – Lucas perguntou, ignorando minha pergunta. O que só fez com que a minha curiosidade iminente crescesse.

- Que praia? – Perguntei novamente, já sentindo uma euforia descomunal.

- Pode ser que sim. – Continuei sendo ignorada.

- Que praia? – Fiz a questão de novo, dessa fez com a voz mais alta.

- Compensa ir até lá? – Ótimo, agora o passatempo oficial deles é me ignorar completamente.

- Acho que não custa tentar. – Pedro deu de ombros e os dois começaram a andar em uma direção, que talvez fosse o leste ou sei lá, o que importa é que eles me deixaram para trás.

- Nossa, muito obrigada por me deixarem completamente inteirada da situação. – Gritei para alguns metros a minha frente.

Os dois pararam no meio da rua, finalmente notando que tinham que deixado ali na beira do mar, á deriva para ser devorada por estrelas do mar. Eu sei que essa metáfora foi um tanto desajeitada, mas considerando meu afeto por mar ela é bem exata.

- Desculpa, desculpa, desculpa. – Lucas começou a repetir a palavra sem parar e eu sabia que logo logo ela iria acabar perdendo o sentido.

- Só me expliquem.

- É uma praia que íamos quando éramos menores, Felipe quase se afogou lá e desde então nunca mais voltamos lá. – Pedro explicou resumidamente o que deveria ser uma ótima história de aflição e perigo, mas nos faltava tempo, por isso a pressa.

- Então é pra lá que vamos! – Passei correndo por ambos – agarrando os braços deles no meio do caminho – e segui na direção que eles estavam indo anteriormente.

- Precisa de ajuda pra chegar lá ou vai acionar seu lado mãe diná e descobrir o caminho? – Pedro indagou enquanto tentava regular seus passos. Devo ressaltar que sua tentativa de andar apropriadamente falhou.

- Ajuda é sempre bem vinda em tempos obscuros e difíceis. – Soltei sem pensar duas vezes.

- Oh, mãe diná da Idade das Trevas. Essa é nova. – Lucas falou com a mão no queixo.

- Cala a boca e diz o caminho. – Apertei um pouco mais o braço dele, indicando que era para parar. Estávamos no meio de um cruzamento.

- Quer que eu cale a boca ou diga o caminho? – Ele entortou a cabeça enquanto tirava uma com a minha cara.

- Quero que vá se foder e que me ajude a achar o Felipe! – Sacudi ele todo.

- Ok, ok, vamos pela direita. – Pegamos a direita, assim como ele disse e seguimos a procura de Felipe.

*****

Sabe quando você estava incrivelmente cansada e começa a sentir que cada passo esta ficando minúsculo e que você provavelmente vai acabar perdendo o equilibro e desmanchar no meio da rua?

Eu estava bem pior do que isso.

- Vamos ter que andar até onde? – Perguntei no meio dos intervalos da minha respiração que já estava pra lá de descompassada.

- Já estamos chegando. – Pedro respondeu; ele não parecia estar melhor do que eu.

- Ah ótimo! – Na verdade nada estava ótimo.

Além de estar consumida pela fadiga, eu não tinha a mínima ideia de onde estávamos, não conseguiria voltar para casa nem em um milhão de anos e estávamos andando pelo menos há duas horas.

Eu não conseguia distinguir as formas e coisas direito, então estava agarrada ao braço de Lucas. Se sentisse ele se inclinando para um lado eu fazia o mesmo e continuava a andar.

Minha cabeça latejava ao ritmo de um samba bem incorporado e uma dor aguda começava a se espalhar pela minha perna esquerda.

Viramos para a esquerda e senti meu joelho enfraquecer fatalmente, por sorte consegui me recuperar antes que os dois percebessem o meu estado.

Não tenho certeza se andamos por mais três minutos ou meia hora, sei que em um certo ponto da estrada para lugar nenhum Lucas anunciou:

- Chegamos.

Demos alguns passos e então senti os minúsculos grânulos de areia fazerem cócegas nos meus pés, que estavam descalços porque não aguentei andar com aquele maldito salto.

- Ele esta aqui? – Perguntei depois de alguns minutos tentando regular minha respiração.

- Sim. – Pedro disse com a voz afastada e por isso conclui que ele estava indo até onde Felipe deveria estar.

- Ainda bem. – Suspirei fundo, esperando que minha visão melhorasse um pouco. Funcionou.

- Quer se sentar? – Lucas ofereceu.

Concordei com a cabeça e nos sentamos lentamente na areia.

Apoiei a cabeça no ombro do ruivo deixando a imagem afastada de Pedro e Felipe virada.

Senti a dor de cabeça piorar e minha visão piorou novamente.

- Ei, ta tudo bem? – Ouvi Lucas perguntar enquanto eu colocava todos os meus esforços em focalizar as duas figuras negras ao longe na praia.

- Hhm – Foi tudo o que consegui dizer.

- Helena, me responde direito, você ta toda pálida e mole. – O ruivo me desencostou do ombro dele e segurou minha cabeça na direção dele.

Tudo o que eu conseguia distinguir era o vermelho de seus cabelos e o branco de sua pele.

Fui fazer que sim mas minha cabeça pesou de mais e quase trombei com o peito de Lucas.

- Helena! Caralho, me responde! Pedro! Felipe!-  Ele chamou pelos meninos que vieram gritando coisas que não consegui distinguir.

- H-h-m – Tentei falar que estava tudo bem , mas novamente não consegui fazer nada.

- Helena! – Escutei os três gritarem juntos.

Fiquei mais mole ainda e minha visão era praticamente nula.

- Não! – Lucas disse enquanto eu tombava a cabeça pra frente sem força nenhuma.

Da ultima vez que isso aconteceu tinha sido tão rápido que eu não conseguir sentir essas horríveis sensações, mas agora eu tinha sentido tudo.

Não era como estar perdida no meio de milhões de pensamentos, ideias e dores.

Não era como estar correndo para alcançar a linha de chegada.

Não era uma sensação desconfortável que você tenta jogar fora junto das suas coisas de criança que você se envergonha as quatorze anos.

Era bem pior, bem mais esmagador e compulsivo.

Era como se eu não fosse capaz de estar perdida em milhões de pensamentos. Como se eu jogasse todas as bonecas com roupas cor de rosa que tinha aos cinco anos, mas ela voltavam a reaparecer na minha soleira em uma caixa de papelão qualquer.

Uma sensação sombria, uma apunhalada nas costas, sorrateira e mal educada.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Falem pra mim, deixem comentarios!
@_anajvargas



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