Por Que Eu Sei Que É Amor. escrita por Cmagal


Capítulo 13
Capítulo 13


Notas iniciais do capítulo

Opa gente, tudo bem com vocês? Tá ai mais um capítulo, não demorei tanto dessa vez né?! To melhorando AHUSHAUS
Ah, e me desculpem por qualquer erro, eu tive que reescrever duas vezes por que de uma hora pra outra a página simplesmente ia pra inicial, olha que maravilha, nem estressei com isso imagina haushaus
Boa leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/289564/chapter/13

Glória narrando:

Alguns fios de cabelo presos no suor da minha testa refletia o tempo úmido e abafado de São Paulo. Assim que cheguei ao Centro de Reabilitação tentei entrar no local mas fui impedida pelo segurança, disse que eu teria que esperar ali fora mesmo.

O tempo parecia não passar e a cada minuto mais nervosa eu ficava.Ouvi o barulho do portão sendo aberto e o coração dentro do meu peito parecia querer sair pela boca.

Eu vou conhecer a minha filha.

A mulher que saiu dali não parecia em nada com a imagem que eu tinha na minha cabeça. Eu a imaginava com a aparência de uma mulher ruim, alguém que fosse capaz de fazer o que fez com a própria filha. Não, aquela mulher tinha o olhar assustado, o olhar de um filhote perdido.

Suas roupas eram velhas e estavam um pouco grandes para ela. Uma blusa branca sem estampa larga nos braços e cobria um pedaço da calça preta jeans que usava, mas nem a aparência cansada e o cabelo desarrumado conseguiram esconder a beleza singular dela. Sem dúvidas, ela parecia muito com a Roberta.

Apenas alguns passos nos separavam. Ambas buscando olhar cada detalhe na outra que mostrasse que toda aquela história não era uma loucura, semelhanças que dissessem: somos mãe e filha.

_Você é a Glória?

_Sim, sou eu.

Glória, Glória... Era para essa mulher me chamar de mãe!

Fui até ela e peguei a pequena mochila em seu ombro a colocando nos meus em seguida.

_Vem, temos muito o que conversar.

Roberta narrando:

_Vai ficar aí sentada no sofá olhando pro tempo até quando?

_Não sei, se quiser eu posso ir embora.

Há dias que a Duda estava estranha. Completamente distraída e sempre me olhava como se quisesse me contar algo ruim. Alguma coisa tinha. Eu queria saber mas no fundo tinha medo de descobrir o que era. A verdade poderia ser dolorosa.

_Claro que não, pode ficar. Olha, eu não agüento mais ficar aqui esperando a Glória voltar, vou dar uma volta e mais tarde um pouco volto.

_Eu posso ir com você.- começou a se levantar.

_Desculpa, mas eu realmente quero ficar um pouco sozinha.- sai da casa sem esperar pela resposta.

Fui caminhando pelas ruas e sentindo a maresia aumentar cada vez mais. Era incrível como eu me sentia bem na praia. Durante o tempo que eu ficava ali, sentada na areia olhando pro mar em sua imensidão meus problemas pareciam tão pequenos.

Passei em frente a uma casa onde parecia estar acontecendo uma festa.

Quem faz festa às 11 horas da manhã em plena segunda-feira?

Não contive o impulso de olhar para dentro e ver quem eram os atoas daquela festa. Me surpreendi ao notar que muitos ali eram da minha escola já que aula eu sabia que tinham. Voltei a caminhar para a praia até que escuto alguém gritar meu nome. Olhei para trás e vi uma menina vestindo apenas a parte de cima do biquíni e um short jeans curto.

_Você é a garota da praia, a que ficou com a Duda.- falava arrastado, provavelmente pela bebida.

_Sou eu sim, você viu?

_Não só vi, como também o fiz.- sorriu debochada.

_Como?- cheguei um pouco mais perto dela.

_Devem ter, deixe-me ver... Uns cinco dias?- mesmo depois de contar nos dedos umas três vezes ainda parecia na dúvida.

_Você está dizendo que ficou com a Eduarda não faz nem uma semana?- aumentei meu tom de voz.

_Sim. Ela parecia tão hétero né?!- sua expressão foi de uma falsa surpresa a uma terrívelmente irônica.

Senti uma vontade absurda de bater naquela garota, mas me controlei e dando as costas à ela voltei a caminhar para a praia. Foi quando já estava longe de todos que me permiti chorar.

Duda narrando:

Já eram quase 17:00 quando ouvi o carro parando na garagem. Levantei do sofá e fui até a janela. Não acreditei quando vi uma mulher saindo do carro, ela parecia com medo de caminhar até a porta da casa e era encorajada pela Glória que se colocou ao seu lado e passou o braço em seu ombro. Fui até a porta e a abri. Ninguém ousou dizer uma palavra, o clima era tenso demais para qualquer formalidade.

Como ela trouxe essa mulher pra cá? Era a única coisa que se passava pela minha cabeça naquele momento.

_Onde está a Roberta?- Glória perguntou assim que me sentei de frente as duas no sofá.

_Ela disse que precisava ficar um pouco sozinha e saiu.

_Acho que você sabe onde ela pode ter ido.- deu um pequeno sorriso.

É claro que eu sabia, sempre que a Roberta queria ficar sozinha ia para o mesmo lugar.

_Vou atrás dela.- fui até a cozinha e peguei minha mochila. Sai logo em seguida.

Assim que cheguei a praia olhei para o lugar onde ela sempre ficava sentada mas não a encontrei, estava vazio. Olhei para os lados procurando por ela mas nada da Roberta. Ao longe vi o que parecia ser um afogamento, haviam muitas pessoas e o carro do Corpo de Bombeiros parado perto. Nunca acreditei nessas coisas de pressentimentos ou coisas do tipo, para mim ninguém podia saber que algo ruim iria acontecer, mas quando eu vi aquela cena senti meu coração apertar e sem pensar comecei a correr em direção ao lugar. Eu sabia quem era.

Cheguei correndo e empurrando várias pessoas até chegar ao centro onde estavam dois salva vidas tentando reanimar a vítima. Meus joelhos cederam e cai no chão. Eu não tinha reação, fiquei ali ajoelhada olhando os dois com as mãos tentarem fazer seu coração voltar a bater. Tentando trazer para a pessoa que eu amava sua vida.

_Ei, você conhece ela?- alguém gritou. Procurei de onde vinha a voz e vi que era um dos bombeiros desesperados na minha frente.

_Sim.- consegui responder.

_Então vem com a gente.

Eles a colocaram em uma maca e com velocidade dentro da ambulância. Não sei de onde tirei forças para levantar do chão, mas consegui e entrei também junto com a Roberta e um dos bombeiros.

_O que você é dela?- ele gritava para chamar minha atenção mas eu só conseguia olhar para o rosto sem vida dela.

_Eu sou... Namorada eu acho.

_Você precisa ligar para os responsáveis dela, será que você pode fazer isso?

Não respondi, balancei a cabeça em resposta e comecei a discar para o número da casa da Glória.

Chegamos no hospital e eles a levaram rapidamente para uma sala. Um médico e algumas enfermeiras pareciam já estar avisados e sem demora correram para a sala também. Tentei entrar, eu não queria abandoná-la mas fui impedida por um dos bombeiros.

_Você só pode esperar agora, sinto muito.

Algum tempo depois a Glória e a Karina chegaram desesperadas no hospital. Assim que passou por mim a Glória foi até a recepção tentar procurar notícias da Roberta, já a mãe, o que eu vi me surpreendeu, ela parecia... Completamente abalada? Depois de tudo que ela fez ela ainda se preocupa com a filha?

_Vocês são parentes da garota que se afogou?- uma enfermeira veio até nós.

_Sim, somos nós.- respondemos juntas.

_Eu preciso que alguém fique para preencher os papéis e as outras duas podem entrar no quarto, ela já está bem, foi só um susto.

_Eu fico, vocês entram.- foi a primeira vez que ouvi a voz da Karina.

Eu e Glória caminhamos atrás da enfermeira até o quarto onde já haviam colocado a Roberta. Ela abriu a porta e voltou a caminhar pelo corredor.

_Minha filha...- assim que entramos a Glória já começou a chorar e foi correndo abraçar a Roberta deitada na cama._Como você está? O que aconteceu?

_Eu... Eu estou bem Glória, me desculpa.- agora as duas choravam.

_Te desculpar porque?- seu olhar foi da Roberta para mim, ela parecia confusa.

_Por que isso não foi um acidente, ela tentou se matar...- minha voz foi praticamente um sussurro no final da frase.

Silêncio. Nenhuma das três conseguia falar nada. Era óbvio que eu estava certa.

_E você quer saber o porquê?- gritou se virando para mim.

_Calma Roberta.- tentou acalmá-la.

_Quero, me diz.- aumentei o tom da minha voz.

_O que você acha de uma pessoa que passou a vida toda sem poder confiar em ninguém e quando passa a fazer isso , quando  se entrega por completo, conta suas fraquezas, seu medos, seu passado mais doloroso, conta tudo Eduarda, quando ela ama, essa pessoa vai e trai ela, o que você acha disso? Deve ser uma sensação maravilhosa, você não acha? Eu cansei, cansei de todo mundo me machucar, cansei de viver.- ela gritava e chorava.

Nem mesmo no momento que a vi deitada na areia da praia quase morta me fez sentir tanta dor quanto naquele momento. Eu fui a causa da tentativa de suicídio da pessoa que eu amava.Eu...

Não consegui dizer nada ou me mexer. As palavras eram insignificantes naquele momento, eu sabia que nada que eu dissesse mudaria a dor que ela estava sentido. Já não conseguia mais segurar o choro. Tentei me aproximar da cama, tentei tocá-la mas aquilo só aumentou mais sua raiva.

_Sai daqui Eduarda, agora.-gritou.

Fiquei sem reação, eu a olhava querendo mostrar toda a dor que eu senti por vê-la daquela maneira.

_Vem Duda, ela precisa de um tempo.

Fui praticamente arrastada do quarto pela Glória. Passamos pela recepção onde a Karina ainda preenchia a ficha da Roberta, ela estava claramente confusa pelo meu estado, mas com um pequeno aceno de cabeça da Glória voltou sua atenção aos papéis.

_O que eu vou fazer agora Glória?- não conseguia por mais que tentasse parar de chorar.

_Só o tempo vai dizer minha filha.- me abraçou.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O que acharam?