P.O.V Harry.

- E da-lhe uma! - diz meu sequestrador, depois de me dar um belo de um soco no estomago. Tusso que nem um condenado e cuspo mais um monte de sangue. É, acho que to perdendo sangue pela boca. Tragico isso. 

Meus pulsos estão doloridos de tão forte as cordas me prendem na arvore. Eu estou com vontade de morrer, ou desmaiar até, mas não sei o que esse estupido colocou na água que me trouxe, de forma que eu sinto dor porem não caio de dor, nem nada. 

Isso chega a ser uma das piores torturas. Nem no Jogos Mortais tem uma coisa dessa. Prefiro mil vezes aquele boneco demoniaco que esse brutamontes.

- Você é uma florzinha. - fala o sequestrador, rindo logo em seguida, como se fosse engraçado a infelicidade e dor alheia. Entendo ele, mas sabe como é, pimenta no e blablabla.

- Não sou florzinha. - resmungo baixinho e ele me escuta. Ri por alguns instantes.

- É sim. Me parece até aquele grupinho lá que eu esqueci o nome. 

- Por favor, não me diga que é um que tem um Harry.

- É, esse mesmo. Eles cantam uma música que diz sobre ela não saber o quanto é bonita...

Bufo e me recuso a continuar uma conversa estupida como essa com um ser estupido como esse. 

Ficamos calados por algum momento e até sinto uma simpatia por ele. O cara não é tão mal assim, só está tentando me matar me torturando das piores maneiras possiveis, mas tirando isso, até que ele é legal. Pena que tuudo isso é considerado muito grande, né não?

Passo a língua entre os lábios, sentindo-os rachados. Sede maldita me possue, mas seria muito pedir que ele me dê-se um pouco mais de água. Ia ser, tipo, o Scar resolvendo tratar dos ferimentos de Mufasa.

É, com toda certeza tenho que parar de assistir filmes infantis com Harriet. Isso fica na cabeça e você parece um retardado falando frases do filme cantando músicas do filme. Quero nem me lembrar de quando fui obrigado a assistir A Era do Gelo. Fiquei dias cantando: um rango legal, é o que precisamos. 

- E mais uma! - grita o sequestrador. Nem tenho tempo de pensar até que seu punho bate com tudo em meu peito e eu fico sem ar por vários segundos. 

- Chega de brincar com a criança, Moo. -diz alguém, que sai das sombras. 

Quando ergo meus olhos e vejo quem é, entro em desespero. Me recordo dos olhos, dos dentes pontiagudos perfurando o pescoço macio e branco de Danielle. 

Os olhos negros brilham, divertidos. 

- Oh,então o humanozinho se lembra de mim? - pergunta ele, se aproximando. 

Abaixo os olhos tentando não mostrar que estou com medo. Vai que ele é que nem cachorro e sente o cheiro de medo?

Sua mão faz com que eu levante o olhar para ele.

- Você não é nada mal, até. Entendo agora porque Ele queria que você fosse protegido. - fala o homem.

Fico confuso.

- Como assim? - pergunto, meio medroso. Cara, você tem 17 anos, pare de agir feito criança!

O cara sorri, e tenho que dizer que seu sorriso é meio sinistro. Na verdade não meio, porque olha...

- Ah, o carinha não sabe do proprio passado. Bem, acho melhor você descobrir isso depois. - diz ele, vagamente,

Bufo.

- Odeio esse povo que não diz coisa com coisa. - resmungo. Recebo um tapa bem dado no meio da cara.

- Pare de resmungar como uma moça. - diz meu sequestrador e os olhos escuros começam a rir, zombeiro. 

Isso tá começando a me irritar. Como assim ele tem que ficar me chamando de mocinha a cada cinco minutos? Só porque sou bonito. Maldade isso ae.

Aqueles olhos sinistros se voltam para mim.

- Seu nome é Harry, não? - pergunta ele.

- Haroldo, pra você. - digo, tentando não mostrar medo.

- Pagando de machinho. Enfim, o que quero saber é: Você e Alison se beijaram?

Sou pego de surpresa. Onde esse ser conhece Allie? A minha Allie? E por que tá fazendo uma pergunta dessas. Ele seria um ex namorado demoniaco dela? Mas... Pera, Alison é um Anjo, certo? Por que iria então namorar um idiota como esse? 

PERA AE. Anjos podem namorar?

Ok, agora estou confuso de vez.

- Por que a pergunta? - falo, meio sarcastico. O cara ri, ri muito mesmo.

- Porque quero saber, capitão obvio. - responde.

Estufo o peito. Quem sabe se eu disser que beijei ela, ele me tira daqui? Ou não tira?

Cara, to parecendo mesmo uma mulherzinha, medindo as opções. 

- Beijei sim. Os lábios dela são deliciosos! - respondo.

O cara dá um sorriso de lado e tenho medo, mas depois ele começa a rir de uma maneira que me faz rir com ele. O cara é sinistro, mas mesmo assim tem um riso contagiante. 

- Certo, certo garanhão. - diz ele, se levanta e vai para junto do outro.

- Tem um pouco de água aí, Ben? - pergunta o cara dos olhos escuros.

- Água é para maricas, Jev. Homem que é homem vive na vodka ou na cerveja. - responde o sequestrador, que deve se chamar Ben. Me sinto ofendido.

- Você me deu água! - acuso.

- Por que você é uma mariquinha. - diz Ben, que vai e me dá outro belo soco na cara. Virei saco de pancada mesmo. Deve estar escrito na minha testa: venha! Dê um belo tapa na cara desse ser lindo aqui. 

Jev revira os olhos e fica sentado, olhando para o nada, como se não estivessemos aqui. Então seus olhos se voltam para uma imagem. 

A imagem é milagrosa. Meio embaçada, mas mesmo assim milagrosa.

A minha frente está Alison, tão linda que me deixa meio tonto. Seus cabelos estão soltos e enrolados. Os olhos estão cheios de um deliniador prateado, que faz seus olhos azuis serem ainda mais destacados. Usa um vestido leve e quase transparente, prata também. Um colar enorme em seu pescoço, onde se encontra um enorme : tuteur. Os lábios estão mais vermelhos que o normal, acho que ela passou um batom e tenho uma enorme vontade de ir beijar-lhe os lábios. Há uma tira que passa pelos seu tronco, até o ombro, mas não sei o que é aquilo e, na realidade, não quero saber o que é. 

Ela parece meio vingativa, mas continua sendo tão linda.

- Jev!- chama ela, olhando atentamente para o rapaz de olhos negros.

- Ah, então Alison resolveu aparecer! - diz ele, rindo.

Ela continua olhando para ele, daquela forma vingativa.

- Solte o garoto. - fala, tentando parecer calma.

- Leia meus lábios, amor. Me. Obrigue. 

Um rosnado saí da boca dela e isso me assusta. Ela ainda me parece ser tão frágil. 

- Então isso é guerra, Jev. - diz ela.

- Com todo prazer, queridinha. - fala ele. 

Allie rosna mais uma vez e depois some.

- Essa minha irmã, vou te contar... - fala Jev consigo mesmo.

Pera aí, ele disse irmã?