As Sete Jóias de Uaset escrita por Krika Haruno


Capítulo 20
Capítulo 20: A filha de Menefer e Uaset I




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- Princesa Huni...? -murmurou Akin e voltando para Ishitar. - conheceu a princesa Huni?

- Era minha mãe. - disse fria.

Akin arregalou os olhos.

- O que?!

- Era minha mãe, a conheceu?

- Não pode ser...

- Por que não conta a história Akin ou quer que eu conte?

O guerreiro da traição olhava perplexo para Ishitar. Vendo que ele não iria falar..

- Eu conto. - disse o deus. - Tudo começou há 24 anos, Akin era um jovem sacerdote contando com 18 anos. Por ser devotado foi escolhido para uma missão: descobrir se o boato que as jóias de Toth e Ísis tinham aparecido.

- Cala a boca Seth! - gritou o guerreiro, assustando a todos.

- Está com medo de ser verdade? De todo esse tempo está lutando contra sua própria filha?

- Não... - continuava olhando para Ishitar. - mas...

- Conte então. - Seth sorriu. - vindo de você terá mais riqueza de detalhes. Adoro histórias trágicas. - gargalhou.

- Fale! - Ishitar encostou a faca no pescoço dele.

- Fui para Uaset no mesmo dia...tomando todos os cuidados entrei na cidade, mas acabei sendo descoberto, fui ferido, mas consegui escapar. Tentei me esconder, contudo o ferimento acabou me derrubando. Só acordei horas depois, num templo antigo. Achei que tinha sido pego por uasetinos, mas não, quem cuidava de mim era uma jovem.

-----------------------------------------------FLASH BACK------------------------------------------

- Não deve se mexer, o ferimento ainda não está curado.

- Quem é você? - Akin afastou já preparando para atacar.

- Huni. - ela o olhou. - meu nome é Huni. - sorriu uma jovem de cabelos ondulados pretos e olhos extremamente roxos. - e o seu?

- A-kin. Akin.

----------------------------------------------FIM DO FLASHBACK-------------------------------------

- Jamais esqueci aquele olhar. - deu um sorriso. - Huni era linda, parecia à deusa Hathor personificada.

- Ela não teve medo de você? Por ser sith? - indagou Ishitar.

- Não ao contrario. Ela cuidou de mim por dias, mas indo apenas no período da tarde alegando que não podia ficar o dia inteiro comigo. Aos poucos fui me apaixonando por ela e ela por mim, até o dia que ela me contou quem era na verdade. Foi como se cravasse um punhal em mim, nunca poderíamos ficar juntos, pois ela era a soberana de Uaset e teoricamente minha inimiga. A odiei por não ter me contado a verdade e feito me apaixonar, pensei até que ela poderia me entregar para Menaton, o pai do príncipe.

- E ela? Quando soube que era um guerreiro de Seth?

- Ficou igualmente perturbada, era um amor impossível. Se descobrissem estaríamos condenados.

- E o que fizeram? - indagou Akhenaton.

- Huni não era feliz com o rei e queria deixá-lo, mas não queria abandonar seu filhinho, então pensamos em fugir.

- Fugir?

- Sim. Huni, Akhenaton e eu iríamos para o Oásis, lá estaríamos a salvo não só de Uaset, mas também de Menefer.

---------------------------------------------- FLASHBACK-------------------------------------

- Só teremos uma chance Huni. Amanha a noite temos que ir.

- Estarei aqui.

- Não se preocupe com o pequeno, cuidarei dele como se fosse meu filho.

- Eu sei que sim.

- Logo teremos uma família, você, Akhenaton, eu e os nossos filhos.

- Filhos?

- Claro, quero que seja a mãe dos meus filhos. - Akin beijou-lhe.

Huni sorriu.

- Queria uma menina. - disse a princesa.

- Vamos ter uma menina então e que ela se pareça com você.

- Não.

- Não?

- Quero que ela seja como você e tenha seus olhos.

- Olhos de sith?

- Olhos corajosos e determinados, não importa se é sith.

----------------------------------------------FIM DO FLASHBACK-------------------------------------

- Naquele dia entregamos um ao outro... seria a primeira e a ultima vez... Huni disse que se tivesse uma menina ela se chamaria "Ishitar" em homenagem ao templo onde estávamos "Ishi-tare" que significa templo de Isis.

Ishitar desfez as facas e levantou.

- Isso tudo que está dizendo é mentira. Minha mãe nunca se envolveria com um sacerdote sith.

- Claro que sim Ishitar, dá aonde veio seus olhos âmbar? - Seth entrou na conversa. - e por isso tive que dar um jeito.

- Dar um jeito? - murmurou Akin

- Como assim? - Ishitar o olhou.

- Do que está falando Seth? - Akhenaton deu um passo.

- Akin acabe de contar.

O guerreiro o olhou, não era possível que ele havia interferido.

- Ande Akin.

- No dia que fugiríamos fui encontrado por soldados sitis, eles me levaram e nem tive como avisar Huni. Ao chegar a Uaset fui acometido por uma grave doença que me deixou de cama por meses, quando consegui recuperar fui procurá-la, mas quando entrei no palácio... - algumas lagrimas brotaram. - a vi feliz ao lado do rei, segurando um bebê nos braços. Senti muito ódio, nesses meses não tinha parado de pensar nela um só minuto, sofria por não ter noticias delas e nem poder contar o que aconteceu e ela toda sorridente ao lado de Maneton, até filho eles tinham tido. A partir desse momento jurei vingança a Uaset e ela estava incluída.

- Essa não foi a história que ela contou. - disse Akhenaton. - você que a abandonou.

- Não a deixaria como ela me deixou. - rebateu feroz.

- Você acabou com a vida da minha mãe, - disse o príncipe. - se ela morreu a culpa foi sua, ela morreu de desgosto.

- Ela que me abandonou, nem procurou saber o que acontecera comigo.

- Quando ela estava para morrer, - iniciou Ishitar. - disse que no dia que iriam fugir ela foi até o lugar procura-lo, mas você não estava lá. À noite ela voltou novamente, mas dessa vez com Akhenaton nos braços. Ela ficou esperando-o durante a noite inteira, chegou até a dormir, mas você não apareceu. Maneton a achou e aplicou-lhe um castigo. Minha mãe acreditou em você e quando ela mais precisou...

- Ele não apareceu. Não é romântico? - ironizou Seth. - Akin e Huni se odiando.

- Foi você não foi? - disse Saga. - você que os separou.

- Sim fui eu.

- Como?! - indagaram, Ishitar, Akin e Akhenaton.

- Descobri esse pequeno romance entre meu discípulo e a jovem rainha, não podia deixar que Akin ficasse com ela e arruinasse meu plano. A sua doença guerreiro, eu fui o responsável.

- O que?! Você? Desgraçado. - Akin levantou.

- Fiz um bom trabalho. Se bem que depois do nascimento de Ishitar arrependi um pouco, seria bom ela do nosso lado.

---------------------------------------------FLASHBACK-------------------------------------

Huni sentia muita dor, há horas estava em trabalho de parto e a criança não nascia. Foi somente ao por do sol que uma menininha veio ao mundo. As parteiras rapidamente a limparam e a envolveram em linhos brancos dignos de uma princesinha mas...

O bebe abriu os olhinhos revelando a cor deles.

- Por Ré! - gritou uma das criadas.

- O que foi? O que ela tem? - indagava Huni.

A parteira aproximou da criada e ao ver os olhos seu rosto ficou temeroso. Ela tomou o bebê e o entregou a rainha.

- Majestade.

- O que foi...por Isis.

A cor âmbar brilhava.

- Sith... - murmurou. - "o mesmo olhar dele."

- O que faremos majestade, se o rei descobrir..

A porta abriu de maneira violenta.

- Cadê o bastardo! Eu quero ver!

- Ela está dormindo. - Huni a envolveu nos braços.

- Ela? Então é uma menina?

- Sim...

- Mulher traidora, me entregue essa criança, ela não tem sangue real.

- Por favor, não a tire de mim, é apenas um bebê.

Maneton a força a retirou dos braços de Huni.

- Sith! - exclamou ao ver a cor dos olhos. - mulher imunda me traiu e ainda com um sith!

- Perdoe-me senhor... - estava a lagrimas, pois sabia que Maneton não teria piedade de sua pequena Ishitar - aplique o castigo a mim, mas poupe minha filha.

- Desgraçada. - o rei deu lhe um tapa. - devia matá-la, mas tem sorte de ser a mãe da reencarnação de Osíris. Só por isso vai ficar viva, quanto a criança...

- Não, por favor!

A parteira assistia tudo em pânico, seria uma crueldade tirar a vida de uma criança.

- "Ré um milagre, não a deixe morrer."

Ela foi atendida, no exato momento que Maneton a entregaria para os guardas, o grão sacerdote de Ré havia chegado, por causa dos gritos, e visto um sinal na criança.

- Majestade.

- Não se intrometa!

- A criança... ela... tem o símbolo de Toth.

- O que?! - exclamaram todos no quarto.

O sacerdote tomou Ishitar dos braços colocando sobre a cama, retirou a manta, fazendo-a chorar de frio.

- E então?

- Veja majestade. Essa criança é portadora de Toth.

- "Graças a Ré... - Huni chorava. - Maneton não poderá matá-la, obrigada meus deuses."

- Uma portadora? A sith não pode ser. Somente os Uasetinos tem essa honra, essa criança é uma maldição.

- Só os deuses podem decidir majestade, se escolheram a ela como portadora, cabe-nos aceitar.

- Nunca! Essa praga não será uma portadora. Eu mesmo a matarei.

- Não faça isso Maneton! - gritou Huni enfurecida. - Ishitar leva o nome de Isis, nasceu no mesmo lar de Osíris e é a representante de Toth. Se fizer algo a ela, vai atrair para si a ira dos deuses, e de Ré também, pois será ela que carregará a chave. Sua alma será comida por Ammut por toda eternidade. E se mesmo assim insistir nessa insanidade, eu me mato e também será responsável pela morte da mãe de Osíris.

Maneton espumava de ódio, queria matá-la e a criança, mas temia a ira dos deuses.

- Você ficará aqui. - apontou para Huni. - já a criança será levada para fora dos portões do palácio. Ninguém deve saber que ela é filha de vossa alteza, ninguém! Muito menos ela! Se por acaso alguém revelar será punido com a morte, sem direito a ser embalsado. Grão sacerdote, no momento certo leve essa aberração ao templo de Toth.

- Sim.

- Os demais podem ir.

Huni suspirou aliviada, contudo entristeceu. Lembrou das palavras de uma velha sacerdotisa que lera seu destino, um dia depois que conhecera Akin.

-------------------------------- FLASHBACK dentro do FLASHBACK-------------------------------------

- Consulta ao oráculo de Ísis. - dizia uma senhora.

Huni andava apressada, já estava tarde e o rei poderia desconfiar.

- Consulta ao oráculo de Ísis, não deseja senhora?

- Não, obrigada. - disse passando.

- Não quer saber seu futuro e do sacerdote?

Huni parou.

- O que disse?

- Venha ate aqui.

Ela aproximou.

- Não precisa revelar sua identidade, sei quem é você.

- Fale.

- Serás mãe de uma criança poderosa, amada por todos os deuses e odiada por todos os humanos, o destino do nosso mundo estará nas mãos dela, ela será perseguida, sofrerá muito e terá muitas provações... mas ela terá uma ajuda imprescindível de alguém alem do portão do céu...e

- Não precisa falar mais nada. Obrigada. - levantou com medo de ser pega. - eu tenho que ir. Adeus. - disse dando-a uma moeda de ouro.

A sacerdotisa sorriu.

- "No momento certo lembrará das minhas palavras."

-----------------------FIM DO FLASHBACK dentro DO FLASH-------------------------------

- "Será marcada para sempre...minha filha nunca terá paz."

--------------------------------------FIM DO FLASHBACK----------------------------------------------

- Mentira... - Ishitar caiu de joelhos. - mentira...

Akin a olhava, era por isso que nos últimos dias andava cismado com ela e naquele dia pensou em ter visto os olhos de Huni. Ishitar era sua filha e de sua querida princesa.

- Maldito. - virou para Seth. - devotei minha lealdade, no entanto destruiu minha vida. Matou a Huni e tirou Ishitar de mim! Miserável! - o cosmo de Akin começou a elevar. - vai pagar com a vida!

- Fiz um favor a você, hoje é um grande guerreiro, se tivesse fugido com a mulher, seria um simples homem do campo. Que gloria a nisso?

- Gloria? - o cosmo dele era puro ódio. - me tirou a chance de ter uma família! Jamais vou perdoá-lo por me ter separado de minha filha!

Ishitar que tinha a cabeça baixa o olhou, ele tinha chamado-a de filha?

O cosmo de Akin explodiu, uma poderosa energia foi em direção ao deus.

- Idiota. - parou o golpe com uma mão. - acha que pode fazer alguma coisa contra mim? - Seth apontou o dedo para ele. - inútil.

- Cuidado Akin! - gritou Saga.

Do dedo dele saiu um raio de luz vermelha que atravessou o corpo do guerreiro, que foi ao chão. Ishitar o olhava estática, aquele no chão... era... era seu pai. Todas as crianças tinham um e na escola era maltrata por não ter, agora que tinha.. ele estava morto.

- Não...

Isoke olhava para ela, era por isso que Seth a prezava tanto, Akin e ela detinham o poder do caos.

- "Só os dois tem tamanho poder, mas Akin está quase morrendo só restando ela... não posso deixar que caia nas graças dele. Eu terei esse poder, eu!"

O guerreiro da inveja ascendeu seu cosmo.

- Vou ficar com seu poder Ishitar! Destruição da alma!

O ataque foi em direção a ela.

- Ishitar cuidado! - gritaram Saga, Akhenaton e Akya.

A portadora levantou o rosto, mas não esboçava reação alguma. O golpe a atingiu em cheio porem...

- Akin...? - murmurou Ishitar.

O guerreiro tinha entrado na frente dela recebendo todo o ataque.

- O que?!

- Como?!

- Não vou deixar que toquem nela. - mesmo com todos os ferimentos seu cosmo ainda queimava. - não vão encostar um dedo nela.

- "Akin..." - Saga estava surpreso.

- Vejo que o sentimento paternal aflorou, é uma cena muito comovente pai e filha juntos. - disse Seth.

- Ishitar fique atrás de mim. - Akin deu um passo a frente.

- Por que está fazendo isso...?

- O dever de um pai é proteger seu filho, nem que custe a vida.

- Que morram os dois então.

Seth atacou, Akin ainda tentou defende-los, mas o ataque atingiu-os. Os dois foram lançados longe, Saga correu até eles.

Ishitar acordou, seria um golpe fatal se tivesse pegado diretamente. Ao seu lado Akin estava caído. A portadora aproximou, o estado era péssimo e talvez estivesse morto. Vendo-o daquele jeito sentia um aperto no peito. Tocou a face dele acariciando.

- Akin. Akin. Acorde.

O guerreiro abriu lentamente os olhos e a olhou. Ficaram por um tempo assim.

- Você é muito parecida com sua mãe. - disse. - muito... Nunca deixei de amá-la. - derramou uma lagrima - Perdoe-me por tudo que fiz...

Ishitar tentava segurar as lagrimas, mas não agüentou. Akin desviando o olhar olhou para Saga que aproximava.

- Proteja-a.

O geminiano apenas assentiu.

- Cuide-se minha filha.

As lagrimas dela aumentaram ao escutar isso. Akin lhe sorriu.

- Pa-i... pai...

Akin a fitou.

- Me chamou de pai?

- Pai...

Ele sorriu novamente.

- Filha, precisa saber de uma coisa.

- Fique quieto depois me fala.

- É sobre o... guerreiro de... Seth.

- Guerreiro...?

- Há... há... - Akin não tinha forças para falar. - não somos só sete... há...tempestade...

- O que quer me dizer?

- ... mais um... - aos poucos foi fechando os olhos.

- Pai, pai. - Ishitar começou a desesperar. - pai.

Akin não respondeu.

- Pai! Não me deixa sozinha. Pai. - colocou a cabeça sobre o peito dele. - pai... eu não quero ficar sozinha...

O choro de Ishitar estava abafado, mas dava para ver que chorava compulsivamente. Ank nos braços de Mu também chorava, não queria que as coisas terminassem desse jeito. Nefertari segurava firme a mão de MM, Ishitar não merecia aquilo. As demais portadoras compartilhavam a mesma opinião.

- "Ishitar... e pensar que tudo poderia ser diferente." - pensava o príncipe.

Saga a fitou depois olhou para Seth.

- "Tudo culpa sua, estragou a vida deles por ambição."

Seth sentindo o peso do olhar olhou para o geminiano.

- "Você será a próxima perda dela." - pensou. - Uma pedra a menos. - disse.

- Pedra? - Ishitar o olhou imediatamente, vibrava de ódio. - pedra?

- Sim, no final ele não passou de um traidor como sua resignação.

O cosmo de Ishitar começou a aumentar. Seus olhos ganharam uma coloração avermelhada.

- Pedra? - juntou as mãos formando uma bola negra. - vai se arrepender por ter cruzado meu caminho. - o cosmo dela elevou de uma maneira surpreendente, seu corpo foi envolvido por uma luz vermelha assim como seus olhos.

Seu olhar era frio, calculista e sorria de forma cruel.

- “Isso Ishitar.” - sorriu o deus.

Saga a olhava temeroso, jamais a vira assim, ainda mais com o cosmo tão agressivo.

- Vou te mandar para o ‘nada’. Destruição do caos!

- Não!! - gritaram Tari e Osíris.

O cosmo dela explodiu, Saga foi jogado longe. Na frente dela formou-se um furacão negro que parecia sugar tudo, .

- Saga! - gritou Akhenaton a ele.

O geminiano entendeu o pedido e andando foi até ela, mas a medida que aproximava era puxado para dentro do buraco.

- Ishi-tar... pare... vai destruir tudo.

- É isso que eu quero. - sorriu. - vou acabar com tudo. Uaset e Menefer deixaram de existir. - seu cosmo aumentou.

A onda de destruição era maior do que a de Akin, se continuasse a crescer Uaset estaria condenada a sumir.

Shaka criou uma barreira para protegê-los, contudo não conseguiria por muito tempo.

- Akhenaton temos que fazer alguma coisa.

- Eu sei Nefertari, Ishitar pode destruir tudo.

A portadora continuava a liberar seu cosmo.

- Vou destruir tudo!

- Isso não vai trazer seus pais de volta. - disse tentando manter o equilíbrio.

Ela o olhou.

- Não me importa, quero que todos morram.

- Não é verdade. Passou todos esses anos tentando provar que não era como os sitis, mas está agindo como um. Pare Ishitar antes que seja tarde.

A onda aumentou. Seth sorria, Ishitar destruiria a todos.

- Pense na suas amigas, no seu irmão. Deseja a morte deles? - andou alguns passos, sem perder a atenção na energia dela que poderia explodir a qualquer momento.

- Eu...

- Pense até naquele maldito do Hisoka, quer que ele morra também? - aproximava.

- Não sou a sith odiosa? Nada me importa. Você me odeia Saga de Gêmeos, tanto quanto eu te odeio.

- Se te odiasse não teria ido atrás de você, se me odiasse não teria me defendido do golpe de Akin.

- Eu... – estava confusa.

Quando se deu conta Saga a abraçava.

- Vai ficar tudo bem.

- Saga... - os olhos voltaram ao normal, em seguida perdeu os sentidos.

O golpe se desfez na hora. Seth o olhava com ódio, teria que elimina-lo o quanto antes, Saga era uma grande ameaça a seus planos.

- Vamos.

O deus sumiu juntamente com seus guerreiros. Saga deitou Ishitar no chão.

- Ishitar.

Ela abriu os olhos começando a chorar.

- Meu pai...meu pai Saga.

- Vem.

A ajudou a levantar. A portadora ajoelhou diante do corpo do pai.

- Quer que ele fique ao lado da nossa mãe? - indagou Akhenaton aproximando.

- Pode...?

- Sim.

Akin foi levado e recebeu todos os procedimentos de sepultamento. Como desejado seu sarcófago foi colocado ao lado da princesa Huni. Ishitar desejou ficar um momento a sós, jurou perante eles que esse tipo de história não mais aconteceria. Uaset e Menefer seriam unidas.

Do lado de fora aguardavam a saída dela.

- Obrigado Saga. - disse o príncipe. - salvou minha irmã.

- Queria também ter salvado Akin.

- Ele ficará feliz sabendo que vai cuidar bem dela. - disse Atena.

- Seth não vai encostar nela.

Atena olhou para a porta, o geminiano acompanhou o olhar. Ishitar parada fitava-os. Sem dizer nada passou por eles saindo. O geminiano caminhava atrás dela até a alcançá-la. Quando percebeu a presença dele parou.

- Quer ir comigo?

Balançou afirmando. Ela não disse nada continuando seu trajeto.

- "Hisoka não foi mais forte que eles. - Ank sorria. - que bom."

Voltaram para o palácio, e mais um dia terminava para eles.

Ishitar caminhava sem um rumo definido, não queria ir para lugar algum, na verdade sentia que não havia lugar para ela, Saga a seguia silenciosamente.

- Saga.

- Sim?

- Estou cansada.

- Quer ir embora?

- Quero.

- Vem. – Saga a carregou.

Normalmente ela relutaria, mas não dessa vez. Encostou a cabeça no peito dele e fechou os olhos, instantes depois dormia. O geminiano a conduziu até o quarto. Colocando-a na cama a cobriu com um fino lençol.

- Não está sozinha. – beijou lhe na testa. – vou está sempre com você.

Foram todos para a sala do trono, minutos mais tarde Saga chegou.

- Como ela está?

- Está dormindo. - disse Saga sentando.

Osíris o olhou, o rosto do geminiano demonstrava preocupação com algo.

- Tudo o que está acontecendo é surreal. Jamais imaginei que Akin fosse o pai de Ishitar.

- Sua mãe nunca mencionou o nome dele? - perguntou Nefertite.

- Nunca.

- Coitada da Ishitar. - disse Ank. - quando descobre que tem pai ele morre.

- É uma pena. - disse Tari. - mas isso é só o começo.

- Como assim?

- Akin ser descendente de Amen-hotep.

- Já ouvi falar nele. - disse Hatshe. - foi um sacerdote muito poderoso.

- Pelo que percebi isso muda os fatos não é Akhenaton? - indagou Shaka.

- Sim. Nossos manuscritos contam que o mundo foi criado através do caos e que é sustentado por ele, havendo um equilíbrio. Ré transmitiu o conhecimento sobre isso a Toth que criou uma maneira de recriar o caos na nossa dimensão ou enviar alguém para lá. Toth por sua vez ensinou essa técnica ao sacerdote Amen-hotep, que era o grão sacerdote de seu templo. Quando houve a emigração o descendente desse sacerdote foi para a Terra. O nome dele era Haru. Ele se casou e teve uma filha a qual ensinou a técnica. Consta nos registros antigos que ele ficou viúvo e que se casou mais tarde com uma mulher de nome Khairi, ela era sith.

- Com ela ele teve filhos?

- Um filho. Anos mais tarde a técnica foi considerada perigosa e proibida. A filha de Haru, que era uma sacerdotisa de Ré, não mais transmitiu esse conhecimento a seus descendentes e a técnica se perdeu após a morte dela. Julgamos que o filho de Haru também tivesse abolido a técnica, mas ao que parece ela chegou até os dias de hoje.

- Então Akin e Ishitar são descendentes de Amen-hotep, Khairi e Haru.

- Sim.

- E porque essa técnica é tão perigosa? - perguntou Aioria.

- Ela tem o poder de trazer um ponto vazio ao nosso mundo por alguns instantes. - disse Tari. - se não tiver o controle absoluto, esse vazio pode se alastrar e transformar tudo em nada. É uma técnica perigosíssima, seu poder de destruição é infinito.

- Acha que é por isso que Seth está obcecado por Ishitar? - indagou Afrodite.

- Sim, ela é a única no mundo capaz de trazer o caos.

- Isso é grave.

- Não é uma vantagem? Ishitar está do nosso lado, ela pode derrotar Seth.

- Não sei se é vantagem Ank. Ishitar é meio explosiva e tamanho poder nas mãos dela pode ser um perigo. Alem do mais, ela aprendeu a técnica só de ver, não sei se ela tem o poder pleno dela.

- Akhenaton. - Saga o chamou. - o que pode acontecer se os ‘olhos vermelhos’ manifestarem? - indagou desse jeito para não levantar suspeitas, não precisavam saber do outro problema dela.

O deus o olhou fixamente, entendendo perfeitamente a pergunta.

- Uaset pode se salvar e Menefer cair, pode acontecer o contrario ou...

- Ou...

- Tudo ser destruído.

- Do que estão falando?

Quando ele ia responder Ishitar apareceu na porta.

- Ishitar... ?

Todos olharam para a porta.

- Você...

- Escutei tudo. Isso pode acontecer?

- Pode.

A portadora abaixou os olhos, colocando a mão no peito retirou a ankh.

- Fique com isso.

- Mas..

- Vai ser melhor, e não precisa dizer que não, pois sabe que sim.

Deu as costas e ia saindo.

- Aonde vai? - indagou Saga.

- Andar.

- Majestade. - dois guardas entraram. - perdoe interrompe-lo.

- O que foi?

- O sith.

- O que tem o Hisoka? - indagou Ishitar.

- É melhor irem ver.

Foram para os fundos do palácio, no alojamento dos criados. Ao chegarem tiveram uma grande surpresa: o quarto dele estava revirado, havia sinais de luta e marcas de sangue pelo chão e nas paredes.

- O que aconteceu aqui? Cadê o Hisoka? - indagou o príncipe ao guardas.

- Ele sumiu senhor, quando viemos chamá-lo encontramos o quarto assim. Não a rastro dele.

- Foi obra do Seth. - disse Ishitar. - deve ter descoberto que ele estava aqui. Matou-o como fez com o meu pai.

- Ele deve ter aproveitado a nossa ausência. - disse Tite.

- É o que parece.

- Juro que vou me vingar dele, todas as pessoas inocentes que morreram por causa dele. Seus pais, - apontou para Akya e Isi. - meus pais, Hisoka... todos. - estava saindo.

- Aonde vai?

- Menefer.

- Não vai adiantar ir assim, temos que pensar numa estratégia.

- Que se dane! Quanto mais demoramos mais pessoas irão morrer.

- Não seja precipitada Ishitar. - disse Akhenaton.

- Precipitada? Diz isso porque não foi seu pai que morreu na sua frente!

O príncipe não disse nada.

- Não me diga o que fazer. - deu as costas. - é só meu meio irmão. - continuou a andar.

Akhenaton abaixou o rosto. Ishitar andava, mas parou.

- Me desculpe, não queria ter dito isso. - disse saindo.

Menefer...

O céu de Menefer estava tingido de vermelho, a população sabia que quando isso acontecia Seth estava enfurecido. E era verdade, não havia mais colunas, paredes... os olhos dele estavam vermelhos e crispavam chamas.

- Juro que o mato! - gritou. - vou mandar aquele cavaleiro de Atena para Anúbis!

Os guerreiros ouviam quietos, ninguém atrevia a falar quando Seth estava nesse estado.

- Faltava pouco para Ishitar mata-los, mas aquele miserável intrometeu! Vou cortar a cabeça dele! - olhou para seus guerreiros. - fora daqui! - berrou.

Sumiram. No corredor conversaram.

- Jamais vi Seth desse jeito. - disse Sadiki.

- É capaz de nos matar. - disse Isoke.

- Quem diria que Akin teve um caso com uma uasetina, quanto mais à rainha. - comentou Hadimi.

- Inacreditável ainda mais, ele ser pai da Ishitar. - completou Sadiki

- Se ele não tivesse entrado na frente há essas horas teria o poder dela. – reclamou Isoke.

- Serem descendentes do tal sacerdote, sortudos.

- É por isso que Seth tem essa obsessão por ela. Controla o caos e a chave de Ré, ela pode fazer o que quiser.

- Ela pode mandar Seth para o caos? - indagou Sadiki.

- Seth é um deus, claro que não. - respondeu Isoke.

- Sei não... - murmurou Hadimi. - aquela garota é uma caixinha de surpresas. Conseguiu aprender o golpe só de olhá-lo.

- Talvez...

Uaset...

Akhenaton sentou pesadamente no sofá.

- Tome isso vai te fazer bem. - Atena deu lhe uma xícara de chá.

- Obrigado.

- Não se preocupe com ela, Ton, ela vai superar.

- Não sei... Ishitar pode parecer forte, mas há anos vem recebendo pancada atrás de pancada, essa fortaleza uma hora pode ruir.

- Saga estará com ela. - sentou ao lado do deus.

- Não queria, mas agradeço aos deuses por ele ter vindo. É o único que consegue parar aquela louquinha. - sorriu.

- Não sabia mesmo que Akin era o pai de Ishitar?

- Minha mãe nunca tocou no nome dele, foi até melhor assim, imagine se eles soubessem desde o principio quem eram. Poderia ser mais trágico do que foi.

- E Seth sabia o tempo todo.

- Ele é cruel, não se importa com a vida das pessoas.

- E agora como as coisas ficam?

- Piores. Seth tem seis jóias e está ficando imortal, somado a isso o problema de Ishitar.

- Problema?

- Seth fez o sangue de sith inflamar, Ishitar pode se voltar contra nós.

- Ela não faria isso.

- Não sei minha cara. - pegou na mão dela. - não me surpreenderia se isso acontecesse e se acontecer... podemos não escapar.

Nefertari voltava de seu templo, palavras não iam adiantar por isso rezou pela irmã. Desde cedo acompanhara o sofrimento dela e todas às vezes tentava ameniza-lo e nem sempre conseguia.

- Por que as coisas têm que ser assim?

- Destino. - respondeu uma voz.

Tari ergueu o rosto, MM estava a sua frente.

- Não podemos mudar nosso destino.

- Ishitar não merece passar por tudo isso. Perder o pai dessa maneira... - derramou uma lagrima.

- Infelizmente não podemos fazer nada. - MM enxugava a lagrima.

- Ainda bem que ela tem o Saga. Talvez ele consiga amenizar um pouco a dor dela.

- É... e nós?

- Não a espaço para nós MM. - afastou. - a batalha final se aproxima... ou morreremos ou vai voltar para a Grécia. Antes de ser Nefertari sou Ísis, não posso esquecer das minhas obrigações.

MM pegou a mão de Tari e a puxou pelo corredor, como estava na ala dos aposentos supôs que Giovanni a levava para o quarto dela. Ele abriu a porta de forma violenta e a puxou. Quando entraram fechou a porta prensando-a entre ele e a porta.

- O que...

Não teve tempo de falar MM apoderou de sua boca com brutalidade e desejo. Ao invés de ficar surpresa Tari correspondeu com o mesmo fervor. Ansiava por aquele contato, ansiava que as mãos de MM a tocassem como estava tocando. Ele a prensou ainda mais e ela pode sentir o membro dele rígido. MM beijava-lhe o pescoço e o colo fazendo-a suspirar. Voltou a beija-lhe.

- Você me deseja...? - sua voz saiu rouca, Tari apenas balançou a cabeça afirmando.

MM a pegou no colo e a levou para a cama. Deitou sobre ela e começou a explorar seu corpo. MM buscou sua boca novamente e a encontrou ávida por ele. Tari passou a mão pela nunca dele segurando os cabelos azuis. Ele começava a tirar o vestido dela, ela permitiria, mas...

- Pare MM...

- Por quê?...Você também quer...

- Esqueceu quem é você?

Ele levantou.

- Sou Ísis e você um cavaleiro de Atena.

Nervoso andava de um lado para o outro.

- Não podemos...

- Que se dane quem nós somos! - gritou. - que se dane!

- MM.

- Não me chame assim! Aqui só há Nefertari e Giovanni!

- Nós nunca... não torne as coisas mais difíceis.

MM estava atordoado e Tari via isso pela expressão de seu rosto, sabia da natureza explosiva dele, mas nunca imaginou que ele ficaria tão descontrolado. Ele a olhou, Tari o fitava receosa, sentiu raiva dela, na verdade ódio, pois o fez se apaixonar, contudo sabia que não era isso, sentia-se impotente pois amava-a e não podia fazer nada, no final ficariam separados. Amaldiçôo o dia que viera para Uaset. Se tivesse ficado no santuário não estaria passando por isso.

- Inferno! - gritou assustando-a.

MM foi até a parede e prepara para dar lhe um soco, Tari temeu por isso. Com o punho cerrado preparou, mas não bateu, as lágrimas vieram primeiro. Tari escutou o choro e também começou a chorar. Ele saiu, sem dizer nada, batendo a porta. Tari abraçou os joelhos escondendo o rosto e chorou.

Nefertite em uma das varandas observava o céu, estava coberto de estrelas e uma brisa suave soprava.

- "A batalha final se aproxima."

Kamus que a procurava sentou ao lado dela sem dizer nada. Também fitava o céu e pensava na batalha próxima.

- Meus pais morreram quando ainda eu era pequeno. - iniciou o aquariano, mas sem olhá-la. - tinha dois irmãos os quais não sei o que aconteceu a eles.

Tite o olhou, Kamus não era de falar muito ainda mais de seu passado.

- Antes disso acontecer, nunca disse a eles o quanto eram importantes para mim... não quero que se repita. - a olhou. - você é muito importante para mim Nefertite.

A portadora sorriu.

- Não vai nos acontecer nada, Kamus. Sairemos vivos.

- Mesmo que sim quero que nunca se esqueça. - ele a abraçou fortemente. - Ishitar não teve a oportunidade de dizer.

- Você também é muito importante para mim.

Kamus a olhou e em seguida a beijou.

Ank procurava por Mu, ele estava no mesmo jardim do primeiro beijo.

- Por que está aqui sozinho?

- Por nada.

- A noite não está bela? - sentou ao lado dele.

- Sim.

- Acho que jamais vou esquecer esse dia. Aconteceram tantas coisas ruins. - suspirou. - não queria que Akin morresse.

- No fundo ninguém queria Ank. Akin fora vitima da ambição alheia.

- Se Seth não tivesse interferido.. há essas horas ele, Huni, Akhenaton e Ishitar estariam felizes? - deitou a cabeça no colo dele.

- Talvez... - acariciava o cabelo dela. - quem sabe.

Ela silenciou, pensava na batalha que se aproximava. Mu leu seus pensamentos.

- Tudo vai acabar bem Ank.

- A situação está tão ruim...

- Cadê o seu otimismo.

- É...

- Está com medo?

- Um pouco.

- Não se preocupe, sempre estarei perto de você. Sempre.

O ariano depositou um beijo na fronte dela.

Miro e Hatshe passeavam pelo jardim de mãos dadas. Já havia um tempo que estavam silenciosos.

- Como é o santuário? – Hatshe quebrou o silencio.

- Deve ser do tamanho de Uaset, tem uma vila chamada Rodória, as doze casas, o salão do mestre, o templo de Atena, o Coliseu, a área das amazonas.

- Amazonas?

- Guerreiras como vocês, porem usam mascaras.

- Por quê?

- É uma lei antiga, elas usam as mascaras para esconderem que são mulheres e lutarem como homens. Não podem deixar que nenhum homem veja seu rosto. Se isso acontecer ou ela tem que ama-lo ou mata-lo.

- Que horror.

Miro deu um sorriso e logo começou a rir.

- Qual a graça?

- Lembrei de um conhecido meu. – estava se referindo a Seiya e Shina.

- Ah...

- Essa lei já foi abolida.

- Miro...

- Diga.

- Há muitas amazonas no santuário?

O escorpião parou de andar.

- Tem. Por quê?

- E elas... elas...

- São mais bonitas que você? Claro que não. O que eu tenho que fazer para acreditar que só tenho olhos para você?

- Nada... é que...a batalha final se aproxima e não sei se sobreviveremos então...

- Tolinha. – a abraçou. – é claro que vamos sobreviver. Somos os cavaleiros de Atena e eu o mais forte. – estufou o peito. - Não há nada para se preocupar.

- Miro...

- Não vamos morrer, nós nem ainda... – deu um sorriso nada inocente.

- Seu pervertido! – sorriu.

- Sou um amante das coisas boas! – pegando-a no colo a carregou dando uma volta.

- Miro!

- Eu amo você Hatshe, vê se não esquece disso. – a beijou.

No templo de Hathor, Shaka estava meditando. Isi estava ao seu lado, com a mesma posição dele, mas não conseguia se concentrar.

- “Isso é muito chato, ficar parado como uma porta.”

- Concentração Isitnefert.

- Desculpe. – bufou. – “chatice.” – suspirou.

Não tendo outro jeito procurou se concentrar. Aos poucos a imagem de Ishitar chorando sobre o corpo do pai veio-lhe na mente, acontecera o mesmo com ela.

- “Se pudesse tinha evitado essa dor a ela. – suspirou. – se pudesse evitaria muitas coisas. – olhou para Shaka. – ele é forte, mas Seth é um deus.”

Um sentimento de tristeza abateu sobre ela.

- “É tudo tão difícil... – derramou uma lagrima. – tenho medo do que possa acontecer, tenho medo que todos morram, tenho medo que Shaka se vá.”

- Isitnefert se não se concentrar... – ele abriu os olhos e viu que ela chorava. – Isi.

- Desculpe... eu atrapalhei sua meditação... – limpava o rosto.

Shaka sorriu e desfazendo a posição a trouxe para si.

- É natural ficar com medo. Deve ser a primeira grande batalha sua não é?

- Sim...

- Não vai acontecer nada. – limpava o rosto dela. – estou aqui.

- Shaka...

- Vai ficar tudo bem. – a abraçou. – “tem um jeito tão extrovertido, no entanto é tão sensível... não vou deixar que nada te aconteça.” – a abraçou mais forte.

Akya num pátio treinava, a batalha final aproximava e não poderia que, cenas como a da morte de Akin, voltassem a acontecer. Estava tão concentrada que não notou a aproximação de alguém.

- Deveria descansar.

- Não tenho tempo para isso. – respondeu sem demonstrar que assustara.

- Estará cansada quando a batalha acontecer.

- Não preciso que me digam o que fazer, Shura. Sei de mim.

- Está desse jeito porque se lembrou de sua família. – sentou num banco próximo.

- Não me atrapalhe.

Shura calou-se e passou a observá-la. Ela começou a ficar incomodada com isso.

- O que foi Shura?

- Quando essa guerra acabar, teremos que voltar imediatamente para a Grécia?

- Creio que sim. – disse seca, mas no fundo não queria que isso acontecesse.

- Então nos resta pouco tempo.

- É o que parece.

- Entendo. – levantou. – vou deixá-la treinar. – estava saindo.

- Shura...

- Sim?

Ela pediu que ele voltasse a sentar.

- Desculpe. – disse indo até ele. – desculpe. – passou as mãos pelo cabelo dele.

- Está com receio não é? Medo de acontecer algo.

Balançou a cabeça afirmando.

- Vamos pensar positivo. – a segurou pela cintura. – vai dá tudo certo.

Ela sorriu e o beijou.

- Vai ficar tudo bem. – disse o capricorniano.

- Quero que fique com isso. – Akya retirou uma correntinha do pescoço. – era o pingente do meu irmão.

- Mas Akya, é uma recordação do seu irmão.

- Fique. – a colocou nele. - espero que dessa vez funcione. – deu um meio sorriso.

- Obrigado.

Ela derramou uma lagrima.

- Shura...

- Não se preocupe. – a pos no colo. – vamos sair dessa. – a abraçou.

Em um dos quartos o restante dos dourados conversavam.

- A cada dia que ficamos aqui somos surpreendidos com algum fato novo. – disse Aiolos.

- Essa do Akin ser o pai da Ishitar bateu os recordes. – Deba estava deitado na cama.

- Coitadinha.. – murmurou Dite. – perder o pai dessa forma tão cruel.

- Seth não mede esforços para conseguir o que quer. – disse Dohko.

Kanon estava distante.

- Algum problema Kanon? – indagou Aioria.

- Todos.

- Como assim? – o taurino levantou.

- Akhenaton perdendo seu cosmo, as portadoras perdendo os delas, Seth ficando mais forte e Ishitar e seu golpe do caos. Restaram apenas três guerreiros, mas o poder deles é enorme. A batalha será difícil.

- Mas não impossível. – disse Dite.

- Não sei. – o geminiano cruzou os braços.

- Enfrentamos espectros, destruímos o muro, somos capazes. – protestou Aioria.

- Saga com aquele golpe poderoso mal encostou em Seth, o problema não é seus guerreiros e sim ele e...

- Tem algo a mais que o preocupa não é Kanon? – indagou Afrodite.

- Sim. Saga me contou que na hora da morte de Akin ele disse que não eram só os sete, que havia mais um.

- Mais um o que?

- Ele não entendeu direito e nem teve tempo de perguntar, mas...

- Mas...

- Acho que Seth guarda uma carta na manga. Uma carta perigosa.

Desde o enterro Ishitar estava sentada num jardim num completo silencio, Saga estava ao seu lado na mesma situação.

- Obrigada por ficar aqui. – disse quebrando o silencio de horas.

- Não poderia deixá-la num momento como esse.

- Quando fui levada ao caos encontrei com Toth.

- O seu deus?

- Sim. Ele me disse que eu aprenderia o golpe do caos.

- Ele disse isso?

- Disse, mas não mencionou sobre meu pai.

Seguiram mais alguns minutos.

- Desculpe pelo soco naquele dia.

- Já me esqueci, mas o que houve?

- Tive uma espécie de visão. Lembrei do dia que eu mais Akhenaton treinávamos. Ele se machucou e até então, a princesa Huni, correu até ele. Fiquei com inveja, nunca tive o carinho de uma mãe e ver aquela cena... em seguida ela foi ate a mim e movida pela raiva a empurrei. Só mais tarde entendi o motivo: Maneton estava perto. – o olhou pela primeira vez. – ele poderia fazer mal a nós duas.

- E o desmaio...

- Foi em conseqüência disso, nos últimos dias estou tendo-os com freqüência e meus olhos..

- Então notou?

- Sim. – voltou o olhar para o horizonte. – meu sangue sith.

- Sangue sith?

- Posso me voltar contra todos. Todos esses anos, as pessoas me olhavam de maneira diferente como se eu fosse um demônio, no principio não sabia o motivo e nutria um ódio terrível por elas. Mesmo morando no palácio, eu era maltratada, humilhada, era mais um lixo do que uma pessoa. Eu sofria tudo calada, pois achava que eu era culpada por tudo. Castigo dos deuses. – o olhou. – quando soube que a rainha era minha mãe meu ódio aumentou ainda mais. Ela sabia de tudo e não fez nada! Soube que meus olhos eram de sith, a raça odiada. Senti raiva deles, de mim, de minha mãe... queria liquidar com eles... – derramou uma lagrima. – pensava que era ódio, mas não era... nunca ninguém me acariciou, nunca ninguém me tratou bem, nunca ninguém me amou... e ... e ... eu me sentia tão sozinha que pensei muitas vezes me matar...

O geminiano ficou surpreso.

- Acabando com a minha vida todos os meus sofrimentos iriam juntos. Era uma portadora, mas de nada adiantava para aplacar o que eu sentia...nada... num surto de ódio quando os pais de Akya morreram ela brigou comigo me batendo muito. Eu deixei, talvez morrer nas mãos de uma Uaset seria uma rendição para mim...

- Ishitar...

- Não sou ninguém Saga, não tenho nada...sou um demônio...- sorriu. – sabe qual era o meu maior desejo?

Ele balançou a cabeça.

- Ter pais. Uma mãe, um pai e irmãozinhos...disse isso uma vez, disseram que demônios não tinham pais. Eu não agüento mais, tentei ser forte esses anos todos, mas não agüento mais, estou cansada, estou cansada de ouvir que não sou ninguém.

As lagrimas desceram grossas e compulsivamente, Saga entendeu que eram lagrimas retidas a anos, guardadas bem no fundo e que agora não conseguia mais segura-las. Derramou duas lagrimas, como queria ter evitado tudo isso a ela. No instinto a abraçou bem forte, a portadora chorou mais ainda. Saga esperou que ela ficasse calma.

- Desculpe. - afastou limpando o rosto. - acho que fiquei assim porque perdi a única pessoa que poderia gostar de mim do jeito que sou.

- Tite, Akhenaton e as outras gostam de você.

- Por conveniência, é bom a sith estar por perto.

- Escute. - Saga segurou o rosto dela. - existe sim, uma pessoa em todo o seu mundo que gosta muito de você independente do que a cor dos seus olhos representa. Ele a ama.

Ishitar o olhou confusa. Saga aproximou e a beijou. Ansiava por aquilo, desde que descobrira que a amava, só queria tê-la em seus braços.

- Sa-ga... - murmurou.

O geminiano aprofundou mais o beijo, trazendo-a para si. Ishitar sentia seu corpo ferver como da primeira vez que ele a beijou, não entendia o que era aquilo que estava sentindo, mas tinha uma certeza, não queria que ele atravessasse aquele portão.

- Não vou te deixar sozinha. - sussurrou. – jamais.

- Eu gritei com você... – chorava. – disse coisas horríveis... eu... eu não mereço.

- Também gritei com você. – a olhou. – fui rude e disse coisas... pode me perdoar?

- Saga...

- Eu te amo Ishitar.

- Me ama... ? – indagou surpresa.

- Muito. – sorriu. – e não vou atravessar aquele portão. Vou ficar com você.

Foi a vez dela sorrir, então era isso que Tite e as outras sentiam? Isso era amor? Ele realmente poderia amá-la do jeito que era?

- É mais amada que pensa. – referia-se a Akhenaton e as demais portadoras. – vem.

Ele levantou estendendo-lhe a mão. Ela aceitou, pela primeira vez alguém lhe estendia a mão.

- Obrigada. – sorriu, porem sentiu uma vertigem, automaticamente se soltou das mãos dele, olhando para trás, na direção de Menefer.

- Ishitar o que foi? - indagou surpreso

Ela o olhou com os olhos vermelhos.

- Ishitar.

Continuou parada fitando o nada.

- Ishitar. - a sacudiu.

Ela o olhou, de seus lábios brotaram um sorriso cínico e cruel.

- Ishitar seus olhos...

- Estão mais belos? - sorriu aproximando - também achei.

Acariciou o rosto dele de maneira provocante e seu dorso. Voltou a olhá-lo e em seguida o beijou. Não fora o mesmo beijo de antes, carregado de amor e sim de luxuria e desejo.

Saga a afastou.

- Já se cansou. - sorriu cruel.

- Volte a si.

- Mas estou em mim. Alias é minha melhor forma.

O geminiano preocupou-se, sempre que ela estava nesse estado rapidamente voltava a si porem o efeito dos olhos vermelhos estava demorando a passar.

- Ishitar. - a sacudiu com força.

Surtiu efeito aos poucos a coloração vermelha foi perdendo espaço para a amarela.

- Ai.

- Ishitar.

- Saga...

Mal acabou de falar foi desmaiando o geminiano a levou as pressas.

Saga deitou Ishitar com cuidado, pegou uma colcha e a cobriu. Depois puxou uma cadeira e colocou ao lado da cama.

- “O que tenha feito a ela, está ficando mais constante e duradouro... Seth não vou deixar que a tire de mim.”

Madrugada, Uaset dormia profundamente, porem... uma fumaça negra encobria o portão principal. A fumaça percorria ruas, ruelas, becos numa única direção: o palácio real. Ao chegar a entrada, a fumaça aumentou cobrindo o palácio com uma mancha negra.

A mancha entrou pelo local espalhando-se rapidamente pelos cômodos.

Em um deles, uma jovem de madeixas lilás dormia um sono profundo. A fumaça passou por debaixo da porta ganhando o quarto. A mancha negra cobriu a cama e em seguida Atena havia desaparecido. A fumaça reapareceu em outro cômodo: o quarto de Akhenaton. Da mesma maneira que fez com a deusa ele desapareceu, mas antes, ao acordar liberou um pouco de seu cosmo.

- Akhenaton! – gritaram Akya, Hatshe, Isi, Ank, Tari e Tite.

Ishitar acordou de repente.

- Akhenaton!

- Ishitar.. – Saga despertou.

- Aconteceu algo ao meu irmão.

Levantou correndo, indo para o quarto dele, lá encontrou com as demais portadoras e os dourados.

- Cadê ele?

- Akhenaton sumiu Ishitar. – disse Isi aflita.

- Maldição.

- Tenho péssimas noticias.

- O que foi Afrodite?

- Atena também sumiu.

- Seth. – disse a Toth. – ele entrou no palácio.

- Mas como? – indagou Shura. – perceberíamos o cosmo dele.

- Seth tem habilidades de magia oculta. – respondeu Tari. – consegue camuflar sua presença.

- E o que faremos?

- Iremos à terra de meu pai.

Menefer...

Atena sentia-se fraca, foi com muita dificuldade que conseguiu abrir os olhos.

- Onde...

Reparou que estava numa sala ampla, repleta de estatuas egípcias, a sua direita viu na parede um circulo de ouro e dentro dele as jóias e o djed de Osíris. Tentou se mexer, mas estava acorrentada a parede, com os braços esticados.

- Seja bem vinda deusa Atena.

- Seth.

- Ao seu dispor. – reverenciou. – espero que esteja gostando do meu humilde templo.

- O que fez com Osíris?

- Veja por si própria.

A deusa olhou para onde Seth apontava.

- Osíris?!

O deus estava na parede ao lado preso a uma gigantesca estatua de escorpião. O ferrão do animal estava cravado no peito dele. Seu aspecto era sombrio.

- Ele...

- Ainda não morreu. – sorriu. – ainda. Meus guerreiros preparem-se, teremos visitas.

Atena o olhou e viu quatro sombras atrás dele.

- “Quatro? Por quê? Se sobrou só três... oh meu Zeus...Akin... ele...”


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