Na manhã seguinte, quando Peter estava chegando na escola, notou que havia uma multidão em frente à porta principal. Não conseguiu ver direito, mas percebeu vários risos e comentários de garotas que diziam ‘’Ah, que saudade amiga’’, ‘’que bom que você voltou’’. Peter tentou ver quem tanto conversava naquela multidão, mas foi interrompido pelo sinal que tocou imediatamente e ele teve que correr para a aula antes que levasse outra bronca por chegar atrasado.

Ao chegar na sala de aula, sentou-se na carteira atrás de Gwen. Percebeu que ela estava lendo um livro, então não quis atrapalhar. Mas Gwen notou a presença do garoto e virou-se para ele.

– Oi, Peter.

– Olá, Gwen... Como você está?

– Bem... E você?

– Também.

Ela virou-se para frente, já que a professora de geografia entrou na sala acompanhada de uma garota magra, alta e de longos cabelos ruivos e olhos esverdeados. Parecia mais velha, mas era realmente muito bonita. Tinha seios fartos e um corpo esbelto. Usava uma calça colada no corpo, mostrando todas as suas curvas, e uma blusa um pouco decotada, mas não muito vulgar. A sala parou e os olhares dos garotos se voltaram para a garota nova. Até mesmo os que tinham namorada. A beleza da garota nova também chamou a atenção de Peter, que parecia ter visto-a em algum lugar antes, mas não se lembrava de onde.

– Bom dia. Deixe-me apresentar sua nova colega de classe. Esta é Mary Jane. Todos a recebam bem, por favor... E mais um detalhe, ela já estudou aqui antes, mas teve que sair do colégio para morar com o pai na Flórida. Então alguns já devem conhecê-la. – disse a professora Taylor.

A garota não dizia uma palavra. Apenas sentou-se em uma carteira da fileira da frente que estava vaga. Jogou a mochila no chão ao lado da carteira e nem ao menos retirou os materiais. Ela parecia selvagem, e um tanto rebelde. Como se não ligasse a mínima para os estudos ou para seu futuro. Apenas retirou seu celular do bolso, e ficava trocando mensagens de texto com as amigas ou alguns caras, provavelmente.

Gwen notou como os garotos não paravam de olhar a aluna nova que ficava jogando os longos cabelos ruivos para os lados. Percebeu que Peter também fitava a garota. Ela imediatamente virou-se para frente morrendo de ódio daquela estranha menina que a cada passo era elogiada pelos garotos que estavam ao lado dela. Gwen pensava tanto que nem conseguia prestar atenção na aula de geografia. ‘’Como uma garota pode chamar tanta atenção só com o corpo?’’, pensava Gwen um tanto desanimada. ‘’Se pelo menos Peter não estivesse olhando pra ela, eu me sentiria melhor. ’’

As três primeiras aulas passaram rápido. E ao chegar o recreio, Peter notou que Flash, o garoto loiro, estava conversando com Mary Jane, como se já a conhecesse. Como Mary Jane tinha certa queda por garotos populares e fortões, parecia gostar da companhia de Flash. Peter ficou pensativo por instantes e quando se virou para trás, viu Gwen guardando alguns livros em seu armário. Ela percebeu que ele a fitava e dirigiu-se para Peter.

– Também quer conhecer a aluna nova? – ela não olhou nos olhos dele, pois assim ele perceberia que ela estava com ciúme.

– Eu acho que já a vi antes, no colégio... Mas ela era bem diferente.

– Soube que ela reprovou. Por isso está na nossa classe. Eu também já a tinha visto antes, mas depois que descobri isto, a reconheci.

– Entendo... Mas ela parecia mesmo mais velha. Ela está bem mais bonita...

– É por que ela tem corpo, não é? Vocês homens só gostam disso! Francamente. Eu a achei muito oferecida. Deu em cima do Steve, do Flash, do David, do John, e daqui a pouco já estará dando em cima de você.

– Calma, Gwen. – Peter riu. – Você por acaso não está com ciúmes, está?

– Ciúmes, eu? Claro que não, Peter! Apenas disse que não acho legal garotas que fazem isso. – Gwen estava morrendo de vergonha. Não devia ter dito aquilo. Não devia ter falado com Peter. Mas nada mais importava.

O sinal tocou e ambos voltaram para sala juntos, conversando sobre outros assuntos. Era aula de matemática, e Peter esqueceu-se de pegar seu livro. Enquanto Gwen entrou na sala, Peter correu para seu armário. E ao lado estava Mary Jane, discutindo com o inspetor Jack. Peter disfarçadamente prestou atenção na conversa.

– Quantas vezes eu vou ter que dizer que não é permitido usar maquiagem na sala? O professor Gregory reclamou de você na terceira aula. Você não toma jeito menina! Desde que entrou para esse colégio. Você não mudou nada mesmo.

– Ah, qual é? Eu estou cansada de ouvir sermão, ainda mais do colégio! Meus pais já pararam de pegar no meu pé faz tempo e vocês continuam com isso? Façam-me o favor!

– Não seja mal educada, senhorita Jane! Apenas siga às regras da escola. Ou vai querer repetir o terceiro ano novamente?

– Já entendi! Tá bom, tá bom... – respondeu Mary Jane irritada, retirando-se do corredor e dirigindo-se para a sala.

– E você, Parker? O que está fazendo parado aí? Volte para a sala de aula imediatamente! – resmungou o inspetor afastando-se.

Peter voltou para a aula rindo. ‘’Que fera, hein!’’, pensou. E voltou para a aula. Ele não parava de fitar a garota ruiva. Sentiu certa atração por ela. E os pensamentos voltaram a invadi-lo. ‘’E se ela me ajudar a esquecer a Gwen?’’, ‘’Seria bom eu ficar com ela e mostrar ao Flash que ele não passa de um idiota.’’, pensava Peter na maior parte do tempo. Mas ele também pensou em Gwen, não queria magoá-la. Mas era necessário esquecer seu primeiro amor. Afinal, a promessa era muito importante e não poderia ser quebrada de maneira alguma.

Na quinta aula, Peter ouviu gritos pela cidade. Era um incêndio em uma casa onde morava uma família simples com 5 filhos. Peter imediatamente sentiu que precisava ajudá-los. E quando todos da escola se distraíram com o fato, ele aproveitou para virar o Homem-Aranha e ajudar a família a se livrar do incêndio. Vestiu-se e rapidamente foi lançando sua teia pelos prédios e edifícios, até chegar na casa onde o incêndio estava prestes a destruir. Gwen percebeu que Peter foi ajudar, pois ela era uma das únicas pessoas que sabia a verdade sobre Peter Parker, o espetacular Homem-Aranha. Ela imediatamente sorriu, pois adorava quando ele ajudava os outros. Era um gesto muito bonito.

Ao chegar na casa pegando fogo, Peter retirou a mulher e três crianças que estavam na casa. O restante da família foi retirado pelo corpo de bombeiros, exceto o pai que conseguiu escapar sozinho. Após o fogo se apagar e tudo voltar ao normal. A história do salvamento da família apareceu na primeira página do jornal da cidade, com a foto do Homem-Aranha na capa.

Ao chegar em casa, Peter fitou o mesmo jornal que estava sendo lido por sua Tia May.

– Homem-Aranha é mesmo um herói, não é querido? – mencionou a tia concentrada.

– É mesmo tia, é por isso que sou fã dele.

Peter sorriu. Subiu para o quarto e continuou sorrindo. Orgulhava-se de si mesmo por ajudar a salvar pessoas novamente. Sentia orgulho de ser um herói. Um grande herói.