Peter Parker

Ainda não conseguia me conformar de que Gwen estava correndo perigo nas mãos do meu pior inimigo. A raiva tomava conta de cada membro de meu corpo, e não era só raiva do que estava acontecendo e do maldito Duende, mas também de mim mesmo, por não ter impedido que ele capturasse o amor da minha vida.

Enquanto acionava meu sistema de teias e me lançava no ar entre os enormes edifícios da cidade, concentrava-me ao máximo para não fazer nenhuma besteira. Se ele machucasse Gwen por conta de um descuido meu, jamais me perdoaria.

Avistei o maléfico no topo do enorme prédio da Oscorp, segurando Gwen pelo pescoço, enquanto o pânico no rosto dela era refletido com mais intensidade, conforme ele balançava o corpo dela no ar, ameaçando soltá-la a qualquer momento.

Meu coração doeu quando vi a garota com quem compartilhei os melhores momentos da minha vida estar sofrendo daquela maneira brutal. Não conseguia suportar vê-la naquele estado. Eu precisava salvá-la. Então cerrei meus olhos e era isso que eu ia fazer, custe o que custar. Por ela eu sacrificaria minha própria vida, se necessário.

Automaticamente, Gwen olhou para mim com lágrimas nos olhos. Foi o que bastou para que eu agisse de uma vez por todas.

– Onde está você Homem-Aranha, ou melhor, Peter Parker? Venha pegar sua bonequinha, se conseguir. – declarou meu inimigo como provocação. – Tem ideia do que isso significa meu caro?

– Por que não me diz Duende? – revidei.

– Entregue-se, Aranha! O mundo é pequeno demais para nós dois. Entregue-se agora, ou Gwen Stacy morre.

– Eu acho que o único que vai morrer aqui é você, patife! Deixe-a em paz agora, e me enfrente como homem. Dessa vez você mexeu com o lado negro do Homem-Aranha. Eu vou te matar seu desgraçado! –gritei com todas as minhas forças, sentindo cada membro do meu corpo tremer de ódio, e ao mesmo tempo medo de que ele machucasse minha garota. Embora gritar não resolvesse, só faria com que ele se divertisse ainda mais por ver meu sofrimento interno aumentar cada vez em que ele ameaçava soltar o corpo de Gwen para a morte.

– Há há há há há! Pobre heróizinho. – ele jogou o corpo de Gwen com força no piso do topo da torre. Por mais que um pequeno alívio percorresse meu coração por ele não ter jogado-a daquela altura, a agonia retornou em meu peito ainda mais forte quando vi o sangue dela jorrar de um corte profundo em sua testa. O rosto de minha amada chocou-se contra um pedaço de vidro afiado, provocando uma machucadura aparentemente grave.

– Gwen! – imediatamente fui na direção dela, e segurei seu rosto entre minhas mãos. – O que ele fez com você! Não se preocupe, eu vou te tirar daqui – lágrimas ensopavam minha máscara quando vi seu rosto, aos poucos, se cobrindo com o sangue que escorria pelo profundo corte em sua testa. Aquilo foi demais pra mim, e na mesma hora me voltei contra meu inimigo ainda mais furioso – Você vai me pagar por isso!

– Peter! – Gwen gemeu de dor, pronunciando meu nome com dificuldade. – Não deixe que ele te machuque...

– Não se preocupe meu amor, eu vou te salvar. Você vai ficar bem!

– Mas que lindo é o amor! – disse o Duende batendo palmas e ironizando. – É bom se despedir dela Parker, porque seu tempo de vida está acabando!

– Não se eu acabar com você antes! – em seguida, pulei para cima dele, distribuindo os golpes mais fortes que eu já lancei sobre algum inimigo em toda a minha vida de Homem-Aranha. Primeiro eu o golpeei certeiramente no rosto, depois cobri seu corpo com minhas teias, que infelizmente o seguraram por pouco tempo. Com rapidez, ele conseguiu se livrar do meu casulo de teias e atirar seus projéteis contra mim, que eu desviava no começo com a mesma facilidade.

Quando ele veio para cima de mim, me golpeou com força no braço, fazendo com que minhas forças diminuíssem por um momento. Senti meu braço formigar e amortecer, e uma dor terrivelmente insuportável. Mas eu não podia fraquejar. Meu objetivo, mais do que qualquer coisa, era salvar Gwen. Antes que ela sofresse uma morte por hemorragia, pois estava perdendo muito sangue. Ou pior, que Norman fizesse algo ainda mais macabro a ela.

Foi então que pulei o mais rápido possível e levantei. Ele estava se aproximando dela para matá-la. Mas antes que ele pudesse fazer isso, imediatamente eu o agarrei pelas costas, apertando seus ossos firme, se possível até quebrá-los. Meu ódio era tão grande que eu era capaz de matá-lo.

Conforme eu o apertava cada vez mais forte, ele se debatia e gritava, até acionar um botão em seu pulso, que chamava por seu planador. O objeto enorme veio com grande força me prensando pelas costas. A dor foi tão grande que eu não consegui segurá-lo por mais tempo. Podia sentir o ar em contato com minha pele, pois minha roupa havia se rasgado parcialmente nas costas, e pude sentir o sangue quente escorrer por elas.

O Duende conseguiu se livrar do meu ataque, porém meu sensor aracnídeo dizia que ele estava mais fraco. No entanto, nada o impedia de me atingir, e novamente ele ameaçou chegar perto de Gwen para machucá-la. A pobrezinha estava tão fraca e indefesa, que não conseguia nem se mover. Nesse exato momento em que ele seguiu em seu planador na direção dela, eu o ataquei mais forte desta vez, reunindo toda a minha força aracnídea e o golpeei certeiramente no tórax com um chute, fazendo-o cair do prédio.

Eu não tinha muito tempo. Precisava tirar Gwen dali o mais rápido possível. Ela tremia e se contorcia em dor, enquanto eu envolvia seu corpo entre meus braços e torcia para que ela ficasse bem.

– Eu vou tirar você daqui...

– Peter, cuidado! – ela tentou me avisar, mas era tarde demais. O Duende se aproximou mais rápido do que eu imaginei e me jogou longe, ainda com Gwen em meus braços. Ela quase caiu de cima do edifício, mas ainda corria esse risco, pois acabou pendurada com as mãos, tentando subir de volta, mas sem forças.

– Peter! – ela gritou meu nome novamente, mas assim que eu corri para salvá-la, o maldito Duende apareceu na minha frente e começou a pisar na mão dela. Imediatamente a dor e a culpa tomaram conta de mim. Se ela morresse, eu jamais me perdoaria. Jamais.

– Vamos acabar com isso, Homem-Aranha. – ele disse com um sorriso demoníaco, ao mesmo tempo em que segurou o braço dela e a puxou para cima. Novamente meu inimigo estava ameaçando jogar Gwen da altura do prédio.

– Não faça isso! Você quer a mim e não a ela. Deixe-a viver...

– Você é fraco Parker. Não tem capacidade nem para proteger alguém. Perdeu o tio, os pais... Pobrezinho. Agora vai perder a garota que tanto ama. Tudo porque você simplesmente perdeu! Pode ir dizendo adeus a sua namoradinha entrometida. – em seguida ele soltou o braço de Gwen.

– Não! – gritei em desespero e me joguei do prédio alto, impulsionando meu corpo até poder encostar-me ao dela. Ainda estávamos em uma longa distância um do outro, e foi então que eu grudei minha teia em sua cintura e a puxei para mim. Ela agarrou meu pescoço assustada, e eu me senti aliviado. Em seguida, acionei meu sistema de teias novamente para impedir nossa queda.

Consegui salvá-la e quase nem acreditei. No entanto, ela estava fraca e sem forças. Não conseguia nem manter-se em pé.

– Ei! Gwen, fala comigo por favor! Eu te salvei querida, você vai ficar bem... – tentei deixá-la consciente ainda, segurando-a firme em meus braços, porém ela estava fraca demais. Imediatamente avistei Mary Jane, Harry e várias pessoas se aproximando de nós.

– Por favor, levem-na ao hospital imediatamente! – implorei enquanto Mary Jane e Harry agilizavam meu lado, pegando o carro, o celular e ligando para a ambulância, que para a nossa sorte, chegou rapidamente. Deitei o corpo de Gwen na maca e desejei com todo o meu coração que ela ficasse bem. Assim que a ambulância partiu, meu único desejo era matá-lo. E foi isso que desejei fazer.

Imediatamente reuni todas as forças possíveis para derrotá-lo de uma vez por todas. Acionando meu sistema de teias, segui na direção dele, que também vinha em minha direção com seu planador. Dei um salto e pousei em um prédio não muito alto. Ele veio até mim e disse:

– Será que eu deixei o Homem-Aranha irritadinho? Eu duvido que sua garota irá aguentar, meu jovem.

– Maldito! Eu vou quebrar sua cara. Vamos acabar logo com isso Norman. O mundo é pequeno demais para nós dois. – declarei repetindo a frase que ele citou anteriormente, pronto para lutar e enfrentar o que viesse pela frente. Apesar do ferimento nas costas, eu ainda tinha forças para lutar e estava disposto a vencê-lo.

– Você vai perder Parker. – em seguida, ele começou a me atacar, lançando suas bombas de gás. Desviei a maioria, exceto uma que me atingiu no pé. Porém não me feriu como ele esperava, pois eu havia aprimorado meu uniforme há alguns dias e minhas botas eram capazes de proteger meus pés em dobro do que eram antes.

Logo foi a minha vez, e eu lancei minha teia sobre um enorme e grosso galho de árvore, trazendo-o para mim. Em seguida, eu acertei um golpe na perna do Duende, deixando-o irritado. Foi o que facilitou para eu continuar acertando-o facilmente e desviando seus golpes. Meus sentidos já estavam sendo restaurados e eu já sentia o sabor da vingança, enquanto presenciava meu inimigo gritar de dor com meus golpes.

Mas ele é mal e não tem piedade. Ele merece sofrer. Depois de tudo o que fez com Gwen, ele merecia sofrer tudo em dobro. E eu estava me esforçando para que ele sofresse tudo isso.

Porém ele conseguiu desviar meus golpes e pulou para cima de mim, me golpeando com força no rosto. Caí para trás e bati a cabeça. Minha visão ficou embaçada, e eu senti uma tontura horrível. Então o maldito Duende se aproveitou da situação e me bateu ainda mais. Ele se aproximou de mim e tirou minha máscara, jogando-a longe. Então, apesar da visão ainda embaraçada, eu o fitei com ódio, e continuei a lançar todos os meus golpes contra ele. Até que finalmente tive uma brilhante ideia.

Enquanto me atacava, o planador continuava parado no ar. Ele só precisava ser chamado. O Duende não parava de me golpear, mas eu fui mais forte que ele, lancei-o com um chute para a parede, onde ele bateu de costas e caiu sentado. Continuei lutando contra ele, entre socos e chutes, até que ele mesmo pressionou seu botão para chamar pelo planador, que dessa vez não poderia me atingir.

Na mesma hora, me abaixei, e quando me levantei vi duas pontas afiadas do planador cravadas no corpo do vilão, quase morto. O sangue dele jorrava, e eu sabia que ele não iria aguentar. Aproximei-me dele e retirei sua máscara, o rosto enfurecido e coberto de dor, era realmente de Norman Osborn, o pai de Harry.

Cheguei mais perto dele e disse algo antes de presenciar a derrota eterna do meu inimigo:

– Esta luta está terminada. – declarei vestindo minha máscara e lançando minha teia sobre os edifícios da cidade. Agora, mais do que nunca, eu só precisava estar no hospital ao lado de Gwen. E foi para lá que eu segui, deixando para trás um homem morto, que só assim foi obrigado a deixar seus bens materias e seu luxo, junto com seu filho, que era o menos importante para um homem tão cruel.