POV Jade.


Eu me sentei naquele balanço enferrujado que raramente meu irmão usava para fazer mais uma de suas artimanhas. Eu estava alguns minutos adiantada e me sentia uma perdedora por isso. Normalmente, eu me apronto e fico esperando do lado de dentro de casa, até Beck vim e buzinar. Então eu saio e vou ao seu encontro. Mas hoje era diferente.

Não havia sol e eram quase seis horas da tarde. O céu estava nublado e alguns trovões fortes eram ouvidos. Eu sorria a cada um, enquanto os contava e aumentava a minha lista. Agora eram 3.

Passei minha mão na barra do meu vestido vermelho. É, eu sei que Jadelyn West quase nunca usa vermelho e jamais usaria um vestido desta cor. Mas hoje era diferente.

Era Halloween, ou dia das bruxas. O que preferir.

E neste Halloween eu finalmente convenci Beck de meditarmos em meio ao cemitério, fazendo sol ou chuva, ele com muito custo aceitou. É muito melhor do que sair para pedir doces com Cat e Tori durante toda noite. O vestido vermelho estava em meio ao caso porque eu queria me fazer como uma dama para os espíritos. Mesmo assim acho que fiquei meio fora do conceito de dama, pois ele é meio curto e rodado, e frente única com um decote emerso em clivagem.

E eu não poderia falar nada, era o único que havia dentro do armário "Quase não usado" de minha mãe.

E também eu não me importei muito, era apenas eu e Beck. Beck e eu. E é claro, espíritos e um cemitério. Sem contar com a chuva.

Sorri mais ainda. Como meu Halloween poderia ser mais perfeito?

Logo avistei o carro dele chegando rapidamente. Eu mordi meus lábios e me levantei do balanço, ajeitando meu vestido bagunçado. Ouvi mais um trovão e sorri, ele sorriu para mim também.

Fui até a calçada e parei em frente ao carro, ele veio até mim e me beijou.

– Você está linda. - Beck olhou nos meus olhos.

– Está dizendo que eu sou feia nos outros dias? - Perguntei com raiva, ainda sim brincando.

– Não, é claro que não! - Ele levou isso como uma... Indignação? - Estou dizendo que você está mais linda ainda hoje... Com esse vestido.

Ele segurou minha mão por cima de minha cabeça e me rodou. Eu girei sorrindo e me virei para ele, ainda com aquela cara boba de "whoa!". Tive que rir de sua expressão.

– Pronto para visitarmos os mortos? - Eu me inclinei e aproximei dele.

– É, sim... Eu acho.

– Vamos então. - Ele concordou e me seguiu até a porta dos passageiros, Beck abriu ela e fez um gesto para mim entrar, educadamente. Eu assenti e sorri, revirando os olhos. Logo que me viu confortável no banco, ele fechou a porta e foi para o outro lado.

–-

– Não é lindo? - Eu sorri, olhando a escuridão maravilhada. O céu estava em uma mistura acinzentada de marrom e palha. E o chão de terra preta úmida. Ugh, eu odeio essa palavra. Tudo parecia tão... Denso e molhado. Mesmo ainda não tendo chovido. Beck estava logo atrás de mim e eu juro que estava parecendo uma criancinha em Disneylandia.

– É, deve ser. - Beck concordou e eu me virei para ele.

– Trouxe as velas? - Eu perguntei. Ele assentiu e apontou para sua mochila jogada nos ombros.

– Estão aqui.

Não pude deixar de sorrir. - Então vamos lá, está perfeito o cenário.

–-

Aproveitamos um clarão ao lado de um lago verde escuro e gélido, e colocamos uma toalha de piquenique por cima das folhas alaranjadas, molhadas e secas. Posicionei as velas em alguns lugares e as acendi. Beck ainda parecia desconfortável com meu modo de comemorar o Halloween.

– E então o que vamos fazer agora? - Ele perguntou. - E por que essas velas? Vamos chamar alguns espíritos especiais, Jadey?

– Não me chame de Jadey, idiota. - Rosnei. - E não bocó, isso é uma tradição minha desde pequena. Vamos acender velas e meditar. Eu adoro o silencio.

– Eu também mas... - Eu o cortei. Não iria botar defeitos em meu hobby lindo!

– Mas nada. - Me zanguei. - Apenas cale a boca e me ajude a acender as velas.

Ele se levantou e ficou atrás de mim. Meu isqueiro não estava acendendo e isso me causou algum atraso fora de meus planos. Ugh, eu só quero sentar, fechas os olhos e meditar.

Mas ao invés de me ajudar com o fogo, Beck simplesmente passou os braços pela minha cintura e me puxou para ele. Levei um susto mas não emiti som. Só senti seus lábios beijando suavemente meu pescoço, várias vezes.

– Beck. - Eu não acredito na mente dele. - Beck! Caramba me solta!

Ele me ignorou e continuou seus beijos, eu tive que fazer um esforço para não gemer, se isso acontecesse ele certamente não me soltaria nunca.

Dei uma cotovelada nele e ele se afastou. - Ai!

– Não é para começar a fazer algo aqui. - Eu resmunguei friamente. - Seu louco, e se fossemos pegos?

– Ué, mas você disse que não iria ter ninguém aqui.

– Que seja, mas aqui não é lugar para isso. É só se sentar e ficar quieto. Lembre-se que eu quero silencio.

– Mas Jade... - Eu me virei furiosamente para a direção dele.

– O que foi, Beck? - Perguntei entredentes.

– Eu sou um garoto de 17 anos, com hormônios a flor da pele por esse vestido vermelho e estou sozinho em meio ao cemitério com minha namorada super perfeita e-

– Eu não quero ouvir isso de novo. - Resmunguei.

– Uh, tudo bem. - Ele assentiu meio triste. - Então... Podemos voltar para o RV esta noite e- O interrompi.

– Se você continuar falando, você não vai tocar em mim por um mês! - Eu gritei estressada.

Beck ficou quieto como múmia e eu não ouvi nenhuma palavra dele até acender a última vela e me sentar.

– Pronto? - Eu perguntei a ele.

Beck me olhou cautelosamente como se pedisse autorização para falar, eu revirei os olhos e assenti.

– Pode falar agora.

– Hm... É estou.

– Ok. Vamos lá. - Sorri e cruzei minhas pernas, respirei fundo e fechei os olhos. Pronta para a meditação.

Não fiquei nem dois minutos em silencio.

– Jade...

– O que foi? - Perguntei ainda de olhos fechados.

– Isso vai demorar muito?

– Ugh!! - Abri meus olhos e me levantei. Fui até ele. - Dá para ficar quieto? Argh! Se eu soubesse eu tinha vindo só!

– E teria recusado minha companhia que tanto adora? - Ele me olhou brincando.

– Cale a boca, Oliver. - Eu revirei meus olhos. - Não consegue fazer isso?

– Desculpe-me. - Ele suspirou. - Eu entendo seu desejo por isso e tudo mais só que... Eu não consigo me concentrar com você assim tão linda, e não que seja assim só hoje, mas para constar eu perco concentração todos os dias por sua beleza mais do que humana e - O interrompi, me sentando em seu colo e o dando um pequeno beijo.

– Está falando sério?

– É, estou. - Ele sorriu.

– Ok, deixe de ser uma seiva. - Resmunguei e Beck riu. - Você ainda quer continuar aqui?

Perguntei, pois eu realmente não estava a fim de meditar na verdade. Era uma desculpa para acender velas no fundo do cemitério em uma tarde de Halloween. - Meu tópico número 5 na minha listas de coisas a fazer.

– Hm, se você quiser...

– Eu não quero. Vamos para o RV? - Perguntei indiferentemente, com uma sobrancelha insinuante levantada, toquei em seu ombro.

Ele sorriu ainda mais. - É mas... Por que não aproveitamos a luz das velas?

Eu ri e olhei para ele como se fosse louco. - E se as pessoas verem?

– Eu não me importo. - Ele passou a mão na minha coxa e me beijou apaixonadamente, me deitando lentamente em cima da toalha de piquenique.

Quebrei o beijo, sorrindo. - Se os policiais nos pegarem, você paga a multa!

Ele riu e voltou a me beijar.