Garota De Vidro escrita por Dallas G


Capítulo 1
Capítulo 1




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Quando a primeira gota de chuva caiu em meu ombro, comprimi os lábios.

Droga.

A fila daquela máquina de café parecia interminável. Me apoiei em um dos pés, inclinando-me para cima, tentando enxergar o motivo da demora.

Balancei a cabeça de leve. Definitivamente, eu mataria Bonnie para garantir que ela não me pedisse mais favor algum. Por Deus, o que poderia causar esse alvoroço todo numa máquina de café?!

Começou a chuviscar e eu choraminguei silenciosamente pelo meu cabelo. Estava todo embolado, escondido dentro de uma boina de crochê caída para trás. Ficaria pior do que já estava. Maravilha. Contei quantas pessoas ainda faltavam para que chegasse minha vez. Seis, contando com a que acabara de sair da fila, com seu café quentinho em mãos. De repente, junto com o chuvisco, veio a frente fria. Eu também queria um café quentinho nas minhas mãos agora. E então as coisas andaram mais rápido. Faltavam duas pessoas na minha frente.

Finalmente! Minha vez.

Busquei por algumas moedas dentro da carteira e coloquei na máquina. Coloquei o copo no lugar sugerido, apertei a opção "Cappuccino" e esperei. Só esperei. Porque não caiu nenhum cappuccino dali.

Bufei. Bati na lateral da máquina, esperando que por algum milagre caísse café do céu. Certo, não necessariamente do céu, mas ao menos da máquina. Porque essa era a sua função. Era isso o que ela deveria fazer: despejar café no copo das pessoas que lhe dessem moedas porque estavam devendo favores a melhor amiga. Mas não, a máquina se recusara a dar café a mim, quem lhe dera moedas porque estava devendo favores a minha melhor amiga, e aquilo não era nem um pouquinho justo.

Só de raiva mesmo - porque depois da minha reflexão eu não esperava mais que surgisse alguma gota de café, tanto do céu quanto da máquina -, dei um chute na máquina. Um chute mesmo, pra valer.

Meu pé ficou levemente dolorido depois daquilo. Levemente.

– Quer ajuda?

Eu não respondi de primeira, porque estava ocupada demais xingando mentalmente.

– Não, obrigada - falei seca e de má vontade. Então completei ironicamente: - A menos que queira me ajudar a destruir essa máquina. Então eu ficaria eternamente agradecida, senhor.

O rapaz que estava atrás de mim riu e eu finalmente parei para ver com quem falara. Era alto, cabelos e olhos castanhos. Vestia um suéter preto e então segurei a risada, visualizando Bonnie dizendo que não se devia confiar em caras altos de suéter. Bem, o argumento nem era tão válido assim; ela tinha acabado de terminar com o namorado engomadinho da faculdade que vivia de suéter e tinha bebido demais quando havia criado a tal teoria. Bonnie quando bêbada era poética e reflexiva. Era que nem o Bob Marley quando fumava, sabe? Ela viaja legal quando ingere pelo menos uma pequena quantidade de álcool.

Ouvi alguns resmungos vindos do resto da fila, mas continuei ali, paradinha na minha. Eu havia esperado algo que parecia milênios naquela fila e ainda tinham a audácia de resmungar? Por causa de dois minutos?!

Mas, pra acabar com a minha revolta e vingança, o cara do suéter falou:

– Deixa eu tentar acertar isso aí. - E colocou uma moeda. Apertou o mesmo botão que eu e só.

E então, havia cappuccino no meu copo. Simples assim. Estreitei os olhos.

– Que tipo de bruxaria você fez?

O cara do suéter riu de novo e eu pensei que talvez ele devesse me achar extremamente engraçada, porque nem sabia meu nome e eu já tinha o feito rir na segunda frase que lhe disse.

– Gentileza gera gentileza - ele citou. - Talvez a máquina só estivesse um pouquinho carente.

Fiz careta.

– Vou fingir que ela não estava realmente de implicância comigo porque pelo menos eu tenho café.

– Boa garota. - E então ele riu mais uma vez, colocando novamente uma moeda na máquina e apertando um botão qualquer.

Antes que eu pudesse dar o primeiro passo para ir embora e finalmente entregar o café para Bonnie, meu braço foi puxado; o cara do suéter havia me impedido de sair daquele irritante chuvisco. Droga.

– Ei, qual seu nome?

Seu café já estava em suas mãos, e deixamos o caminho livre para o próximo ser que iria usufruir de um bom cappuccino nesse frio. Contra a minha vontade, claro, mas achei que seria mal educado de minha parte não acompanhar o cara que aparentemente era legal e havia me ajudado com a máquina injusta.

– Gwen - respondi vagamente, enquanto procurava Bonnie pelo parque com o olhar. Senti o olhar dele sobre mim e vi de soslaio que ele sorriu. - E você se chama..?

– Daniel. Daniel Jones. - E estendeu sua mão para mim.

Por um segundo fiquei sentida por ter que soltar do café quentinho, mas bem, ele também estava com café em mãos. Então as dele deveriam estar quentes também.

Encontrei Bonnie sentada perto do chafariz do parque, na área coberta. Definitivamente, ela não é do tipo que gosta de chuviscos.

– Bem, Daniel Jones, até algum dia - eu lhe disse, andando de costas, olhando para ele.

– Quando precisar de um café sinta-se à vontade para me chamar. - Ele riu.

– Talvez eu chame, quem sabe.

Alcancei Bonnie e ela tinha os olhos estreitos. Depois do questionário quase interminável sobre quem ele era, como eu havia o conhecido e o que eu pretendia fazer em relação a isso - coisas que, se você é amiga de alguém como Bonnie, se acostuma a sempre ter que responder -, ela finalmente bebeu o café.

– Bem - ela iniciou sua sentença. - Não confio em caras de suéter. Mas ele pegou meu café, então talvez... Talvez ele seja confiável.

Assim que achei uma posição confortável e finalmente coloquei a cabeça no travesseiro e fechei os olhos, meu celular - que eu não fazia ideia de onde eu havia colocado -, começou a tocar. Grunhi, prensando meu rosto contra o travesseiro e, de má vontade, fui atrás do telefone.

– Quem é e por que está me ligando à essa hora da noite?

Ouvi uma risada. Meu estômago roncou e fui em direção a cozinha.

– Sou eu, Catrina - respondeu. - São sete da manhã, Gwen, e sinceramente eu acho que você está de ressaca.

– Da Bonnie, então. Ressaca de Bonnie, Disney e pizza. Assistimos desenho a noite toda e aquela desgraçada deixou meu apartamento uma bagunça.

Catrina era o único ser da empresa com quem eu tinha contato além do profissional; as vezes, era bom uma amizade que chegava ao menos perto do padrão de normalidade.

Mordisquei um biscoito e peguei a garrafa de leite.

– Pois bem, sinto dizer, mas preciso de você aqui em mais ou menos meia hora.

Soltei a garrafa de leite e por um momento agradeci por ainda estar fechada.

Eu vou matar a Bonnie.

– O quê?! - indaguei. - Meu horário essa semana é às dez!

– Explique isso pro seu chefe.

Eu vou matar a Bonnie e o senhor John.

Depois de me arrumar e sair correndo à procura do sobretudo, com um café em mãos, corri como uma desesperada por seis quarteirões. Entrei no prédio apressada, indo direto ao elevador. Foi tão rápido que não percebi que havia alguém prestes a entrar no elevador também; mas quando notei, já havia pressionado o botão para fechar as portas.

Catrina me recebeu alvoroçada quando cheguei ao quarto andar, me empurrando em direção à sala do senhor John.

– Só tente não desmaiar de sono e não estrangular o John. Nossa, suas olheiras estão enormes!

Ignorando os comentários de Catrina, deixei o café em minha mesa e o sobretudo no encosto da cadeira.

Dei duas batidas na porta branca em que o nome de John se encontrava numa placa e a abri quando me foi permitido.

– Pois não, senhor John?

Ele tirou os olhos da pasta que lia e olhou para mim.

– Senhorita Collins - ele começou. - Primeiramente, peço desculpas pelo pedido repentino. Sei que não está no seu horário.

Jura, desgraçado?

– Não há problemas, senhor John.

– Tenho uma tarefa para você.

Pois é, infeliz, eu percebi. Respirando fundo, assenti.

– Diga.

– Bom, há um novo estagiário - ele disse. - Quero que você se encarregue dele.

– Certo. Quem é?

Houve uma breve batida na porta. O rosto de John se abriu num pequeno sorriso.

– Entre. - Pude ouvir a porta ser aberta. - Conheça Daniel Jones, senhorita Gwen. Nosso novo estagiário de administração.


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Notas finais do capítulo

Graças à Mari (quem me "apelidou" de Dallas k) aqui está a fanfic! yeeeeeeey ~comemoração~
Enfim, não costumo escrever originais - essa é a terceira, creio eu. Então, por favor, mandem reviews, indiquem, qualquer coisa! Autores precisam escrever para si, mas também para o público. Essas coisas incentivam demais e são bastante importantes. Thanks =3



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