THE BEACH escrita por Amber


Capítulo 1
Quase o fim.




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/289164/chapter/1

– Você tem medo! - gritei, vendo-o se afastar, ficando mais próximo ao carro. Ele se virou, me encarando confuso.
– Medo? Medo do que? - perguntou, e eu aproximei alguns passos.
- Medo de eu dizer que te amo. - disse simplesmente. Ele deixou sua boca se abrir, mas não tinha o intuito de dizer nada. Nem ao menos estava surpreso. Acho que estava procurando por ar mesmo.
– Não diga isso. - respondeu, em um tom baixo e sombrio.
– Por que? Vai dizer que não sente o mesmo? - Talvez aquela tenha sido uma pergunta um tanto idiota se comparado ao meu medo de sua resposta. Ou talvez era melhor eu saber o mais rápido possível antes de fazer qualquer bobagem desnecessária.
– Eu.. - pausou, passando os olhos pelo chão e voltando pros meus. - Eu só preciso pensar. - confessou, depois soltou um longo suspiro. Eu senti meus olhos se encherem de água mas não podia demonstrar fraqueza. Não podia demonstar o quanto aquilo me machucou. Não por ser orgulhosa, mas por não saber o que se passava dentro de sua cabeça. Talvez ele nem quisesse realmente me machucar... Só talvez.
– Já entendi.. - respondi, olhando o céu para evitar aquela maldita lágrima. Virei-me de costas começando tomar um caminho que me levaria até minha casa. Naquele estado, eu não poderia ir com ele.
– A onde vai? - ouvi-o gritar mas ignorei. Eu seguia em direção oposta do carro, em linha reta, com os braços cruzados e minhas sandálias na mão. Então, ouvi um soar da porta do carro se fechando e segundos depois, o motor ligando. Provavelmente, iria me seguir.
– Não precisa fazer isso. - ouvi sua voz ao meu lado, quando percebi que seu carro andava lento, a meio fio, acompanhado meus passos desajeitados pela pequena camada de areia que combria um pedaço da rua.
– Ah não precisa? - bufei. - Que ótimo, porque eu acho isso necessário até demais. - respondi, apressando meus passos em uma atitude idiota porque óbviamente, ele conseguiria me alcançar de qualquer maneira.
– Olha.. você não pode me amar. - sussurrou me fazendo parar completamente. Eu me virei para que pudesse fitar seu rosto. E encontrar seus olhos verdes foi como querer ir mais fundo em um grande poço que eu não sabia se tinha fim ou não. Dentro deles, havia um misto de tristeza e confusão. Meu coração, só por ver meu reflexo em seus olhos, se disparou e se o barulho do mar não fosse tão alto, ele poderia ouvi-lo. Minha respiração se alterou, mas se misturou com o vento forte que batia.
– Por que? - perguntei, depois de alguns breves momentos tentando entender a que ponto ele gostaria de chegar.
- Porque eu sou um completo idiota. - disse, suspirando logo em seguida. Seu tom de voz me soava sincero, mas ao mesmo tempo, temeroso. Acho que sentia medo de demonstrar fraqueza. Bom, se ele sentia, eu o entendia completamente.Eu apenas o fitava sentindo o vento gélido bater contra mim. Eu nem ao menos sabia direito o que falar. Aquilo me pegou desprevinida.
– Olha.. - continou ele, depois de perceber que eu não falaria nada. Ele saiu do carro, ficando de frente pra mim. Eu não me movi, e nossos corpos estavam quase colados. - Eu não quero me entenda mal. É só que.. Meu coração é tão frio que as vezes eu nem sei se tenho realmente um. - ele riu sem humor algum. Seu rosto estava voltado pro chão e, provavelmente, encarava seus próprios pés. - Eu sei que sinto por você algo forte. Forte até demais. Só que não posso mentir pra você. Só de pensar nisso... olha ai, já me machuco. - Ele retornou seu olhar pra mim, agora sério. E cada palavra que ele dizia, eu sentia que as lágrimas estavam prestes a cair sobre meu rosto. Assim como as dele também.
– Eu só não quero te machucar, entende? Você é tão importante pra mim.. - Ele se aproximou, colocando suas mãos em meu rosto. Fechei meus olhos após sentir espamos por todo o meu corpo. - Eu fui um grande idiota por toda a minha vida. Agora você entra e me faz sentir algo que eu nunca pensei que existia. Suas palavras soavam doces e suaves como folhas ao vento. E cada palavra que ele dizia, eu ia até o céu e voltava. Por um breve segundo eu senti culpa. Culpa por culpa-lo. Talvez eu devesse ir devagar, entender que realmente pra ele era dificil. Mas o que gritava dentro de mim, era o mesmo que ansiava por resposta. Eu queria que ele me amasse. De qualquer jeito.
– Desculpa. - sussurrei, desviando meu olhar. Sua mão tocou meu queixo, retornando-o. Seus olhos, que refletiam a luz da lua, estavam mais vívidos do que nunca. Eu nunca os vi mais bonito, mais sinceros. Era como estar mirando uma constelação cheia de esmeraldas que refletiam um intenso brilho verde.
– Por que está se desculpando?
– Não sei..- respondi, fechando os olhos. Quem sabe se eu não fitasse os seus, conseguisse voltar a linha do raciocinio no lugar.
– Boba. - disse, me fazendo despertar. Sua expressão estava doce e em seus lábios um sorriso brincava. Era tão... sincero. Eu não me contive e sorri de volta. Ele então, selou nossos lábios em um beijo breve, sem movimento algum. Mas já foi o suficiente para que meu coração acelerasse quase pulando pra fora.
– Não vai embora. - pediu, depois de partir o beijo. - Mesmo que eu tenha sido um idiota.- Ele mordeu seu lábio inferior e entrelaçou nossas mãos. - Só me entenda... Por favor. Só não me deixe. Não agora que eu já me entreguei a esse sentimento sem nome. - Eu assenti com a cabeça e como em um raro momento, eu não tinha o que falar. Ele estava visivelmente confuso e sendo absurdamente sincero. Eu podia ver naquelas malditos olhos que nunca mentiam. Que eram puros caminhos errados. Depois daquelas palavras, meus sentidos estavam mais brandos. Eu não sentia raiva, nem ao menos tristeza. Algo nele me hipnotizou e acabou tirando toda aquelas angústia que tinha dentro de mim. Mais um motivo pra eu ter absoluta certeza que o amava.
– Tão pensativa...- disse ele quando percebeu que eu havia me afundado em devaneios. Eu sorri, olhando seus lábios se transformarem naquele sorriso que eu tanto amava. - Fala alguma coisa. Estou começando a ficar desesperado. - sorriu fraco.
– Desculpe. É que eu não esperava isso. - confessei, apertando nossas mãos para que ele sentisse que eu não estava longe quanto parecia.
– Eu imagino. - respondeu com uma pontada de tristeza.
- Mas não se preocupe.. - assegurei - Não tem como você me perder. - Ele sorriu e foi como se passarinhos cantassem pra mim. Sua mão foi até meus cabelos, deslizando por esses parando até meu pescoço. Seus lábios então, retornaram pros meus ainda em um beijo suave. Eu deixei que minha mão afagasse seus cabelos gelados pelo vento, e com a outra, fiz carinhos em seu rosto. Eu nem consegui me concentrar no frio que fazia enquanto nos beijavamos. Eu até esqueci completamente de onde estavamos. O barulho das ondas se misturava com o nosso beijo fazendo uma trilha sonora tão natural. Mesmo com meus pensamentos a mil, eu não deixava de ser tão estupidamente entregue àquele sentimento. Aquele beijo. Alias, eu não conseguia nem traçar uma linha de raciocinio direito, estando tão engatilhada com ele desse jeito. Quem sabe fosse melhor esquecer, deixar pra lá, viver aquilo. Apesar de saber que eu não seria capaz de fugir. Não quando meu coração dóia só de pensar que eu teria que passar a noite inteira sem ele.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado da short fic. Pretendo postar mais shorts, só coloque essa pra ver como seria a reação.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "THE BEACH" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.