Aurora escrita por Rafaella Dovhepoly


Capítulo 20
Capítulo 19 - Alice


Notas iniciais do capítulo

Achei que seria maior :c
Trilha sonora:
Cícero - Açúcar ou Adoçante?
Story of a man - Tiago Iorc



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Por algum tempo eu segui o malandro pelas suas costas. Estava pensando no quão a cidade parecia quieta às horas escuras. O sossego que pelas ruas eu encontrava era melhor que estar dentro de uma cama quente após um banho de espuma demorado, afinal, tinha quase certeza de que encontraria uma atmosfera de ódio compartilhado rondando todos os indivíduos presentes. Teríamos garrafas de bebida alcoólica quebradas pelos cantos e provavelmente paredes quebradas pelos punhos furiosos de vampiros que pareciam mais humanos sentimentalmente. O quarto pareceria mais uma casa abandonada e a camareira teria um enorme susto quando encontrasse assim.

Foi depois de passarmos algumas ruas com ainda algumas pessoas que eu passei para o seu lado, ambos andando rapidamente,porém apenas eu via o bafo de fumaça que saía de minha boca porconta da baixa temperatura. Meus dedos estavam gelados mesmo que dentro do bolso.

– Eu ainda não sei seu nome. - falei.

– Mitch. Não precisará saber mais que isso. - ele deu uma espécie de sorriso relâmpago.

– pra onde estamos indo, Mitch?

– Você verá, Campbell. - Ele respondeu, meu celuluar vibrou e ao pegá-lo vi que Lauren havia me mandado uma sms.

Liguei para o seu celular.

–Onde você está, Lice?

– Lauren, me diga que você está no hotel.

– Rá rá, sozinha com aqueles vampiros doidos? Sério Alice?

Minha boca se abiru antes de responder, mas ao invés da voz sair, o ar entrou.

– Escute, Lauren...

– Só me diga onde está, por favor. Não quero mais ficar sozinha e me meter em encrencas. Seria legal se você deixasse eu participar das coisas agora que ambas sabemos sobre...

– Lau...

– Ela está a duas quadras de distância de nós, posso ouvir a voz dela. - Mitch falou.

– Eu venho te buscar, sei onde você está, tudo bem?

lauren suspirou de alívio por meio segundo.

– Claro... - eu já havia desligado quando ela ia falar mais.

Voltei as benditas duas quadras e encontrei a cabecinha negra fitando a vitrine de uma loja de roupas. Ela sorriu ao me ver e continuou assim até que chegou bem perto de mim para poder falar.

– Como sabia que eu estava aqui?

Mitch estava logo atrás de mim, tinha acompanhado meus passos tão silenciosamente que chegava a ser assombroso. Ela o percebeu e suas sobrancelhas arquearam-se em entendimento. Ele não a cumprimentou formalmente, apenas um erguer de cabeça. Ela olhou para mim e colocou-se ao meu lado, pronta para partirmos.

Eu estava torcendo para que não nos encontrassem realmente, pensando em hipóteses extremas como confundir nossos cheiros ou acabar sendo surpreendidospor alguma gangue que os atrasassem por um tempo. Planos falhos.

Pode aparentar ser clichê e aquele tipo de romance que você mastiga mas não engole mais por ter enjoado do gosto, mas, era incrível como o que me fazia bem poderia me fazer tão mal nesses últimos tempos e me causar tanto remorso quanto agora. Nas últimas horas, senti meu corpo fora da gravidade Terrestre, sendo moído por um martelo gigante cheio de sentimentos - não só meus - e de confusas decisões. Isso parece ser tão rídiculo, coisas que nos destroem, coisas de adolescente. Mordi o lábio. Como eu odiava parecer ser fraca emocionalmente, ser normal, parecer uma desesperada por acertos em minhas crises, querer ser madura o suficiente para poder enfrentar qualquer merda que sumisse por meses depois de ter feito com que eu ugh, me apaixonasse por ele. Era isso, eu tinha repulsa de ter todos esse hormônios pulando por fora da pele, de ter todos os meus momentos explosivos, de pensar sobre isso. Repulsa mental, era o que eu mais tinha. Ri comigo mesma em minha mente, forcei o maxilar. Crises, momentos explosivos, vocabulário de menina. Olhe só, até que ponto crítico e deturpado que cheguei de mim mesma.

– Chegamos - ele disse. E a porta foi aberta, uma porta de aço, devido ao perigo do bairro. Era reconhecível a criminalidade da região, já que muitos prédios estavam abandonados, pixados e cehio de tábuas de madeira pregadas sobre a parte interna dos prédios nas janelas. Não houve uma batida estratégica, nem uma parte da porta em que foi aberta aparecendo apenas um par de olhos misterosos. Não houve nada.

Entramos e uma música alegre invadiu meus tímpanos, o bafo de calor bateu na pele de meu rosto, pessoas conversando animadamente, como se estivéssemos num bar amistoso. Lauren pegou na ponta de meus dedos numa forma de segurar a minha mão. Estávamos numa parte interna de um estabelecimento pelo o que percebi, já que o tilintar de canecas assim como o encher delas ecoava por onde estávamos a cada dez segundos. Algumas pessoas gritavam alto demais e outras riam bastante. Resmungos vindos em nossa direção de um cozinheiro mau humorado foi o que ouvi em seguida.

A pessoa carregava um grande saco de lixo, cheio de latas de cerveja. Estava reclamando de algo que eu não pude entender bem, seu francêstinha um sotaque internacional e eu estava bastante enferrujada na língua.

– Boa noite, Lorence. Veja só o que trouxe para Pierre. - Mitch disse. Seu tom de voz não era animado, parecisa só esconder alguma coisa.

– Grande bosta - ele disse num bom tom inglês - trouxe mais putas! Só isso.

Lauren abriu a boca ofendida.

– Que surpresa agradável saber que nosso colega sabe falar inglês. - eu disse em minha linguagem materna. - Só é triste saber que educação nunca deve ter tido.

Ele me olhou surpreso porém com a mesma expressão resmungona. Fez um gesto com as mãos abanando o vento numa tentativa de nos tirar dali.

– Você não tem ideia nenhuma de quem ela é, certo Lorence?

Revirei os olhos, chega disso, já estava me irritando. Puxei a mão de Lauren até a parte de dentro e descobri que meus palpites estavam certos: estávamos num bar. Era quente pelo calor humano que ali havia, as pessoas se sentiam confortáveis sentadas com seus companheiros. E ainda, a parte de dentro era revestida de madeira em metade das paredes e em parte da bancada, a tinta que ia da outra metade da parede até o teto era creme e todas as cores combinavam. As mesas e cadeiras eram duma madeira mais avermelhada e ainda haviam alguma prateleiras repletas de vinhos antigos e caros da região. O chão era de piso, na cor branca e parecia sempre impecável. Como se fosse novo ainda, mas erapossível saber que o bar tinha muitos anos, por uma placa dizendo sobre sua origem na parte da frente da vitrine, que por sua vez mostrava uma rua ainda cheia de pessoa nas mesas da calçada e carros passando. Parecia uma nova parte da França que ainda não foi conhecida.

– Acho que gostei desse lugar. Parece ser bem acolhedor. - Lauren comentou, lebrando que ainda segurava em minha mão.

– Sim - respondi. Era realmente diferente do lugar que Pierre tinha anos atrás. Lembro que passei as férias aqui uma vez, de tanto que ele insistira aos meus falsos pais. Fora uma bela época. Ri comigo mesma.

– Vamos sentar um pouco? Adoraria tomar alguma coisa quente. - Lauren perguntou.

Sentamos. Pedi um copo de vinho tinto, ela um chocolate quente. Haviam algumas crianças ali junto aos pais, elas estavam se acabando de comer os petiscos e tomando chocolate quente.

– Tenho medo de nos encontrarem, Alice. Sabe... eu ando bem perdida ultimamente. Phixxon e Jared estão me matando por dentro. - ela murmurou.

Eu gostaria de dizer o mesmo, mas resolvi ficar quieta sobre mim.

– O que eles fariam Lauren? Bater em você? Olhe, estamos num momento difícil, eu sei. Só tenha certeza de que as coisas irão melhorar.

Mitch surgiu em nossa frente.

– Sabem garotas, soube que Pierre viajou para a casa de um amigo tratar de nogócios e volta só amanhã. Não querem trocar de roupa e descansar da viajem? - Mitch não tinha mais a cara de malandro, parecia alguém que eu conhecia por anos e podia confiar até o fundo de minha alma.

Então eu tive uma ideia, que na verdade era uma fuga que eu cometia sempre que estava me sentindo atordoada mentalmente.

– Lauren, está com sono?

– Hm... - ela fitou o chocolate quente e balançou a cabeça negativamente - Não, dormi muito no carro e no avião. Porque?

Virei minha cabeça para Mitch.

– Vou precisar de um grande favor seu Mitch... - Ele segurou as próprias mãos interessadamente amigável. - Adoraria mudas de roupas novas para nós duas e um carro.

– E se me permite dizer, Campbell, um lenço demaquilante.

– Ah, é. Claro - Sorri amigavelmente. Tinha esquecido de minha maquiagem borrada.


Eu estava vestindo um vestido vermelho cheio de lantejoulas vermelhas com um salto clássico preto e usava por cima uma jaqueta de couro. Meu rosto estava limpo e devidamente arrumado assim como meu cabelo recém ruivo, cuja tinta preta ele havia praticamente consumido por completo. Lauren estava com seu cabelo negro preso num rabo de cavalo após estar sabendo do que estávamos prestes a fazer, estava com uma calça de couro e uma jaqueta preta além de uma gladiadora da mesma cor. Usava também uma camiseta mais comprida, que passava um pouco de sua cintura da cor branca. Eu sorri maliciosamente.

Pegamos o carro, um Porshe preto fosco com insufilm totalmente negro para que não pudéssemos ser vistas. As roupas tinham cheiro de lavanda, cobrindo um pouco o cheiro de cada uma. Eu dava graças a isso. Lauren via uma boate um pouco mais longe do bar de Pierre no GPS do carro enquanto eu dirigia tranquilamente.

– L'extase de la fleur. - Ela leu. - O que acha dessa?

– Está perfeito pra mim, o que você acha? - Ela mordia o lábio.

– Virando a próxima a direita então... - Ela sorriu levemente.

Chegando na boate, o segurança perguntou se tínhamos alguma reserva na área vip. Logo o reconheci de uma antiga casa noturna de Little State, ganhou uma proposta melhor aqui na França e no mesmo dia arrumou as malas. Ele me reconheceu também e deixou que n´so entrássemos sem pagar nada.

As luzes atrativas para a pista de dança como sempre, os jogos, o bar, o álcool, drogas e cigarro como sempre. Lauren suspirou, preparando-se para se divertir novamente. Nós então decidimos dançar primeiramente, álcool viria depois. Admitos que ambas dançavam bem, sem aquele vexame que muitas pessoas tinham na balada. Sempre gostei de dançar, é algo que te ajuda a sair um puoco de você mesma e deixar que a sua mente passeie um pouco na música. Ao contrário de muitas meninas por aí, eu rebolava e mexia bem meu corpo, com uma confiança que me assustava de vez em quando. Muitos caras começaram a dançar conosco, querendo encochar e se divertir de outras maneiras, alguns sóbrios e outros bêbados. Dei graças por Felipe não estar pro perto, arrnjaria briga na hora e acabaríamos ficando com má impressão em mais um lugar. Murilo ficaria de cara feia e apenas pediria para que dançássemos em outra parte da pista. Como se os outros caras não tivesse pernas.

Lauren chegou em um ponto de animação que começou a se soltar mais na dança. Sua música preferida havia começado e ela havia aproveitado a deixa. Não tínhamos onde jogar os sapatos e nossos pés já doíam pela dança. Resolvemos dar uma pausa então para algumas bebidas. Tomei um Greyhound e ela uma dose de Vodka pra esquentar mais do que suávamos.

– Você deve gostar de beber em... - Disse um moreno observando eu mandar goela abaixo a minha terceira dose de Greyhound.

– E no que isso interessaria a você? - perguntei pedindo mais uma dose.

– Me divirto mais com meninas que gostam de beber. - Lauren observou o menino despreocupada e sem querer deu uma cotovelada no loiro ao lado dela quando ele puxou conversa.

Ele usava um anel de prata do indicador direito, uma camisa azul levemente listrada - constatei isso com as vezes em que as luzes mais claras passavam sobre seu corpo - e uma jeans preta. Seus olhos eram castanhos e cheios de interesse. Inclinei minha cabeça sem nenhum sinal de expressão interessada.

– Porque não vamos dançar? - ele perguntou.

Tomei o último gole de minha bebida e dei de ombros levantando do banquinho do bar.

– Lauren, irei dançar, não se preocupe - disse por fim quando seus olhos percorreram o cara e a mim.

Então dançamos, sua mão segurava meus quadris enquanto seu corpo grudava completamente no meu. A luz parecendo infiltrar minhas pálpebras mesmo fechadas. Ele sorriu ao me ver abrir os olhos, maliciosamente e com isso aproximou-se para me beijar. Sem sucesso. Rápido demais, pensei comigo mesma. Dancei com ele por mais algumas duas músicas até que observei Lauren vindo em minha direção. Larguei-o lá e passamos a dançar juntas novamente. Fogo nos pés foi o que eu senti durante as quatro músicas passadas e resolvi acender um cigarro na área de fumantes após isso. Baforadas e fumaça dançante que chegava a ser extrovertida. A batida da música ainda chegava em meus pulmões e meu pensamento foi até onde esses benditos vampiros poderiam estar. Por um tempo hesitei em como seria improvável que ninguém tenha tido um ataque e vindo atrás de nós. Aquilo era muito estranho.

Talvez, bem talvez, Murilo estivesse furioso, mas a resposta que mais me fazia sentido era de que a ressaca não daria espaço para esse tipo de raiva. E Felipe... Bem. Não tenho certeza quanto a isso. Mas quanto a Jared e Phixxon? O que eles estariam passando e pensando? Parei por um isntante.

Por que eu me importava com isso?

Voltei e encontrei Lauren dançando com o loiro e rindo. Fiquei observando-a por um bom tempo e sorrindo de levinho. Pedi uma garrafa de Vodka pro caminho. Estava amanhecendo já e era provavelmente por isso que ninguém havia ido atrás de nós duas. Esqueci completamente das horas que se passavam rápidas demais.

– Lauren - puxei-a pelo cotovelo - está amanhecendo, precisamos voltar.

Suas sobrancelhas ergueram-se. Saímos dali sem pagar nada (porque eu havia dito que as minhas bebidas estavam na conta do moreno) e com a minha garrafa de vodka. Nos divertimos e rimos nas conversas do carro. Chegando novamente ao hotel onde os vampiros estavam, chegamos na frente das portas e nada aconteceu.

Olhei para Lauren e entrei no quarto que seria nosso. Vazio. Bati na porta do quarto de Felipe e Phixxon. Nada.

– Alice... o que acha que aconteceu?

– Eles foram atrás de nós. - eu sorri para mim mesma.

– Mas onde estão? - Ela coçou os olhos. Um de seus cílios postiços soltou-se de seu olho e caiu, em resposta ela deu de ombros.

– Bom... É de manhã. Provavelmente em algum lugar que tenha sombra e estarão lá até escurecer. - Eu segurava uma risada. Peguei o outro cílio postiço e tirei de seu olho, pois a diferença entre um e outro era grande.

Ela segurou minha mão novamente e fomos andando descalças até o quarto que seria nosso. Quando entramos - após esperar um bom tempo até que achássemos o cartão atrás do extintor - jogamos os sapatos do lado da porta, logo eu peguei minha bolsa para trocar de roupa enquanto Lauren sentava na cama, fitando minhas mãos. Seus olhos andaram até o meu pescoço e lá ficaram por alguns segundos até que piscassem e voltassem aos meus olhos.

Ela abriu os lábios, fechou-os e franziu-os.

Sabia que tinha encontrado meu colar, que o encarava pensando não em Murilo, mas em Jared e todos os problemas em que eu a coloquei. Claro que esta última parte eu não tinha certeza, mas se estivesse em sua pele pensaria dessa maneira. Nós estávamos fugidas de Alpha, tínhamos acabado com a sua família e agora mudamos de país só para procurar meu padrinho Pierre.

E ainda assim eu a metia em um triângulo amoroso.

Não podia afirmar com todas as minha certezas de que o que passávamos era o mesmo - tirando o fato é claro, de ter um vampiro com quem ia se casar obrigatoriamente se declarando romanticamente tempos antes de morrer -, mas envolvia mais de alguém pra amar e mais de uma noite pra chorar. Além é claro de nossos pais - fossem eles mortos ou não - e de nossa própria loucura adolescente - repugnante em meu caso.

– Porque andamos com aquele desconhecido hoje? - ela perguntou.

– Precisamos de um lugar pra ficar, além de estabelecer de novo nossos negócios.

– E ele por acaso tem esse lugar pra vender ou alugar? - Ela parecia com um pé atrás do que dizia, por talvez não saber direito sobre o assunto.

– Na verdade, sei que Pierre nos ajudará com um lugar por enquanto, mas Mitch nos ajudará com algo bem melhor. - Eu sorri bem satisfeita.

– E o que seria isso? - Sua pergunta saiu desconfiada.

– Muito dinheiro. Além é claro, da popularidade.

– Mas -houve uma pausa de milésimos de segundos - Alice... O que teremos que fazer?

Abri a boca e instantaneamente calei-me por um momento, o que eu planejava não incluia Lauren, como na maioria das vezes, porém dessa vez eu sabia que ela ficaria brava já que se considerava parte da... família... agora. E se pensássemos bem, eu não tinha planejado nada ainda.

– A única coisa que sei até agora, é que vamos achar a princesa Callaham. Já que os seus pais estão morrendo de preocupação sobre seu paradeiro.

Ela franziu o cenho. O quarto com cobertas e cortinas vermelhas pesadas estava bem silencioso. O carpete creme combianava com o papel de parede e com os móveis cor marfim, haviam velas em cima da cômoda e pelo o que eu tinha visto de relance, no banheiro. Na parede leste ao lado da porta da sacada - coberta por uma grande e espessa cortina - havia um quadro, uma réplica da Monalisa e na parede norte, - onde uma TV havia sido instalada - a porta do banheiro, perto da porta de entrada, situada na parede oeste. Havia ainda um sofá para assistirmos TV, eu também não tinha reparado no espelho ao lado da porta do banheiro; Lauren então entendeu que o rei e a rainha não eram exatamente como nós. Estavam mais para o tipo de cara que fugimos.

– Como faremos isso? - Ela perguntou.

– Daremos um jeito, Lau. Daremos um jeito. - eu murmurei, olhando para a cortina veneziana que cobria a sacada. Suspirei.

– Sabe, Lice. - Ela sorriu olhando para sua roupa e depois olhou fundo em meus olhos. - Mesmo que eu esteja passando por coisas ruins, estou tendo um dos meus melhores anos.

Sorri de volta.

– Está cansada? - perguntei. - Ainda podemos arranjar uma festa. - Sorri de leve, brincando.

– Estarei pronta para mais uma. - Ela tirou a roupa ficando só de calcinha e sutiã - Depois de algumas horas e um bom banho. - Ela deitou na cama e sorriu, fechando os olhos.

Levantei e observei a rua da sacada, a Torre Eiffel bonita de longe e os carros passeando tranquilamente pela rua estreita. As pessoas caminhavam rumo aos seus objetivos assim como estávamos por fazer. Tirei meu vestido, entrei no banho e coloquei uma música pra tocar enquanto ficava na banheira relaxando. Quando me dei conta, meus dedos das mãos estavam enrugados. Troquei minha roupa por um short e uma camiseta do AC/DC que deveria ser de Felipe; Quando peguei meu celular, tinham 34 ligações perdidas dele, assim como 25 sms exageradas. Suspirei. Não dei dois passos em direção a porta quando o telefone do hotel tocou.

– Alô? - Perguntei.

– Senhorita Campbell?

– É ela mesma.

– Temos uma ligação para a senhorita, Pierre Mouchè, gostaria de recebê-la?

– Claro.

– Vou repassar... - poucos segundos foi o que esperei.

– Alice, minha querida, onde está?

– Olá... Padrinho. Ainda no hotel, esperando você.

– Bom, cheguei faz pouco tempo, será que pode me encontrar aqui no bar?

– Claro, estou indo para aí agora mesmo. - Desliguei.

Quando saí, a porta do quarto de Murilo e Jared estava entreaberta. Não conseguia ver nada de anormal pela fresta que ali aparecia, mas a porta estar meio aberta já era algo estranho. Então eu entrei e encontrei Murilo sentado no chão, com a cabeça pendendo para baixo e uma garrafa de vodka vazia em sua mão.

– Murilo... - Disse enquanto chegava em sua direção e agachava para erguer sua cabeça. Ele não respondia. - Murilo. - Quando sua cabeça foi erguida, seus olhos abriram e esses não eram mais castanhos, eram de um amarelo bem claro, chegando quase no branco. - Murilo! - Falei mais alto.

Ele não respondia. O pânico encheu minha voz e eu passei a tremer, mexi em seu rosto muitas vezes.

– Murilo! - Eu gritei.

Ele automaticamente pulou em cima de mim, me prendeu com a força que ainda tinha e então seus olhos voltaram ao castanho, me encarando assustadoramente por muitos segundos.

– Murilo... - minha voz falhou. O quarto estava escuro, mas ainda era possível ter uma parte de luz sobre ele. - Você me assustou.

Ele fitava agora o colar.

Meu peito subia e descia por conta do nervosismo. Seus dedos foram me soltando aos pocuso e fazendo carinho de leve por onde apertaram.

Ele me fitou novamente, com os olhos novamente sem brilho, magoados. O silêncio invadiu nossos corpos e sua mão direita segurou meu pescoço.

Ele me beijou.


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Notas finais do capítulo

desculpem, esse saiu ruim, mas...
fuck it.



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