Sou lembrança do passado

Agora sou a prova viva

De que nada nessa vida

É pra sempre até que prove o contrário

(Sensações – Paula Fernandes)

E agora eu estou aqui no shopping com elas, quando eu saí de casa, eu realmente pensei que ia ficar um clima estranho, sei lá, eu as conheci hoje, mas com aquelas duas não existe clima ruim, clima tenso e muito menos silêncio – risos - .

Já deve fazer umas duas horas que a gente tá aqui, acredite se quiser, nós só fomos a duas lojas até agora.

Culpe a Jenni, eita garota decidida pra não falar a verdade, ela entra em uma loja, pega umas vinte mil roupas para provar, depois coloca defeito em todas elas e deixa de lado, volta e pega mais roupas para no final comprar uma das primeiras roupas que ela provou, isso é sério.

Eu quando cheguei aqui eu peguei exatas três peças para provar, levei duas e to aqui esperando...

Já a Lily ela é sempre pra cima e fica fazendo piadinhas a cada vez que a Jenni saí do provador, é totalmente hilário.

– Desculpa se vocês não, mas eu tenho um namorado para impressionar – Jenni diz rebatendo que estávamos reclamando dessa demora toda sem um porque, fazendo pose de como quem joga cabelos, o que nós fez rir.

– Desculpa aí senhorita joga cabelos, mas e lá precisa impressionar aquele idiota? Ele é meu melhor amigo desde sempre e eu nunca vi ele tão parado na de uma garota durante a minha vida inteira – Lily conta, ela conhece o Nate desde os quatro anos, na verdade eles dois me lembram um pouco eu e o Gus.

Estou com saudade daqueles idiotas, como será que estão às coisas por lá, hoje eu me peguei pensando se daqui a algum tempo ainda iriamos manter a comunicação, uma coisa é certa, não vai ser como antes, podemos continuar amigos para sempre, mas essa é uma parte da minha vida que eles não estão presenciando assim como eu não estou presenciando a deles e eu preciso de alguém que veja a situação para me ajudar. Fora que olhar para cada um deles me lembra de parte dos três anos mais felizes da minha vida. Volto dos meus devaneios com a Jenni e a Lily estalando os dedos na minha frente.

– Em que planeta você estava? – Lily pergunta.

– Melhor responder em quem! – Jenni fala lançando um olhar malicioso.

– Ei! Ei! Estava lembrando-me do Brasil, meus amigos, minha família – Dou de ombros, tentando omitir a parte de que meus pensamentos todos acabavam de um jeito ou de outro se voltando para aquele idiota.

– Ah – Lily parece totalmente convencida.

– Ou seria de um gatinho brasileiro em especial? – Jenni pergunta segurando o riso.

– O que o Ryan te contou? – Pergunto assustada.

– O Ry não me contou nada, mas você acabou de se entregar – Jenni diz rindo, Lily a acompanha e levanta seguindo em direção ao caixa.

– Droga! Não acredito que caí nessa! – Murmuro batendo a mão na minha própria testa.

– Ah, pois a senhora agora vai me contar tudo! – Lily me puxa pela mão.

Dirigimos-nos em direção a Starbucks do shopping, fiz o meu pedido de sempre, Frapuccino e Cookies, eu estava pensando se seria o certo fazer em contar tudo para elas, que nem reparei no que elas pediram.

Nós sentamos nas mesinhas que tem envolta.

– Tá agora conta – Lily diz cruzando os braços a atura do ceio.

– Vai, vai – Jenni diz batendo as mãos em sinal de empolgação. Riu do ato infantil dela.

E acabo contando a história, com as mesmas palavras que utilizei para contar para o Ryan, no final da história as meninas estavam quase ligando para o Lucas e batendo nele via telefone, segundo elas – ri disso – eu estava me sentindo melhor contando isso para elas, sei lá, eu não sei explicar, mas sabe quando você apenas sente que pode confiar inteiramente na pessoa? Tem coisas que eu consigo contar para quem me transmita essa sensação e não conto para pessoas que eu conheço há mais tempo. Eu sei, é difícil de entender.

– Agora é a vez de a Lily contar o quanto ela é apaixonada pelo Josh – Jenni diz rindo ao ver a Lily mudar de cor, ela ficou tão vermelha que achei que ela poderia entrar em erupção em segundos – exagero pouco – risos- só um pouquinho -.

– Ah qual é não é tão mal eu saber disso, além disso, eu já tinha notado o olhar mortal que você deu para mim quando o Josh disse sobre brasileiras – Eu digo e ela cora ainda mais.

– Desculpa – Ela diz e acaba saindo quase como um sussurro.

– Ah qual é, conta para ela a história de vocês, eu acho linda – Jenni diz com a expressão sonhadora e o olhar vago.

Lily olha para baixo, pigarreia e começa a contar a história.

– Desde pequena eu conheço o Nate e o Josh, nós erámos tipo o trio imbatível, nada nos separava, crescemos assim, quando tínhamos uns sete/oito anos começamos a namorar, sabe aqueles namoros de criança pequena, inocente, foi assim, eu estava completamente apaixonada por ele, com uns doze/treze anos ele chegou e falou que aquilo tinha que acabar que agora ele já era grande o suficiente para ter uma namorada descente, eu fiquei sem chão e assenti, eu estava morrendo de raiva, mas o meu maior pensamento era não deixar aquela amizade acabar assim. E foi aí que ele virou o pegador. Quando fizemos quatorze anos, nós três fomos para um acampamento, teve um jogo de verdade ou consequência e a consequência dele foi beijar a Natalie, que era a menina que eu mais odiava, detalhe quem escolheu essa consequência foi ela, ela sabia que eu gostava dele. Ver eles dois ali eu fiquei pior ainda, eu sempre soube que ele era pegador, mas ele evitava ficar com alguém perto de mim e muito menos na minha frente. Eu passei dias sem olhar para a cara do Josh, toda vez que eu olhava eu e me lembrava deles dois se beijando, teve uma festa no acampamento eu bebi todas, eu queria me esquecer do mundo, de tudo, mesmo que por algumas horas. No dia seguinte um menino que era do acampamento na hora do café veio me beijar e eu me esquivei toda e ele falou do dia anterior, ele inventou mil coisas e ele estava tentando me agarrar novamente quando o Josh chegou e empurrou ele e soltou sem querer saí que ela é minha e eu não vou deixar qualquer idiota chegar perto dela não. Ele falou isso só para o menino ouvir, mas assim que ele percebeu que eu tinha ouvido ele corou, o menino saiu assustado e eu me virei para ele, na hora em que eu ia agradecer a Natalie se agarrou nele e ele nem pareceu lembrar que eu existia ali, passou mais dias eu evitava falar com ele, arrumava qualquer outra coisa pra fazer... Arrumei um outro namorado, mas não tinha jeito, era realmente daquele idiota metido a pegador e conquistador que eu gostava – Ela suspirou – E é isso, eu não sei porque a Jenni acha tão linda essa história – Ela deu de ombros.

– É que qualquer história que envolva amor infantil é extremamente fofa – Jenni diz como se fosse óbvio nos fazendo rir.

– E a sua história Jenni? – Pergunto-a.

– Nem vem, foi amor a primeira vista de ambas as partes e pronto – Lily diz.

– Sua insensível – Jenni fala teatralmente – Mas... É foi isso mesmo – Ela da de ombros.

É hoje, foi um dia muito incrível, achei muito bom o fato de a confiança ser recíproca de ambas, me senti bem, como se pela primeira vez eu tivesse encontrando meu lugar em Londres, ao lado dessas garotas. Aninha e os garotos, claro.