Let's Go Back To The Start escrita por Doug, gihcampos, Jean Celso


Capítulo 9
Capítulo 8




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Às duas horas em ponto da tarde, antes de sair de casa, fui até o espelho e vi se estava tudo perfeito. Vestindo uma roupa casual, penteei meu cabelo e fui em direção a porta. Quando chego ao corredor, para minha surpresa, Ashley estava saindo no mesmo momento que eu. Caminho com o olhar por suas pernas até o seu rosto. Até o momento, ela não tinha percebido a minha presença ali. Ashley estava de short jeans curto, uma camiseta regata branca e calçando um converse all star preto. Simples, e linda.

— Ai está você! — Erguendo as sobrancelhas numa simetria perfeita, olha para mim e coloca o seu celular dentro do bolso do short. — Estava respondendo um e-mail da Mari. Incrível como ela arranja tantos assuntos e fofocas que me prendem a esse celular, e eu não consigo não conferir. Sou curiosa demais.

— Eu percebi. — divagando — Animada para o passeio?

— Excitada eu diria. Não! — Grita — Não nesse sentido, seu pervertido.

— Mas eu não disse nada. — olhando para o lado continuo com palavras entre dentes. — Ta. Não vou negar que eu pensei isso.

— Hey! — Me dá um empurrão de leve, mesmo assim, me fazendo dar um passo para trás.

— Não foi eu quem me auto designei “o gato acompanhador de solteiras”, foi? — retruquei.

— Ta. Ok. O que acha de descermos até o térreo? Estamos perdendo tempo aqui discutindo.

Chegando a porta do elevador, recurvei o meu tronco e estendi o braço até a entrada.

— Primeiros as damas. Depois os vagabundos. — Rindo, adentra ao elevador.

Caminhar pelas ruas do Upper East Side com Ashley era uma experiência única, nunca vi alguém me fazer rir tanto como ela. Em meio a um tumulto de assuntos e emoções, nos deparamos com uma sorveteria. Insisti para que entrássemos. Ashley como sempre, começou a dramatizar a situação.

— Por favor, Liam. Não posso comer essa bomba de calorias. Preciso manter o meu peso.

— Por favor, Ashley. Pare de ser tão dramática. É só um sorvete, e nada mais.

— Certo. Seu insistente.

— Eu sempre consigo o que quero.

— Convencido.

Cedendo, fomos até a atendente. Ashley pediu o clássico sorvete de chocolate, e eu, baunilha.

— Que nojo. Sorvete de baunilha é horrível. Eca.

— Gosto é gosto. Cada um tem o seu.

— E o seu é horrível pelo que vi.

Pagando os sorvetes, fomos nos sentar do lado de fora do estabelecimento. Havia muitas perguntas das quais eu queria resposta, mas antes que pudesse fazer uma delas, me interrompeu com uma sua.

— Nunca mais vi seus pais. Por onde andam?

— Muito ocupados com seus trabalhos. Nem eu os vejo. E os seus? Desde o primeiro dia em que foram nos visitar não os vi mais. Por onde andam? Ah! Aliás, qual a profissão deles?

— Minha mãe é médica. Ela sai cedo e chega tarde, por isso você não a vê. E meu pai é empresário, dono de grande parte dos prédios de Manhattan. Na maioria das vezes, ele passa todo o tempo da vida, dentro do seu escritório.

— Histórias semelhantes.

— Pois é. Mas não vejo problemas nisso. Pelo menos posso sair sem pedir permissão. Beber sem ressentimentos. Chegar em casa a hora que eu quiser. A casa fica em silêncio, o que por sinal é ótimo para estudar as matérias da faculdade. — Mudando de assunto continua — O que faz o dia inteiro em casa quando seus pais não estão em casa?

— Leio livros, vou até o central park, durmo. Ainda não sigo uma rotina. Claro, até o meu semestre da faculdade começar.

— Eu posso te afirmar que você não terá tempo para fazer mais nada. — Arqueia as sobrancelhas e volta à expressão séria novamente — Em falar em faculdade, essa semana a Columbia vai organizar um baile beneficente para arrecadar fundos para o Memorial Sloan–Kettering Cancer Center, e como você vai ser novo na universidade, que tal ir conhecer algumas pessoas... Novos amigos? Claro, só se aceitar ir comigo. E antes que possa perguntar, foi um ultimato.

— Não sei. Você é muito chata. — Virei o rosto, mas percebi que ela colocou a mão na boca, incrédula. — É claro que eu vou com você sua chatinha. Mas espera. Como ficou sem par todo esse tempo?

— É que os últimos que recebi, recusei todos. Esperei que você viesse comigo. Aliás, aqueles que me convidaram eram um bando de idiotas. Só queriam obter imagem por “sair com a garota mais cobiçada” de toda universidade. — Disse olhando para cima e dando um sorriso sagaz logo depois de pôr uma colherada de sorvete na boca.

Foi inevitável não rir. Após ambos terminarmos de comer os sorvetes, caminhamos mais um pouco pelas ruas da cidade. Ashley me contava uma de suas histórias vividas na Columbia, enquanto passávamos na frente de um bar.

— Sério... — dando risadas ardilosas — estávamos no colegial quando nos conhecemos. Eu odiava a Mari. Cheguei a brigar com ela uma vez, por causa de uma bolsa que ela tinha comprado igual. Era uma Chanel. C-H-A-N-E-L! Meu Deus — balançando a cabeça continuo — que motivo fútil para uma briga. Mas eu entendo, estávamos com os hormônios à flor da pele naquela época.

— E depois disso? Como chegaram a virar melhores amigas?

— Eu fiquei uns anos sem a ver, porque a trocaram de classe. Após alguns anos depois, caímos na mesma classe novamente. Eu nem a reconhecia mais. Estávamos completamente diferentes. Ela estava mais magra e atraente do que era. Fomos obrigadas a fazer um trabalho em dupla, e que infelizmente, não era em classe. Fiquei com tanta raiva. Você não tem idéia. — Riu — Convidei-a pra ir até minha casa e claro, contra minha vontade se não estivesse com péssimas notas naquela matéria naquele trimestre. Quando chegou à minha casa, fomos até meu quarto, e por incrível que pareça, antes de começarmos a fazer o trabalho, ela comentou sobre as nossas brigas de quatro anos atrás. Gargalhamos por horas. E quando caí em si, já éramos amigas. E depois de alguns meses, subimos para o grau de melhores amigas.

Dando as ultimas colheradas no potinho de sorvete, voltamos a caminhar. Era incrivelmente chato como o tempo passava rápido quando estávamos juntos. As horas passavam tão depressa, que era imperceptível com o vai e vem de assuntos sobre nossa adolescência. O sol já estava se pondo quando comecei a contar sobre minhas experiências em West Palm Beach. Interrompendo-me de supetão, contou o que parecia ser o dia mais constrangedor da sua vida.

— Meu primeiro beijo aconteceu quando eu estava no ensino médio. Ai, eu odeio pensar nesse dia. Foi grotesco. O garoto até que era bonitinho, e fiquei com ele só porque minhas amigas fizeram aquela leve “pressão”, mas era um péssimo beijador. — rindo, continuou — Na hora que aconteceu, batemos com os nossos dentes e pra piorar a situação ele mordeu os meus lábios. Gente, que horrível.

— Posso lhe afirmar que não foi tão ruim quando o meu.

— Sério? O que aconteceu?

— Ela mordeu a minha língua e não tava com um hálito tão agradável.

— Posso continuar a sua história sem saber o que vai acontecer?

— Claro. Vamos ver o que acerta.

— Certo. A menina provavelmente era esquisita. — Concordei. — Foi por pressão dos amigos também, e pelo mau hálito posso afirmar que ela usava aparelhos. Estou correta?

— Você estava lá esse tempo todo, e eu não sabia?

— É claro que não. Eu só supus.

Ashley era uma caixinha de surpresas. Com o dia já escurecendo, me interceptou dizendo que precisava me levar a um lugar onde ela passava todas as noites, admirando a vista da cidade. Corremos até nosso prédio e fomos até o último andar, onde subimos pela escada até a cobertura.

— É aqui que eu venho para relaxar depois de um dia cheio. Eu me sinto livre para fazer o que quiser aqui. Às vezes trago Mari e ficamos horas conversando e planejando o que vamos fazer nos finais de semana.

Antes que eu pudesse dizer algo, ela me pegou pelo pulso e me arrastou até o parapeito do prédio.

— Consegue sentir a paz? Todo o barulho da cidade caótica se esvai aqui encima. E a brisa fria que bate contra o nosso rosto, é tão gostosa. — Disse ela fechando os olhos e abrindo os braços, sentindo o momento.

O tempo parou. Meu coração batia mais rápido que o normal. Um turbilhão de emoções começou a invadi-lo. Nunca tinha sentido algo desse jeito. Podia sentir a adrenalina sendo injetada em minhas veias pela glândula supra-renal. Deixei meu corpo agir por conta própria. Erguendo a mão direita, tirei uma mecha de seu cabelo que obstrua sua visão. E quando percebi, já tinha chegado perto o suficiente para beijá-la. Tudo aconteceu tão rápido. Eu podia sentir a entrega de seu corpo. Senti o seu perfume me invadir. Era doce, delicado, gostoso. Tudo estava ótimo, se numa fração de segundos, o estridente barulho da porta se abrindo, não nos interrompesse. Era o idiota do segurança, dizendo que não poderíamos ficar ali. Sem dizer nada um para o outro, e envergonhados, descemos as escadas e fomos para o corredor do nosso apartamento.

— Foi ótimo passar esse tempo com você. — Disse Ashley ao chegar à porta do seu apartamento.

— Concordo. — Confuso ainda com toda a situação, não tinha mais o que dizer.

— Está tarde e eu preciso tomar o meu banho da beleza. — Percebi na sua voz, um desconforto, mas entendo que estava apenas descontraindo o momento, depois de tudo aquilo. — Nos vemos amanhã. Até. — Se achegou perto de mim e me deu um beijo na bochecha tímido, baixando a cabeça esboçou um sorriso e entrou em seu apartamento.

— Até. — Levantando minha mão direita, balancei-a de leve, retribuindo o sorriso logo em seguida.

Dentro do meu apartamento, fechei a porta e encostei minhas costas contra ela, se deixando escorregar até o chão. Sentado recitei em meus pensamentos: Apenas mais alguns segundos. E tudo estaria perfeito.


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