No dia que sucedera, acordei disposto a fazer algo diferente. Já não doíam minhas costas. O dia estava claro e aconchegante. Nem muito frio, nem quente. Um clima propício para alguma atividade física que há muito tempo não realizava. Coloquei minhas roupas esportivas que estavam no meu guarda-roupa e segui até o Central Park.

   Embora na clínica tenha passado grande parte dos dias em um quarto, não engordei, porém perdi massa muscular. Sentia uma vontade enorme em praticar esportes. Antes de ser levado para lá, corria todos os dias na praia de West Palm Beach, recorria a métodos de emagrecimento e condicionamento físico tradicionais ao ar livre.

   Tinha um corpo trabalhado em musculação, mas não recorria a proteínas sintéticas como meus colegas de time. Trabalho os músculos naturalmente é o que uma pessoa pode fazer de melhor, sem conseqüências futuras.

   Quando tinha corrido aproximadamente um quilometro ao longo do percurso do parque, senti o meu corpo se esgotar, estava sem fôlego, ofegante e com sede. Sentei-me em um banco que estava próximo e descansei alguns minutos. Passado alguns segundos, voltei o meu olhar as pessoas que ali se encontravam, de relance olhei para o horizonte e reconheci alguém que me era familiar. Semicerrei os olhos e só então reconheci. Era Ashley e mais algumas garotas. Tratei de me apressar em voltar a correr antes mesmo que me visse. Apertei o passo e corri como se não houvesse amanhã.

   Em alguns minutos já estava no fim do percurso do parque. Saí do parque em direção ao nosso prédio. Lá dentro peguei o elevador e apertei o botão com o número dezessete, onde era nosso apartamento.

   Havia corrido tanto para evitar Ashley, que não tinha percebido que meu coração estava a bater em uma frenética seqüência rápida. Era muito cedo para ter um contato.

   Quando a porta do elevador abriu-se, corri para dentro do meu apartamento, tratando-se logo de aspirar e expirar o ar em meus pulmões, devagar para retomar o fôlego. Abro a geladeira uma garrafa de água mineral, colocando em um copo. Em questão de segundos, toda água se esvai da garrafa. Meu rosto, antes exausto, agora lívido.

   Sigo para meu quarto, onde em minha cama me enterro em pensamentos. Sento-me na cama e retiro minha camiseta que esta encharcada de suor e me deito. Penso em como é complicado lidar com os problemas do passado, algo que deixou marcas profundas em minha alma. Sinto falta da minha vida de antes. Prometi aos meus pais que não voltaria a fazer o que fiz, mas é impossível não pensar em fazer o contrário.

    Mudar de cidade, não resolveria completamente o problema, exceto a parte dos amigos, — dos quais nem consegui me despedir, e sequer me visitaram na clínica. Foram anos gastos nas mesmas diversões, mas que sempre resultavam em histórias para uma vida inteira.