Let's Go Back To The Start escrita por Doug, gihcampos, Jean Celso


Capítulo 4
Capítulo 3




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   Logo após terem saído, fui ao meu quarto, enquanto meus pais conversavam sobre os vizinhos. Aproveitei em dar uma arrumada em minhas coisas. Demorei horas, mas valeu todo o esforço. Roupas nos cabides, sapatos na sapateira, e meus livros numa estante do outro lado do quarto.

  Exausto, resolvi tomar banho, minha pele estava grudenta depois que todo o suor secou. Minha camiseta estava rente ao meu corpo e fedia cachorro molhado. Repentinamente veio um pensamento aleatório em mente, não sei por que, mas voltei a pensar na família que nos veio visitar. Ashley em minha memória não fazia sentido. Não que eu não tenha percebido o grau de sua beleza.  Só tenho uma coisa a dizer: seus pais têm ótimos genes e fizeram um trabalho bem feito.

   Saindo do banho, me sequei e coloquei uma camiseta e um short jeans. Pronto para sair pela primeira vez de casa depois que meus pais terem me proibido na outra cidade. Ao tentar lembrar aquela noite, não consigo ver nada senão alguns vultos que parecem me colocar algemas, onde comecei a ficar tonto e desmaiar, a partir daí tudo fica preto e nada mais me vêm à cabeça.

   Andar pelas ruas de Manhattan é muito bom. Conhecer novos ares, novos gostos, novos cheiros. Pelo que sei, a quinta avenida é a rua mais chique do mundo, não vi graça em várias lojas aqui, a maioria é para mulheres, e com preços exorbitantes que alcançam o topo do Empire State Building.

    Caminhando em direção ao Central Park, percebi que as pessoas andavam com um ar de superioridade quanto aos outros. Aparentavam estar numa pirâmide da riqueza e poder, sempre passando por cima uma das outras custe o que custar. Sozinho, pensei nas coisas que tinha feito no decorrer da minha vida. As besteiras que fiz eram as mais engraçadas e me faziam rir, as pessoas que estavam passando deveriam pensar: “Do que esse garoto está rindo?”; Gostaria de voltar no tempo só pra fazer tudo de novo e consertar algumas.

   As noites na minha antiga cidade eram sempre marcantes. Sempre menti para os meus pais sobre ficar em casa a noite. Eles tinham em mente que eu passaria a noite estudando e dormiria logo após. Ocorria bem o contrário. Ficava no meu quarto assistindo TV e quando percebia que estava tudo quieto em casa, saia pela janela para me encontrar com os meus amigos. Íamos a vários tipos de festas, desde calmas, até as mais divertidas. Desde praias à baladas – e nessas que aconteciam histórias para serem lembradas para sempre. Nas festas, consumíamos desde maconha à LSD. Ficávamos tão pirados nessas festas, que não consigo entender como acordava na minha cama no outro dia. Meus pais nunca desconfiavam de nada. Não que eu saiba.

   Nessas festas, era comum eu ficar com várias garotas. Nunca tive um caso sério, e não saberia se isso iria acontecer. Eu fazia o gênero pegador, mas nunca namorava. Era um tabu que algum dia eu teria de quebrar, mas não sei com quem. Espero uma garota que mude a minha vida, vire-a de cabeça para baixo, que seja perfeita sendo ela mesma, e o principal: que me complete.

   Olhei para o lago que se encontrava logo a frente de mim, sentindo uma extrema sensação de paz interior. Observar os patos era prazeroso, assim como as pessoas que ali estavam. Crianças correndo uma das outras em uma espécie de pega-pega ou pique - esconde. Casais aproveitando a linda paisagem do parque em seus pedalinhos em forma de cisne. Idosos jogando xadrez em algumas mesas que ali se encontravam. Felicidade definia o que todos sentiam, — e que não poderia ser aplicada a mim.

   Ficar algumas horas ali me deixou cansado. Do Central Park, resolvi voltar ao prédio, estava começando a escurecer. Quando cheguei ao apartamento, resolvi tocar a campainha de Ashley. Quando estava próximo ao botão, percebi que não seria uma boa idéia, e que era melhor deixar para outro dia.

   — Melhor não. — Sussurrei consigo mesmo.

   Dei as costas para a porta do apartamento de Ashley e adentrei ao meu. Fechando a porta devagar, olhei a sala onde não tinha ninguém e fui até a cozinha tomar um copo de água. Deparei-me com minha mãe me olhando com uma expressão zangada e ao mesmo tempo preocupada.

   — Onde estava? Você me deixou tão preocupada que já estava agonizando. Fui até na casa dos nossos vizinhos e ver se você se estava lá, mas nada de Liam. ­— Disse ela, que logo se virou para pegar uma aspirina na gaveta, consequência de uma provável enxaqueca.

   — Tem algo a mais a dizer?  — Eu disse, mostrando indiferença quanto a sua reação que minha chegada provocou.

   — Ashley disse que queria falar com você.

Um súbito de nervosismo me subiu a garganta, trancando-a automaticamente, instintivamente. Como pode uma pergunta provocar inúmeras sensações em apenas alguns segundos? É nesse momento que você pensa em todas as coisas que você já fez o que é contraditório já que não tivemos a oportunidade de conversar.

   — Nem cheguei a conversar com ela ainda. Talvez nem converse, ela parece ser uma dessas patricinhas que tem suas próprias serviçais que fazem tudo o que manda. Não faz o meu tipo.

   Eu não deveria tirar conclusões precipitadas, mas ela bem que me pareceu isso. Ou ela é uma dessas garotinhas certinhas, ou está apenas tentando atuar perto de seus pais um estereotipo totalmente ao contrário de si. Pode ser que ela esconda um segredo, igual ao meu — que já não pode ser chamado assim. Descoberto, perdi a total a confiança de meus pais.


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