Logo após o jantar com os pais da Ash, abri a porta lentamente e me deparei com algo que me surpreendeu: meus pais se preparando para viajar. Minha mãe se aproximou de mim e disse:

— Surgiu algo inesperado no pátio de obras. Tenho que ir até Chicago resolver pessoalmente o problema. Seu pai vai aproveitar a viajem para visitar sua tia Carly, ela teve bebê há um mês, e até agora não tivemos a chance de o ver, por falta de tempo. — Disse olhando para meu pai — E mais uma vez ficarei sem vê-lo. Minha agenda está lotada ultimamente. Ficaremos apenas um dia fora. Se comporte Liam. Não chegue tarde e evite festas. Principalmente bebidas.

Revirei os olhos. Era de praxe esse velho discurso. Toda vez que eles viajavam, era essa mesma lengalenga. Após a mini palestra da minha mãe sobre bebidas e suas consequências, os acompanhei até a portaria. Eles se despediram carinhosamente, de mim e deram um último aviso.

— Juízo!

Entrei no elevador já pensando no que Ashley tramava. Dentro do meu apartamento, decidi tomar um banho — água fria sempre me deixava calmo. Sai do banheiro e coloquei um short qualquer e uma camiseta branca. Alguns minutos depois, ouço a campainha. Era ela com seu cabelo ondulado loiro solto e um sobretudo — o que me deixou curioso, pois a noite estava levemente fria. Recebi-a com um beijo terno e minhas mãos envolveram sua cintura. Senti as mãos dela em meus cabelos. O seu toque era suave, mas firme como uma patada de leoa sobre sua presa indefesa. O beijo foi se aprofundando e fomos adentrando a sala sem parar o beijo. Seus lábios eram macios e excitantes. Seu batom vermelho provocante contrastava fortemente com sua pele branca e seus cabelos loiros. Atávamos no meio da sala quando a maldita falta de oxigênio deu sinal. Rompi o beijo ofegante e semicerrei os olhos. Pude sentir o aroma de seu perfume que transpirava de sua pele e agia como afrodisíaco sobre a minha libido. Ash tinha um sorriso malicioso nos lábios que já me excitava por si só, e aproximando-se de mim, sussurrou em meu ouvido:

— Essa noite eu tenho uma surpresa para você!

Não sei se foi pelas palavras ou pelo fato de estar sussurrando, mas senti arrepios por todo meu corpo. Em súbito reflexo, com a palma de sua mão, empurrou-me para o sofá e foi abrindo lentamente seu sobretudo negro. Submetendo-me a aquela situação ao máximo, não hesitei em fazer um gesto que deixava claro o meu desejo. Enquanto abria o sobretudo sente-me no sofá em posição de lótus e rapidamente desci com a ponta do meu dedo indicador e médio da mão direita, pela lateral de seu tronco até sua perna, onde dei um aperto firme, fazendo o mesmo com as outra mão logo em seguida, trazendo-a para perto de mim.

Ashley terminou de abrir o sobretudo, revelando seus seios emoldurados por um sutiã preto com detalhes em fita de cetim rosa. Senti um incômodo em meus shorts. Ela continuou a abrir os botões que logo revelou uma calcinha semelhante ao sutiã, formando um conjunto. Não pude deixar de notar a cinta-liga preta, pela qual sempre tive fetiche. Não resisti, puxei-a para o sofá e beijei-a intensamente. Minhas mãos passeavam pelo seu corpo, em suas curvas delicadas e bem delineadas. Levantei do sofá e me pus atrás de Ashley. Prendi-a com toda força contra meu corpo, com uma mão sobre o seu tronco e a outra debaixo de seu sutiã. Ao sentir seus seios, Ashley soltou um leve gemido. Pegando-a no colo, levei-a para meu quarto. Enquanto andava com Ashley em meus braços, sussurrei em seu ouvido:

— No quarto teremos mais conforto... — e coloquei-a delicadamente em minha cama.

Subi em cima dela continuando o que já tínhamos começado no sofá. Retirei seu sutiã e não resisti, percorri com minha boca até seus seios. Ashley soltava gemidos baixos o que me excitava ainda mais. Invertendo nossas posições, Ashley ficou em cima de mim desta vez e disse:

— Agora é minha vez...

Ela retirou minha camiseta e mordeu o lóbulo da minha orelha, fazendo-me soltar gemidos involuntários. Continuou com sua boca distribuindo beijos pelo meu pescoço, e retirou meu short revelando uma cueca box preta, que ela foi retirando lentamente só para me provocar. Assim que tirou e jogou em algum lugar do quarto, inverti novamente nossas posições, ficando por cima dela. Retirei sua calcinha e a beijei com volúpia. Senti suas mãos em minhas costas puxando-me para mais perto de si, então a penetrei de leve e fui aumentando o ritmo e sentindo minhas costas sendo arranhadas e perfuradas levemente, enquanto Ashley gemia contra meu ouvido — o que me levava à beira da loucura. Senti-a se contrair e intensifiquei os movimentos. Chegamos ao ápice juntos — o prazer era delicioso. Ashley deitou-se ao meu lado e eu a envolvi em meus braços e adormecemos nessa posição.

Ainda com os olhos fechados pude sentir a claridade dos raios da manhã e sorri ao sentir o corpo quente de Ashley ao meu lado na cama, abracei com mais força a senti acordar, ela se virou para mim, mesmo com o cabelo bagunçado e sua cara de sono ela continuava linda sorrindo de uma maneira encantadora que me fazia ter vontade de ficar com ela na cama para sempre. Ela se levantou da cama procurando sua lingerie sem sucesso. Retirando meu short abracei-a por traz e sussurrei:

— Que tal um banho?

Sorrindo, assentiu enquanto peguei-a no colo e a levei para meu box, ligando o chuveiro na água morna onde ficamos trocando caricias até que coloquei-a contra a parede e a ergui envolvendo suas perna em minha cintura e a penetrei lentamente. Pude sentir que seu corpo se arrepiava a cada movimento. Ficamos assim por minutos, horas. Eu não sei. A única coisa que eu sei e tenho certeza: foi o melhor banho da minha vida.

Segurando a minha toalha que se encontrava perto do box, segurei as duas pontas com minhas mãos, e em um movimento, passei por cima da cabeça de Ashley, laçando-a e a trazendo para perto de mim. Dei um beijo em seu rosto, enquanto olhava para o lado com um sorriso sagaz.

— Posso me secar, por favor? — Disse olhando em meus olhos e dando um beijo rápido em meus lábios.

— É claro. — Soltando a tolha logo em seguida.

Ashley pegou rapidamente a toalha antes que atingisse o chão, e enquanto ia em direção do quarto, deu-me um tapa na minha bunda, quando ainda estava de costas.

Ashley estava de toalha me encarando.

— Eu não tenho roupa. Porque não vai até meu apartamento pegar algumas para mim? — Antes que eu pudesse dizer algo, continuou — Meus pais não estão em casa. À uma hora dessas, já foram trabalhar.

Coloquei uma cueca branca — a mais visível da minha gaveta — e peguei uma nova toalha em meu guarda-roupa. Secando-me por completo, fui em direção da sala. Ashley estava logo atrás, envolvida na toalha como um bebê em suas cobertas.

— Tenho que colocar um short. Espera. — Quando ia me virar para voltar em direção ao quarto, Ashley me empurrou até a porta e disse:

— Considere entrar na minha casa em trajes íntimos e vulgares como uma missão. — Colocando-me para fora e fechando a porta logo em seguida.

Parti em disparada para seu apartamento, onde percebi que a porta não estava trancada. Adentrando em seu quarto peguei um short jeans, — curto e com textura desgastada — uma regata branca e um conjunto de lingerie branco. Eu não entendia nada de moda, mas sabia que um All Star branco que eu vi em um canto do quarto faria uma combinação certa para o estilo de Ashley.

Com os trajes em mãos, voltei para meu apartamento depressa antes que alguém aparecesse no corredor e me pegasse em trajes constrangedores. Ashley se trocou rapidamente e abracei-a e beijando sua têmpora, sussurrei em seu ouvido:

— Ainda prefiro você somente de toalha. — Ela riu sapeca.

Puxando-a até o corredor, disse:

— Gostaria de ir até a cafeteria do prédio comigo, Senhorita Rosson?

— Como eu poderia recusar o pedido de um cavalheiro tão lindo, apaixonante e educado? — Respondeu, pegando em minha mão entrelaçando nossos dedos em um emaranhado de paixão.

— Foi a melhor noite da minha vida. — Admitiu Ashley.

— Eu seria um péssimo mentiroso se discordasse.

Quando ambos terminamos de comer e se sentirmos satisfeito, — aliás, a noite desgastou muitas calorias — paguei a conta — era ótimo como meu pai não sentia falta de seu cartão de crédito — e fomos em direção a avenida a frente do prédio.

Levei Ashley para andar pelo Madison Square Garden. Após uma breve caminhada, sentamos em um banco e começamos a conversar sobre assuntos aleatórios e perdemos a noção do tempo. Repentinamente de supetão Ashley exclama:

— Já são quatro horas da tarde!

— Você quer voltar para o apartamento?

— Eu não gostaria, mas tenho uma proposta de atividade que vai te animar.

— O que, por exemplo?

— Que tal um filme?

Voltamos para meu apartamento e decidimos ver um filme que sequer tinha assistido: Diário de uma paixão. A capa por si só, passava a imagem de um filme espetacular. Nunca tive tantos dotes na cozinha, mas me esforcei ao máximo em fazer brigadeiro e pipoca — era de microondas.

Após ter retirado a panela com brigadeiro do fogo e colocando-a sobre uma vasilha com água, Ashley aproximou-se de mim e pegou na minha mão direita — onde eu segurava a colher de madeira — enquanto mexia.

— Eu quero. — Fazendo bico de criança mimada.

— Vai ter que esperar mocinha. — Tentei falar o mais bravo e amável ao mesmo tempo...

— Não... — Disse escorrendo suas mãos sobre a minha e pegando a colher de madeira.

Segurei o mais forte possível, mas Ashley aparentava ter mais força que o normal. Enquanto Ashley continuava a puxar a colher, por um segundo deixei meu braço sem forças, onde a colher foi diretamente em seu rosto, sujando a ponta do seu nariz.

Ela olhou para mim com aquele tipo de expressão “eu não acredito que isso aconteceu”. Rapidamente peguei um pano que se encontrava ali perto da pia, macio, e passei sobre o seu nariz, limpando levemente.

— Não quero mais. — Cruzando os braços.

— Quer sim que eu sei.

Coloquei um dedo dentro da panela, pegando um pouco de brigadeiro e deixei-o a vista de Ashley. Rapidamente ela pegou em minha mão e mordeu o meu dedo levemente, levando consigo todo o brigadeiro que ali tinha.

— Ah! — Exclamei.

— Isso aqui está muito bom. Não sabia que tinha um namorado prendado. — Disse em meio a gargalhadas.

— Internet serve pra mim. — Disse apontando para o computador ao meu lado. — Receita popularmente brasileira.

— Culinária internacional?

— É o melhor doce que já comi.

— Concordo. — Disse passando o dedo na panela e colocando-o na boca.

— Mas se continuar a comer antes de colocarmos o filme, vai acabar. — Semicerrei os olhos, criando levemente dobras em minha testa.

— Ok Chefe de Cozinha. — Apenas para me irritar.

Após ter retirado o pacote de pipoca de dentro do microondas, peguei uma travessa de vidro transparente, jogando todo o conteúdo dentro.

Enquanto degustávamos, Ashley tentava ao máximo prestar atenção no filme, — sem sucesso — enquanto eu roubava beijos da mesma.

Eu sequer prestei atenção no filme. Mas a trilha sonora ao fundo era perfeita e nos acompanhava em momentos delirantes de amor, paixão e raiva — pois não deixava Ashley um minuto sequer quieta.

Após o filme, me pus a sentar, e Ashley deitou em meu colo. Chateada, disse:

— Esta noite terei que dormir na casa da Mari. Temos novamente mais um trabalho enorme a fazer.

— Nunca acabam esses trabalhos? — Retruquei.

— Mari e eu faltamos muitos dias, e para recuperar um pouco de nota, o professor nos mandou fazer trabalhos. Acredito que ficarei de DP em alguma matéria esse semestre. Tenho certeza. — Disse passando a ponta de seus dedos em suas sobrancelhas que estavam desgrenhadas.

— Você é inteligente.

— Sou estudiosa. Aliás, eu só faltei pra ficar com o meu “ponto fraco”. — Erguendo as duas mãos e dobrando os dedos indicadores e médios.

— E quem seria esse seu “ponto fraco”? — Disse, fazendo o mesmo gesto.

Fez uma pausa olhando para janela. Provavelmente vendo nuvens e o tempo nublado que se encontrava lá fora.

— Você.

Passando com a minha mão sobre a sua têmpora e colocando uma mecha de seu cabelo atrás da orelha, disse:

— Eu não sei o que seria de mim se você não tivesse entrado em minha vida Ashley Rosson. — Disse esboçando um sorriso largo.

Levantando sua mão esquerda, segurou minha mão contra seu rosto.

— Eu amo sentir o seu toque. — Fechou os olhos por um momento e logo depois voltou a abri-los. — Eu gostaria de ficar aqui com você, mas não posso. — Lamentou.

— Eu sei — disse acariciando seu rosto — mas cuidar do seu futuro é importante.

— Ultimamente, nada é mais importante que você. — Disse Ashley olhando em meus olhos.

Lamentando, levei-a até seu apartamento e lhe ajudei a arrumar suas coisas. Ficamos vinte minutos apenas nos despedindo — era sempre a parte mais difícil.

— Só vou voltar amanhã na hora do almoço. — Fechando a porta do seu apartamento e indo em direção do elevador, apertando freneticamente o botão de subir.

— Estarei lhe esperando. — Garanti.

Quando o elevador chegou, deu-me um beijo na testa, na bochecha e finalmente em meus lábios. Adentrou no elevador e levantou a mão, abrindo e fechando em despedida.

Voltei cabisbaixo para meu apartamento, passei na cozinha e comi um sanduíche. Coloquei em um copo, um resto de coca cola que tinha na geladeira e fui mexer em meu notebook no escritório. Ao ver a foto da Ashley na área de trabalho, senti uma cratera em meu peito, um aperto de saudades dela.

Pegando meu ipod coloquei uma música instrumental apenas no piano. Deitando na cama, percebi que ainda estava com os lençóis desarrumados. Aproximei-me de onde Ashley havia se deitado e senti o seu cheiro — o que me fez sorrir involuntariamente.

Nesta hora eu tive certeza que eu a amava. Cada detalhe, trejeitos, olhares, modo de andar. Tudo nela me encantava e me deixava fascinado. Então tive certeza que havia feito a escolha certa em entregar meu coração a ela, e com esses pensamentos adormeci.