Let's Go Back To The Start escrita por Doug, gihcampos, Jean Celso


Capítulo 19
Capítulo 18


Notas iniciais do capítulo

Sem correção.



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O relógio estava marcando dezessete e quarenta quando sai de casa vestindo um sobretudo preto, calça jeans e um sapato social. Não tinha a mínima idéia do que comprar para Ash. Ela tinha um jeito de “garota que tem tudo”. Enquanto andava pelas ruas da cidade, deixei meu pensamento vagar longe de mim. Chocolates eram demasiados clichê. Roupas estavam fora de cogitação. Foi então que minha mente entrou no estabelecimento certo: uma loja de brinquedos. Percorrendo os corredores da loja, a minha atenção foi atraída para uma pilha de ursos de pelúcia gigantes. Era Perfeito.

Mergulhei literalmente naquele amontoado de ursos, e peguei o que mais parecia agradar Ashley. Um urso caramelo, que vestia uma camisetinha amarela meio apagado, e com um coração em mãos com as palavras: I Love u. Ele era pesado, talvez por ser o mais peludo dentre aqueles. Caminhei até o caixa e mandei embrulhá-lo para presente.

Ao sair da loja, dei de cara com Mari.

— Liam? Não passou da idade de brincar? — Disse olhando para minha mão que estava com a sacola gigante.

— Não são para mim. — Respondi.

— E pra quem seriam?

— Isso eu não posso te responder.

— É claro que pode. Eu juro que eu não vou contar a pessoa para quem você vai dar esse presente. — Disse erguendo a mão direita deixando apenas o dedo mindinho esticado.

— Jura? — Perguntei.

— Juro. — Após responder, fiz o mesmo com a mão e entrelacei o meu dedo mindinho ao dela.

— É para sua amiga.

— Ashley? — Perguntou.

Confirmei fazendo um gesto com a cabeça.

— AAAAAAAAAAAAAAAH! — Gritou histericamente na calçada. — Ela vai amar, seja o que for que tenha dentro da sacola.

— É um urso de pelúcia.

— Que sorte a dela ter um namorado que a ama tanto. — Disse cruzando os braços e olhando de lado. — Meus namorados nunca me deram ursos. — Ficando emburrada logo em seguida.

— Talvez porque ainda não é o certo.

— É. Talvez não seja mesmo o certo. — Descruzando o braço, continuou — Quando será que vou encontrar um “Liam” igual minha amiga Ash?

— Na hora certa ele aparecerá. Tenho certeza disso.

— Vê se não demora pra mandar ele, Deus! — Disse erguendo as mãos para os céus.

Rindo perguntei.

— Onde estava indo?

— Por incrível que pareça, pra casa da Ashley.

— Se você quiser podemos ir juntos.

— Não vai passar em nenhuma loja?

— Pelo o que eu saiba, não.

— Então vou te ajudar. Ashley ama chocolates.

— Essa foi a minha primeira opção, mas achei que por ser magra, ela não comeria. — Indaguei confuso.

— Pelo contrário, ela é chocólatra.

— Que bom saber disso. Onde vende chocolate aqui por perto?

— A umas duas quadras daqui.

— Me ajuda a escolher?

— Claro.

Em meio às avenidas, nossas risadas ficavam abafadas pelos sons das buzinas, e motores dos carros. Nunca imaginei que Mari era tão diferente quando estava longe das amigas dela. Não tinha um jeito tão extrovertida. Aparentava ser uma pessoa séria. O oposto dos dias anteriores.

Chegando à loja, o aroma invadiu minhas narinas. A loja estava “podre” de cheiro de chocolate. Sua pressão arterial baixava só de entrar, e se demorasse demais, poderia ter diabetes. Varrendo as prateleiras com os meus olhos, era incrível como cada bombom era decorado perfeitamente. Minha boca salivava por um daqueles.

Mari estava a alguns metros quando me chamou para ver o que tinha escolhido.

— Eu tenho certeza que ela vai adorar esse. — Disse Mari.

— Do que são feitos?

— Chocolate meio amargo com recheio de morango. — Disse olhando debaixo da embalagem.

— Agridoce?

— São as melhores combinações.

— Ok.

Peguei o coração de chocolate que tinha cerca de oito trufas decoradas com laçinhos de chocolate branco dentro e me encaminhei até o caixa.

— Quarenta dólares. — Disse o funcionário.

Abri a carteira e tirei o cartão do meu pai — que ainda não havia devolvido por sorte — e dei para o funcionário passar no leitor da máquina. Digitei a senha, agradeci e fomos embora.

— Ashley, ficará satisfeita com o seu presente. — Disse Mari, abotoando seu casaco.

— Eu espero.

— Vai ter algo de especial hoje?

— Apenas um jantar, entre nós.

— Só você e Ashley?

— Não. Os pais dela estarão presentes. Na verdade, foi o pai dela que deu a idéia.

— Se prepare. — Disse entre dentes.

— Por quê? — Retruquei.

— Não, nada. É que o Robert é cheio de fazer perguntas. Não sou de duvidar que ele pergunte da sua infância.

— Sério?

— Uhum. Talvez seja para fazer um histórico psicossocial seu. — Disse em tom de ironia.

Ambos rimos daquilo.


O céu começava a escurecer quando sai de casa com os presentes em mãos. Mandei um SMS para Ashley me encontrar na porta de seu apartamento quando eu tocasse a campainha.

Toquei o dedo na campainha e não deram dois segundos a porta estava se abrindo. Ashley estava linda como sempre em saia plissada preta, com uma blusa fluida de cor creme, e um sapato de salto alto preto que tampava o peito do pé. Senti-me totalmente desconcertado com meus trajes simples. Uma camiseta xadrez com listras brancas e azuis e suas variações que estava dobrada até o cotovelo, e uma calça jeans azul apagada depois de tantas lavagens na fábrica e um sapatênis qualquer que vi pela frente.

Passando com seus braços atrás de meu pescoço, me deu um beijo rápido e se afastou.

— O que seria isso na sua mão?

— Um presente pra você. Achei a ocasião formidável favoravelmente. — Disse virando o rosto um pouco de lado e sorrindo.

— Que lindo. — Sorrindo me deu outro beijo e partiu para a expressão série — Passa pra cá.

— Todo seu. — Estendi o braço e deixei-a abrir a embalagem opaca de cor vermelha.

Quando terminou de arrancar o laço de forma voraz, se surpreendeu e gritou.

— QUE LINDO LIAM! — Retirando o urso de dentro da embalagem. — Te amo.

— Eu te amo mais. — Ainda reparando em sua expressão facial, percebi que não tinha reparado que tinha algo mais dentro do pacote. — Se você olhar dentro do saco de presente, vai perceber que tem algo mais.

Sem dizer uma sequer palavra, voltou a fuçar dentro do saco do presente. Pegou com todo cuidado e delicadeza, o coração feito de chocolate, e aproximou de seu nariz.

— Ai, ai. Como é bom sentir esse cheiro dos deuses novamente.

— Fiquei sabendo por ai, sabe? Boatos... Rumores... Que uma jovem chamada Ashley era chocólatra. — Disse para cima como se tivesse com o pensamento em outro lugar.

— Quem te disse? — Perguntou Ashley.

— Um passarinho por aí.

— Bom, fazendo umas analises, e supondo que só uma pessoa sabe que eu vivo comendo chocolates escondidos... Uma passarinha vadia chamada Mari Greyberg? — Riu me abraçando.

— Ela mesma. — Disse passando com meus braços em sua cintura.

Apertou-me contra seu corpo e aproximou sua boca de meu ouvido.

— Foi o melhor presente que recebi. E receio que o seu não está tão longe de ser recebido. — Após ter dito isso, sai em direção a casa com os presentes em mãos, aos berros mostrando a mãe o presente. — MÃE! OLHA O QUE O LIAM ME DEU!

Incrível como Ashley conseguia ser histérica e amável ao mesmo tempo. Caminhei até a sala onde estava sentado Robert. Antes de me sentar, estendi a mão para Robert, cumprimentando-o.

— Olá Liam. É bom saber que você veio. Muitos se sentiriam intimidados.

— Não sou de se intimidar tão fácil. — Na verdade meu coração estava quase saindo pela minha garganta.

— É bom ver também que você deixa minha filha feliz. — Antes que eu pudesse dizer algo, ele continuou — Se ela está feliz, eu também estou feliz. É a primeira vez que eu a vejo tão feliz. Nenhum outro garoto deixou-a assim. Vulgarmente falando, eles só a usaram e jogaram-na fora. Depois de um tempo ela evitou se envolver com alguém. E você é um cara de sorte.

— Amém por isso.

Agradeci por Melanie aparecer e nos chamar para ir até a mesa onde o jantar estava servido. Estava com medo de onde aquela conversa poderia chegar, e com Ashley e Melanie na mesa, ele não trataria de assuntos como aquele.

A mesa era grande, era suficiente para cerca de dez pessoas, mas estava com apenas quatro cadeiras, duas de cada lado da mesa. Antes de me sentar, puxei a cadeira para Ashley se sentar, e logo em seguida me sentei ao seu lado enquanto seus pais ainda iam até os seus respectivos lugares.

— Fryda — Chamou Melanie — Pode servir o jantar.

Minhas concepções de “jantar comum” foram estraçalhadas quando cerca de três cozinheiras foram até a mesa com grandes pratarias e uma panela de alumínio que era tão reluzente que eu poderia ver meu próprio reflexo. As bandejas não haviam sem sido abertas, e o cheiro exalava pelo ambiente. Estava maravilhoso. Quando todas as bandejas foram abertas, pude perceber que a primeira era onde estavam as saladas. Estava tão colorida que parecia um arco-íris. Na segunda bandeja tinha algo coberto de sal grosso. O sal cobria grande parte da bandeja e formava uma casca dura. Foi quando a cozinheira pegou um martelinho e bateu contra a casca que se desfez em pedaços grandes e facilmente retiráveis. Revelou-se debaixo de toda aquela cobertura de sal grosso uma peça de carne assada. A cozinheira pegou um garfo gigante e a colocou em uma travessa onde havia sido colocada uma espécie de molho escuro. A outra bandeja não reservava nada de especial, apenas um risoto cremoso e tradicional.

O jantar estava maravilhosamente delicioso. Não havia comido algo tão bom desde que cheguei à cidade. Para evitar ter uma imagem péssima de “comilão”, servi pouca comida no meu prato.

Enquanto comíamos, Robert e Melanie me faziam várias perguntas, que iam desde infância até a mudança para o Upper East Side. Nunca usei um vocabulário tão variado como estava usando hoje. Tudo para garantir uma boa imagem minha, a seus pais.

Depois que o prato principal foi servido, Melanie pediu para Fryda trazer a sobremesa. Uma cozinheira veio até nossa mesa, com uma bandeja em mãos com três pratos com um pedaço de Tiramisù, servindo apenas Ashley, Robert e eu. Intrigado, olhei para Melanie e perguntei:

— Porque não vai comer a sobremesa Melanie?

— Muitas calorias Liam.

— Hoje é sábado.

— Quando você chegar a minha idade vai saber do que estou falando.

— Você está ótima, amor. — Disse Robert.

— Concordo com o seu marido.

Assentindo, Melanie pediu para que Fryda trouxesse mais um prato à mesa.

Tudo ocorreu ótimo e sem nenhum erro — como previsto. Após todo o jantar Melanie e Robert nos pediu licença e se encaminharam até seu quarto, deixando apenas Ashley e eu na sala, sentados no sofá.

— Preciso tirar uma dúvida. — Disse Ashley. — Meu pai te intimidou quando estavam sentados no sofá?

— Você estava do nosso lado e eu não sabia? — Brinquei, e voltando ao meu humor normal, continuei — É. Ele tentou me intimidar.

— Ai! Eu sabia que ele faria isso. — Dando um longo suspiro logo em seguida.

— É normal Ash. Eu faria o mesmo. — Admiti.

— Não, é que, depois que ele intimidou os meus “ex”, todos me largaram. — Disse olhando profundamente em meus olhos.

— Você sabe que eu nunca vou te deixar. Você sabe que eu te amo. Meu coração nunca foi o mesmo depois de você. Com você, meu coração vagou por estradas que eu jamais imaginei que caminharia. Como a felicidade e o amor.

— Quem diria meu namorado se tornar um poeta. — Riu e me deu um beijo levemente demorado — Eu te amo, e nunca vou me cansar de dizer isso. Eu te amo hoje e sempre. — Em um fluxo de mudança de humor rápida, me puxou do sofá e me arrastou até a porta. — Agora ta na hora do meu cachorrinho sair.

— Cachorrinho? — Indaguei arqueando as sobrancelhas.

— É que eu não tinha outro apelido em mente.

— Eu achei até meio fofo vindo de você. — Sorri logo em seguida.

— Seu bobo. — Respondeu. — Mais tarde — olhou atrás da porta e voltou novamente a olhar para mim — eu vou até a sua casa. Vou esperar apenas meus pais adormecerem.

— Pra que você sairia no meio da noite até minha casa?

— Surpresa. — Sussurrou. — Seus pais estão em casa?

— Infelizmente estão. Mas se você vier no meio da noite, já estarão dormindo também. E ambos dormem como uma pedra.

— Ok. Espere minhas coordenadas pelo seu celular.

— Certo. Até. — Despedi-me dando um beijo em sua testa, seguindo até a porta do meu apartamento. Quando olhei para trás, Ashley já havia entrado em seu apartamento.

A única coisa que me vinha em mente era: O que será que Ashley Rosson estaria aprontando?


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