Let's Go Back To The Start escrita por Doug, gihcampos, Jean Celso


Capítulo 17
Capítulo 16


Notas iniciais do capítulo

O capítulo está sem correção. Caso encontrem algum, me avisem.



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West Palm Beach, Sul da Flórida, 01 de Julho, 2007.

Formatura. Para muitos um orgulho, para mim, um alívio. O último ano escolar foi um sufoco. Não tinha tempo sequer para respirar. No último bimestre, eu tinha ficado de exame em todas as matérias — de uma hora para outra, me tornei um nerd novamente. Eu estava cansado da escola, e repetir novamente o quarto ano não era algo que eu queria para mim. Às vezes, passava o dia estudando — não era tão comum ultimamente — para passar na prova que faria. Os professores utilizavam as matérias dadas do decorrer do ano, o que deixava a prova numa dificuldade inimaginável. Eles sequer davam uma dica do que cairia na prova — para pelo menos irmos prontos. O que me importava é que depois dessa baboseira, eu estaria livre.

— Liam Champoudry! — Disse a diretora no microfone.

Levantei-me e fui em direção ao palco. O anfiteatro estava lotado de pais e alunos. Fui obrigado a me sentar na primeira fileira, longe dos meus amigos — o que me deixava mais ansioso e aflito do que o normal. Minhas mãos suavam e eu tentava respirar lentamente — em vão.

Colocando o pé direito no primeiro degrau da escada, senti meu estômago revirar. O suco gástrico parecia entrar em um looping como numa montanha russa. Eu jamais tinha me imaginado numa situação como essa. Não tinha experiência de falar em público. Toquei com rápidos movimentos o microfone para ver se estava ligado — que gesto inútil, é claro que estaria ligado.

— Olá. Eu não tenho a mínima idéia do que estou fazendo aqui. — Todos riram. — Serei breve. Quando éramos pequenos, sonhávamos em se tornar, astronautas, paleontólogos, arqueólogos. Tudo que víamos na TV se tornava fascinante. Parecia tão fácil e divertido ao mesmo tempo. Nos anos seguintes, com a maturidade em desenvolvimento, sonhávamos em ser estrelas do rock, esportistas de sucesso ou no meu caso: ganhar o prêmio Nobel de química. Mas nesse ano, nos vemos tão pressionados pelo futuro, que o que vem em mente é: que merda eu vou ser? — Apesar de ter dito uma palavra chula, a platéia riu. Até mesmo a diretora. — Eu ainda estou me fazendo essa pergunta, e claro, ainda não me decidi. Os alunos que estão aqui podem ser o próximo Einstein, o os próximos Rolling Stones, ou até mesmo o próximo presidente dos Estados Unidos. Mas a única coisa que eu quero, e posso proferir é: sucesso a todos. Obrigado.

Dirigi-me até a escada enquanto a platéia batia palma. O riso de todos enquanto eu falava me deixou mais a vontade. Grande parte do meu nervosismo se foi, e tudo saiu quase naturalmente. Como fui um dos primeiros a falar, faltava apenas mais duas horas de cerimônia até o encerramento.

Com o término da sessão de fotos com os formandos, fui até o estacionamento da escola, encontrar meus pais — estavam orgulhosos. Ao entrar no carro, olhei pela janela e avistei Bryan Miller. Seu rosto evidenciava a sua raiva. Havia semanas que eu prometera o pagamento. Minha situação estava crítica. A última conversa que tivemos não foi das melhores. O arrependimento pendia em minha alma. Pela primeira vez, senti a consequência de meus atos, caírem sobre mim. E arcar com elas era terrível.

Eu sentia o meu corpo arder em chamas quando me lembrava de Bryan. Por um momento achei que teria que contar aos meus pais. Mas minha consciência me levava à correta alternativa — não lhes envolver.

O anoitecer se aproximava, e deixei bem claro aos meus pais que haveria uma festa entre os formandos. Algo que para eles soou bem comum e nada demais. Andrew viria até minha casa com o carro de sua mãe às sete da noite. Arrumado, sentei e esperei.


A casa de Alice — onde aconteceria a festa — era um pouco longe. Demoramos aproximadamente quarenta minutos para chegar a uma velocidade próxima a sessenta quilômetros por hora.

O local estava lotado, assim como no anfiteatro. Pelo que eu pude ver não se encontrava apenas formandos na festa, tinha alguns adultos também — irresponsáveis, mas adultos.

Passando pela porta, meus amigos e eu fomos até a geladeira onde se encontravam as cervejas. Não estava tão a fim de tomar bebidas tão pesadas alcoolicamente hoje. Cerveja eu poderia classificá-la como light. Aos poucos, todos foram se dispersando atrás das garotas da festa, que já estavam caindo de bêbadas, E era nessa hora que meus amigos entravam. Às vezes eles se aproveitavam das garotas e suas crises de esquecimento. Lembravam apenas do que as amigas que estavam sóbrias diziam sobre o dia anterior.

Sentado na cadeira perto da piscina, fui abordado por Gwen, — a garota que se dizia santa, mas por dentro era o diabo — pelo seu hálito, pude perceber que já estava bêbada há algum tempo.

— O que o bonitão do colégio faz aqui, sozinho?

— Apenas apreciando a festa. Nada demais. — Disse, tentando não manter um contato visual.

— Essa festa está tão parada. Nunca fui numa festa tão ruim como essa. — Disse Gwen pegando uma cadeira e colocando=a ao meu lado.

— Não está sendo uma das melhores, mas dá para o gasto.

Desenvolvendo uma conversa agradável com Gwen, senti que ela estava dando em cima de mim. Era evidente. O seu olhar não era comum como o das outras que estavam na festa, ela olhava dentro de meus olhos. Eu já havia bebido cinco garrafas de cerveja, e já podia sentir seus efeitos. Era hora de parar e começar a tomar água — ou não.

Gwen se apoiava seu antebraço, no braço da cadeira. A cada risada que dava, chegava com sua mão cada vez mais perto.

— Liam, pode me acompanhar até o banheiro?

— Posso.

Ao acompanhá-la até o banheiro, pude perceber Gwen dar uma mordida no seu lábio inferior. Havia um interesse, e eu sabia qual era. A história da qual tinha escutado sobre ela, se fez real. Ao chegar a porta do banheiro ela passou direto.

— Gwen, o banheiro está aqui.

— Muito pouco espaço para duas pessoas. — Disse arrastando-me para dentro de um quarto que estava a poucos metros de nós.

— Espera um segundo. Você tem certeza?

Gwen não chegou a responder a pergunta, mas o modo como agiu ao continuar a me arrastar para dentro do quarto, deixava claro a sua intenção.

O corredor do andar de cima onde se localizava o banheiro, tinha algumas pessoas. A uma altura dessas, nada importava. E uma diversão nessa festa que me dava sonolência seria ótima.

Gwen era literalmente o diabo. Sua pele era quente, macia, cheirosa. Ao entrar no quarto e fecharmos a porta, ela foi logo arrancando minha blusa e me pressionando contra a parede. Pelo modo como agiu de primeira, era obvio que gostava de ser a dominadora.

Arrancando sua blusa, segurei em sua cintura e a suspendi no ar. Joguei-a na cama e me pus a retirar sua calça. Logo em seguida, colocou sua mão atrás de meu pescoço, e apertou seus lábios contra os meus. Ergui minha cabeça e olhando em seus olhos perguntei:

— O que você quer fazer?

— Tudo.


Na suíte do quarto, joguei água em meu rosto e limpei o suor. Meia hora foi o suficiente para me fazer transpirar cerveja. Era meio estranho pensar nisso, mas estava realmente preso na minha pele o odor.

Colocando a camiseta e calça novamente, percebi no rosto de Gwen um sorriso fraco. Culpado.

— Está acontecendo alguma coisa Gwen? — Perguntei.

— Não. Não é nada. — Respondeu balançando a cabeça e movimentos negativos.

— Pode me falar. — Me sentei na cama e continuei — Estou esperando.

Ela caminhou pelo quarto enquanto colocava suas roupas, parecia inquieta com algo.

— É só meu namorado. Tivemos uma briga ontem.

— Foi feia?

— Talvez. Ele saiu com uma cara bem feia lá de casa.

— Motivos?

— Ele é muito ciumento.

— Ciúmes de quem?

— James. Um colega de classe.

— É normal isso acontecer.

— No caso dele, é doentio. Eu sequer posso conversar com garotos, que ele acha que já estão flertando comigo.

— Não vou contradizê-lo. Você é bem bonita.

— Obrigada. — Suas bochechas de longe, pareciam estar tomando um tom rosado.

— E quem é o felizardo? Estudava na nossa escola?

— Sim. Provavelmente você deve conhecê-lo. — Fez uma pausa para retocar o brilho labial e continuou — Bryan.

Ouvindo essas palavras, meu rosto se tornou pálido. Para ter certeza que tinha realmente escutado aquele nome, tomei a liberdade de perguntar novamente o nome.

— Bryan do quê?

— Bryan Miller.

A náusea veio rapidamente. Tentei não demonstrar a Gwen como me senti ao ouvir o nome. Continuei as perguntas como se nada estivesse acontecendo.

— Já que você tinha namorado, por que... Transamos?

— Eu estava chateada. Ai Liam, não faça perguntas complexas que levariam muito tempo para serem respondidas.

— Ok. Porque não voltamos até lá embaixo?

— Pode ser. Só espera eu arrumar o meu cabelo.

Chegando à piscina, disse a Gwen que precisava conversar com Andrew. Obviamente era uma mentira. Eu precisava sair Dalí o mais rápido possível. Não poderia avistar ou trombar em Bryan. A situação ficaria terrivelmente feia para o meu lado, caso alguém contasse onde Gwen e eu estávamos. Ninguém cairia na idéia que estávamos apenas conversando, ou até mesmo que eu tinha me oferecido para ser o psicólogo amador dando-lhe conselhos.

Avistei Andrew na sala com umas garotas. Pelo jeito, ele tinha se dado bem nessa noite que tanto penso que me reserva algo ruim.

— Andrew. Podemos conversar? — Interrompi a conversa de Andrew com uma garota que estava ao seu lado.

— Claro Liam. O que foi? — Disse Andrew — Garotas, vocês podem esperar um segundo? — Se afastando delas e me levando ao outro lado da sala. — Não me vai dizer que arranjou confusão Liam.

— Mais ou menos.

— Continua. — Disse arqueando uma de suas sobrancelhas.

— Temos que sair daqui.

— Nem pensar.

— É sério cara. Se não sairmos o quanto antes, a coisa pode ficar feia.

— Me dê um motivo.

— Acabei de transar com a namorada do Bryan Miller. Serve?

— Você ta brincando não é?

— Acha que eu gostaria de sair de uma festa da qual acabei de chegar?

Andrew de primeira recusou. Mas depois se pôs em meu lugar e aceitou ir embora da festa. O caminho de volta pareceu mais longe que o normal. Não bastava eu estar devendo dez mil dólares à Bryan. Agora ele tinha outro motivo para vir até mim. Eu estava tão fora de si, e ao mesmo tempo tão dentro da situação que eu sequer escutei o que se passava externamente.

Havíamos chegado até a rua de minha casa. Pedi para Andrew que não parasse o carro. Chegar em casa tão cedo, deixariam meus pais desconfiados. Sugeri que fossemos até o píer. Seria agradável, pois não hoje não estava frio. E estava uma brisa fria e úmida.

Caminhamos até o final do píer e nos sentamos. Calados por um bom tempo, apenas olhávamos o mar. Até que Andrew quebrou o silêncio.

— O que está acontecendo, cara? Pode contar. Você sabe que pode contar comigo sempre.

— Infelizmente eu não posso.

— Ok. Mas caso precise de alguém pra te escutar, você sabe pra quem ligar. — Continuando, disse — Eu estava pensando em ir até em casa. Lá tem umas cervejas e meus pais não estão em casa. Decidiram viajar de última hora. Disseram que uma tia de meu pai faleceu.

— Desculpa em não aceitar essa oferta instigante, mas prefiro ficar aqui mais um tempo. Preciso ficar sozinho. Pensar na vida sabe?

— Sei bem. Preciso tirar um tempo para fazer o mesmo. Faculdades.

— Isso por enquanto está fora de cogitação.

Mais um segundo de silêncio se passou, até que Andrew se levantou e girou os calcanhares.

— Então eu vou indo Liam. Até amanhã. Ou mais tarde, caso resolva ir até minha casa.

Despedindo-me de Andrew, voltei a olhar o mar. Ele estava calmo apesar de ser tarde da noite. Já não podia dizer o mesmo de mim. A impotência em não poder fazer nada a respeito da dívida me deixava desconcertado. O bloco de vidro no qual me encontrava, parecia diminuir a cada dia. Sentia-me sufocado. Apesar da dívida não ter sido feita somente por mim, não poderia colocar meus amigos nessa enrascada. Não foram eles que se ofereceram para pagar todas as drogas que consumissem. Eu estava chegando ao meu limite. Já não dormia como antes, e embaixo de meus olhos já se podiam notar as olheiras se formando.

Voltei o meu olhar para o céu e percebi como era fácil para ele, mudar rápido de uma hora para outra. A tempestade à noite, que eu poderia julgar como tristeza, logo se tornaria alegria quando a luz do sol cortasse o céu com seus raios luminosos revigorantes.

Passos atrás de mim fez minha mente voltar de onde estava vagando no meu subconsciente. Lentos e pesados pareciam estar se aproximando de mim. Minha glote se fechou ao olhar para trás e perceber que meu pesadelo tinha se tornado real. Estava a uns trinta metros de mim. O suficiente para me deixar temeroso.

— Ora, ora. Quanto tempo Liam Champoudry. Pronto para pagar sua conta? — Disse Bryan se aproximando de mim.


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