Let's Go Back To The Start escrita por Doug, gihcampos, Jean Celso
Deitados na minha cama, abraçados, brincávamos de planejar o nosso futuro. O dia da prova se aproximava, e eu conseguia sentir borboletas no estômago, por mais que hesitasse em pensar que não passaria.
Ashley com sua voz me tranqüilizava. Falava que não deveria me preocupar, e que deveria manter um pensamento positivo. Tirando uma mecha do seu cabelo que estava no meio do seu rosto, passei por toda a extensão, minha mão. Seu rosto era delicado e frágil. Ela sorria com os olhos.
No corredor das emoções, fui pego desprevenido pelo desespero. Alguém estava na sala. Falei para Ashley ficar no banheiro, onde era o lugar mais seguro do meu quarto. Rapidamente, coloquei um short e fui até a sala. O clima é pesado, e o ar está tenso.
Espreitando pela porta do meu quarto, vejo um vulto preto passando. O meu coração se acelera. Sinto o pulsar da minha veia no pescoço. O olho se dilata. Ao olhar para Ashley, vejo em sua feição, uma preocupação evidente. Abrindo a porta, sigo pelo corredor até a sala. Não há ninguém. Escuto um barulho no andar superior. Subo pela escada, e o corredor está vazio. Novamente escuto um barulho, desta vez no quarto de meus pais. O coração bate fortemente contra meu peito. Suportando todo o meu peso na parte da frente dos pés, vou seguindo até o quarto. Todo aquele pressentimento ruim que tive a algumas horas atrás, me sobrevêm a cabeça. Ao chegar à porta, vejo um homem de costas. Ele se abaixa e pega algo. Ao vê-lo se virar, tenho uma amostra grátis de um ataque cardíaco. Todo suspense acaba, quando identifico ser meu pai.
— Pai? O que está fazendo aqui?
— Ah, filho você está ai. Achei que não tinha ninguém em casa. Vim aqui buscar uma pasta com os documentos do processo no qual estou dando andamento.
— Achei que estava sendo invadida. E quando subi aqui, percebi que era o senhor.
— É?
— É. Ah, pai, eu organizei os papeis que você e a mamãe me pediram. Estão encima do sofá. Pode levar para mim até a universidade?
— Claro. Mais alguma coisa?
— Só isso. Caso precise de mim, estarei lá embaixo.
— Não, já estou de saída.
Acompanho-o até a porta, e pego os papeis encima do sofá, entregando-os, me despeço. Deixando-nos a sós novamente, volto até o quarto. Ashley, ainda estava atrás do Box do banheiro. Seu corpo parecia tenso.
— Era meu pai. — Disse acalmando-a.
— Ai, graças a Deus. Estava quase morrendo de preocupação. Achei que estava morto.
— Não exagere. Olha o meu tamanho. Não acha que sou capaz de deter um ladrãozinho de quinta? — Digo, fazendo uma das poses clássicas de fisiculturistas.
— Você pode ser forte contra socos, não contra balas de chumbo.
— O que importa e que agora está tudo bem. — Abraçando-a, dou-lhe um beijo na testa.
Seguindo até o quarto, Ashley e eu colocamos nossas roupas. O clima está frio, e resolvo colocar um blazer e uma calça. Sugiro para que fossemos dar uma volta para “esfriássemos a cabeça”. Depois de minutos após o acontecimento, ainda sinto o enrijecimento no corpo de Ashley.
— Tudo bem Ash. Nada de ruim vai nos acontecer.
Ao passarmos perto de uma joalheria, visualizo um anel brilhante que me chama a atenção. Uma idéia me vem à cabeça. Para minha surpresa e gratidão, Ashley se propõe a fazer algo que me ajudaria na situação.
— Ai amor, olha que linda aquela blusa na vitrine. Eu preciso. Sim, eu p-r-e-c-i-s-o.
— Vai te deixar mais linda do que é. — Elogio, induzindo-a.
— Vamos lá.
— Não... — insistindo — prefiro ficar aqui fora te esperando.
— Se você insiste. — Disse entrando na loja ao lado da joalheria.
Aproveitando a saída de Ashley, vou até a joalheria. Confiro minha carteira, e para minha sorte, vejo que ainda estou com o cartão do meu pai. Peço para a atendente, que me mostre o anel que vi na vitrine. Ao vê-lo, percebo o quão lindo é. Ficaria perfeito no dedo de Ashley. Feito de ouro era marcado com um símbolo do infinito desenhado delicadamente, e no meio do símbolo, se encontrava um diamante. O seu preço era razoavelmente alto, mas valia cada centavo por um sentimento. Colocando-o novamente dentro da caixinha de veludo vermelho em formato de coração, pago e volto para frente da loja onde Ashley estava. A felicidade toma conta do meu corpo. Ashley sai da loja com várias sacolas nas mãos.
— Não era apenas uma blusa?
— É, mas eu resolvi comprar mais algumas, e uns acessórios também.
— Nada compulsiva você heim.
— Mas eram lindos. Não deixaria qualquer uma usá-los.
Eu tinha uma idéia ótima de como dar esse anel a Ashley. Seria o dia perfeito para ambos. Caminhamos por mais algumas horas. Ashley parou mais duas vezes, depois da primeira loja. Quando voltamos para o prédio, estava com quatro sacolas em mãos. O dia escurecera, e Ashley nem desconfiava no que eu estaria guardando dentro do bolso do meu blazer.
No dia seguinte, acordei nervoso para a prova que faria. Eram seis da manhã. Ao chegar até a cozinha, vejo um bilhete na mesa. Pela caligrafia, percebo ser da minha mãe. Diz: Desejamos a você boa sorte na prova hoje filho. Estamos orgulhosos de você.
Após comer, vou até o quarto me arrumar. Pondo uma roupa casual, escovo os dentes e sigo até o apartamento de Ashley. Para não acordar seus pais, ligo para o seu celular. Passado alguns segundos, rapidamente abre a porta.
— Boa sorte. — Diz me abraçando fortemente.
— Obrigado. Que ela esteja comigo. — Rindo, beijo-a, e me despeço logo em seguida.
Chegando à universidade, vejo que Ashley estava falando a verdade quando me disse que era mega concorrida. Estava abarrotado de gente aquele lugar. Encaminho-me até o local de provas e procuro meu nome nas listas de inscritos. Vou para a sala vinte e seis, onde tiro de meu bolso, uma caneta esferográfica preta. Ao darem todas as provas aos participantes, pedem que a virem. Pronto e positivo para a prova, risco a alternativa certa da primeira das cento e cinquenta questões.
A semana passou lenta e dolorosa. A angústia tomava conta de meu corpo, enquanto as quatro horas da tarde não chegava. Ashley me prometeu que iria comigo até a universidade, conferir o resultado da prova. Era um momento espetacular em minha vida. E com Ashley, essa sensação se tornava inesquecível.
O mural no corredor estava repleto de folhas com o nome dos alunos que passaram. Divagando com os olhos por entre as folhas, vejo a letra “L”. Passando com o dedo sobre a folha, procuro o meu nome dentre os demais. A cada nome passado, a aflição era vista em meu rosto. A letargia tomou conta dos músculos de meus dedos. Em segundos, o tempo pareceu parar.
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