Let's Go Back To The Start escrita por Doug, gihcampos, Jean Celso


Capítulo 10
Capítulo 9




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   A noite parecia não passar. Foi longa e árdua. Era impossível não pensar nos últimos momentos que passamos juntos. Estava tudo tão perfeito, no seu lugar, ocorrendo como tudo deve ser. Mas, por uma força maior, a do destino, tudo foi estilhaçado, como um vidro pelo martelo. Eu estava tão perto. O céu caiu, e pude ver nossas faces cintilando o vermelho da vergonha. Foi algo desconcertante.

   Após aquilo tudo, pensei em ligar, mas tinha esquecido o fato que ainda não tinha seu número. Chamar Ashley para subir até o terraço do prédio novamente, soaria estranho. Tentei engolir alguma comida, estava com fome, mas nada descia pela minha garganta. Evitei pensar em dormir, mas o corpo necessitava disso. Dormir faria tudo isso passar. Precisava descansar a minha mente que estava sobrecarregada. Esperar até amanhã, seria a melhor coisa a fazer.

   No dia seguinte, logo depois de acordar, fiquei na cama por alguns minutos, pensando no que deveria fazer. Esfregando minhas mãos no meu rosto, bocejei. Levantando da cama, fui até o banheiro. Tinha dormido com as mesmas roupas da noite anterior. Não tive a intenção, mas deitado na cama, adormeci. Olhando-me no espelho, percebi que meu rosto estava em um estado deplorável. Minhas pálpebras ainda pesavam sobre meus olhos que estavam vermelhos. Ignorei a hipótese de lavar apenas o rosto. Escovei os dentes e resolvi tomar um banho.

   Quando cheguei até a sala, percebi que meus pais me esperavam na sala. Era sempre uma surpresa encontrá-los. Olhei para o meu relógio, e percebi que não era tão cedo quanto havia pensado. Já passavam das onze da manhã. Tinha dormido mais do que meu corpo necessitava. Conclusão: Preguiça à vista. Olharam para mim e apontaram para o sofá.

   — Não tem necessidade. — Respondi.

   — Ok. Liam, seu pai e eu conversamos, e decidimos que você vai pra Universidade Columbia.

   — Só isso? — Como se eu já não soubesse que iriam me colocar numa universidade privada.

   — Ao contrário do que você pensa, vamos te obrigar a cursar a faculdade... — Retrucou meu pai.

   — Creio que não será necessário. Decidi que faria por si próprio. — Proferi, interrompendo-o.

   — Que ótimo. Isso evita uma discussão desgastante que pensei que teríamos. Espero que tenha um curso em mente. Faltam apenas alguns meses para o próximo semestre. — Dando um sorriso olhou para o seu relógio e continuou — Preciso ir para o trabalho. Até mais querida. Tenham um bom dia. — Quando se encaminhava até a porta, minha mãe o interrompeu.

   — Não querido, espere, vou com você. — Pegou uma maleta que se encontrava no sofá e se levantou — Preciso chegar cedo hoje na empresa. Tchau querido. — Dando um beijo na minha testa foram em direção a porta. — Tenha um bom dia. Não se esqueça de organizar os papéis para sua seleção na universidade.

   Antes mesmo que pudesse responder, saíram. Morrendo de fome, fui até a cafeteira. Peguei uma xícara grande no armário e enchi-a toda. Percebi que era a primeira vez que tinha feito aquilo, desde que chegamos. Sentado no sofá, liguei a televisão. No canal em que sequer tive a curiosidade de saber, passava uma série da qual não sabia o nome — provavelmente era um seriado policial investigativo.

   Por mais que tentasse tirar Ashley dos pensamentos, era evidente que era impossível. Minha memória foi marcada por alguns segundos de êxtase e não dá pra sobrepor uma tinta por cima e fingir que nada aconteceu. Ainda com metade do café na xícara, decido ir até o seu apartamento. Ainda tomado por indecisões, bato na sua porta. Quem abre a porta é Melanie, sua mãe.

   — Liam?

   — Desculpe te incomodar a essa hora da manhã. É bem provável que a senhora esteja cansada depois de passar a noite no hospital.

   — Nem me fale. Entre — Disse, estendendo a mão para dentro da casa.

   — Não, é coisa rápida. Ashley está?

   — Não, ela marcou de se encontrar com as amigas na universidade. Disse que precisava fazer umas pesquisas na biblioteca para um trabalho. Eu posso ligar para ela se você quiser.

   — Não, não se preocupe. Depois eu falo com ela. Eram coisas fúteis, pode esperar. Até mais senhora Rosson.

   — Por favor, não me chame desse jeito. — Sussurrando disse — não quero parecer velha, me chame apenas de Melanie. — Seu jeito me fez lembrar Ashley.

   — Ok. Tchau “Melanie”. — Repeti, enfatizando o seu nome.

   — Até, Liam. — Respondeu rindo e logo em seguida, fechando a porta.

   Apesar de dizer que iria esperar, resolvi ir até a universidade. Nunca pensei como aquele lugar era grande. Pedi uma explicação a um aluno que estava sentado na escadaria da entrada, de como chegar até a biblioteca. Caminhei até o saguão principal, e antes que pudesse chegar até lá, vi Ashley, Mari e mais algumas garotas passando por um corredor. Andando até lá, chamei-a pelo nome, interrompendo suas risadas por um segundo.

   — Ashley?

   — Ah, Liam. Meninas podem nos dar licença? — Não disseram nada. Apenas continuaram a andar pelo corredor até saírem de vista.

   — Ocupada?

   — Não. Já terminamos o trabalho, e estávamos indo para casa. Estava precisando conversar com você.

   — Vim aqui, por causa disso.

   — Podemos ir a algum outro lugar se você quiser.

   — Por mim tudo bem.

   — Que tal ao Central Park? É perto daqui e bem mais tranqüilo.

   — Ótimo.

   Fomos até a entrada da universidade e pegamos um taxi. O clima estava nublado, apesar de não ter notado isso quando sai de casa. No caminho, Ashley ficou quieta. Talvez por souber o motivo de estarmos indo até lá. Os minutos pareceram horas dentro do taxi. Tudo muito monótono. Quando por fim chegamos ao Central Park, deduzi que andássemos apesar das pessoas estarem saindo.

    — É bem provável que você já saiba o porquê estamos aqui. A noite passada não passaria despercebida, nem que quiséssemos.

    — É. Concordo que, o que aconteceu, foi uma situação um quanto chata. — Disse colocando suas mãos dentro dos bolsos de sua calça.

    — Eu não tenho nada a dizer sobre aquilo. Mas... — pausei e engoli em seco — Ashley, o que eu posso dizer, pode soar meio engraçado, ou não, mas eu percebi que não era só eu que queria aquilo.

    — Liam, você é cara bonito, e eu não iria simplesmente se afastar e te dar um tapa na cara. Algo que eu nunca fiz e nunca faria.

    — Eu sei, mas não parecia uma simples entrega. — Tinha algo mais. Começando a sentir uns pingos sobre meu braço, pressenti o destino novamente conspirando contra mim. Não havia mais tempo, e eu tinha que fazer aquilo. Paramos e me olhando nos olhos disse.

   — Liam, é tudo muito confuso.

   — Eu sei, pra mim também é Ashley. A princípio, eu achei que era apenas algo sentido por mim, mas depois de ontem, eu tive certeza que não era. — Chegando mais perto de Ashley, segurei uma de suas mãos. — Eu sei que você acredita que eu seja só mais um, brincando com os seus sentimentos, mas, eu nunca senti isso por uma pessoa. Você foi a primeira... — Disse, e aproximando um pouco mais de Ashley, percebi que a chuva tinha se tornado um pouco mais forte.

   — A... — Silenciei seus lábios com o meu dedo indicador.

   — E te prometo... — olhando em seus olhos azuis, mergulhei naquele lindo oceano — que será a última.

   Os segundos que se seguiram, foram os melhores de uma vida. A chuva caia sobre nosso rosto, nada mais importava. Passei com meu braço esquerdo sobre sua cintura, e agarrei-a pelo pescoço. Ashley se entregou definitivamente. Deixando-se levar pelas emoções, prendeu-me contra seu corpo, passando sobre minhas costas, seus braços finos e delicados. Encontrando seu olhar, fechei meus olhos e me deleitei do momento. Naquela noite chuvosa, o ar se tornou frio. A chuva que caia sobre seu pescoço, deixava o ar ao nosso redor com o seu perfeito perfume. Eu conseguia sentir a sua respiração quente contra o meu rosto. Nossos corpos se tornaram um. Seu coração batia contra meu peito cada vez mais rápido à medida que o tempo decorrido crescia. E naquele momento eu percebi que a sua boca era aquela que eu sempre procurei entre as outras e jamais encontrei. Seria a última que eu beijaria.  


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