Adorável Depressão escrita por Cristina Abreu


Capítulo 11
9. Calar a boca é tão difícil?


Notas iniciais do capítulo

Meia-noite e eu postando. Estamos no dia 25!!! (grande bosta, Cris. Grande bosta)
Heeeeeeeeeeeey, sexy Apple Pies! Como vocês estão?? Curtindo os últimos dias de férias? ~lê-se eu chorando~
Não, mentira. Meu drama passou. Estou resignada com o meu futuro neste ano, o que não significa que não mudarei o do próximo. Nem a pau fico nessa escola ano que vem.
Eu devo amá-los muito, porque passei minha semana inteira adiantando capítulos e... Só falta o último! Escrevi todos os dias da semana e já estou escrevendo o último da fic, mas as postagens continuam sendo uma vez por semana ú.u
Mas enfim... Aqui está o capítulo nove e eu espero que vocês gostem!
Nos vemos nas Notas Finais, hein? Tem coisa importante lá.
Enjoy.



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9. Calar a boca é tão difícil?

Sangrando... Tiago... Meu irmão.

 Era mesmo Tiago que estava sangrando? No meio daquela rua suja e vazia? O que acontecera? Como ele se machucara? Por que eu não pude fazer absolutamente nada?

Seu sangue pingava na minha roupa como em um dilúvio. Senti minha boca encher-se com a bile e tentei engoli-la. Com as mãos tremendo, procurei a fonte do sangramento e quando descobri...

Escutei um grito assustado e horroroso. Só depois de muito tempo identifiquei quem o soltara.

Era o meu.

Acordei assustada, conseguindo segurar o berro que queria sair por meus lábios. Mal podia me recordar do sonho, mas havia muito sangue. Muito sangue em mim. Estremeci e voltei a me recostar nos travesseiros.

Seja lá o que tinha sido... Não importava mais, não agora que eu estava acordada. Fiquei aliviada, sentindo meu coração voltar, aos poucos, a bater no ritmo.

Fora um pesadelo. Apenas isso...

Não fora?

***

Silêncio... Silêncio... Silêncio. O que diziam, mesmo? “Depois da tempestade vem o silêncio”? Parte de minha tempestade particular já acabara de cair, mas o que uma garota como eu poderia fazer para conquistar a ausência de sons? Mordi meu lábio, tentando pensar em outra coisa para não soltar o grito que queria, afastar-me do que se passava ao meu redor. Acabei refazendo minha semana em minha mente, fugindo do que quer que falavam a mim.

Em minha casa estava a mesma coisa de sempre. Agora apenas uma mudara. Quer dizer, voltara a ser como era e devia ser. Apenas Paula, Tiago e eu. Os dois ainda não estavam se falando – meu irmão ficou puto com o tapa que recebeu -, mas eu achava que tudo estava melhor. Ou que estava ficando.

Por isso tentava não irritar-me com o que quer que Rafael estivesse dizendo. Por que era tão difícil encontrar um momento de silêncio? Coloquei minha mão embaixo do queixo e suspirei.

— Kate! – Ana me chamou. Virei-me para ela, feliz em ter uma distração do blábláblá interminável do meu namorado. Além do mais, eu não pude conversar com minha amiga ultimamente. Ela pegara uma virose e não viera para o colégio até o dia de hoje.

— Fala, Ana. – minha voz mostrava meu desânimo. E era ainda apenas o intervalo. Teria ainda mais três aulas pela frente.

Calminha, Katherine. Tudo está melhorando!, falei comigo mesma e dei um sorriso pequeno. Sim, aos poucos, tudo ia melhorando.

— Vamos ao banheiro comigo, por favor? – pediu, olhando para Rafael, que suspirou dramaticamente e assentiu. Franzi minha testa e me levantei, acompanhando Ana pelos corredores do colégio. Entramos no banheiro, onde algumas garotas do quinto ano, ou talvez quarto, conversavam.

— Vocês, fora! – minha amiga falou. Elas nos olharam e saíram rapidamente. Realmente, a carranca de Ana era de assustar.

— O que está acontecendo? – perguntei.

— Quero conversar com você... Faz tempo que não nos vemos. – ela falou, sorrindo gentilmente. Epa. Eu tinha certeza de que não sairia nada de bom desse sorrisinho aparentemente simpático.

— Ahn... Diz, então. Você já expulsou todo mundo mesmo. – murmurei, confusa. Aonde ela iria chegar, dessa vez?

— Como você está?

Suspirei, aliviada. Dei um sorriso que podia ser chamado de “radiante”. Ana ficou confusa e arqueou as sobrancelhas.

— Muito bem... Meu padrasto já não é mais meu padrasto desde essa semana. Eu estava louca para te contar. Ninguém mandou você ficar doente. – franzi meu nariz. – Bom, ele ficou com os nossos carros, mas ficamos com a casa, então... Tudo bem. Minha mãe não costuma dirigir mesmo, e Tiago não gostaria de ter um daqueles carros. Muito menos eu. Nem automáticos são...

— Ok, Katie! – ela riu. – Eu não quero saber dos carros... Você parece distraída com Rafael. Engraçado como isso acontece depois de ter visto o Vitor e ter ficado com a jaqueta dele.

Corei. Desse acontecimento eu tive a chance de falar.

— Rafa só está falando demais hoje, e isso enche meu saco. – fiquei espantada com a raiva em minha voz. Acho que ainda estava de TPM. – Além de um sonho...

— Que sonho? – perguntou, curiosa.

— Não me lembro bem, só sei que tinha sangue. E muito.

Argh!

— Ah, mas relaxa. Foi só um pesadelo... Sempre acontece. – Ana estremeceu. – Por isso prefiro não sonhar de modo algum.

— Uh... – minha voz mais parecia um grunhido. Espera aí... Eu estava com medo?! Arregalei meus olhos, mas Ana não notou, já que não olhava mais para mim.

— Mas quanto ao Rafa... Ele sempre foi assim, vadia do meu coração. Menos quando éramos crianças... Ele até que era legalzinho. Ah... Você gostava dele, não é? – riu novamente. – E o Ale era doidinho por você...

Aquilo nos distraiu dos nossos pesadelos particulares. O quê? Novamente aquela maldita conversa?! Por que todo mundo parecia saber daquele fato, menos eu? Hein?!

— MAS O QUÊ?! – gritei.

— Calada, sua matraca. – Ana revirou os olhos.

— Por que eu nunca soube disso?! Por quê?! Até Tiago, aquele delinquente desgraçado sabia e eu não! – cruzei meus braços e fiz biquinho. Até parecia uma criança novamente. – Se eu soubesse...

— Se você soubesse, naquele tempo, isso só a faria se sentir mal. Porque você era caidinha pelo seu atual namorado, coisa que eu nunca entendi, mas agora parece que nem liga mais para o coitado. Ele merece um pouco de atenção, Katherine. Até eu estou com dó do moleque.

— Não mude de assunto. – falei, constrangida. – Você mesmo disse que eu não tinha ligação nenhuma com Alessandro, me incentivou a desistir dele, sendo que ele já gostou de mim!

— Exatamente! – ela rebateu. – Ele gostou de você, hoje mal olha na sua cara. Agora chega de falar do Alessandro, o maior idiota de todos os tempos. Voltemos ao seu namorado grudento e amoroso.

 Bufei e revirei os olhos.

— Ainda assim, como eu nunca soube disto? – resmunguei.

Ana suspirou, tentando arranjar paciência.

— Porque você era apaixonada pelo Rafa. Além do mais, eu não sabia que você não tinha ideia disso. Qual é... Os dois se tornaram melhores amigos por sua causa, Kate.

— Como? – aquela história estava cada vez mais confusa.

— Você só ficava com Rafael, que também te amava, falando nisso, como o amor é lindo, né? Ele gostava de você desde pequeno, que fofo...

Fiz uma careta e Ana se tocou.

— Ok, ok... Enfim, vocês dois viviam juntos para cima e para baixo, o modo que Alessandro encontrou pra ficar perto de você... Foi ficando com Rafael. E então eles viraram amigos.

— Hm... – eu não sabia mais o que falar.

— Naquele tempo até eu tinha ciúmes. Você era tão apegada a Rafael... E um dia tudo mudou. Não sei como aconteceu, mas aconteceu. Você não olhava mais para Rafael como se ele fosse o seu protetor, nem tratava Alessandro com desdém, mas com amor, o que foi uma coisa muito idiota, mas... – Ana sorriu. – Aí foi a nossa vez de virarmos melhores amigas.

Acabei sorrindo também. Eu começara a ficar perto de Ana por sua alegria, seu modo de poder agir sem pensar muito... Até que, um dia, não via mais como poderia não ficar perto dela.

Rafael sempre tinha um ar de nostalgia em si. Era igual a mim. Por isso que, depois que meu pai nos deixou, eu não conseguia mais gostar dele como gostava antes. Ele era muito parecido comigo para poder me completar. Como eu já disse uma vez, quando eu o olhava não via o meu “tudo”. Uma filosofia idiota minha, algo para representar a felicidade que uma vez tive.

— Sim, somos almas gêmeas. – falei, rindo.

— Para sempre! – riu também. – Tá, mas agora me conta... O que está acontecendo entre você e Rafael?

— Você sabe como acabar com um clima romântico, né? – brinquei. Depois, suspirei. – Eu não sei bem... Ando muito estressada ultimamente. E aquele garoto gosta de falar!

— Por que você não o impede? – os olhos de minha melhor amiga ganharam um brilho esquisito.

— E como diabos vou fazer isso? Não posso colar uma fita adesiva na boca dele. – balancei minha cabeça.

— Mas pode colar sua boca na dele. – deu de ombros. – Geralmente, isso costuma funcionar. Ele não vai te negar um beijo. Pelo contrário. Vai te beijar de volta e isso vai manter aquela boca falante dele ocupada. Viu que ótimo plano?

— Ana! – por que meu rosto estava tão corado?

— A não ser que você não queira mais beijá-lo... Aí já é outra coisa... E você só vai se livrar dela terminando com Rafael. – ela deu um longo suspiro. – Por que nenhum namoro dura hoje em dia?!

— Fique quieta! Eu não quero terminar com Rafael... Só que você é... Ah, deixa pra lá. – choraminguei, querendo mudar de assunto. – E você e aquele carinha do cinema? Nada mesmo?

— Ele continua me mandando mensagens. – Ana se virou para o espelho e arrumou o cabelo. Vi o meu também, mas se mexesse iria ficar pior do que a bosta que já estava. – Mas será que ele não entende que eu estou sem créditos... Para ele? Para sempre?

— Coitado, Ana! – dei risada. – Tem certeza que ele não pode ser... Sei lá, legal?

— Absoluta. Muito grudento. E esses eu deixo para você. Não tenho um pingo de paciência com esse tipo. – franziu seu nariz e me puxou pelo braço. Revirei meus olhos.

— Você é má, sabe disso, não sabe? – sorri ironicamente. – Sua megera.

— Posso ser pior se você não ficar quietinha. Tipo... Eu posso te levar de volta para o Rafael... Para a boca dele...

Pisei em seu pé e ela me deu um tapa.

— Idiota! – rimos.

Saímos andando, alfinetando uma a outra. E pelo canto do meu olho, vi que Alessandro nos encarava, ou parecia fazer isso. Subitamente, fiquei triste. O que eu havia perdido?

Não gostava da verdade, da resposta, embora eu a soubesse. O que você perde nunca mais é recuperado.

***

— O que você acha de... – Rafael falava, enquanto nos encaminhávamos para a saída. Franzi minhas sobrancelhas e pensei no que Ana havia me dito. Hm... Acho que daria certo. Chacoalhei minha cabeça. É óbvio que daria.

— Rafa? – chamei.

Ele me encarou e eu o puxei para mim. Encostei meus lábios aos dele e pedi passagem com minha língua. Rafael cedeu, respondendo o beijo com mais intensidade do que eu, quando comecei, e em seu corpo havia o sinal de surpresa. Até que isso era legal. Sua língua acariciou a minha e eu tremi.

— Pelo amor de Deus, arrumem um quarto, vocês dois. – alguém gritou. Muitos riram. E eu sorri, não querendo me desprender do meu namorado. Sei que estávamos dando uma cena, mas... O silêncio que se estabeleceu entre nós dois foi tão bom! Eu preciso mesmo continuar causando tempestades...

Só paramos de nos beijar quando ficamos sem ar. Rafael, ofegante, sorria. Um sorriso tão brilhante e carinhoso que doeu em mim.

— Kate... – tapei seus lábios com meu dedo indicador, o mandando calar a boca.

Ótimo. Agora toda vez que me sentisse irritada com o seu falatório sem sentido, calaria a boca dele com a minha. Era perfeito, eu tinha que admitir. Sorri, satisfeita.

Digo, óbvio que não deixaria de conversar com ele – as chamadas telefônicas tornavam isso impossível mesmo que eu quisesse -, mas o beijo me renderia alguns minutos de paz. Será que ninguém compreendia que eu não gostava de falar muito?

Fiquei com aquele sorriso superior até que vi um movimento com a minha visão periférica. Novamente, fora Alessandro que me chamou a atenção. Hm... Eu andava pensando muito nele, mas... Vendo-o, não sentia nada demais. Nada daquele sentimento que acelerava meu coração, como antes...

— Oi, Ale. – murmurei quando ele se aproximou de nós. Ele revirou seus olhos para mim, com um sorriso sarcástico no rosto.

— Já cansaram de se comerem na frente da escola? – riu. – E aí, Rafa?

Eles se cumprimentaram e por um minuto eu fiquei sobrando, até que Ana veio correndo até mim.

— Vaca, te achei! – seus olhos brilhavam. – Você viu?! Você viu?!

— O quê? – não correspondi sua animação.

— A formatura, imbecil! Eles acabaram de colocar um comunicado lá na frente... Você já pagou, não já?

— Ah, isso... Já. Minha mãe quis que eu fizesse. – bufei. Vestidos de gala, saltos, penteados, garotas se exibindo... Não era muito legal. Não para mim, pelo menos. Para Ana, seria o evento do século. – Mas não sei onde vai ser...

— O Baile vai ser só para os alunos, à noite. A Cerimônia, de dia. Não acha que assim é ótimo?! Eu não dançaria na frente dos meus pais, mas nem ferrando...

Desliguei-me dela por um instante. Eu não dançaria de modo algum. Não que não gostasse... Amava dançar. Só não queria pagar mico em público. Não tinha curvas para as danças que as demais garotas faziam.

Suspirei. Eu já estava me formando no Fundamental! Tudo passou tão, mas tão rápido...

— Terra chamando Kate... Alô... Kate! – Ana gritava. Os meninos olhavam para mim.

— O que é, porra?! – gritei de volta. - Você sabe que eu vou. Já está pago essa bosta.

— Mau humor é foda, né, coração? – ela ironizou. – Eu sei que você vai, idiota. Eu tô perguntando com que fantasia.

— É à fantasia? – questionei.

— Sim, sim! Mas tem que ser com máscara, também. – bateu palmas, animada. Céus... – Eu não sei do que eu devo ir... E só temos alguns dias para pensar... A formatura vai ser logo depois que recebermos os nossos resultados...

— E não falta, tipo, quase um mês para isso? – rolei meus olhos. – Ana, calma, ainda temos tempo.

— Nunca se é cedo demais para preparar essas coisas... – seu olhar desfocado me encontrou. – E você – falou, apontando para mim. – vai ser maquiada por mim! Não deixe sua mãe encostar de novo em você. Santo inferno, eu ainda me lembro da última vez...

— Tá, tá. Você vai se arrumar e me arrumar também, ok? – grunhi. – Agora a gente pode ir embora? Tô cansada... Quero ir pra casa.

— Sua chata! – Ana mostrou a língua. – Pelo menos, vai pensando no que vestir.

— Claro... Eu vou ficar matutando, como diz minha vó, isso o dia inteiro. Pode deixar. Não tenho mais nada com que me preocupar, não é mesmo? – bufei.

— Bom mesmo, Srta. Irônica. Quero só ver.

— Aham... Fica só esperando. – sorri e dei-lhe um beijo no rosto. – Tchau.

Virei-me para Rafael e dei um selinho nele, apenas. Dessa vez, ele estava quieto.

— Tchau... Hm... A gente se fala depois. – murmurei, gemendo internamente com essa possibilidade.

— Claro. Eu te ligo. – Eu sei, Rafa... Você sempre me liga.

Beijei Alessandro no rosto, também, e saí andando. Pelo menos, continuava indo sozinha para minha casa. Isso era muito bom. Meu momento, e apenas meu. Mas, como sempre acontece quando você está passando pelo pior dia da sua vida (ok, exageros à parte...), alguém viria estragá-lo.

— Posso andar com você? – perguntou-me.

— Se você ficar quietinho, pode. – rendi-me. Alessandro sorriu. Esqueci-me que a casa dele era bem perto da minha, diferente da de Ana e Rafael.

Ficamos por bons minutos em silêncio. Porém, não estava sendo agradável como eu pensava que seria. Não era porque, com Alessandro ali, eu pensava muito no passado. Em como eu nunca desconfiara de nada.

— Katie...

— Hm? – franzi minha tez por causa do Sol forte do meio-dia.

— Ahn... Nada, esquece. – era impressão minha ou ele estava tímido?

— Fala logo, Ale. – pedi. O “nada” me deixava muito curiosa. Será que ele sabia ou imaginava isso?

— Você gosta do Rafa? – perguntou.

Certo. Aquilo era muito estranho. Ele estava verificando se eu não magoaria seu melhor amigo? Ou talvez... Droga, óbvio que não.

Eu ainda gosto dele? Se eu gosto dele, por que não me sinto mais como sentia antes? E por que isso é tão confuso?

— Gosto. – respondi, simplesmente. Alessandro balançou a cabeça. – Não estaria com ele se não gostasse, não é mesmo, Alessandro? Eu sei que você pega qualquer uma que esteja carente, mas...

— Não, não... – me interrompeu, nervoso. O que ele queria? - Você ama o Rafael?

— Não. – a palavra saiu antes que eu pudesse segurá-la. Quis dar-me um belo tapa na boca. Que asneiras eu estava falando? Agora já foi. Melhor acabar com tudo aquilo logo. – Não o amo.

— Não? – por que ele parecia tão feliz?

— Ahn... Digo, eu amo o Rafa como amigo. Como namorado... Não. – tentei ser sincera. – Nem ele me ama desse jeito. – emendei rapidamente.

Alessandro riu. Pisquei, confusa. O que eu estava perdendo ali?

— Duvido. – murmurou. Não falei nada. Acho que ele não queria que eu ouvisse.

— Por quê? – exigi, querendo tirar de mim um pouco da confusão que sentia.

— Por nada... Ah! Essa é minha deixa. – sorriu calorosamente quando chegamos próximos a uma esquina. - Tchau, Katherine! – inclinou-se e beijou-me a testa.

— Não me chama de Katherine! – reclamei, corando. Na testa? Aquilo era carinho demais para Alessandro.

— Prefiro seu nome completo ao seu apelido. “Kate” ou “Katie”... Não gosto. Sei lá. Agora eu tenho que ir... Tchau!

Saiu correndo. Após virar na esquina onde ficava a rua para a sua casa, não consegui mais vê-lo. E também não desejava que isso acontecesse novamente.

***

Quando cheguei em casa, fui diretamente ao quarto de Tiago. De lá saíam alguns risinhos e muitas coisas realmente imbecis. Eu não teria que ouvir aquilo pelo resto do dia, não é?

— Tiago! – gritei, entrando sem bater.

— Mas que porra, Kate. O que você quer? – meu irmão perguntou e os outros riram ainda mais.

Ah, mas que perfeito! Ele continuava a se drogar.

— Por que está fumando maconha? – perguntei, furiosa.

— Isso não é maconha, maninha. E a gente não tá fumando... – abaixou o tom de voz, como confessar-me um segredo. – A gente tá cheirando...

E riu-se. Senti nojo dele.

— Por que ainda está fazendo isso?! – estava pronta para chorar. – Eu pensei que você pararia depois que...

— Ah! Que linda! A irmãzinha dele está preocupada! Mas que fofa, não é mesmo, pessoal? – um dos amigos dele disse e todos concordaram rindo, exceto Tiago, que ficou quieto.

— Hein? Responde, seu animal!

— Desculpa. – falou, apenas.

— Só isso? “Desculpa”? Estou esperando por um: “Tudo bem, Katie, eu vou parar”, ou até mesmo um: “Estou tentando, estou tentando”. Mas é óbvio que não... Ninguém pode esperar nada de você, não é verdade? Não mais.

— Olha, desculpa! – gritou, seu nariz e seus olhos estavam vermelhos devido à cocaína. – Só que minha, nossa, vida já está ferrada demais para que eu possa fazer alguma coisa.

— Quer saber, foda-se. Vai pra puta que pariu! – gritei. Por que ele continuava arruinando sua própria vida. – Seu drogado fodido!

Minhas lágrimas escaparam.

— Papai queria que você tomasse o lugar dele, que cuidasse de nós! Mas você não quer, não é? Você não liga mais pra mamãe. Não liga mais para mim!

Solucei. Seus amigos ainda riam. Se eu tivesse uma arma... Atiraria na cabeça de cada um deles.

— Pois ótimo! Só é uma pena que eu não consigo desistir de você também, por mais que eu deva fazer isso!

Saí de seus quarto, batendo a porta com tanta força que seria capaz de quebrar suas dobradiças. Não esperei que ele viesse atrás de mim. Tiago nunca vinha. Desde pequena é sempre o contrário.

Entrei no meu quarto, puta de raiva. Meu irmão continuava sendo um retardado, mas... Por quê? Jorge já havia saído de casa. Por que ele não deixava para lá? Mas que inferno!

Deitei, suspirando. Acho que eu estava suspirando muito nesses dias.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Não gostaram? Comentem! E se quiserem recomendar... Eu mais do que amarei!!! *faz carinha pidona*
Enfim. A fic está chegando ao final ~eu choro~ Só terão 14 capítulos e mais dois bônus (sim, porque eu quis encher linguiça). Já estão quase todos prontos... Estou só escrevendo o último e vou acabá-lo hoje mesmo, ou é o que eu quero. Fiquei com medo de não ter mais tempo para postar e escrevi que nem uma doida. É, eu realmente os amo ^^
Mas então... Adorável Depressão não vai ter uma segunda temporada. O que eu quero saber é: se eu postar uma nova fic, vocês vão ler?
Sim? Não? De jeito nenhum? Tão me mandando para o inferno?
Essa nova fic que eu quero postar já está no capítulo 16 e vocês teriam 4 meses sem qualquer tipo de atraso. Mas eu preciso saber se vocês me acompanham nela.
Ah, o tipo dela é bem diferente. Tem romance, óbvio, porque eu não vivo sem romance, mas tem sobrenatural também. Mistério e suspense, porque terror nunca rolou. É difícil você escrever se você não tem medo algum de nada (não de monstros, pelo menos).
Ela já foi postada aqui no Nyah, em outra conta, mas eu odiei e depois de terminá-la, estou reescrevendo. No geral, o pessoal curtiu... Mesmo que eu não tenha.
Agora ela está totalmente mudada. Desde título ao capítulo final (que ainda não escrevi -q).
Vocês lerão? Hein? :c
Deixem a resposta nos reviews, tudo bem??? Leitores fantasmas, comentem! A fic tem 86 leitores... Vamos lá. Eu também quero saber a opinião de vocês. Eu vivo de opiniões.
Bem... Já enchi as notas finais. Agora chega, né? Vocês devem estar cansados de mim.
Bom... Vou-me lá (pra onde? Não sei). Mas não me deixem sem uma resposta, por favoooooooooooor!
Beijinhos, Apple Pies :*