P.V.O Kelly Prescott

Kelly caminha em direção à escola para mais um dia na mesma.
Fossa pra cá, fossa pra lá. Isso pode descrever perfeitamente bem como a menina vem passando essa última semana, pois é assim que se sente toda vez que entra no mérito de pensar sobre como será sua vida daqui pra frente. E é algo esquisito de ver, voltar pra escola, com sua rotina normal. Mas não é como se fosse igual, falta algo. Melhor dizendo alguém. E mesmo que ela queria se convencer de que só sente a falta dele, a coisa se mostra contraditória quando avista tudo o que perdeu. Percebe que nada seria assim se ela tivesse agido de mil maneiras diferentes. Mas não, ela havia escolhido daquela forma. ‘’Agora devia sofrer as consequências de seus atos, não? Liberdade de escolha e liberdade de consequências. ‘’ O modo é seguir em frente. Mas como pode seguir em frente, com sua vida normal se tudo nela mudou a partir do momento que escolheu fazer o que não deviria ser feito. ‘’Ah Deus, agora não tem volta... Não há nada que possa mudar ‘’ Pensou a menina com lágrimas nos olhos.

A escola não é perto da sua casa, mas como muitas coisas que mudaram do ano que tinha passado para o atual, Kelly vinha tendo de ir andando até lá, já que não tinha mais seu carro. Ele assim como as muitas outras coisas da sua vida, não há pertence mais. Agora seu antigo Jeep provavelmente esta em algum ferro velho, mofando e é assim que vai continuar a menos que arranje algum jeito de ganhar dinheiro para manda-lo ao conserto. Mas Kelly nem pensa nisso, se sente tão fracassada em tudo que faz que nem tem esperança em seguir em frente com um sonho bobo como ter seu carro de volta. Aquilo já esta pra trás, como várias outras coisas de sua vida. Tudo se resume a isso no final das contas, passado.

No meio de seu caminho ela avista alguém andando em sua direção. Reconhece aquele andar, mas apenas chegando perto que percebe a quem ele pertence, Noahl! Deus, o que o menino faz vindo em sua direção? Ele não deveria ir em sentido contrário, assim como ela, se direcionando à escola? Mas não é isso que ele parece fazer, e é então que uma ponta de esperança vem até ela. Será que o menino anda em sua direção? Ah meu Deus! Será que ela terá a sua chance? Pode sentir seus batimentos acelerados quando a decepção chega até sí, é claro que ele não à viu e é claro que ele não tem a intenção de vir até ela.

Noahl vira o corpo e para em frente a uma casa, pega o celular do bolso e parece fazer uma ligação. Kelly não pode estar mais decepcionada, mas ainda assim sua curiosidade é despertada. O que o seu príncipe está fazendo ali? O céus, será aquela bobagem de novo? Precisa saber. Encolhe-se entre duas árvores e observa de longe os movimentos que ele faz ao se direcionar até a porta da casa amarela. Kelly não pode lembrar à quem a casa pertence e isso só faz com que se sinta mais nervosa. Perguntas não param de surgir. ‘’E se afinal ele encontrou alguém de verdade? Alguém melhor que ela, alguém verdadeiro e fiel? ‘’ Não pode entender como uma simples ideia dói tanto dentro de sí, quer sumir apenas ao cogitar algo assim. Ele é seu e ela não admite menos que isso.

Então a porta do local se abre e dele saem duas pessoas, Brant e um menino estranho, que ela nunca viu. Alguém novo, mas ela não consegue focar nele, nem prestar atenção em seus trejeitos. Esta impressionada com o fato de Brant estar com Noahl. Isso é demais para sí, Kelly não consegue entender.

O que está acontecendo em baixo de seus olhos?

Noahl Capelli e Brant Augustin não são amigos, nem próximos disso. No verão passado ela estragou todas as possibilidades de uma amizade entre os dois garotos, mas do que isso, ela criou uma perfeita inimizade entre eles. Então, de que se trata tudo isso?

Uma lembrança chega à sua mente.

‘’ - Noahl, você está falando sério? – Ela questiona pela terceira vez seguida. O menino ri em desdém, respondendo.

– Eu estou com cara de quem está brincando, Prescott?

Todos na sua volta olham pra ela, o seu baile fora estragado. A sua mascara não serve mais pra esconder o rosto vermelho pela vergonha. Aquele estava sendo seu pior aniversário. Por que Noahl fazia isso com ela? Logo aquele dia, que devia ser tão especial. Agora virado em um fracasso. Uma dor pior a preencheu, a dor do reconhecimento. Ele não estava apenas estragando o seu momento, ele estava estragando os dois, o que eles tinham. Tudo estava confuso, sua mente dava voltas e mais voltas a levando sempre ao mesmo lugar. O fracasso da sua vida. Ela queria chorar, ali, em frente a todos.

– Eu só pensei que... Que você fosse me esperar como falou que ia.

– Acontece que achei alguém melhor. – O menino respondeu friamente.’’

Então era isso? Os boatos que vieram acompanhados do fim desastroso da sua festa eram reais? Noahl havia achado outro alguém, o alguém.

Mas nada disso encaixa, por que Brant se encontra em meio aos dois? E por que Noahl esperou a sua festa para deixa-la? Aquela cena sem explicação vinha a corroendo por dentro a um bom tempo. Noahl nunca pareceu falso perto dela, muito pelo contrário, ele sempre foi a pessoa mais verdadeira à quem ela já havia se entregado, ao menos era nisso que acreditava. E mesmo Kelly não correspondendo da forma correta, mesmo ela não tendo sido plenamente honesta com o menino, pretendia ser e naquela noite ela seria. Acontece que simplesmente não chegou o momento. Ele deu fim em tudo antes disso.

E agora o menino vivia no escuro sobre o que aconteceu e acontecia com ela. Mas não havia modo de provar que boa parte do que vinha ocorrendo era culpa dele e ela não arriscaria dar a sua palavra, pois não tinha a certeza de que precisava para isso. Então simplesmente não havia um meio de determinar algo, não por enquanto.