Por Debaixo escrita por TatianaTeixeira


Capítulo 10
Fuga




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P.V.O Abby Jazz

  Abby atravessa rapidamente a rua principal da sua nova cidade, ela nunca havia andado por ali antes, o máximo que fizera era ter passado de carro com seu pai, então não tinha noção de para onde estava se direcionando, mas não podia parar. Ela tinha que se sentir livre, nem que por um pequeno espaço de tempo. Dentro da sua casa, com a supervisão constante de seu pai ela não conseguia relaxar, nem ao menos chorar ela se dava ao luxo de fazer sobre aquele teto. Parecia que ele sempre estava cuidando, observando as reações dela para ter certeza de que se encontrava bem e feliz.

  Mas é difícil, não é sempre que ela esta com cabeça pra mostrar uma felicidade que não existe. As vezes só quer um momento sozinha, pra desabar e por pra fora todos os sentimentos que estão presos dentro dela, toda a dor que tem que esconder.  Abby sabe que Edam, seu pai, só quer seu melhor, mas ela não consegue viver sempre na mentira que ele cria, na falsa felicidade que sempre esta ao seu redor sufocando-a como se aquele clima fosse sempre uma obrigação. Nunca tocam no assunto ‘’sua mãe’’, para evitar choros de ambas às partes e neste ponto, ela até se sente bem. Não gosta de compartilhar sua tristeza, mas ainda assim a sente e quer por pra fora, mesmo que seja sozinha em seu quarto, onde devia ser o seu lugar. Mas não é assim que sente, nunca foi não em alguma casa que já viveu com seu pai. A casa dele nunca é a casa de Abby. Pois a única casa que um dia foi dela esta em outro lugar, muito longe dali.

   Assim que Abby chega ao fim da rua principal acha um local, ao lado de um bar mal frequentado, para se encolher e se esconder do mundo. Só quer chorar um pouco e deixar ir embora à sensação de dor que a atormenta, mesmo que o vazio não saia dela, as lágrimas vão amenizar algo. Sabe disso melhor que tudo, nunca vai se sentir plenamente bem. Pode esconder no fundo o buraco que a atormenta e esquecer a dor, mas eles sempre vão estar lá. Só que nesse momento ela apenas não pode ignorar tudo isso, não quando todas as memórias que tem veem átona. Ver em seu quarto fotos de três mulheres sorridentes em uma praia e olhar pra seu antigo ursinho de pelúcia, aquele que ganhou ainda neném de sua mãe, isso tudo trás de volta a dor que estava camuflada no fundo da alma. Aí não tem como evitar o choro.

  Após por boa parte da água que estava em seu corpo para fora, Abby seca os rastros de lágrimas do rosto e levanta com a intenção de ir embora, mas é surpreendida por barulhos logo atrás de sí. Ao virar-se vê um homem saindo do bar, com medo de que ele a perceba alí e tente algo, se esconde em meio a caixas que se encontram por perto e o vê cambalear pela rua. Com o coração na boca e pulso acelerado ela reconhece o rosto dele instantaneamente. É Noahl, o carinha que todos observavam no refeitório naquela manhã. ‘’O que ele faz em um bar a esta hora da noite?’’ Essa pergunta vem em sua mente, mas ela à manda para longe no mesmo instante. Estava claro o que o menino fazia ali e seus tropeços deixavam apenas tudo mais evidente. Sem hesitar muito, Abby sai de seu esconderijo e se direciona até o menino. Ele cheira a bebida e cigarro e ela tem que tampar o nariz.
 Assim que ele a vista, fala:

  - Que que é? Nunca viu um cara cair de bêbado não? Pois então vai ver agora! – Assim que termina o monólogo cai em seus pés.

  E ele estava certo, Abby nunca havia visto alguém tão bêbado como o menino se encontrava. Ela precisava fazer algo, não podia o deixar assim, mas fazer o que? Eles nem ao menos se conhecem. Foi então que se lembrou de Harry, lembrou que Harry é amigo do menino. Então ele não podia ser má pessoa, Noahl devia ser no mínimo... alguém. Concluindo isso, se abaixou e o ajudou a se erguer. Então disse:

  - O,k, eu já vi muita gente bêbada mas você com certeza está pior do que todos. Anda, se apoia no meu ombro. – Noahl fez o que Abby instruiu de mal gosto, depois analisou o rosto da menina  e diz:

  - Eu estou mal? E você? Posso estar com a visão turva, mas vejo rastros de água bem evidentes em seu rosto. Estava chorando Abby? – Então ele sabia o nome dela. Essa era nova para Abby.

  - Chorando? Não! Apenas vamos se concentrar no seu problema o.k? Não consigo te ajudar se você não fizer um esforço pra isso. Pode não parecer mais de levinho você não tem nada. – Ele riu do que a menina falou, respondendo.

  - Meu problema? Você não tem noção do meu problema e pode ter certeza de que isso aqui nem compara à ele.  – Abby não tinha ideia do que aquele bêbado louco estava falando, por isso continuou a carregar ele em silêncio. Ele só precisava dormir para parar de falar coisas sem nexo e ficar tudo bem. Foi nisso que ela acreditou.


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Notas finais do capítulo

E então? O que acharam desses dois? Espero que o mesmo que eu :) Amanha tem mais! Obrigada a quem esta lendo e deixando comentários, fico muito feliz! Grande beijos a todos, Tati



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