— "Bom dia, estrelinhas! A Terra diz 'olá'!" — ele fala.

— Marvel...

— Vamos, Clove! Você sabe!

— Eu não vou participar desse seu jogo estúpido.

— É fácil!

— PELA ÚLTIMA VEZ! EU NÃO VOU BRINCAR DE "QUEM DISSE ESSA FRASE?" COM VOCÊ!

Ele faz uma cara de decepcionado. Depois respira fundo e diz:

— Que coisa, eu tento animar ela e a garota grita comigo. Então vai ter que ficar com essa cara de quem comeu chiclete de alho mesmo.

—...

Chiclete de Alho*? Ele realmente disse isso?

Estávamos os dois vigiando os passos de Collapse. Era realmente fácil achá-lo. Oque não é fácil é ficar aguentando Marvel por mais de duas horas, mas suporto o máximo que posso. Embora eu não queira admitir ele é uma boa companhia para evitar o silêncio. Infelizmente para ele, silêncio era tudo oque eu queria no momento.

— Oque eles 'tá fazendo?

— Não sei, Marvel. Eles estão na porta, as câmeras estão longe da porta. Mas parece que tem alguém lá.

Caso a pergunta de vocês seja onde estou, eu não faço a menor ideia. Estava em algum lugar estranho e possivelmente maligno que Marvel arrumou como esconderijo. Era escuro, sujo e completamente medonho, não que eu me incomodasse, vivendo no Covil do Tordo. Mas um pouco de qualidade em uma estadia as vezes é bom para a saúde, não? Caso estejam se perguntando oque estou fazendo, se ainda não ficou claro, estou vigiando Cato por câmeras que Marvel instalou. E agora, se a pergunta é "como ele conseguiu instalar as câmeras sem ser visto?", a resposta é "Não faço a menor ideia". Ele pode ser tapado, mas consegue ser um ninja quando quer.

— Que tédio, será que esses caras não fazem nada?

— Eles acabaram de receber uma visita. Eu NUNCA vi o Cato receber uma visita. Eles acabaram de firmar oralmente um contrato para nos prender. E o Peeta te chamou de monstro. Como você está com tédio?!

Marvel faz uma cara de surpreso, e por um maravilhoso momento achei que ele tinha levado algo a sério. Ah, que engano. Logo após ele transformou a surpresa em indignação e disse:

—Eu, um monstro? Ah, com licença, se eu for um monstro eu seria um monstro que mataria pessoas com meu olhar sedutor! Eu tenho certas contas a acertar com esse Peeta!

—...

— Bom, como eu disse, estou no tédio. Então vou procurar algo melhor pra fazer e volto assim que desistir de procurar. Adiós.

Marvel simplesmente se levanta. Antes de sair ele diz:

— Caso queira saber, quem disse aquela frase foi o Willy Wonka. Falou!

Esses diálogos chegam a um ponto em que eu não sei se ele é assim mesmo ou está brincando.

Olho novamente para a tela onde vejo que eles estão em algum ponto em que posso ver oque acontece.

— Hum... ela é uma conhecida. — diz Cato a Peeta, apontando com desgosto para a garota a sua frente. Ela deveria ter uns 18 anos, e tinha uma expressão desapaixonada. Olhar desinteressado, sorriso falso. Parecia metida, ou no mínimo se sentia superior. Mas no fundo mostrava que estava observando cada detalhe com muita atenção, como se não confiasse em nada.

É, não fui com a cara dela.

— Sou Peeta Mellark.— Peeta oferece a mão, mas a garota o ignora. Ok, agora ela ganhou uns pontinhos do meu respeito.

— Eu sei quem você é, vi sua prisão.

A cara de Peeta era impagável. Uma mistura de decepcionado com assustado.

— Ehr, continuando. Porque você está aqui Katniss? — fala Cato. É impressão minha ou ele está com medo dela?

— Achei que você já fosse deduzir, sua mãe me pediu para vir. Como se eu fosse querer vir pra cá por conta própria.

— Porque exatamente?!

— Ela disse que precisava da minha ajuda, com aquela garota lá, aquela das facas.

E porque mesmo que essa daí vai ajudar ele? Eles nem ao menos se gostam pelo visto. E oque uma garota chata e magricela vai poder fazer diante de minha poderosa figura?

...

Cara, eu estou passando muito tempo com o Marvel. Vou procurar um psiquiatra.

— E quem pediu por sua ajuda, Everdeen?!

— Ai, Cato, eu já disse, sua mãe pediu! Seu cérebro está diminuindo ou oque?

—...

Peeta observa a situação, quase rindo. Eu não consigo aguentar, e começo a rir. Ver alguém oprimir o intelectual de Collapse é muito cômico.

—Continuando. Eu já entrei no caso...

— Mas eu não pedi por isso.

— E já sei a localização dela.

Ah, coitado dele, totalmente perdido e... Espera, oque?!

— Como?!

— No momento em que você fugia como uma garotinha, meus seguranças seguiam o carro em que ela entrou.

Ehr, eu acho que tenho alguns problemas.

— E porque ainda não a prenderam?!

— Estou aguardando suas ordens. Infelizmente você ainda comanda a investigação. Tenho homens preparados para um nesse momento. Posso ordenar um ataque?

Era muita informação. Como não percebi alguém me seguindo?! Era impossível! Não havia ninguém atrás de nós. Me levanto, ainda olhando para a tela. Tinha de me preparar se algo acontecesse. Oque poderia ter acontecido com Marvel?! Na imagem, Cato está olhando com raiva para Katniss, que dessa vez lança um sorriso presunçoso, mas verdadeiro. Ele respira fundo e diz:

— Certo. Capture-a.

Katniss pega um celular do bolso e ordena:

— Pode atacar.

Sabe, nos filmes de ação, quando entram vários homens do governo pelas janelas e portas, quebrando tudo, motivados a prender o bandido? Imagine uma cena parecida, mas no lugar do bandido existe... eu, só eu em uma sala de um armazém abandonado.

Adeus, mundo cruel! Nunca mais verei a luz do dia! Levem-me para morte! Rezem pela minha pobre alma! Mãe, socorro! Não verei o final da novela...

...

Não, estou exagerando. Eu nem vejo novela.

Pois é, estou infectada com o vírus "Marvelous". Adeus, normalidade.

Entraram no local apenas quatro pessoas. Esse pessoal me subestima demais!

Um dos homens vinha em minha direção. Wow, eu já lutava com armários ambulantes, e agora tenho que combater o Empire States Building que ganhou vida para defender a vida de Collapse. Respiro fundo e e espero o ataque. O cara se aproxima rapidamente e tenta acertar minha cabeça com um soco, mas evito o golpe facilmente. Giro meu corpo, dando um chute em sua perna esquerda, fazendo o homem, que foi pego desprevenido, cair. Aparentemente as pessoas não deviam desviar de seu primeiro golpe, por isso ele estranhou o revide. Bom, não se esqueça que sou relativamente muito baixa em relação a ele, por isso foi fácil desviar. Baixinha 1, Empire States 0. Antes de que ele se levantasse, dou um chute e bato com o calcanhar em sua têmpora, fazendo o ser ficar desacordado. Baixinha 2, Empire States 0. Game Over.

Quem dera fosse "Game Over", Marvel ainda não voltou e Empire States tinha amigos, Slender man, Godzilla e a Girafa geneticamente modificada.

É, o vírus Marvelous se alastra rapidamente. Devia ter percebido a infecção quando criei o vampiro Bob.

Um deles tenta se aproximar, talvez assustado com a última reação, mas sabia que ele não iria desistir de me atacar. O homem tenta me segurar, jogando os braço ao meu redor, mas desvio, me abaixando. Ele tenta um golpe rápido com os punhos, mas inclino o torso e escapo do ataque. Me dirijo para um ponto afastado dele, e ainda mais afastado dos outros dois.

— Minha vez. — digo.

Corro até o pobre segurança, que se prepara para um ataque frontal. Antes de alcança-lo, deslizo por baixo de suas pernas (ah, era meu sonho fazer isso algum dia!) e me levanto, dando um golpe rápido atrás de sua cabeça. Ele cai, se tiver sorte sobreviverá.

Tenho tempo de pegar algumas facas antes de que os outros se aproximem. Para minha sorte, eles não estavam armados. Qual é, porque me subestimam tanto. Para me prender eles precisam de uma escolta blindada!

Ainda sobram dois.

Lanço uma das facas em direção do Godzilla, que desvia. Ele se aproxima, correndo, e eu preparo uma faca, mirando com atenção. Quando ele está a poucos metros de mim, eu a lanço. A lâmina se solta, dando vários giros, até ficar presa em sua testa. O homem caí de joelhos e finalmente despenca no chão, sem vida. Um pouco de seu sangue acabou respingando, e sujando seu companheiro, que o olhou horrorizado e começa a correr em direção a porta. Lanço uma faca, que o atinge antes que consiga sair.

É, não era ele quem eu deveria ter chamado de Slender Man. Era o último homem. Eu não o tinha visto entrar, e ele estava em algum ponto atrás de mim, andando em minha direção.

Por um mau cálculo de distância em relação ao passos, ele consegue me segurar, no momento em que eu viro.

— Olá, Clove!

Olho para cima e percebo que a voz pertence a Gale, o policial com quem conversei.

— Você de novo?

— Pois é.

Ele pega algo no bolso, um seringa com algum líquido estranho. Ele injeta em meu braço. Oh oh...

— Oque é isso?!

— Ah, você vai ver. Os efeitos começam daqui a pouco.

É, ele tem razão. Em poucos segundo começo a ficar tonta, e meus olhos vão me enganando. Tudo começa a se tornar um borrão azul e meus olhos se fecham. Antes de ficar desacordada, tenho tempo para ouvir:

— Srta. Everdeen? Nós a capturamos.

Então não era preciso uma escolta blindada para me vencer.