Certo, com certeza deve haver algo errado comigo.

Quando Peeta sumiu pela porta, me deixando sozinho, fui obrigado a pensar rapidamente quais seriam minhas próximas ações.

Olhei para a tela mais uma vez, Clove e Marvel algemados e acorrentados, com a cabeça pendendo para frente em uma posição extremamente desconfortável. A sala estava vazia, o guarda que antes os vigiava havia saído. As pessoas evitavam aquele lado do laboratório, era sinistro. Muito.

Hum...

Vi uma tomada que ligava todas as câmeras. Sem pensar direito, eu puxo os fios.

As telas se apagaram, com um borrão cinza entre as telas.

— Eu devo estar louco...

Saí correndo do quarto das câmeras,trombando algumas vezes com objetos mal posicionados pelo corredor. Não tinha muito tempo.

...

Talvez eu tenha corrido um pouco rápido demais e levantado suspeitas, mas cheguei ao laboratório.

Lá estavam Clove e Marvel. Da mesma forma que estavam nas câmeras.

— Ok, eu já estou aqui. Oque eu faço agora?!

Me aproximo de Clove. Ela parece tão calma e bonita quando está dormindo. Não que ela não fosse bonita acordada, é só que...

Esquece.

Eu tenho medo dela, muito. Uma pessoa tão fria, a ponto de matar uma pessoa inocente sem nenhum remorso... Não me parece alguém normal.

Olho a minha volta e vejo vários salas para interrogatórios. Também vejo uma ferramenta em cima de uma bancada. Foi no momento que tive a ideia...

Mais idiota da minha vida toda.

Me agacho diante da cadeira de Clove. Com a ferramenta consigo soltar as correntes que a mantém presa na cadeira, mas mantenho as algemas por... precaução.

Eu a levanto, deixando-a sobre meus ombros. Clove é leve o suficiente para não sofrer nenhuma ameaça minha de desistir, jogar ela no chão e sair arrastando.

Quando entro na sala, a coloco sobre uma cadeira, o mais cuidadoso que posso. Não quero acordá-la antes da hora, seria perigoso para minha pessoa.

Fico a encarando um pouco, tenho certo receio de acordá-la. Algo me diz que as algemas não vão segurá-la.

Mas acabo chacoalhando um pouco seu ombro, e aos poucos Clove vai recobrando a consciência.

—... MORRA, SLENDER MAN!

...

— Ehr... Olá, Clove.

— Collapse? Que lugar é esse?! Que...— Eu tampo sua boca antes de ela continuar a gritar. Faço um sinal com a mão para que ela fale mais baixo. Então começa a sussurrar— Oque eu estou fazendo?! Onde está Marvel?!

— São muitas perguntas!

— Me responda, ou eu... — Clove tenta se levantar, mas as algemas a mantem parada. Ela as olha, com desprezo e depois, de uma forma com certeza sobrenatural, se libera.

—... Como você...

— Prática. Me responda agora.

— Olha, Katniss te capturou. Você está presa em um laboratório dela. Marvel está ali do outro lado. E eu estou pronto para ajudar você.

Quando quero consigo ser bastante direto. Após terminar de falar, eu sorrio para ela. Sua expressão me faz transformar o sorriso em um som esquisito,,, expressava medo. Que vergonha. Pelo menos Clove ri. ELA TEVE A AUDÁCIA DE RIR?

— Você vai... me ajudar? Quem disse que preciso de ajuda?

—Clove... Você estava presa. Katniss é uma pessoa horrível! Oque ela poderia ter feito com você se não tivesse pensado nisso! Aceite minha ajuda, Você...— eu penso. Eu terminaria com "precisa de mim", mas uma garota que consegue se livrar de algemas rapidamente com certeza não precisa de um detetive nerd e inútil.— E o Marvel não conhecem esse lugar.

—... Eu não confio em você. Você não confia em mim. Lembra-se da trégua seria nossa última cooperação.

—Então se livre de mim. E saia daqui. Sozinha.

Eu olho em volta da pequena sala. Havia uma arma no canto. Eu me levanto e a pego. Clove recua, mas eu simplesmente a entrego a arma.

—... Por que isso?

— Fuja. Ou me mate. Por enquanto... Eu me sinto mais seguro com você lá fora, me ameaçando, do que com você por aqui, presa.

Ela se surpreende, posso ver isso claramente em seus olhos. Depois suspira, e se senta na cadeira do interrogado. Pela cara desconfortável que faz, provavelmente está sofrendo as consequências de ficar tanto tempo sentada e presa daquela maneira.

— Você está bem?

— Preocupado, Cato? Eu estou bem, obrigada. Então... qual é o plano?

—... Plano?

— Então vai ser do meu jeito!

— Deixa eu adivinhar... Improviso?

— Como você...

— Eu venho observando o modo como você age. Considerando suas fugas quase falhas... você vive improvisando.

...

— Impressionante, detetive.

Eu sorrio. Ser elogiado pela minha inimiga?

—Improviso?— eu digo.

Ela se levanta e estende a mão. Com receio, eu a seguro. Calmamente, ela me puxa e beija minha bochecha.

— Exatamente. Você também aprende rápido, Collapse.

—Ehr... Eu preciso te apagar de novo.

Ela suspira.

— Já que não tenho alternativa... Vamos lá, estou pronta para dormir novamente.

...

O resto você já deve saber. Gale baleado, o guarda praticamente morto, Marvel com um olhar desconfiado, Katniss e Peeta sozinhos em um lugar afastado... Não era exatamente como tínhamos planejado, mas foi quase.

~.~

— Então... Estamos indo para onde mesmo? — diz Marvel.

— Eu não sei. — Clove assume.

— Hum. Vocês vão me dizer oque vocês fizeram naquela sala lá... sozinhos?

Eu sinto minhas bochechas esquentarem. Estávamos correndo pelos corredores mais estreitos do laboratório, pelo oque eu lembrava ficavam perto da saída. A saída era cercada por guardas e dificilmente passaríamos. Por via das dúvidas, eu consegui arrumar algumas facas a Clove. Ela passou a arma a Marvel. Ambos pareciam mais tranquilos.

— Vão me responder ou não?

— Nada, Marvel.

— Humpf, sei. Quem nada é peixe, vai me dizer ou não?

Ele para de andar, mas estava na frente, fazendo com que eu bata com Clove, e ambos caímos.

Não foi nada legal. O choque da batida fez com que ela ficasse caída por cima de mim. Marvel não parou de rir até que conseguíssemos nos arrumar e levantar.

— Me desculpe. — eu digo.

—Não foi nada, me desculpe também. Onde é a saída.

— Ei, vocês desculpadores! Vamos, temos uns guardas para superar!— diz Marvel, apontando para a saída., a mais ou menos 20 metros de onde estávamos. Os guardas estavam do lado de fora.

Claro, vai ser moleza. Tenho dois assassinos profissionais ao meu lado. O único problema se conseguirmos sair é...

Oque vou fazer após cumprir minha promessa de ajudá-los?