Diferentes Direções (romione) escrita por Nicole Marcon


Capítulo 8
Princesas Também Choram


Notas iniciais do capítulo

Venho postar esse capítulo com más e boas notícias.
Má notícia: ESTOU DE FÉRIAS EM FLORIANÓPOLIS. Cadê a má notícia? Ah, lembrei. ESTOU SEM INTERNET. Todos choram.
Boa notícia: Escrevi oito páginas de Diferentes Direções, o equivalente a uns três capítulos, e por isso, sempre que puder, venho aqui na Lan House postar =/
BOA LEITURA.



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Os pássaros cantavam, o cheiro do ar leve entrava pelas narinas de Hermione e limpavam seus pulmões. Tudo estava calmo, sossegado, silencioso. Ouvia-se as conversas animadas de pessoas que almoçavam em um piquenique, ou então o som dos chafarizes que dançavam radiantes no laguinho de patos, perto da ponte.

POV RONY

Hermione é o tipo de mulher que todos desejam. Doce, amável, confiante, alegre, sincera, sorridente, feliz, leve... As descrições são tantas, mas nenhuma seria capaz de descrever o sorriso ou o olhar dela. A pior parte é que ela era casada. E, por até onde sei, há anos. Apesar disso, ainda tinha uma esperança. Pequena, mas existente.

Não sabia porque, mas estava se apaixonando por aquela mulher.

Não, Rony, é hora de focar em seu trabalho e em ajudar seus pais.

Mas o coração ia pra outra direção. Os dois tinham diferentes direções, mas a dificuldade era decidir se seguiriam a razão ou a emoção. Contudo, eu não posso me dar ao luxo de me apaixonar... Mais uma vez não.

Tenho que centrar minha atenção e esforços no trabalho e no sustento dos meus pais. Não cometerei o mesmo erro duas vezes.

– E os peguetes? – perguntou Hermione, tentando puxar assunto.

– Ah... Faz tempo que não “pego” alguém, nem vou a festas...

– Sério? Você tem a maior cara de pegador!

Hermione riu. Como aquela risada era encantadora.

– Nem brinque com isso! – me juntei a ela na brincadeira.

– Sério, Rony... Quem foi a última a conquistar seu coração? Digo...

Congelei na mesma hora. Hermione tocou na ferida mais profunda... Derramo algumas lágrimas sempre que me lembro...

– Desculpe, eu... – ela ficou séria quando percebeu que eu tinha corado e empalidecido. Droga, Ronald!

– Não foi nada. É que... É meio difícil. Sei lá, é complicado.

– Se não quiser me falar tudo bem, vou compreender.

Ah, qual é. Preciso botar tudo pra fora. Vamos, Ronald, confie nela. Não. Assim como confiou na... Ah, bo.

– Vou te contar, mas é melhor sentarmos.

Caminhamos até o coração do parque e nos sentamos em bancos de madeira.

– Eu não queria chegar a este ponto – começou Hermione - , descul...

– Não, sério. Preciso falar pra alguém.

Um breve silêncio. Comecei.

– Aconteceu há mais ou menos três anos atrás.

“ Eu tinha acabado de completar dezenove anos de idade e ainda estava na fase de festas, bebida, mulheres... Nessa época, eu [...], eu tinha a minha irmã, Ginevra. Gina, para todos. Vivia discutindo com ela. Elam e dizia que eu já tinha passado da idade de ir para festas e passar uma noite com cada mulher e precisava arrumar uma atividade: emprego, curso, hobbie... E, certo dia, cansada de tanta discussão, ela se foi. Um ano mais nova que eu, mas com muita responsabilidade e coragem. Pediu ao pai e a mãe para não me dizer onde estava vivendo. Nos primeiros meses depois de sua partida, ela e a mãe se correspondiam por mensagens de texto. Tentei ligar pra ela, mas “o número discado não existia”. Quando perdi as esperanças de encontrá-la, no mesmo ano, arrumei um emprego; o melhor que já tive. Era assistente de cozinheiro em um restaurante, e a todo final de expediente preparava uma sopa para os funcionários levarem e comerem com a família. Conheci a filha do meu chefe, a... Lavander. Lavander Brown. Viramos amigos, depois meio que ficantes e resolvemos namorar. Ela me trouxe de volta ao Rony pegador: íamos para festas juntos, bares, e até... Caham... motéis. Toda noite nós nos, digamos, divertíamos. Então, Lavander começou a me embebedar e pegar todo o dinheiro que eu tinha. A partir daí, me pedia bolsas, bijuterias e até carros, todo tipo de presente, tudo. Eu estava cego e sempre dava o que ela pedia. As noites em que eu estava sem dinheiro nos bolsos começaram a se repetir e, certo dia, Lilá, ér... Lavander, terminou comigo. E me deixou no bar. Um bêbado sozinho, sem carro, sem dinheiro algum, sem destino. Quanto ao meu emprego: a história de que eu havia traído e brincado com os sentimentos dela chegou aos ouvidos do meu chefe por nada mais nada menos que a própria Lavander Brown. Nos três anos que se passaram eu ao menos beijei uma mulher , e prometi a mim mesmo que nunca mais irei me apaixonar.”

Um minuto de silêncio entre mim e Hermione se passou. Ela estava ainda diluindo a história.

– E você está cumprindo essa promessa?

– Estou tentando. – respondi, olhando nos seus olhos.

** Fim POV Rony **

– E os seus peguetes? – Rony perguntou a Hermione, esquecendo-se de que ela era casada.

– Ah, eu nunca tive peguetes, só o meu marido.

– Nunca teve peguetes? Nem romancezinhos bobos?

– Não.

O silêncio perpassou entre os dois.

– Rony, desculpe se sou indiscreta, mas... Você nunca mais viu sua irmã?

– Não. Só nos sonhos. Minha mãe e meu pai também pararam de receber notícias. Agora ela deve estar em outra cidade, outro estado, morando em um apartamento bonito e provavelmente casada. O sonho dela era se casar aos vinte anos. – Rony suspirou – O primeiro item da minha lista de desejos é reencontrá-la.

– Sinto muito.

– Ah, por favor, não sinta. Fui eu que a fiz ir embora.

– Hum... E... E Lavander? Você ainda gosta dela?

– Também gostaria de saber a resposta.

[...]

– Quer fazer o bolo agora?

– Pode ser. – respondeu Rony, ainda com a cabeça em sonhos de reencontrar a irmã.

Seguiram para a casa de Hermione a pé.

– Me conta sobre a sua família. – disse Rony – Afinal, já te contei sobre a minha.

– É muito complicado. Aos dezessete anos eu fugi de casa para viver com o meu marido. Aproximava-se da data de aniversário da minha irmã mais nova, Helena, quando eu fugi. Ela faria quinze anos. E meus pais, bem... Eles são normais. Minha mãe cuida da casa e vende cosméticos e meu pai é professor de filosofia. Ele dá aulas grátis e particulares de piano pra quem se interessa, também.

– Que legal! Eu toco piano.

– Sério? Lá em casa tem um piano, você pode demonstrar o seu talento.

– Vou tentar.

Mais caminhada e conversa jogada fora. Chegaram finalmente na grande e linda porta da casa de Hermione.

– Entre – disse ela, segurando a porta.

– As damas primeiro, por favor. – falou Rony, estendendo a mão e sorrindo.

– Ah, obrigada.

– Uou, que casa gigante!

Hermione corou.

– Imagina. Bem, vou pegar os ingredientes.

A morena foi até os armários da cozinha e começou a tirar os ingredientes cuidadosamente. Rony ficou observando os quadros da cozinha.

– Vem aqui, vamos começar. Sabe quebrar ovos? É, eu sei que sabe. Quebre esses quatro e coloque nessa tigela.

– Relaxa, Mione!

– Desculpe...

Rony quebrou os quatro ovos e colocou na tigela indicada.

– Ótimo. Deixa só eu colocar a farinha.

Ela despejou a xícara de farinha na tigela e sujou um pouco a bancada.

– Você está tremendo, Mione, calma...

O ruivo colocou uma mão sobre a mão da xícara e a outra mão na que segurava o saco de farinha, de modo que abraçava carinhosamente Hermione por trás.

– Poxa, se acalma... Você está tremendo mais ainda!

– D-d-desculpa, e-eu nunca f-fiz um b-bolo em dois.

– Tudo bem, é a mesma coisa, só menos trabalho.

Hermione sentia a respiração de Rony no seu pescoço e ombro. Era ofegante e quente. Também conseguia sentir o coração dele palpitando no mesmo ritmo que o dela. Ambos os corpos ficavam quentes quando se aproximavam. Não queria mais que ele se soltasse dela.

**

O que sinto por você

Se resume em três palavras

Amor, amor, amor e mais nada

Maria Cecília e Rodolfo – Três palavras


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Notas finais do capítulo

Esperem o próximo capítulo, é muito, sei lá... u-u Engraçado e constrangedor. O.K.
Até a próxima =)
ô/