Loki fechou seus olhos e respirou fundo por um instante antes de abrir a porta do salão onde o baile ocorria.

Sua presença foi logo notada por todos que sorriam e cumprimentavam a ele com seus olhos maldosos, cheios de ódio.

Ali ele era e sempre seria o inimigo, sabia disso. Fez uma reverência a todos e sentou-se próximo do Pai de todos que observava a festa.

– A decoração ficou belíssima. – comentou Odin assim que notou sua presença.

– Obrigado.

– Seu pai tem nos enviado cartas e mais cartas. Acredito que seja melhor ir vê-lo.

– Não vejo necessidade. Posso me corresponder por cartas. Estranho ao saber que ele tem questionado sobre mim através do senhor.

– Também não entendo suas motivações. Mas é importante que ele entenda que apesar do pacto, nós não queremos manter uma relação amistosa. O nosso presente jamais mudará o sangue derramado no passado.

Loki suspirou fundo antes de responder:

– É claro que não mudará. E onde o príncipe de Asgard está?

– Eu o vi passando agora a pouco com os amigos. Estão se divertindo.

Loki então começou a reparar em todos os convidados, assim como o rei fazia.

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– Então, Thor...como o jotun tem se comportado – perguntou Frandal cortando mais um pedaço de carne e comendo enquanto os outros três apenas bebiam e o olhavam atentamente.

– Bem. – respondeu tomando um gole generoso de sua bebida.

– Ele é traiçoeiro, toda atenção é pouca. E todos dizem que os jotuns tem truques, portanto: cuidado. – alertou Sif.

– Eu sei. Estou tomando as devidas precauções. Mas por enquanto ele tem se mostrado tranquilo, quero dizer, ele é sempre muito discreto...e apesar das suas palavras serem ainda hostis, seu comportamento tem melhorado a cada dia.

– Quanta falta de sorte, Thor. Eu e Volstagg outro dia estávamos ouvindo um grupo de asgardianas fazendo piadas sobre este pacto. – comentou Hogun.

– Eu não me interesso por isso. Não mais. O que está feito está feito. - Thor respondeu sem paciência, olhando para outra direção. Neste momento viu que Loki estava ao lado de seu pai:- Até mais, amigos.

– Mas Thor,você não ia conosco para o centro, para festejarmos do nosso jeito e fugir desta festa chata? – perguntou Volstagg.

– É melhor não. Eu tinha prometido, mas vocês sabem, não posso dar motivo para Loki falar mal de mim.

– Claro...é melhor mesmo! Até logo...- despediu-se a única mulher do grupo, fazendo os outros acompanharem ela.

Ele então seguia para onde Loki estava, mas sua atenção roubada ao ver sua mãe passar muito rapidamente com duas taças e entrando na sala de seu pai, área restrita para a festa.

A seguiu e quando entrou viu que ela estava sozinha e que tinha acabado de despejar uma poção de cor púrpura dentro de uma das taças.

– Mãe? O que está fazendo?

Frigga tomou um susto e pegando as taças em mãos separadas, deu um sorriso e disse:

– Que susto, filho!

– Mãe...que taças são essas?

– Ah, eu ia entregar...para o seu pai.

– Certo. Me deu sede, posso ficar com uma?

– Oh. Claro. – ela respondeu antes de entregar uma taça e segurando forte a outra que tinha recebido o líquido colorido.

Thor se aproximou e disse:

– Que tal um brinde, mãe?

– Obrigada, querido...mas esta eu prometi a seu pai

– Exatamente esta, não? Será que era para ele mesmo? O que a senhora colocou nesta taça?

Frigga agora o encarava completamente sem graça e sem saber o que dizer, o loiro continuou:

– Eu vi que a senhora colocou algo nesta taça, mãe. Era para o Loki? O que vai fazer?

– Não era para ele!

– Então deixe-me beber as duas!

– Não!

– O que é isso que você colocou? Você não estava pensando em envenená-lo, estava?! – Thor perguntou se assustando com seus próprios pensamentos.

– Não! Céus, Thor! Claro que não!

– Então deixe-me beber! Não deve ser nada demais...

– Eu coloquei uma poção nela, Thor. Um elixir!

– Um o quê?

– Um elixir. Do amor...era necessário. – confessou a rainha completamente decepcionada.

– Mas, você ia dá-lo para Loki? Para quê exatamente?!

– Thor, eu...e seu pai, nós temos que lhe contar um detalhe sobre o pacto.

– Sobre o pacto? O que é? Mãe, a senhora está me deixando nervoso...o que foi que vocês omitiram mais uma vez de mim?

A rainha suspirou e tomando coragem, olhou nos olhos de seu filho e disse:

– O pacto só é válido com a consumação do casamento. Com o ato físico. Sem ele, sem essa união entre os dois corpos o pacto é completamente nulo.

Thor então parou por um instante, não acreditando nas palavras que tinha ouvido.

– Eu então tinha entendido corretamente então? Vocês me fizeram passar por tolo após cerimônia, na primeira noite? Como vocês podem juntar mentiras, atrás de mentiras? E agora, essa armação toda, esse elixir que eu nem sabia que existia! Como conseguiram? Vocês estão armando contra seu próprio filho?

– Não, Thor. Meu filho, não!

– O que mais vocês esconderam? Aposto que vocês nem sabem se isso realmente funcionaria! Vocês são inacreditáveis, nobreza é algo que vocês só possuem na aparência, pelo jeito!

– Pense no jeito que vai falar com sua mãe, Thor! – disse Odin entrando na sala e fechando a porta atrás dele.

– E vocês? Pensam em mim? Ou é só interesse, poder político que interessa?

– Cale-se e deixe-nos falar! – o pai de todos esbravejou fazendo Thor se silenciar – Eu tentei contar na sua cerimônia. Mas você não teria entendido...pensei em contar depois, para você e para Loki, mas sua mãe viu o jeito como vocês se tratavam, não seria fácil! Então decidimos apelar para feitiços.

– Mas por quê não me disseram, desde quando o pacto foi acordado entre os reinos!?

– Porque nós não sabíamos até Laufey nos contar! Essa cláusula, este detalhe estava subtendido e só ele percebeu...coincidentemente depois do mesmo ser assinado! Nós sentimos muito, nós nem podemos imaginar o quão horrível será, se isso ocorrer de fato. Mas Thor, se não respeitarmos o pacto, Laufey pode nos atacar, você sabe...os jotuns não são nem de longe confiáveis. – o rei explicou.

– Sim, meu filho. Sentimos muito. Os jotuns...

– Não falem vocês sobre confiança. Ou sobre o quão horrível isso seria para mim! – Thor interrompeu Frigga – Vocês iam entregar para Loki essa poção saída sabe-se lá de onde...e se o matasse? Vocês estão ficando loucos?

– E por acaso você se importa com Loki? Você, entre todos era o que mais o abominava. O que foi? Isso está mudando? Jotuns podem ser muito sedutores! Não vá dizer que se apaixonou... – zombou o pai de todos.

– Não ia mata-lo, filho.

– É mesmo, mãe? Então por que vocês dois não tomam juntos essa poção? Talvez amor é que está faltando...

Odin neste momento golpeou Thor com um soco, que o fez cair.

– Não precisamos disso, por favor Odin...- Frigga pediu quase chorando.

– Você viu o jeito como ele fala conosco, seus próprios pais? Imagine quando se tornar o rei! Se é que um dia se tornará! Thor, você tem que entender que suas vontades não estão acima do que é melhor para Asgard!

O jovem se levantou com ajuda da rainha que o abraçou. O rei se aproximou dele e disse:

– Espero que você não esteja mudando o que sente, Thor. Sua mãe me contou que você e o jotun estavam parecendo íntimos hoje de manhã, no pátio...devo pensar que você não se lamentaria tanto de se deitar com o estranho que está morando conosco, não é mesmo?

Thor o encarou e disse:

– Eu não sei sobre que está falando. Eu não mudei absolutamente nada sobre o que eu acho.

– Oh. Bom. Até porque nós não sabemos se Loki já estava ciente desse detalhe, certo? Ou apenas eu estou achando o jotun muito calmo? Muito discreto? O que foi? Você também percebeu, não percebeu? Talvez ele já soubesse...e está querendo usá-lo, está querendo que você se apaixone, se enfraqueça, se entregue, entregue Asgard. Ele te resgatou da chuva lembra? E quem pode garantir que não foi ele que tramou tudo? Pense, Thor. Está na hora. – ele respondeu saindo da sala e deixando mãe e filho em completo silêncio.

– Eu estou completamente só. – Thor disse após um tempo.

– Não, meu filho...seu pai, você o conhece...mas não fique assim. Ele sente-se pressionado e...

– Essa semente, essa dúvida que ele plantou em mim. Sobre Loki. Por quê?

– E como você queria que pensássemos? Laufey é desonesto, provavelmente Loki é...talvez já soubesse de tudo, desde o início também.

Thor pegou a taça que Frigga havia entregado a ele e a virou em um gole. Pegou a outra, a que Frigga tinha despejado a poção e saindo da sala disse:

– Se é isso que vocês querem que eu faça. E se é isso que é preciso ser feito. Eu farei. Diga para Loki vir até meu quarto.