Helena e Edgar convidam Sebastian para passar a noite na casa deles. Afinal, os últimos acontecimentos deixaram todos muito perturbados e cansados. Sebastian aceita o convite e se acomoda no quarto de hóspedes, já que praticamente ele não precisa dormir. Na manhã seguinte, Helena arruma um farto café da manhã. Emily nem parece que teve há algumas horas atrás perto da morte. Liz é que está mais feliz vendo Emily bem. Todos estão reunidos em torno da mesa na cozinha.

- Mãe, pai, sabia que fui eu que salvei a vida de Emily? – Comenta Liz.

Helena e Edgar se entreolham perplexos e depois se viram para Sebastian.

- Você tem alguma coisa a ver com isso? – Pergunta Edgar para Sebastian já desconfiado do que se trata.

- Sim, foi à única maneira que encontrei para salvar a vida de Emily e todos ficarem bem.

- Como assim? – Pergunta Emily.

- Firmei um contrato com a Liz. Olhe a marca na nuca dela. – Responde Sebastian

Emily levanta delicadamente os cabelos dos ombros de Liz e todos vem à marca.

- Será que só eu não vejo? – Pergunta Liz desanimada. A marca fica num lugar de difícil visualização para a menina.

- Depois eu te mostro com um espelho. – Promete Emily a Liz. Emily não estava gostando nada dessa história.

Todos acabam de tomar o café e Liz quer brincar com Sebastian.

- Só posso brincar um pouquinho. –  Responde Sebastian que com uma bola, vai brincar com Liz no quintal.

Dentro de casa, Emily vai tomar um banho. Quando ela já está vestida, abre a porta do armário e dá uma olhada no espelho. Ela leva um susto: seus olhos começam a mudar de cor, de mel para avermelhados. “O que é isso? Devo estar vendo coisas. Ainda devo estar precisando de descanso.” Pensa Emily fechando o armário, sentando na beira da cama.

Depois de brincarem por uma hora, Sebastian retorna a casa e Helena manda Liz tomar um banho. Afinal, para pegar a bola ela se jogava na grama várias vezes, ficando toda suja. Enquanto isso, Sebastian vai até o quarto de Emily. Ele sabe que deve algumas explicações a ela. Chegando lá, ele se senta do lado dela.

- Não se aproxime muito de mim. Ainda estou chateada com você por ter feito contrato com a Liz.

- Eu sei disso. Ainda sente algo? – Pergunta Sebastian – Está se sentindo diferente?

- Não estou sentindo nada, mas estou me sentindo estranha. Olhei-me no espelho e acabei vendo meus olhos mudarem de cor. Acho que ainda estou sendo afetada pelo veneno.

- Você não está sendo afetada pelo veneno Emily. Isso faz parte do contrato.

- Do contrato com Liz? Como assim?

- Calma Emily, estou aqui para te explicar de fato no que o contrato consiste.

- Então pode começar a contar. – Diz Emily cruzando as pernas e os braços, esperando as explicações.

- Emily, eu estava desesperado, não queria te perder. Tinha acabado de saber que a Liz era minha filha, então pensei, ela é a pessoa ideal para fazer um contrato. É meio complicado para te explicar, mas foi uma ideia, um caso há muito tempo atrás que funcionou mais ou menos dessa maneira.

- É, mas foi um preço alto a pagar. Fico pensando na Liz. Ela aceitou porque queria salvar minha vida, não tem ideia do que realmente firmou naquele contrato. Ela pensa que agora está com um sinal diferente na nuca e até o acha bonito. Diz que foi tatuada.

- Então Emily, relaxe. Foi preciso. Tenho certeza que se a Liz fosse mais velha, ela iria fazer do mesmo jeito o contrato para te salvar.

- Mas não entendo,... Porque tinha que ser logo ela?

- Ela é a única humana que te ama a ponto de lhe dar sua vida. Ela era a única pessoa que poderia firma o contrato.

- Entendo... – Diz Emily triste, olhando para o chão.

- Além disso, preciso te contar outra coisa do contrato.

- E o que é?

- Você agora não é mais humana.

- O-O quê?

- Você agora é um demônio, igual a mim.

- U-Um demônio? Então para salvar minha vida, eu tive que me transformar em demônio?

- Exatamente.

Rapidamente Emily se levanta e anda em direção ao espelho. Ela se encara por alguns segundos e seus olhos se transformam novamente. Sebastian percebe que ela está assustada e se aproxima.

- Não precisa ficar assim Emily. Não é tão ruim quanto parece.

- Estou... assustada e... confusa.

- Não precisa ficar confusa por causa disso.

- Você fala isso porque foi demônio a sua vida inteira.

- Isso é verdade, mas veja o lado bom: Agora somos iguais e podemos ficar juntos para sempre.

Emily encara o sorriso de Sebastian. Ela percebe que ele está realmente feliz. Isso talvez porque agora ele sabia que não perderia mais Emily. Ela se aproxima de seu rosto e levemente beija seus lábios. Ele corresponde aos beijos e a aproxima mais perto de seu corpo. Depois Sebastian dá uma pausa nos beijos e fala:

- Não podemos ficar por muito tempo aqui. Precisamos ir embora ainda hoje. Somos demônios e devemos viver em outro lugar.

- Tudo bem. Só quero me despedir da minha família e em seguida partimos.

Emily vai até a sala e reúne todos. Ela toma coragem e dá o comunicado de que vai embora. Edgar e Helena compreendem, já que sabiam da situação atual de Emily. Liz é que não se conforma e começa a chorar.

- Oneesan,... Não vai embora. Fica comigo. Faço qualquer coisa.

- Desculpe minha pequena, mas tenho que ir. – Diz Emily se abaixando, ficando na altura da garota. – Prometo que virei te visitar algumas vezes.

Liz abraça forte Emily que teve que se controlar para não chorar e desistir de sua partida. Mesmo ela se tornando um demônio, ela permanecia com seus sentimentos humanos fortes.

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Sebastian e Emily agora estão num lugar indeterminado no qual o solo é repleto de flores azuis e o céu é escuro.

- Esse lugar é lindo Sebastian. – Comenta Emily – Porque nunca me trouxe antes aqui?

- Porque nenhum mortal pode entrar nesse local.

- Compreendo. – Responde ela enquanto admira tudo ao seu redor.

- Emily, porque você não revelou a Liz de que nós somos seus verdadeiros pais?

- Veja bem Sebastian, Liz está muito bem com Helena e Edgar. Eu queria muito revelar tudo, mas isso confundiria mais a cabeça dela. Quero que ela seja feliz do lado deles.

- É uma pena. Queria poder ficar mais tempo com ela.

- Não se preocupe Sebastian. Nós vamos visitá-los de vez em quando para matar a saudade. O que você acha?

- Acho uma boa ideia. Espero que ela saiba viver e encontre sempre pessoas boas ao seu redor.

Emily olha para Sebastian. Ela nunca imaginou Sebastian querendo o bem de Liz, sua filha. Achava que nunca veria essa cena na sua frente.

- Sabe Sebastian, até que gostei de ter virado demônio. Desde pequena invejava meus pais adotivos por serem imortais e terem um amor verdadeiro. Agora, vejo que não preciso mais ter esse sentimento, já que também consegui o mesmo que eles.

Sebastian sorri, se aproxima de Emily e pega em sua mão.

- Não vamos nos separar nunca mais.

_________________________________FIM________________________________