Reflexo escrita por Jo Snowy


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Então pessoal, esta é a primeira fic que eu estou a postar e queria apenas dar um pequeno aviso: está escrita no Português de Portugal pelo que pode haver alguma tradução diferente e palavras com significados diferentes por exemplo: rapariga quer dizer menina.
Acho que é tudo.
Espero que gostem...



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  Hermione POV

  Levantei-me com relutância. Tinha acabado o 7º ano em Hogwarts há cerca de nova meses ( mais de dois anos depois da grande batalha) e estava a trabalhar no Ministério da Magia no Departamento de Execução das Leis da Magia.

  Tentei alinhar o cabelo o máximo possível, mas desde sempre ele tinha sido volumoso demais para o meu próprio bem e assim era difícil ir ao lugar com uma simples “escova de dedos”.

  Olhei para o calendário, era o dia em que só ia trabalhar à tarde.

  Passei pela cozinha onde me vi, juntamente com Ron e Harry, todos sujos e a sorri de maneira cansada para a fotografia do Profeta Diário, neste lia-se a letras garrafais: «TREVAS ACABARAM: HARRY POTTER, RON WESLEAY E HERMIONE GRANGER DERROTAM LORD DAS TREVAS». Cada vez que me lembrava do problema que tinha sido para a capa ficar assim, os editores insistiam que só Harry devia aparecer, mas ele disse que se nós não aparecêssemos com ele, não havia capa para ninguém.

  No entanto eu passava por aquele recorte de jornal todos os dia e ainda não conseguia acreditar que a guerra tinha realmente acabado, lembrava-me de cada segundo da viagem como se estivesse a acontecer neste momento. A sensação de solidão, o quanto custava respirar, a dor da tortura, a dor de se ser marcada para sempre com o nome que me chamavam nessa altura e a todos aqueles que fossem como eu. A satisfação dos sobreviventes, a aflição daqueles cujos parentes e amigos tinham morrido como heróis.

  Tudo continuava muito vívido na minha memória e apesar de estar feliz por ter acabado sentia-me desamparada, sem nada que me desse vontade de continuar, nem Ron, quer dizer, depois do beijo durante a guerra tínhamos namorado durante mais de um ano, mas não deu em nada e acabámos.

  Agora vivia sozinha num apartamento no centro de Londres, cinco dos habitantes do meu prédio eram feiticeiros e todos tinham estado na batalha, todos eles trabalhavam agora no mesmo sítio que eu. Três já estavam a começar uma família, o que me deixava um pouco incomodada, apesar de eu não ligar. Quase todos os meus amigos já namorava e alguns como Harry e Ginny já estavam a viver juntos.

  Acabei de preparar o café enquanto reflectia sobre a vida amorosa dos outros e pensava na quantidade de pastas sobre os direitos dos feiticeiros de origem Muggle e os acidentes que ocorriam no mundo ao qual eu pertencera até aos meus onze anos.

  -Raios! – Ouvi abafado o meu vizinho praguejar.

  Puxei os calções do pijama para baixo e ajeitei a camisola três tamanhos acima que tinha vestida e dirigi-me à porta.

  - Esqueceste-te outra vez das chaves? – Perguntei encostada à soleira da porta.

  Um rapaz de cabelo loiro desalinhado e olhos cinza que usava umas calças de ganga com uma camisa preta simples e uns ténis olhou-me e poisou os sacos das compras.

  - Granger, hoje não se trabalha? – Draco levantou o braço para passar a mão pelo cabelo, expondo a Marca Negra. Baixou-o imediatamente ao ver que eu a fixava e mudou rapidamente de assunto. – Ainda não estou habituado a andar com ela atrás.

  - Não vem aí ninguém! – Tirei a varinha dos calções – Alohomora! Não te atrases para o trabalho.

  No início quando descobri que era ele quem iria ser meu vizinho quase tinha ido ao pescoço do senhorio, inicialmente andávamos sempre à bulha, havia discussões quase todos os dias quando nos encontrávamos

nas escadas, até que houve uma altura em que deixei de lhe ligar, foi quando comecei a ficar mais deprimida, até que ele deve ter percebido que eu ia simplesmente ignorá-lo e a única coisa que dizia era « Bom dia» ou « Boa tarde». Depois começámos a falar mais quando nos tornámos os dois chefes de Departamento, mas tudo estritamente profissional, quando tivemos de começar a trabalhar juntos em casa é que realmente se resolveram as questões do passado e nos começámos a dar melhor. Nas festas do Ministério acabamos por ir juntos, porque nenhum de nós namorava e vivíamos perto um do outro.

  Sentei-me à frente das pastas e comecei a separá-las: acidentes no mundo Muggle, novas leis a aprovar, próximos muggles a entrar no mundo da magia…

  Isso lembrou-me da minha entrada em Hogwarts, o meu primeiro ano lá…o primeiro Natal quando Harry e Ron descobriram o Espelho dos Invisíveis, eles tinham-me contado o que cada um deles tinha visto lá. Senti curiosidade em saber o que veria lá naquele momento, iria ajudar-me bastante, pois eu não fazia ideia daquilo que queria da minha vida.

  Há muito que o Espelho tinha sido guardado no Ministério e poucas pessoas sabiam onde estava. Isso fez-me sentir a tentação de descobrir onde ele estava e ir vê-lo, mas não podia, isso iria custar-me o emprego. Era melhor deixar-me de ideias …

  Abanei a cabeça e comecei a ler a primeira pasta…acabei…abri outra … outra … e mais outra, não me conseguia concentrar, as palavras «Espelho dos Invisíveis» aparecia na mina mente depois de cada virgula e isso estava a começar a irritar-me.

  Olhei para o relógio, era meio-dia, daí a três horas teria de estar no Ministério.

  Fui até à casa de banho e pus a água a correr, tomei banho sempre a pensar no Espelho, alisei o cabelo e apanhei-o. Vesti-me e arrumei as pastas dentro da minha mala. Deixei a caneca do café no lava loiças e saí de casa.

  Ao olhar para a porta de casa do meu vizinho lembrei-me de que havia festa no Ministério nessa noite.

  Voltei a casa e arrumei aquilo que precisava para o cabelo e maquilhagem, escolhi um vestido e uns sapatos, teria de me vestir no meu escritório, saí de casa.

  Bati à porta da casa de Draco.

  -Sim? - Perguntou ao abrir a porta, depois olhou para o vestido que eu levava na mão. – Hoje há festa? Esqueci-me.

  - Encontramo-nos às sete à porta do meu escritório. Certo?

  - Certo. Até logo!

  Segui o meu caminho para o trabalho a pé.

  Draco POV

  Acordei sobressaltado e todo coberto em suor. Os rostos de Voldemort e Bellatrix pairavam na minha mente depois de outro pesadelo. Sentia a presença deles em todo o lado apesar de saber que estavam mortos há dois anos e meio.

  Aquela batalha…

  A batalha à qual eu sobrevivi graças ao Potter e aos seus amigos.

  Olhei para a Marca, esta nunca desapareceria, mas estava quieta e cinzenta clara, não ardia como anteriormente, aquilo que lhe dava poder tinha morrido, transformando-a naquilo que parecia uma simples tatuagem muggle.

  Levantei-me e dirigi-me ao frigorifico do meu apartamento junto ao Ministério, onde agora trabalhava como chefe do Departamento de Jogos e Desportos Mágicos, após ter sido julgado e ilibado devido ao facto de supostamente ter lutado do lado do Potter e ter sido chantageado por Voldemort para cometer o homicídio de Dumbledore que acabou por ser Snape a cometer, vim eu mais tarde a saber, a pedido do próprio Dumbledore.

  Já o meu pai não teve tanta sorte e no estado de loucura em que já se encontrava acabou por morrer um ano e meio depois de o fecharem numa cela imunda em Askaban para o resto da sua vida.

  A minha mãe foi também ilibada pois, salvou a vida do Potter e vivia agora sozinha na nossa mansão apenas com os elfos como companhia.

  A minha casa não tinha elfos, pelo que quando contastei que não tinha comida no frigorífico me preparei para ir ao supermercado e perder uma boa parte da minha manhã de folga lá.

  Fiz o caminho quase que automaticamente, olhei para a entrada do Ministério que se encontrava agora à minha esquerda e vi o Weasley aos beijos com uma loira.

  - Encontramo-nos logo! – Disse e beijou-a, saindo rapidamente.

  Lembrei-me de Hermione, a minha vizinha actual.

  Quando as aulas em Hogwarts recomeçaram ela foi a única a “refazer” o sétimo ano, realmente ela tem a mania que tem de saber tudo, que irritante!

  Bem, não interessa…

  Quando me mudei para aquele apartamento ela já vivia no prédio há pelo menos três meses.

  A rotina era sempre a mesma: saíamos os dois à mesma hora de manhã para ir para o Ministério, eu picava-a e começávamos a discutir, melhor, a berrar.

  Ás quatro da tarde ela era dispensada para ir para Hogwarts ter aulas particulares, às oito chegava a casa cheia de livros com o “ Ruivinho do seu coração”.

  Alguns dias eram diferentes, mas eu sei que Hermione Granger não é pessoa de brincar com os horários.

  No início era sempre assim, até que o Weasley deixou de ir lá a casa e ela começou a parecer um fantasma.

  No Ministério continuava como sempre, imponente, organizada, concentrada, mas quando chegava a casa nunca se ouvia nada; amigas lá em casa, risos de conversas ao telefone, nada… Apagava completamente.

  Á cerca de seis meses fomos ambos promovidos a Chefes de Departamento e tivemos de trabalhar algumas vezes juntos em casa, quando íamos para a dela eu via caldeirões em cima da bancada da cozinha afazer poções do sono e outros frascos de medicação muggle para depressões. Só ai percebi o quão mal ela estava.

  Até que chegou aquele dia… o dia em ambos fomos convidados para a nossa primeira festa do Ministério e decidimos que íamos juntos.

  Quando a fui buscar a casa senti-me como um daqueles miúdos dos filmes muggles americanos em que eles vão buscar as raparigas a casa para ir ao baile.

  Nessa noite tudo mudou, o que eu sentia por ela quero dizer. O desprezo já há muito não existia e o nojo muito menos, algo novo apareceu, penso que vi nela uma amiga.

  Hermione POV

  O dia no Ministério passou-se normalmente, pelo menos aos olhos das outras pessoas, pois para mim tinha sido tudo menos normal.

  O Espelho dos Invisíveis não me saía da cabeça, nem parecia eu, tal era o meu desespero em encontrar um rumo para a minha vida que não parava de pensar naquele objecto misterioso…

   Quando eram cinco da tarde praticamente todos os do Ministério foram para casa arranjar-se para logo à noite, porém eu fiquei a adiantar trabalho, o que não fazia mal porque eu tinha combinado com Draco à porta do meu escritório.

  Comecei a arranjar-me: maquilhei-me, prendi o cabelo deixando algumas madeixas soltas e vesti o vestido verde-esmeralda pela altura do joelho que tinha trazido de casa, acabando calçando-me.

  Olhei para o relógio: seis e um quarto, faltava cerca de quarenta e cinco minutos para começar tudo a chegar.

  Sentei-me no escritório vazio, solitário, só queria sair dali. Levantei-me bruscamente e comecei a percorrer os corredores sem rumo.

  Passei pelo Departamento de Objectos Mágicos.

  Eu não devia fazer aquilo, mas entrei pela porta na qual tinha a placa prateada com “ Chefe de Departamento “ gravado e comecei a vasculhar as gavetas à procura de uma pista.

  Na terceira gaveta havia uma pasta a dizer “ ESPELHO “, lá dentro estava uma chave típica das portas do Ministério, peguei nela ainda sem a certeza de que queria fazer aquilo, li rapidamente o documento e apurei que o Espelho estava no sétimo piso na segunda sala ao lado dos elevadores.

  Arrumei tudo e saí dali a sentir-me uma criminosa, dirigi-me ao meu escritório, ao entrar pousei a chave com força em cima da secretária e fiquei a olhá-la durante alguns minutos, depois olhei novamente para o relógio: seis e quarenta e sete, ainda tinha tempo.

  Saí outra vez do escritório e andei o mais rapidamente que conseguia em cima daqueles saltos até ao elevador.

  Cheguei ao sétimo andar…

  Olhei para a porta…

  Sentia o coração a bater mais rápido do que o normal, abri a porta e ao fazê-lo ouvi um barulho, mas não liguei, pensei ser dos nervos.

  Ali estava ele, grande e imponente, intimidante de certa forma.

  Tirei o lençol que o cobria e deixei-me estar de lado do objecto a recear aquilo que ele me mostraria.

  Fechei os olhos e andei para a frente do Espelho e abri-os…

  Ao inicio apenas o meu reflexo aparecia, depois uma figura mais alta começou a aparecer atrás de mim.

  Arregalei os olhos ao perceber quem era…

  Draco POV

  Acabara de chegar do Ministério quando me lembrei de que ia haver festa à noite.

  Não me estava a apetecer nada, ainda me julgavam, haviam olhares e conversas que não era suposto eu ouvir. Ainda naquele dia tinha ouvido uma dessas conversa e foi mais ou menos assim:

  -Aquele não é o rapaz do Malfoy?

  -É sim.

  -E está aqui a trabalhar? Mas ele não era um Devorador da Morte?

  -Foi ilibado no julgamento. Ao que parece foi coagido. Agora é Chefe do Departamento de Jogos e Desportos Mágicos, um excelente profissional tenho a dizer.

  -Onde é que isto já se viu, sinceramente, luta do lado Daquele-Cujo-Nome-Não-Deve-Ser-Pronunciado e ainda acaba aqui com uma carreira melhor que a minha.

  Por uma fracção de segundo senti o Draco adolescente a vir ao de cima novamente e vontade de responder era enorme, mas tive de me controlar.

  Abri o armário e olhei para os quinhentos fatos que tinha lá dentro, acabei por escolher um preto com camisa branca e gravata preta.

  Olhei para o relógio: seis e meia, ainda faltava para a festa, mas decidi ir andando para o Ministério.

  Andei lentamente, observando os muggles a andar à minha volta completamente embrenhados na sua vida, alheios à existência de magia, perguntei-me como seria isso, não saber sua existência, não ter passado por aquela guerra… 

  Cheguei ao meu destino e apesar de ainda não serem horas decidi ir andando para o escritório de Hermione. Já conseguia visualizar a porta deste quando a vi sair apressada e dirigir-se ao elevador.

 Olhava em redor nervosa e depois olhava para o ponteiro que apontava em que piso o elevador ia , para ver se este demorava muito, tudo isto enquanto mexia nervosamente em algo que tinha nas mãos.

  Quando o elevador chegou e ela entrou corri para este e chamei o elevador ao lado enquanto olhava para o ponteiro do elevador dela para ver onde parava.

 Sétimo andar.

  O meu ainda estava a descer, ainda demorava muito, corri para as escadas e subi-as o mais depressa possível, abri a porta fazendo um barulho indesejável, mas ela pareceu não reparar, pois entrou numa das salas determinada.

  Abri ligeiramente a portada sala onde ela tinha entrado, apenas o suficiente para ver o que se passava lá dentro.

  Ela estava a destapar algo, um espelho.

  Deixou-se estar ao lado deste e fechou os olhos, só depois avançou lentamente, postando-se em frente ao enorme espelho.

  Primeiro ficou quieta a olhar para o reflexo, porém após uns momentos vi-a cobrir a boca com uma das mãos, quase como se não acreditasse naquilo que via.

  Avancei…

  Hermione POV

  Senti umas mãos na minha cintura, mas não me atrevi a olhar para trás, continuei a admirar a figura de Draco Malfoy atrás de mim no reflexo, porém olhei-a com mais atenção, a figura estava diferente: a roupa, a expressão, as mãos…

   Virei-me sobressaltada e dei com ele a olhar para mim com uma expressão algo preocupada.

  -O que estavas a ver no espelho? – Perguntou-me curioso.

  -A ti.

 Ele sorriu de modo mais descontraído.

  -Claro que estavas. – Riu-se e chegou-se mais perto de mim.

  Não pude deixar de sorrir, lembrei-me que ele não sabia que o reflexo era aquilo que eu mais desejava e não aquilo que estava à frente do Espelho.

  Voltei-me outra vez para este e reparei que apenas o nosso reflexo aparecia, nada mais, isso quereria dizer alguma coisa?

  -O que vês? – Perguntei algo nervosa.

  - A nós. – Chegou-se mais perto e pôs-me as mãos na cintura. – O fuinha Malfoy e a sabichona Granger. Um bocado mais velhos e já com um emprego, mas um pouco as mesmas pessoas no fundo.

 Olhei para ele e fixei os seus olhos no reflexo e virei-me para ele, voltando a fixar-me, desta vez, mesmo nos seus olhos.

  Ele puxou-me e beijou-me, um beijo quente, sem pressa, pareceu demorar uma eternidade, mas esse tempo parecia não ser suficiente e naquele momento eu apenas desejei que o reflexo do nosso espelho não mudasse. 


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Notas finais do capítulo

Então gostaram?
Eu é que fiz a capa, digam-me o que acharam.
Deixem review para eu saber.
Kiss kiss,
Jo Snowy.



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