POV Bella

   Uma mistura de choque, confusão e um pouco de desconforto resumia meu estado de espírito.

Surpresa? Acho que Edward perdeu a noção do tempo. Doze anos sem nenhum sinal de vida ou noticia era algo tão simples?

Apesar de tudo, não deixaria que ele percebesse como me sentia.

– Por que eu deveria estar? Você seguiu sua carreira militar. Trocamos algumas cartas... E você desapareceu sem deixar pistas. – Dei de ombros. Tentando fingir indiferença. – Isso acontece o tempo todo.

– Não sou muito bom em escrever cartas.

– É mesmo? Na última que me mandou foi bem claro. Me descartou e ponto final. – Nunca me esqueci daquela carta... Rasguei aquele papel em mil pedaços e o joguei no lixo, mas algumas frases vão ficar pra sempre na minha memória. “Nossa relação está ficando muito séria”, “Não é justo com você”, “É melhor acabarmos agora”. – Te enviei outra carta depois daquela, mas voltou com a frase “devolver ao remetente” escrita com a sua letra. Depois disso não tive mais noticias suas. Até agora.

    Fiquei assustada por aquela carta ter sido devolvida sem nem ter sido aberta. Era uma adolescente romântica e assustada... Com um pequeno problema que em alguns meses se tornaria grande. Pensei que nunca deixaria de ama-lo, mas as circunstâncias me fizeram crescer rápido. Aprendi que devia deixar de ama-lo.

 – Me alistei para servir em um navio, depois do acampamento militar.

 – Não precisa se desculpar.

 – Só estou explicando.

 – Tudo bem, não estou zangada.

 – Sério?

 – Fiquei aborrecida por um tempo, mas depois superei. Afinal, eu cresci.

 – Estou vendo.

A boca de Edward se curvou naquele sorriso torto que sempre me encantou. O brilho de seus olhos verdes causou um arrepio que percorreu minha espinha.

– O que tem feito durante todos esses anos, Edward?

– Uma coisa e outra...

Definitivamente, ele não era o que eu podia chamar de ‘poço de informações’.

– Quando chegou à cidade?

– Hoje.

– E o que te trouxe de volta?

– Negócios particulares.

Foi aí que me lembrei de uma coisa...

– Lamento por sua avó. Sentimos sua falta no funeral... Por que não veio?

– Estava... Trabalhando.

– Mas... Ela morreu há quatro meses... O que te impediu de vir antes?

– Eu perdi o enterro, depois disso não vi urgência em voltar.

   Quando abri a minha loja, resolvi morar sozinha. Comprei uma casa vizinha a de Esme. Eu a adorava e Renesmee também...

   Renesmee, minha filha com Edward. Se ele não tivesse desparecido como fez, eu teria contado sobre ela. Cheguei a tentar, mas desisti e achei melhor não falar nada.

   Eu podia contar agora, mas isso não é uma coisa que se despeje de uma hora pra outra. Procurei no meio das pessoas pelos cachinhos cor de bronze de minha filha. Vi a menina perto daqui fazia poucos minutos na companhia do xerife Volturi, sua filhas gêmeas e Jessica Stanley...

– Pra onde elas foram?

– Elas quem?

– Duas são gêmeas, são filhas do xerife e a outra está de blusa rosa e jeans...

Edward olhou por toda parte, muito atento... Como um caçador treinado.

– Nenhum sinal, Bella.

– Eu também não estou vendo elas... Droga!

Naquele momento avistei Renesmee correndo no meio da rua. E sai correndo da loja, mas no mesmo instante vi um carro indo em direção a ela...

– Oh, meu Deus! – Meu coração quase saltou pela boca quando vi a cena que se seguiu.

  Edward não hesitou. Correu para onde Renesmee estava e a puxou para o lado. Caiu com violência no chão. Quando se levantou, colocou ela no colo e veio na minha direção. Abraçada ao pescoço dele, Nessie sorria.

– Obrigada, senhor.

– Você está bem?

– Sim. Pode me colocar no chão.

– Você se machucou? – Perguntei examinando seus braços e apalpei seu rosto a procura de cortes e arranhões, mas estavam apenas sujos.

– Ela está bem. Foi só o susto. – Edward olhou para os lados. – Agora precisamos encontrar seus pais.

– Não precisa procurar meus pais.

– Como assim? – Edward perguntou confuso.

– Eu só tenho mãe, e ela está bem aqui.

   Prendi a respiração, depois o encarei. O rosto de Edward não revelava suas emoções, mas parecia um pouco tenso. Se houvesse alguma justiça no mundo, ele não descobriria o meu segredo. Não ainda, não agora.

Mas toda a minha esperança de que ele não perguntasse nada se esvaziou naquele instante.

– Mãe? – Edward arqueou as sobrancelhas.