Wanted escrita por Miss Elyon


Capítulo 6
Capítulo 6 - Novos Rumos


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas! Desculpem a demora, infelizmente não pude postar antes devido a provas e a problemas relacionados ao trabalho e a família. Fora ter que estudar na OAB...o tarefa complicada...Enfim, o mundo não acabou então posso continuar a fic, logo viva eu! ^^
Rs, espero que gostem do capitulo, que está relativamente grande! Quase 10 paginas!
Ah! a musica tocada nessa fic é "The Swan Song" do Within Temptation, logo aqui vai o link: http://www.youtube.com/watch?v=mQF-XtANvcU
Um forte abraço pra Demonorvampire, Elleart e Franflan, que tem sido minhas companheiras devotadas e acompanhado com muito carinho a história!



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Capitulo 5 – Novos Rumos


Kyouko via-se completamente fora de si. Nunca havia sido beijada daquela maneira tão intensa. As suas mãos já não se encontravam presas e agora o puxavam para si. Agarrava o couro cabeludo dele pra aprofundar aquela sensação. As mãos deles vagavam por todo o seu tronco até adentrar em sua camisa e colocar suas mãos sobre seu seio. Ela gemeu entre aqueles lábios, que pareciam insaciáveis. Aquela sensação de formigamento sobre a sua pele aumentava e a cada toque que era aprofundado.


Sua parte racional dizia que era para parar com aquilo antes que não houvesse mais volta, mas outro lado seu, que desconhecia totalmente queria ir mais além. Ele de repente, para de beija-la nos lábios e vai em direção aonde sua mão estava. Ao sentir os lábios dele sobre o seu seio, não conseguiu conter outro gemido e gritar o nome dele. Então voltou a beijar-lhe os lábios e deixar a sua mão acariciar novamente aquele lugar tão sensível. Queria sentir aquele corpo com o seu, e descobrir se ainda poderia sentir como uma mulher normal. Mas não podia, pois nunca fora e nunca seria normal. Um surto de realidade a invadira, o que raios estava fazendo?! Como fora permitir isso?


–Pare Ren, por favor! – disse ela entre os lábios dele


–Não vou parar, eu quero você aqui e agora, você está me deixando insano – disse ele quando se separou dela para respirar.


–Por favor eu te peço – disse Kyouko com os olhos lacrimejados – Por favor para.


Ren olhou para aquela bela mulher embaixo de si. Quando criança, aquela garota jamais chorou, nem quando se despediu da mãe em Port Royal a mais de dez anos atrás. O que raios aconteceu com ela? E o por que ela não queria contar? Só de pensar que seu capitor tenha feito algo a ela, o sangue lhe fervia e tinha vontade de matar o desgraçado. Separou-se dela, sentando-se na borda da cama e colocando as mãos na cabeça. Quase a forçou a algo que não teria mais volta, e o pior de tudo estaria se igualando ao crápula que fez ela sofrer durante anos. Precisava se controlar, não podia fazer aquilo com ela. Mas o gosto daqueles lábios, tinham um sabor tão doce que era impossível não querer mais. E sentir o que sentiu quando a tocou, não havia palavras. A desejava com todas as forças de seu ser e a queria para si. Mas para consegui-lo, teria que conquista-la e acima de tudo desvendar os mistérios que ela guardava.


– O que raios aconteceu com você enquanto estava presa?! – disse ele elevando a sua voz – O que esse bastardo fez com você?


– Muitas coisas...passei por todo o tipo de humilhação que possa imaginar...mas nunca chegou a me tocar realmente lá...dizia que na hora certa minha defloração seria realizada. Mas isso não o impediu de fazer outras coisas com o meu corpo.


Kyouko, sabia que Ren estava por imaginar as coisas mais absurdas, e o fato de seu antigo dono vangloriar-se demonstrando a todos a sua outra forma, era uma delas. O toque daquelas mãos sobre o seu corpo era insuportável e impossível não sentir repulsa a lembrança. Ela sentia nojo de si mesma e muito provavelmente não haveria ninguém que a desejasse por ser quem era, e não pelo o que era.


Olhava para aquele homem em sua frente, e não conseguia reconhecer o menino que um dia conheceu. Havia uma expressão selvagem em seu olhar esverdeado, parecendo uma imensa e preciosa esmeralda. O cabelo longo e louro até o queixo quadrado, os braços largos e bem definidos. Aquele homem era incrivelmente belo e tão desconhecido de si que não sabia como reagir em sua fronte. Não conseguia encara-lo, se o continuasse revelaria seu terrível segredo e não poderia jamais estar ao seu lado novamente.


–Eu juro que se eu o encontrar, o que acontecerá muito provavelmente, eu acabarei com ele e tirarei aquilo o que o torna um homem!


–É provável que o encontre. Ele virará atrás de mim e das outras. Mas principalmente por mim.


–Ele chegou a fazer mal as outras?


–Não o tanto que fizera comigo – disse ela não o olhando nos olhos – Havia algo em mim que ele dizia “vos sois aquela que teu canto me enfeitiçou”.


–Então ele era obcecado por ti – disse ele – Olhe para mim quando nos falamos


Kyouko o olhou e o que viu a deixara desconcertada. Aquele homem era realmente perigoso, se abrisse seu coração estaria fadada a apaixonar-se perdidamente por aquele pirata. Tudo o que menos queria na vida era se apaixonar, pois em sua vida atual não cabia nenhum tipo de romance. Ela havia se libertado seu corpo das correntes, não poderia perder seu coração e alma agora.


–Desculpe


–Garota, não precisa se desculpar por tal coisa! Ok, já sei o que a fará melhor, diga nosso destino navegadora?


–Navegadora? Já não possui um bom navegador?


–Infelizmente no ultimo saque ele fora posto fora de combate, obviamente me vinguei do cão sarnento, mas perdi um poderoso aliado. Estávamos bebendo a ele na noite em que nos reencontramos.


Ren estava mentindo, naquela noite não perdera ninguém e o saque havia sido fabuloso, o que ele realmente queria era prende-la de certa forma a aquele barco, para que assim tomasse gosto por essa vida e esquecesse o que havia passado. E claro, Kyouko não conseguia perceber nada, pois na cabeça dela, jamais podia haver a possibilidade daquele homem sentir quaisquer desejos senão profanos com relação a ela. Queria prende-la, a aquela vida ao seu lado, e estava disposto a tudo por isso. Estava louco só podia! Não havia nem passados algumas horas que a reencontrara e já estava desejando-a perdidamente.


–Então, qual o nosso destino?- disse ele com uma voz suave, o que Kyouko podia notar um pouco de sensualidade, talvez? Não o sabia. Ele era capaz de confundi-la totalmente.


–Ainda não sei...tenho que pensar um pouco...posso? –disse ela incerta.

–Lhe darei todo o tempo que precisar- disse ele- Esperarei até o meio-dia, enquanto isso acho melhor deixar suas amigas entrarem, elas estão mortas de aflição.


Ren levantou-se e ao abrir a porta deparou-se não só com Kanae e Maria, mas assim como Yashiro e Lory. Eles provavelmente estiveram a escutar tudo, o que se passara naquele quarto. De repente se sentira nervoso com isso, tratou de sair de lá sem nada a dizer, pois se o dissesse provavelmente demonstraria algo como se fosse um adolescente, deixando Kyouko para traz com suas amigas e logo sendo seguido por Lory e Yashiro.


Em direção a proa, debruçou-se sobre a paisagem. Via naquela paisagem o que sempre sonhara, o oceano a sua frente e as infinitas possibilidades de descobrir novos lugares. Olhava para aquele horizonte vasto e mal podia conter a si mesmo para desbravar por esse mar e conquistar novos tesouros. Mas no momento, tudo que sua mente conseguia pensar era em como os lábios dela eram doces. Tão doces que tornava de cera forma impossível de parar de beija-la ou toca-la. Nunca houve um momento em sua vida que ficara tão obcecado por uma mulher, a não ser aquela desconhecida que aparecia em seus sonhos.


– Ren o que raios você fez com a garota? – perguntou Yashiro


–Nada do que você não estivesse ouvindo e afinal de contas...- antes que terminasse a frase fora interrompido por um soco dado por Lory.


–O que acha que está fazendo?! – disse ele – Ela sofrera durante anos e você não consegue controlar-se! Essa não foi a maneira que eu o eduquei!


–O que você espere que eu faça?!- disse Ren – vê-la naquele estado e não poder ajuda-la?! Quer que eu pague por anos de escuridão? Me diga que a vingança não leva a nada, mas eu quero acabar com o desgraçado que fez isso com ela e a começar tenho contas ainda a acertar com Madame Fiona, pois tudo começou com ela.


–Ren, a vingança não levara você a lugar nenhum, mas se é isso que realmente deseja não irei impedi-lo – disse Lory - mas pense nela antes de tomar quaisquer decisão, pois você pode magoa-la com um simples gesto seu.


–A ultima coisa que quero é vê-la ferida – disse ele


–Enquanto vivermos em erros e tropeços estaremos sempre magoando aqueles que amamos – disse Lory – Pense bem.


–Eu já pensei Lory, afinal sou o capitão desde navio.



Enquanto isso na cabine, Maria e Kanae sondavam Kyouko com perguntas intermináveis, o que a deixara bastante constrangida e pelo qual não conseguia encara-las.


– Então Kyouko, o que você e o Capitão, andaram fazendo – perguntou Maria – Eu não conseguia entender nada, só ouvia uns barulhos muito estranhos. O que você acha Kanae?


–Acho que para uma vidente, você é incrivelmente lerda para esse assuntos, que também não são pra ser discutidos com uma criança de 10 anos - disse Kanae


–Não acho que minha idade influencia algo, afinal de contas foi essa garota de 10 anos que a trouxe para cá e aqui que se encontra nosso destino. – disse Maria


Destino. Palavra estranha. Parecia conter um significado maior do que continha. Será que, seu destino estava ligado a aquele navio, juntamente com seu coração? Não sabia o que prever, afinal, isto cabia apenas a Maria.


–Maria, eu não vou conversar sobre o que aconteceu aqui com nenhuma de vocês duas – disse ela virando para Kanae que iria contestar- e não faça essa cara! O que aconteceu aqui permanece entre aqueles interessados. E mudando totalmente de assunto, Maria quero lhe perguntar algo.


–Pode perguntar


–Essas visões que você tem são como o que?


–São como se eu estivesse estado lá de uma forma, apenas as vejo e quando sei que vi demais acabo por desmaiar. Deve ser por que ainda não me acostumei com isso...mas por que da pergunta?


–O navio seguirá rumo ao Egito, não é?


–Hã? Como você sabe disso? - Perguntou Maria incrivelmente curiosa – Voce ambém desenvolveu um dom igual ao meu?


–Não, apenas tive um sonho estranho, em que eu encontrava com uma mulher parecida com a minha outra forma.


–Hum...- comentou Maria – e no sonho aconteceu algo mais?


Ela havia dito que pertencia aos dois mundos, que podia escolher ambos ou um só, mas isso não conseguira falar em voz alta, não por que tivesse medo, mais ainda não compreendia o que aquelas palavras significavam. Sabia que de alguma forma aquele sonho lhe mostrara algo relativo a sua verdadeira origem, mas por mais curiosa que estava a respeito de seus pais verdadeiros, estava com receio de não estar preparada pelo que iria descobrir.


–Nada de mais, apenas isso que eu não encontraria o que procurava em Isla de Gaya.


–Mas para ir para esse lugar nos passaremos pelo Egito, o que é muito estranho, por que vejo nos indo em direção a uma ilha tenebrosa. - Maria


–Então parece que nosso destino esta ligado a essa ilha não é? – Perguntou Kanae

–Acho que sim, mas por alguma razão estranha, não consigo ver nos saído da ilha. È muito estranho.


–O futuro pode mudar muitas vezes Maria, são nossas ações que o transformam, por isso cabe a nós mesmos, escolher nossos caminhos. – disse Kanae


Depois daquela conversa, Kyouko e as outras, trocaram suas vestimentas e se dirigiram ao convés onde a tripulação se encontrava. Kyouko trajava um vestido azul marinho com um leve decote. Kanae usava um vestido parecido com o dela, no entanto havia babados em volta do decote e por fim, Maria usava um vestido delicado nos tons de branco, envolto por uma faixa dourada, que combinava com o laço em sua cabeça. Então perceberão que já passava do meio dia, e que a conversa entre elas havia sido incrivelmente longa. No momento em que colocaram os pés nos convés, se depararam com os homens cantando musicas de marujos que perdiam a alma para seres do mar. Aquilo seria uma forma de dizer “bem-vindas”? Não o sabiam. Kanae e Maria se dirigiram à proa para admirar o por do sol, enquanto podia ouvir a noite se aproximar ao som das cantigas, tão antigas, que provavelmente eram transmitidas de geração em geração. Sentou-se perto de Lory que observava a canção de olhos fechados.


–Você está bem? – perguntou ele sem deixar de prestar a atenção na melodia


–Estou, nada o que se preocupar, Lory – disse ela


–Estou falando de seu pequeno coração, e o que ele realmente passou durante a todos esses anos. Sei que é uma ferida que não se curará tão facilmente, mais espero que você encontre uma razão para viver em paz consigo mesma. – disse ele a encarando-a por fim - e sabe você mudou bastante aquele garoto mimado.


–Eu o mudei? Ainda não pude notar nenhuma diferença nele – disse ela – Para mim ele ainda continua o mesmo garoto mimado que não sabe perder.


– Talvez ele apenas precisa de um banho de água fria para acordar – disse ele – e você minha querida, foi o que fez ele acordar. Quando soubemos de sua morte, digamos assim, ele ficou devastado, e tornou-se alguém duro que conseguiria tudo que desejasse. Ele podia ter tudo, mas em seu coração não havia como preencher o vazio que a sua falta havia deixado.


–Então ele é assim por mera culpa? – disse ela – Ele não teve culpa do que me aconteceu e nem sequer poderia imaginar o que aconteceria comigo naquela época. Mas de alguma eu havia jurado que sairia daquele lugar e que lhe encontraria.


–Na verdade você reencontraria com Ren, não é mesmo? – disse ele deixando-a sem graça – Minha querida, você é jovem e acredite que agora está nesse navio e não sairá dele a menos que queira.


–Obrigada Lory, acredito que já saiba do meu novo posto aqui não é? – disse ela, tentando dar um novo rumo a conversa - ele me nomeou navegadora.


–Então me parece que é uma pirata agora – disse ele sem conter um sorriso – Vamos comemorar.


–Comemorar? – disse ela – e comemoremos a que?


–Muitas coisas, como você estar viva e estar nesse navio – disse ele- Hoje a comemoração é dada em seu nome.


Kyouko não podia acreditar naquelas palavras. Havia encontrado um lar a qual, havia uma quantidade de pessoas que a estariam depostas a ajudá-la. Era tão estranho ter uma família assim, pois a única família que conheceu fora sua mãe adotiva, que estava em algum lugar por esse mundo e que tinha a certeza de que a encontraria. Uma festa. Algo tão inesperado e tão acolhedor, estaria aquele garoto tentando desculpar-se por o que havia acontecido esta manhã ou estaria tentando recuperar o tempo perdido? Não tinha as respostas que esperava, mas elas apenas a levavam para o lado daquele garoto mimado, que não sabe perder.


Lory indicou que era para segui-la, e o fez. Sentou-se na roda ao seu lado seguido por Maria e Kanae, que comiam um pedaço de carne. Foi ai que percebeu que estava completamente faminta, tratou-se então de se servir. Mas quando ia pegar o prato, uma mão tocou a sua. Aquela mão pertencia a um homem, que lhe trazia as mais constante emoções e aquele que era capaz de deixa seu coração bater mais forte e mais fraco ao mesmo tempo. Olhou para Ren, da mesma forma que ela a encarava, era um misto de constantes emoções, das quais não podia fugir. O que estava acontecendo com ela?


–Espero que esteja do seu gosto garota – disse ele – não costumamos comemorar a toda hora, mas ocasiões especiais pedem comemorações especiais. Entretanto, falta algo


–Ora então o que está faltando? – disse ela


–Musica é claro – disse ele – Não é todo navio que pode ter uma cantora tão talentosa a bordo, por isso, se me permite o atrevimento, gostaria de ouvir-lhe cantar.


Nesse instante, tudo ao seu redor parecia ter cedido. Como explicaria a ele que não poderia cantar livremente? Que seu canto jamais poderia ser realmente ser ouvido sem estar preso a uma maldição, que o levaria a morte? Não poderia fazer algo tão mesquinho e ao mesmo tempo em que a tristeza a dominava, nunca mais poderia cantar como o fazia quando criança. Sua voz jamais seria admirada novamente, que em compensação traria novos infortúnios.


–Eu não sei se seria uma boa idéia – disse ela


–E por que não seria? – disse ele – Você tinha uma linda voz e com certeza se tornara ainda mais bela com tempo.


–Ren, a beleza pode segar-lhe e leva-lo a um caminho que não seja o certo – disse ela tentando se afastar.


–É algo que não posso saber? – disse ele – algo que fez você sofrer?


–Ren isso é...- disse ela sendo interrompida logo por Maria


–Kyouko! Está na hora! Vamos! – disse ela – Cante!


Kyouko olhou Maria, não compreendia suas palavras pois sabia o resultado destrutivo de sua canção. Mas a pequena amiga, lhe sorrira como se passasse a melhor das tranqüilidades e que poderia ter a certeza de que tudo iria dar certo.


– Tudo bem – disse ela – Vamos cantar


Kyouko fora para o centro da roda e respirou fundo iria cantar para aquelas pessoas, e se existia algum Deus, ele sabia o quanto estava com medo de cantar. Ouvia Kanae dizer a Lory que ela não cantava a muito tempo, mas que seria uma noite especial. Maria, que estava ao seu lado, apenas concordou e olhou em sua direção e sorriu, para que seguisse em frente.


–Bom, espero não te-los feito esperar – disse ela respirando fundo logo em seguida – e me desculpem se acharem minha voz horrível, mas se forem culpar alguém pela dor de seus ouvidos amanhã, reclamem com vosso capitão.


–Creio que minha tripulação irá se surpreender com o que ouvir – disse Ren.


Kyouko olhou para aquele homem e percebeu aquele olhar sedutor que a inebriava de certa forma. Aquele era o mesmo olhar, do qual ele demonstrara quando dançaram pela primeira e única vez quando crianças. E então, não conseguia controlar as emoções que vinham dela, e a musica fluía por seus lábios, em uma melodia doce.



Winter has come for me, can't carry on.

The chains to my life are strong but soon they'll be gone.

I'll spread my wings one more time.


A voz de Kyouko ressoava como uma onda, e não havia nenhuma pessoa naquele barco que não estivesse comovido com aquela voz. Ren a escutava de olhos fechados e podia ver o quão bela era aquela canção e parecia que estava sendo cantada para ele.


Is it a dream?

All the ones I have loved calling out my name.

The sun warms my face.

All the days of my life, I see them passing me by.

In my heart I know I can let go.

In the end I will find some peace inside.

New wings are growing tonight.

Cantar aquela canção demonstrava todos os sentimentos que escondia de si mesma. A tristeza por ter sido separada da única mãe que conhecera, ter sido arrastada por anos a uma vida de escravidão se não tivesse em seu poder a sua natureza e ser capaz de controlá-la. Sua vontade inexplicável de ficar com Ren e o mais obscuro deles, fazer com que Reino pagassem por tudo o que fizera a ela e para com as outras.

As I am soaring I'm one with the wind.

I am longing to see you again, it's been so long.

We will be together again.

Kyouko cantou a ultima parte da canção, e respirou fundo mais uma vez. Seus ouvidos foram preenchidos com aplausos e assovios e quando abriu os olhos podia haver que praticamente toda a tripulação. Por mais que buscasse seus olhos não conseguiam encontrar aquele a que dedicou à canção, será que cantará tão mal assim? Lory fora ao seu encontro e abraçou, sussurrando em seu ouvido para ir até aquele garoto mimado.


–Vá minha menina, o encontre – disse ele – ele provavelmente deve estar em sua cabine.


Kyouko teve suas faces coradas na hipótese de adentrar naquele quarto novamente e desta vez sucumbir aos seus desejos. De certa forma, sabia que precisava conversar com ele, não sabia sobre o que, mas necessitava vê-lo. Precisava saber se aquela canção o tinha afetado de alguma forma, se ele estava bem. Sabia do efeito de seu canto tinha sobre uma mente fraca e alma quebradiça, usara isso para sair da prisão, mas não sabia dos efeitos que aquilo podiam trazer a um homem, que significou e ainda significava muito para ela.


Seguiu em direção a cabine, e ao adentra-la, encontrou aquele menino mimado repousando em sua cama. A luz da lamparina iluminava fracamente o local, mas podia vê-lo. Os longos cabelos loiros, a pele um pouco morena por conta do sol, mais ainda assim continuava incrivelmente belo. Aquele homem era capaz de fazer qualquer mulher render-se a ele, e ela não era totalmente imune aos seus encantos. Tocou-lhe a face com os dedos e cortou os lábios que haviam tocado os seus a essa tarde. Estava tão inebriada com sua recordação, que então percebeu que ele estava de olhos abertos. O incrível azul oceano, tão penetrante e tão envolvente, estava a encarando de uma maneira doce e ao mesmo tempo luxuriosa.


–Está tentando me seduzir? – disse ele com a voz rouca.


–Não...eu – disse ela, com a face incrivelmente vermelha – desculpe, eu não sei o que estava fazendo...eu...perdão – Ela levantou rapidamente e teria seguido em direção ao seu quarto, se ele não houvesse segurado seu braço.


–Espere, fique aqui comigo – disse ele


–Não posso, se eu ficar muito provavelmente você não iria se conter – disse ela


–Você acha que eu vou fazer algo contra a sua vontade? – disse ele, segurando o braço mais forte e fazendo com que ela se aproximasse de si – não, eu não faço isso e não sou esse tipo de homem, não vou enganá-la do quanto a desejo, mas quero que você implore por meu toque. E se para isso, tiver que esperar eu o farei.


Kyouko ouvia aquelas palavras sem acreditá-las. Ele seria capaz de respeitá-la? Ele queria não somente seu corpo, mas também seu coração? O que raios isso significava? Não sabia o quão inconstante ele poderia ser e o quanto de verdade havia naquelas palavras, mas de alguma forma seus instintos pareciam confiar nele. Então se aconchegou na cama ao seu lado e ele a envolvera com seus braços, e assim adentraram num mundo de sonhos.


Lory estava preocupado. Já havia se passado uma hora desde que Kyouko fora procurar Ren, e não havia retornado. A tripulação já estava incrivelmente bêbeda, exceto por Yashiro que conversava com Kanae, enquanto esta segurava uma pequena Maria dormindo. Seguiu-se então para a cabine principal e apesar de recear o que eles estavam fazendo nada o podia surpreendê-lo, do que encontrar aqueles dois dormindo tão calma e docemente. Sorriu com a cena, que presenciara. Eles eram tão jovens e tão teimosos que desconheciam o quão profundo era o sentimento que ambos tinham. Mas sabia que era inevitável, e que o destino novamente traria suas amarras, pois o mesmo mar que os unira, iria os separar.


–Durma com os anjos, minha criança – disse ele depositando um beijo suave na testa dela e partindo do recinto.



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Notas finais do capítulo

Então?
Mereço comentários?
Para aqueles que leem e comentam e para aqueles que leem e não deixam um comentário, façam o natal dessa autora feliz e comentem!